Um robô que corre e nada como uma salamandra
-
0:01 - 0:03Este é o Pleurobô.
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0:03 - 0:07Ele é um robô que foi projetado
para imitar a espécie das salamandras -
0:07 - 0:08chamada: "Pleurodeles waltl".
-
0:09 - 0:11Ele consegue andar, como podem ver,
-
0:11 - 0:14e também consegue nadar,
como verão adiante. -
0:14 - 0:17Pode surgir a pergunta:
"Por que projetamos este robô?" -
0:17 - 0:21Ele foi projetado como uma ferramenta
científica para a neurociência. -
0:21 - 0:24De fato, o desenvolvemos
com neurobiologistas -
0:24 - 0:26para entender como os animais se movem
-
0:26 - 0:29e, especialmente, como a medula espinhal
controla o movimento. -
0:29 - 0:31Mas quanto mais trabalho em biorrobótica,
-
0:31 - 0:34mais me impressiono pela locomoção animal.
-
0:34 - 0:38Se pensarmos num golfinho nadando,
num gato correndo ou pulando por aí... -
0:38 - 0:40ou ate mesmo em nós, humanos,
-
0:40 - 0:42quando corremos ou jogamos tênis,
-
0:42 - 0:43fazemos coisas incríveis.
-
0:44 - 0:48E de fato, nosso sistema nervoso resolve
um problema de controle muito complexo. -
0:48 - 0:51Ele tem que coordenar, mais ou menos,
200 músculos perfeitamente, -
0:51 - 0:55porque se a coordenação for ruim,
cairemos ou nos locomoveremos mal. -
0:56 - 0:58E meu objetivo é entender
como isso funciona. -
0:59 - 1:02Há quatro componentes principais
por trás da locomoção animal. -
1:03 - 1:05O primeiro componente é o corpo em si,
-
1:05 - 1:06e nunca deveríamos subestimar
-
1:06 - 1:10em que medida a biomecânica
já simplifica a locomoção em animais. -
1:11 - 1:12Depois, há a medula espinhal,
-
1:12 - 1:14e nela há os reflexos;
-
1:14 - 1:18múltiplos reflexos que criam
um circuito de coordenação sensório-motora -
1:18 - 1:21entre a atividade neuronal
na medula espinhal e a atividade mecânica. -
1:22 - 1:25O terceiro componente
são os geradores de padrão central. -
1:25 - 1:29São circuitos bem interessantes
na medula espinhal de animais vertebrados -
1:29 - 1:31que podem gerar, por si mesmos,
-
1:31 - 1:33padrões rítmicos de atividade
bem coordenados -
1:33 - 1:36enquanto recebem apenas
sinais de entrada bem simples. -
1:36 - 1:37E esses sinais de entrada
-
1:37 - 1:40que vêm da modulação descendente
das partes mais altas do cérebro, -
1:40 - 1:42como o córtex motor, o cerebelo,
os gânglios basais, -
1:42 - 1:45irão modular a atividade
da medula espinhal -
1:45 - 1:46enquanto nos locomovemos.
-
1:46 - 1:50Mas o interessante é que apenas
um componente de baixo nível, -
1:50 - 1:51a medula espinhal, com o corpo,
-
1:51 - 1:54já resolve a maior parte
do problema de locomoção. -
1:54 - 1:57Sabe-se disso, pois se a cabeça
de uma galinha for arrancada, -
1:57 - 1:58ela ainda correrá um pouco,
-
1:58 - 2:01mostrando que apenas a parte baixa,
medula espinhal e corpo, -
2:01 - 2:03já resolve uma grande parte da locomoção.
-
2:03 - 2:06Agora, entender como isso funciona
é bem complexo, -
2:06 - 2:07porque, em primeiro lugar,
-
2:07 - 2:10registrar a atividade
na medula espinhal é muito difícil. -
2:10 - 2:13É mais fácil implantar eletrodos
no córtex motor -
2:13 - 2:16do que na medula espinhal,
já que ela é protegida pelas vértebras. -
2:16 - 2:18É muito difícil de se fazer em humanos.
-
2:18 - 2:21A segunda dificuldade é que a locomoção
se dá numa complicadíssima -
2:21 - 2:24e muito dinâmica interação
entre esses quatro componentes. -
2:24 - 2:28Então é bem difícil descobrir
qual é o papel de cada um o tempo todo. -
2:29 - 2:33É aí que os biorrobôs, como o Pleurobô
e modelos matemáticos -
2:33 - 2:34podem ajudar.
