Guillaume Néry fala em TEDxToulouse
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0:02 - 0:04(Vídeo) Locutor: 10 segundos.
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0:07 - 0:12Cinco... quatro... três... dois... um.
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0:12 - 0:14Partida.
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0:14 - 0:18Mais um... dois... três... quatro... cinco...
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0:18 - 0:22seis... sete... oito... nove... dez.
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0:26 - 0:29Guillaume Néry, França.
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0:29 - 0:32Peso constante, 123 metros,
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0:32 - 0:34três minutos e 25 segundos.
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0:35 - 0:37Tentativa de recorde nacional.
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1:08 - 1:1070 metros.
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1:20 - 1:22[123 metros]
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1:37 - 1:3914 metros.
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2:10 - 2:12(Aplausos)
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2:12 - 2:15Juiz: Cartão branco.
Guillaume Néry ! Recorde nacional! -
2:15 - 2:16(Fim do vídeo)
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2:16 - 2:18(Aplausos)
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2:18 - 2:20Obrigado.
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2:23 - 2:26Muito obrigado,
obrigado pelo vosso aplauso. -
2:26 - 2:29Este mergulho que acabaram de ver,
é uma viagem. -
2:29 - 2:31Uma viagem entre duas inspirações.
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2:32 - 2:34Uma viagem que começa
entre duas inspirações, -
2:34 - 2:36entre a última inspiração,
antes de partir, -
2:36 - 2:39e a primeira inspiração
quando regresso à superfície. -
2:39 - 2:41Este mergulho,
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2:41 - 2:44é uma viagem às fronteiras
dos limites humanos. -
2:44 - 2:46Uma viagem para o desconhecido.
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2:47 - 2:50Mas é também, e sobretudo,
uma viagem interior. -
2:50 - 2:52Onde se passa uma série de coisas,
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2:52 - 2:55quer sejam psicológicas ou mentais.
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2:55 - 2:58É por isso que estou aqui hoje, entre nós,
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2:58 - 3:01para partilhar convosco esta viagem
e levar-vos comigo. -
3:00 - 3:04Portanto, começamos pela última inspiração.
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3:04 - 3:07(Inspiração)
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3:18 - 3:20(Expiração)
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3:20 - 3:22Esta última inspiração,
conforme viram, é lenta, -
3:22 - 3:24é profunda, é intensa.
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3:24 - 3:26Termino com uma manobra,
que se chama "carpa", -
3:26 - 3:30que me permite armazenar
mais um ou dois litros de ar nos pulmões, -
3:30 - 3:32comprimindo esse ar.
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3:32 - 3:34Saio da superfície
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3:34 - 3:36e tenho cerca de 10 litros de ar
nos pulmões. -
3:38 - 3:41Acabo de sair da superfície
e o primeiro mecanismo entra em ação: -
3:41 - 3:43o reflexo do mergulho.
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3:43 - 3:45O reflexo do mergulho, primeiro que tudo,
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3:45 - 3:47é o ritmo cardíaco que vai cair.
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3:48 - 3:50Vou passar de 60 ou 70 pulsações por minuto
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3:50 - 3:52para 30 ou 40 pulsações por minuto,
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3:52 - 3:55em poucos segundos,
quase instantaneamente. -
3:55 - 3:58Segundo efeito, vou ter
uma vasoconstrição periférica, -
3:58 - 4:01ou seja, vou ter os fluxos sanguíneos
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4:01 - 4:03a abandonar as extremidades do corpo
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4:03 - 4:05para irem alimentar prioritariamente
os órgãos nobres: -
4:05 - 4:09os pulmões, o coração e o cérebro.
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4:11 - 4:14Este mecanismo é inato.
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4:14 - 4:16Não sou eu que o controlo.
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4:16 - 4:19Se meterem a cabeça debaixo de água,
mesmo que nunca o tenham feito, -
4:19 - 4:21vão ter este mesmo mecanismo
a entrar em ação. -
4:21 - 4:24Todos os seres humanos
partilham esta propriedade. -
4:25 - 4:27E o que é extraordinário,
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4:27 - 4:30é que temos este mecanismo em comum
com os mamíferos marinhos, -
4:30 - 4:34todos os mamíferos marinhos: os golfinhos,
as baleias, as otárias, etc. -
4:34 - 4:36Quando mergulham em apneia
e descem em profundidade, -
4:36 - 4:39têm este mecanismo que entra em ação,
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4:39 - 4:40de modo muito mais forte.
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4:40 - 4:42Neles, funciona muito melhor, claro.
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4:44 - 4:46É absolutamente fascinante.
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4:46 - 4:49Eu saio da superfície
e tenho logo uma ajuda a natureza -
4:49 - 4:51que me permite partir
com toda a confiança. -
4:52 - 4:55Mergulho no azul,
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4:55 - 4:59a pressão, suavemente,
vai esmagar os meus pulmões. -
4:59 - 5:02Como é o volume do ar
nos meus pulmões que me faz flutuar, -
5:02 - 5:04quanto mais desço,
mais a pressão esmaga os pulmões, -
5:04 - 5:08menos volume de ar tenho,
portanto o meu corpo cai facilmente. -
5:08 - 5:11A certa altura, quando chego
aos 35 ou 40 metros, -
5:11 - 5:14já não preciso de dar às barbatanas
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5:15 - 5:17o meu corpo já está suficientemente pesado,
suficientemente denso, -
5:17 - 5:19para poder cair livremente na profundeza
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5:19 - 5:22e ataco aquilo a que chamamos
a fase da queda livre. -
5:22 - 5:25É o melhor momento da descida.
