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Encontraram-me.
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Eles sabem o que fizemos...
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Eles não gostam!
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Merda!
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Foda-se!
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É agora, Harper... O resto é contigo.
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Acaba-o!
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Porque é que o segui, Fallon?
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Foi uma reação à minha escola católica?
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A morbidez da fé?
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Ou talvez queira fazer algo de bom...
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Por uma vez.
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O meu pacto com o Diabo.
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Porque é que estás aqui?
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Na aula de cinema?
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Quero fazer filmes.
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Queres fazer o melhor filme alguma vez feito?
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Neuroteologia e Engenharia de controlo?
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Estudo Ciências da Computação.
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Então, porque é que estás em aulas de cinema?
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Poderá uma obra de arte ser tão precisa
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no desenho e execução...
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que poderá inspirar o espectador a ver Deus?
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Que queres dizer com Deus?
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Imagina que és um peregrino medieval
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a dormir na sarjeta
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a alucinar devido à subnutrição.
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No final da tua viagem
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olhas para cima
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para ver a luz do sol refractada através
das janelas de Sainte Chapelle.
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Achas que foi por acaso?
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Estes desenhos?
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Achas que foram acidentes da imaginação?
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Não. Há técnica.
Matemática. Geometria.
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Na altura, misturar ciência e religião
podia matar-te.
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Estes gajos sabiam mais do
que o que pensamos.
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Nos anos 400
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um comerciante de peles, Karim Nisbah
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esteve 12 dias no deserto.
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O seu camelo morreu.
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O sol queimou-lhe as retinas,
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mas depois de se arrastar para casa
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tudo o que ele dizia à sua mulher era:
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"Eu vi Deus".
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Em 1937, um cientista alemão da marinha
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foi hipnotizado pela oscilação
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da bioluminescência no lago Karakum.
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As primeira palavras dele depois de acordar?
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"Eu vi Deus".
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E qual é a ligação?
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Epilepsia hipno-induzida do lobo temporal.
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Há uma ligação direta
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entre o nervo óptico
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e a região de cérebro responsável
pela devoção religiosa.
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Estás a dizer que imagens
podem induzir visões de Deus?
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Foi por isso que fui às aulas de cinema.
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Quero que documentes a experiência.
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Sabemos que o ruído branco
e batidas binaurais
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estimulam o cérebro.
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E o córtex visual responde à simetria.
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Alguns padrões funcionam melhor que outros,
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por isso alteramo-los
usando vários parâmetros.
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Escala, cor, posição.
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Quais funcionam melhor?
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Nós testámo-los. Um de cada vez,
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medindo os resultados
numa eletroencefalografia.
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Estás a filmar?
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Centenas de pessoas trabalham nisto.
Em tudo o mundo.
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Chama-se Teoria de Padrões de Haynault.
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Estão à procura da imagem perfeita?
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Pode demorar uma eternidade a encontrar.
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E é o que tu fazes?
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Não. Eu trabalho para a Stratten.
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Uma empresa que fabrica HIDs.
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Ratos, teclados, e este protótipo.
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Examina actividade cerebral.
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Eu faço software para esta coisa
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e no mês passado, isto aconteceu...
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Deu-me uma ideia.
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Se o scanner puder dar feedback
num interruptor binário..
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o que poderia fazer
para a teoria de padrões?
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É um script simples.
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X é estimulado?
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Se não fôr, devia. Se fôr...
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Reflecte e divide. Repete.
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Se não, desvia. Se fôr, reflecte e divide.
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Podes controlá-los? Os padrões?
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Não. Alimentam-se do subconsciente.
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Então estás a testar em ti próprio?
Incrível.
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Não é tudo.
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Vê só a leitura que tens
quando vês esta coisa.
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Merda! Encontraste.
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O padrão de Haynault.
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E então o trabalho começou.
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Ellen White. Fundadora dos
Adventistas do Sétimo Dia.
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Sofreu uma lesão no cérebro aos 9 anos.
Teve crises frequentes.
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Falou directamente com Deus.
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Era epiléptica?
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Tal como Dostoyevsky.
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Sabes o que ele lhe chamava?
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A aura de êxtase.
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Estás a dizer que toda a história
de profecia religiosa...
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está ligada a deficiências no cérebro?
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10,000 anos de crença fanática!
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Deus não é um homem de barba
sentado nas nuvens.
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Ou um elefante de quatro mãos.
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É um bug.
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Uma falha.
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Uma construção neurológica.
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Trabalhamos toda a noite.
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Horas longas.
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Fallon nunca dormiu.
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Fallon?
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Disseste a alguém?
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Sobre a experiência?
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O quê?
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Fui seguido. Ontem à noite.
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E esta manhã também.
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Por quem? Polícia?
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Pela igreja.