-
2:35 - 2:37O que são os biorrobôs?
-
2:37 - 2:39Os biorrobôs são um campo bem ativo
de pesquisa na Robótica, -
2:39 - 2:42no qual as pessoas querem
se inspirar nos animais -
2:42 - 2:44para fazer com que os robôs
saiam ao ar livre, -
2:44 - 2:47como os robôs de manutenção,
de pesquisa e resgate -
2:47 - 2:48ou de campo.
-
2:49 - 2:51E o maior objetivo
é se inspirar nos animais -
2:51 - 2:53para que os robôs lidem
com terrenos complexos: -
2:53 - 2:55escadas, montanhas, florestas,
-
2:55 - 2:59lugares onde eles ainda têm dificuldades
e onde os animais se viram muito melhor. -
2:59 - 3:02O robô pode ser uma maravilhosa
ferramenta científica também. -
3:02 - 3:05Há uns projetos legais
em que os robôs são usados -
3:05 - 3:08como uma ferramenta científica
para a neurociência, biomecânica -
3:08 - 3:09ou hidrodinâmica.
-
3:09 - 3:11E essa é exatamente
a finalidade do Pleurobô. -
3:11 - 3:15E o que fazemos no meu laboratório
é colaborar com neurobiologistas, -
3:15 - 3:18como Jean-Marie Cabelguen,
um neurobiologista de Bordeaux, na França, -
3:18 - 3:22e queremos fazer modelos
de medula espinhal e validá-los nos robôs. -
3:22 - 3:24E queremos começar do básico.
-
3:24 - 3:26Então é bom começar com animais simples,
-
3:26 - 3:28como as lampreias,
que são peixes bem primitivos -
3:28 - 3:31e aos poucos avançar
para a locomoção mais complexa, -
3:31 - 3:32como a das salamandras,
-
3:32 - 3:34mas também a dos gatos, humanos
-
3:34 - 3:35e mamíferos.
-
3:36 - 3:38E aqui o robô torna-se
uma interessante ferramenta -
3:38 - 3:40para validar nossos modelos.
-
3:40 - 3:43De fato, para mim, o Pleurobô
é um tipo de sonho se tornando realidade. -
3:43 - 3:46Há mais ou menos 20 anos,
eu já trabalhava no computador -
3:46 - 3:49fazendo simulações da locomoção
das lampreias e salamandras, -
3:49 - 3:51durante meu doutorado.
-
3:51 - 3:54Mas eu sempre soube que minhas simulações
eram apenas aproximações. -
3:54 - 3:58Por exemplo, simular a física na água,
ou na lama, ou num terreno complexo; -
3:58 - 4:01é muito difícil simular isso
adequadamente num computador. -
4:01 - 4:03Por que não ter um robô real
e física real? -
4:04 - 4:07Dentre todos esses animais,
um dos meus favoritos é a salamandra. -
4:07 - 4:10Dá para questionar o porquê disso;
a razão é que, como um anfíbio, -
4:10 - 4:13é um animal chave
do ponto de vista evolutivo. -
4:13 - 4:15Ela faz uma maravilhosa ligação
entre o nado, -
4:15 - 4:17como se vê nas enguias ou peixes,
-
4:17 - 4:21e a locomoção quadrúpede,
como se vê nos mamíferos, gatos e humanos. -
4:22 - 4:24Na verdade, a salamandra moderna
-
4:24 - 4:26é bem próxima do primeiro
vertebrado terrestre, -
4:26 - 4:28então ela é quase um fóssil vivo
-
4:28 - 4:30que nos dá acesso ao nosso ancestral,
-
4:30 - 4:33o ancestral de todos
os tetrápodes terrestres. -
4:33 - 4:35A salamandra nada
-
4:35 - 4:37ao fazer o que se chama
natação anguiliforme. -
4:37 - 4:41Ela propaga uma interessante onda
de atividade muscular, da cabeça à cauda. -
4:41 - 4:43E se a salamandra for posta no chão,
-
4:43 - 4:46ela muda para o que se chama
caminhada em marcha. -
4:46 - 4:49Neste caso, há uma interessante
ativação periódica dos membros, -
4:49 - 4:53que são muito bem coordenados,
com esta ondulação estacionária do corpo, -
4:53 - 4:57e esta é exatamente a marcha
que se vê aqui no Pleurobô. -
4:57 - 5:00Agora, uma coisa que é bem surpreendente
e fascinante, na verdade, -
5:00 - 5:04é o fato de que tudo isso pode ser gerado
apenas pela medula espinhal e o corpo. -
5:04 - 5:06Então, se pegarmos
uma salamandra sem o cérebro... -
5:06 - 5:08não é tão legal,
pois se remove sua cabeça... -
5:08 - 5:11e estimularmos eletricamente
a medula espinhal, -
5:11 - 5:14num nível baixo de estimulação,
isso induzirá a uma caminhada em marcha. -
5:14 - 5:17Se a estimulação for um pouco maior,
a marcha acelera. -
5:17 - 5:18Em determinado ponto, há um limiar
-
5:18 - 5:20e, automaticamente,
o animal começa a nadar. -
5:21 - 5:22Isso é incrível!
-
5:22 - 5:26Apenas mudando o estímulo global,
como se estivesse pisando no acelerador -
5:26 - 5:28da modulação descendente
à medula espinhal, -
5:28 - 5:31faz com que ocorra uma mudança completa
entre duas marchas bem diferentes. -
5:32 - 5:35O mesmo fenômeno foi observado em gatos.
-
5:35 - 5:37Estimulando a medula espinhal de um gato,
-
5:37 - 5:39pode-se mudar entre o caminhar,
o trote e o galope. -
5:39 - 5:42Ou em pássaros, pode-se mudar
entre caminhada, -
5:42 - 5:44num nível baixo de estimulação,
-
5:44 - 5:46e o bater de asas num nível alto.
-
5:46 - 5:48E isso mostra que a medula espinhal
-
5:48 - 5:51é um controlador de locomoção
muito sofisticado. -
5:51 - 5:53Então estudamos a locomoção
da salamandra detalhadamente, -
5:53 - 5:56e conseguimos ter acesso
a uma máquina de vídeo de raio X -
5:56 - 6:00do Professor Martin Fischer
na Universidade de Jena, na Alemanha. -
6:00 - 6:02E graças a isso, há uma máquina incrível
-
6:02 - 6:05para registrar toda a movimentação
de ossos detalhadamente. -
6:05 - 6:06Foi isso o que fizemos.
-
6:06 - 6:10Basicamente, descobrimos quais ossos
são importantes para nós -
6:10 - 6:12e coletamos seus movimentos em 3D.
-
6:12 - 6:15O que fizemos foi coletar
um banco de dados completo de movimentos, -
6:15 - 6:17tanto na terra como na água,
-
6:17 - 6:19para ter um banco de dados pleno
dos comportamentos motores -
6:19 - 6:21que um animal de verdade tem.
-
6:21 - 6:24E nosso trabalho como roboticistas
foi replicar isso no robô. -
6:24 - 6:27Fizemos um completo processo de otimização
para encontrar a estrutura certa, -
6:27 - 6:30onde colocar os motores, como conectá-los,
-
6:30 - 6:33para ser capaz de reproduzir os movimentos
da melhor forma possível. -
6:34 - 6:36E foi assim que o Pleurobô veio à vida.
-
6:37 - 6:40Vamos ver então a sua semelhança
em relação a um animal real. -
6:41 - 6:43O que se vê aqui
é quase uma comparação direta -
6:43 - 6:46entre o caminhar de um animal real
e o Pleurobô. -
6:46 - 6:49Pode-se notar que temos
uma reprodução quase exata -
6:49 - 6:50da caminhada em marcha.
-
6:50 - 6:53Se formos lentamente,
a percepção é ainda melhor. -
6:56 - 6:58Mas melhor ainda, podemos fazê-lo nadar.
-
6:58 - 7:01Para isso temos um traje impermeável
que colocamos pelo robô inteiro; -
7:01 - 7:02(Risos)
-
7:02 - 7:05e então podemos colocá-lo na água
e a começar a reproduzir o nado. -
7:05 - 7:09Ficamos muito felizes aqui,
porque isso é bem difícil de se fazer. -
7:09 - 7:11A física de interação é complexa.