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Achavas que eles gostariam disto?
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Eles não gostariam mesmo.
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Não gostariam do quê?
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Se o encontrássemos.
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Encontrássemos o quê?
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Um atalho para Deus.
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No início pensei que era uma piada.
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Chamamos as suas aparições de
"as autoridades religiosas".
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Mas eu não acreditava nele.
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Não podia ser verdade.
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Talvez devesses parar
com os testes em ti próprio.
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Podes criar danos sérios.
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Enxaquecas. Convulsões.
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Alucinações.
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Quem mais pode fazê-lo?
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Não.
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É perfeitamente seguro.
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Diz o esquizofrénico paranóico.
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Não estou paranóico.
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Prova-o.
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Não posso.
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Mas tu podes.
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A experiência mudou de turno.
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Não demorou muito para
finalizar a sequência.
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Juntar os pontos.
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Chamamos-lhe de "O Hack Cerebral".
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Mas ainda havia um problema.
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Raios!
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Aconteceu de novo.
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Algum tipo de reflexo.
Um mecanismo de segurança.
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Olha.
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O Hack Cerebral começa aos 4:22.
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Aos 4:28 a velocidade aumenta.
Está a funcionar, mas depois...
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8 segundos depois...
Algum tipo de mecanismo de defesa.
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Talvez o cérebro nos esteja a
tentar dizer alguma coisa.
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Gostavas de ser lobotomizado?
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É só o lóbulo pré-frontal.
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Posso tirá-lo já.
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A seguir Fallon desapareceu.
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2 dias. Nenhuma palavra. Nenhum aviso.
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E se as visões fossem reais?
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Se abres a porta a Deus...
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talvez estejas a deixar entrar
o Demônio também?
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Estou?
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E então?
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Senta-te.
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Não vais precisar disso.
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Agora encontramos o padrão
que funciona sempre.
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Como Haynault previu?
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Universal, não importa quem o vê.
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E o mecanismo de defesa?
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Eu sei como o derrotar.
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O que estás a fazer?
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Fallon?
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Merda! Não.
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Não!
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Fallon!
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Exactamente. Deixa a adrenalina vir.
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Medo. É assim que derrotas
o mecanismo de defesa.
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Inundando o cerebelo com medo.
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Se não queres ver os resultados...
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Desvia o olhar agora!
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E então?
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Viste alguma coisa? Diz-me.
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Nada? Não percebo.
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Não funciona, Fallon.
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Mas a reação foi incrível.
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Devias ter visto.
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Ver o quê? Deus?
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Vai-te foder!
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Demorou 20 minutos.
Mas depois aconteceu...
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O poeta Valéry uma vez escreveu
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"O universo é construído seguindo um plano.
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A profunda simetria do qual está
de alguma forma presente
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na estrutura interior do nosso intelecto."
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Ele estava certo.
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E é belo.
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Fallon?
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Fallon?
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Foda-se.
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Encontraram-me.
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É agora, Harper.
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O resto está contigo.
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Acaba isto!
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Estamos a fazer a coisa correcta?
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O que queres dizer?
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Podemos estar a foder os nossos cérebros.
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Não. O cérebro evoluiu para fazer isto.
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É uma função natural.
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Uma função natural?
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Sim. Só que...
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A maior parte das pessoas nunca chega lá.
A vida moderna...
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Não estamos a tocar no hardware.
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Apenas a "hackear" o software.
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A dar-lhe um cheat para nível final.
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"Modo Deus".
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Queres falar de implicações morais?
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Não somos nós a pedir
dinheiro, devoção...
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A pregar o ódio.
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A dizer às pessoas que são pecadoras.
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A ensiná-las a mutilar e matar.
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Estamos a mostrar-lhes a verdade!
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O divino é livre.
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A proximidade a Deus não é
apenas para monges e padres
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e profetas auto-proclamados.
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É pessoal. Está dentro de nós.
Todos nós.
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"O Hack Cerebral" precisa de ser público.
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Na internet. Festivais. TV.
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Se todos vissem o que nós vimos...
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podíamos terminar guerras.
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Uma vez perguntei-te porque estavas
na aula de cinema.
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Bem, agora sabes!
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Faremos uma curta-metragem.
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Metade documentário.
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Metade ficção dramática.
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Podemos precisar de embelezar a história.
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O suficiente para deixar a audiência
no limite da sua cadeira.
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Obter a adrenalina
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para derrotar o mecanismo de defesa.
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Porque no final do filme
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mostraremos "O Hack Cerebral"!
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Ao vivo e sem cortes!
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Mas não está testado e inseguro.
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Estão prontos para isto?
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Têm de estar!
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Se não queres ver os resultados...
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Desvia o olhar agora!
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Legendagem por
www.curtaemeia.pt