-
7:11 - 7:13Nosso robô é muito maior
do que um animal pequeno, -
7:13 - 7:16então fizemos o que se chama
de escalonamento dinâmico das frequências, -
7:16 - 7:19para assegurar que tínhamos
as mesmas interações físicas. -
7:19 - 7:21Mas nota-se que obtivemos
uma relação bem próxima -
7:21 - 7:23e ficamos muito, muito felizes com isso.
-
7:23 - 7:26Vamos então para a medula espinhal.
-
7:26 - 7:28O que fizemos aqui
com Jean-Marie Cabelguen -
7:28 - 7:30é um modelo de circuitos
da medula espinhal. -
7:31 - 7:33O interessante é que a salamandra
-
7:33 - 7:35manteve um circuito muito primitivo,
-
7:35 - 7:37que é muito parecido
com o que encontramos na lampreia, -
7:37 - 7:39esta enguia primitiva;
-
7:39 - 7:41e parece que durante a evolução,
-
7:41 - 7:44novos osciladores neuronais foram
adicionados para controlar os membros, -
7:44 - 7:46para fazer a locomoção da pata.
-
7:46 - 7:48Sabemos onde estão
esses osciladores, -
7:48 - 7:50mas o que fizemos
foi criar um modelo matemático -
7:50 - 7:52para ver como eles poderiam ser acoplados
-
7:52 - 7:55para permitir a transição entre esses dois
movimentos díspares. -
7:55 - 7:57E testamos isso a bordo de um robô.
-
7:58 - 7:59E é assim que fica.
-
8:07 - 8:10O que se vê aqui
é a versão anterior do Pleurobô -
8:10 - 8:13que é completamente controlada
pelo nosso modelo de medula espinhal -
8:13 - 8:15programada a bordo do robô.
-
8:15 - 8:16E a única coisa que fazemos
-
8:16 - 8:18é enviar ao robô,
por um controle remoto, -
8:18 - 8:21os dois sinais descendentes
que ele normalmente receberia -
8:21 - 8:23da parte superior do cérebro.
-
8:23 - 8:25E ao brincar com esses sinais,
-
8:25 - 8:29podemos controlar completamente
a velocidade, direção e tipo de movimento. -
8:30 - 8:31Por exemplo,
-
8:31 - 8:34quando estimulamos num nível baixo,
temos o movimento de caminhada, -
8:34 - 8:36e num determinado ponto,
se estimulamos muito, -
8:36 - 8:39rapidamente ele muda para o nado.
-
8:39 - 8:42E finalmente, podemos também
fazer desvios com destreza, -
8:42 - 8:45apenas ao estimular mais um lado
da medula espinhal do que outro. -
8:46 - 8:48Eu acho muito bonito,
-
8:48 - 8:50o modo como a natureza
distribuiu o controle -
8:50 - 8:53para dar à medula espinhal
muita responsabilidade, -
8:53 - 8:56assim, a parte superior do cérebro
não precisa se preocupar com cada músculo, -
8:56 - 8:59mas apenas com a modulação de alto nível,
-
8:59 - 9:02e esse é o trabalho da medula espinhal
para coordenar todos os músculos. -
9:03 - 9:06Vamos agora para a locomoção dos gatos
e a importância da biomecânica. -
9:07 - 9:08Este é outro projeto,
-
9:08 - 9:11no qual estudamos a biomecânica dos gatos
-
9:11 - 9:15e queremos ver o quanto a morfologia
ajuda na locomoção. -
9:15 - 9:18E encontramos três critérios
importantes nas propriedades -
9:18 - 9:20dos membros, basicamente.
-
9:20 - 9:22A primeira é que o membro de um gato
-
9:22 - 9:25parece mais ou menos
como uma estrutura pantográfica. -
9:25 - 9:27Um pantógrafo é uma estrutura mecânica
-
9:27 - 9:31que mantém o segmento superior
e inferior sempre paralelos. -
9:32 - 9:35Um sistema geométrico simples
que coordena um pouco -
9:35 - 9:36o movimento interno dos segmentos.
-
9:36 - 9:40A segunda propriedade dos membros
dos gatos é que eles são bem leves. -
9:40 - 9:41A maioria dos músculos está no tronco,
-
9:41 - 9:44uma boa ideia, já que os membros
têm baixa inércia -
9:44 - 9:46e podem se mover bem rápido.
-
9:46 - 9:50O último item importante
é este jeito elástico dos membros felinos, -
9:50 - 9:53para lidar com impactos e forças.
-
9:53 - 9:55E é assim como projetamos o Cheetah-Cub.
-
9:55 - 9:57Vamos chamar o Cheetah-Cub ao palco.
-
10:02 - 10:06Este é Peter Eckert,
que faz seu doutorado neste robô, -
10:06 - 10:08e como se pode ver, é um robozinho bonito.
-
10:08 - 10:09Parece um brinquedo,
-
10:09 - 10:11mas foi usado mesmo
como uma ferramenta científica -
10:11 - 10:15para investigar as propriedades
das patas dos gatos. -
10:15 - 10:17Como se nota, ele é bem dócil, bem leve
-
10:17 - 10:18e também bem elástico;
-
10:18 - 10:21então dá até para pressioná-lo
que ele não vai quebrar. -
10:21 - 10:23Ele vai apenas pular, na verdade.
-
10:23 - 10:26E essa propriedade bem elástica
é também muito importante. -
10:27 - 10:29E dá para ver também
um pouco dessas propriedades -
10:29 - 10:32desses três segmentos
da pata como um pantógrafo. -
10:32 - 10:35O que é mais interessante
é que esta caminhada bem dinâmica -
10:35 - 10:37é obtida exclusivamente em malha aberta,
-
10:37 - 10:40ou seja, sem sensores,
sem malhas complexas de feedback. -
10:40 - 10:43E isso é interessante, já que significa
-
10:43 - 10:47que apenas a mecânica conseguiu
estabilizar esta marcha bem rápida -
10:47 - 10:51e que a boa mecânica
praticamente simplifica a locomoção. -
10:51 - 10:54Na medida em que pudermos
dificultar um pouco a locomoção, -
10:54 - 10:56como se pode ver no próximo vídeo,
-
10:56 - 11:00em que fazemos um exercício
no qual o robô desce um degrau, -
11:00 - 11:01e ele não cai,
-
11:01 - 11:03o que foi uma surpresa para nós.
-
11:03 - 11:04Este é um pequeno obstáculo.
-
11:04 - 11:07Eu esperava que o robô
fosse cair imediatamente, -
11:07 - 11:09pois não há sensores,
nenhuma malha rápida de feedback. -
11:09 - 11:11Mas não, somente a mecânica
estabilizou a marcha, -
11:11 - 11:13e o robô não cai.
-
11:13 - 11:16Claro, se você aumentar o degrau
e se você tiver obstáculos, -
11:16 - 11:20será preciso malhas de controle completas,
reflexos e tudo mais. -
11:20 - 11:23Mas o que importa aqui
é que para um pequeno obstáculo, -
11:23 - 11:24a mecânica é justa.
-
11:24 - 11:26E creio que isso seja
uma mensagem bem importante -
11:26 - 11:29da biomecânica e da robótica
para a neurociência, -
11:29 - 11:33dizendo para não subestimar o poder
do corpo em ajudar na locomoção. -
11:35 - 11:38Agora, qual é a relação disso
com a locomoção humana? -
11:38 - 11:42A locomoção humana é mais complexa
do que a de um gato ou salamandra, -
11:42 - 11:45mas, ao mesmo tempo,
o sistema nervoso humano é bem similar -
11:45 - 11:47ao dos outros vertebrados.
-
11:47 - 11:48Particularmente a medula espinhal
-
11:48 - 11:51é também o controle fundamental
para a locomoção nos humanos. -
11:52 - 11:54É por isso que se há
uma lesão na medula espinhal, -
11:54 - 11:56ocorrem danos graves.
-
11:56 - 11:58A pessoa pode ficar
paraplégica ou tetraplégica. -
11:58 - 12:01Isso porque o cérebro
perde a comunicação -
12:01 - 12:02com a medula espinhal.
-
12:02 - 12:04Precisamente, ele perde
a modulação descendente -
12:04 - 12:06para iniciar e modular a locomoção.
-
12:08 - 12:09Um grande objetivo da neuroprostética
-
12:09 - 12:12é ser capaz de reativar essa comunicação
-
12:12 - 12:14usando estimulações elétricas e químicas.
-
12:15 - 12:17E há várias equipes no mundo
que fazem exatamente isso, -
12:17 - 12:18especialmente na EPFL.
-
12:18 - 12:21Meus colegas Grégoire Courtine
e Silvestro Micera, -
12:21 - 12:23com os quais eu colaboro.
-
12:24 - 12:27Mas para fazer isso adequadamente,
é muito importante entender -
12:27 - 12:29como funciona a medula espinhal,
-
12:29 - 12:31como ela interage com o corpo
-
12:31 - 12:33e como o cérebro se comunica com ela.
-
12:34 - 12:37É aí que os robôs e modelos
que eu apresentei hoje -
12:37 - 12:39terão, tomara, um papel fundamental
-
12:39 - 12:41em direção a esses importantes objetivos.
-
12:41 - 12:42Obrigado.
-
12:42 - 12:47(Aplausos)
-
12:52 - 12:55Bruno Giussani: Auke, eu vi
outros robôs em seu laboratório -
12:55 - 12:57que fazem coisas como nadar na poluição
-
12:57 - 13:00e medi-la enquanto nadam.
-
13:00 - 13:01Mas este aqui,
-
13:01 - 13:04você citou na sua palestra,
como um projeto à parte, -
13:06 - 13:07faz busca e regate,
-
13:07 - 13:09e ele tem uma câmera no nariz.
-
13:09 - 13:11Auke Ijspeert: Claro. O robô...
-
13:11 - 13:13Temos alguns projetos derivados
-
13:13 - 13:16que gostaríamos de ter os robôs
fazendo inspeções de busca e resgate, -
13:16 - 13:18então agora o robô está vendo você.
-
13:18 - 13:21E o grande sonho é que se você tiver
uma situação complicada, -
13:21 - 13:25como um prédio desmoronado
ou que está inundado, -
13:25 - 13:28e isso é muito perigoso
para equipes ou mesmo cães de resgate, -
13:28 - 13:31por que não enviar um robô
que pode rastejar, nadar, andar, -
13:31 - 13:34com uma câmera a bordo para inspecionar,
identificar sobreviventes -
13:34 - 13:37e talvez criar um link
de comunicação com o sobrevivente? -
13:37 - 13:40BG: Claro, considerando
que os sobreviventes não fiquem com medo -
13:40 - 13:41pela forma disso.
-
13:41 - 13:44AI: É, nós devíamos
mudar um pouco a aparência, -
13:44 - 13:47porque eu acho que aqui o sobrevivente
poderia morrer de infarto -
13:47 - 13:49ao temer que isso fosse
se alimentar dele. -
13:49 - 13:52Mas ao mudarmos a aparência
e torná-lo mais robusto, -
13:52 - 13:54estou certo de que será
uma boa ferramenta. -
13:54 - 13:56BG: Muito obrigado.
Obrigado a você e à sua equipe.
- Title:
- Um robô que corre e nada como uma salamandra
- Speaker:
- Auke Ijspeert
- Description:
-
O roboticista Auke Ijspeert projeta biorrobôs, máquinas baseadas em animais reais que são capazes de lidar com terrenos complexos e apareceriam em casa nas páginas de um romance de ficção científica. O processo de criação desses robôs leva a uma melhor automação que pode ser usada em trabalho de campo, manutenção, e busca e resgate. Mas esses robôs não só imitam o mundo real, eles nos ajudam a entender melhor nossa própria biologia, desvendando segredos até então desconhecidos da medula espinhal.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 14:10
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Ruy Lopes Pereira approved Portuguese, Brazilian subtitles for A robot that runs and swims like a salamander | |
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Ruy Lopes Pereira edited Portuguese, Brazilian subtitles for A robot that runs and swims like a salamander | |
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Ruy Lopes Pereira edited Portuguese, Brazilian subtitles for A robot that runs and swims like a salamander | |
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Ruy Lopes Pereira edited Portuguese, Brazilian subtitles for A robot that runs and swims like a salamander | |
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Ruy Lopes Pereira edited Portuguese, Brazilian subtitles for A robot that runs and swims like a salamander | |
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Ruy Lopes Pereira edited Portuguese, Brazilian subtitles for A robot that runs and swims like a salamander | |
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Georgina Flores accepted Portuguese, Brazilian subtitles for A robot that runs and swims like a salamander | |
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Georgina Flores edited Portuguese, Brazilian subtitles for A robot that runs and swims like a salamander |