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5:25 - 5:27É por isso que continuo a mergulhar.
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5:27 - 5:31Porque sentimo-nos aspirados pelo fundo
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5:31 - 5:33e não precisamos de fazer nada.
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5:33 - 5:37Desço dos 35 metros para os 123 metros
sem fazer qualquer movimento. -
5:37 - 5:41Deixo-me ser sugado pela profundeza,
tenho a sensação de voar debaixo de água. -
5:41 - 5:43É totalmente alucinante, como sensação,
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5:43 - 5:45uma sensação de liberdade,
que é extraordinária. -
5:45 - 5:48Deslizo, suavemente, para o fundo.
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5:48 - 5:51Passo os 40 metros, os 50 metros.
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5:51 - 5:53Entre os 50 e os 60 metros,
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5:53 - 5:56segundo patamar fisiológico que intervém:
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5:56 - 5:58os meus pulmões chegam
ao seu volume residual. -
5:58 - 6:00O volume residual é o volume teórico
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6:00 - 6:03para além do qual o pulmão
já não consegue comprimir-se mais. -
6:03 - 6:06Aí, o segundo fenómeno que intervém,
é o "blood shift". -
6:07 - 6:09Em português, é a ereção pulmonar.
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6:11 - 6:13Mas prefiro "blood shift".
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6:13 - 6:15Portanto, vou dizer "blood shift".
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6:15 - 6:17Que mecanismo é esse, o "blood shift"?
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6:17 - 6:20São as paredes dos pulmões
que vão encher-se de sangue, -
6:20 - 6:22por causa da depressão,
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6:22 - 6:24para poderem ficar rígidas
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6:24 - 6:27e proteger a cavidade torácica
contra o esmagamento. -
6:27 - 6:31Para evitar que as duas superfícies
dos pulmões entrem em colapso, -
6:31 - 6:32fiquem coladas.
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6:32 - 6:34Graças a este fenómeno,
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6:34 - 6:36que também temos em comum
com os mamíferos marinhos, -
6:36 - 6:38posso continuar o meu mergulho.
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6:38 - 6:4060 metros, 70 metros,
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6:40 - 6:42continuo a cair, cada vez mais depressa
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6:42 - 6:44porque a pressão esmaga
o meu corpo cada vez mais. -
6:44 - 6:46A partir dos 80 metros,
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6:46 - 6:49a pressão torna-se muito mais forte,
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6:49 - 6:51e começo a senti-la fisicamente.
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6:51 - 6:53Começo a sentir a opressão.
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6:53 - 6:55Estão a ver o aspeto disto, não é bonito.
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6:55 - 6:57O diafragma está totalmente recolhido,
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6:57 - 7:00a caixa torácica
está metida para dentro. -
7:00 - 7:03É aqui que, mentalmente,
passa-se uma coisa. -
7:03 - 7:06Pensamos: "Isto não é agradável,
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7:06 - 7:07"que é que fazemos?"
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7:07 - 7:09Com os nossos reflexos de terrestres,
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7:09 - 7:12o que é que fazemos quando temos
um incómodo na terra, -
7:12 - 7:14alguma coisa desagradável?
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7:14 - 7:16Temos vontade de resistir,
opomo-nos, lutamos. -
7:16 - 7:17Debaixo de água, não é assim.
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7:17 - 7:21Se fizermos isso debaixo de água,
arriscamo-nos a dar cabo dos pulmões, -
7:21 - 7:23podemos cuspir sangue,
fazer um edema -
7:23 - 7:25e o mergulho acaba, durante algum tempo.
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7:25 - 7:28Portanto, o que é preciso fazer,
mentalmente, é pensar -
7:28 - 7:30que a natureza é mais forte,
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7:29 - 7:31o elemento é mais forte do que eu.
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7:31 - 7:33Deixo a água esmagar-me.
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7:33 - 7:36Aceito essa pressão e deixo-me ir.
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7:37 - 7:39Nesse momento,
dou a informação ao meu corpo, -
7:39 - 7:41aos meus pulmões, tudo se descontrai,
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7:41 - 7:43abandono totalmente a defesa
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7:43 - 7:45e relaxo completamente.
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7:45 - 7:48Aí, a pressão esmaga-me
e já não é nada desagradável. -
7:48 - 7:50Tenho mesmo uma sensação de casulo,
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7:50 - 7:52sinto-me protegido.
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7:52 - 7:54E o mergulho pode continuar.
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7:54 - 7:5780 metros, 85 metros, 90 metros,
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7:57 - 7:58100 metros.
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7:59 - 8:01100 metros, é um número mítico.
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8:01 - 8:03Em todos os desportos,
é um número mítico. -
8:03 - 8:05Na natação, no atletismo
e para nós também, -
8:05 - 8:08para os apneistas,
é um número que faz sonhar. -
8:08 - 8:11Todos querem, um dia,
chegar aos 100 metros de profundidade. -
8:11 - 8:13É um número bastante simbólico para nós,
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8:13 - 8:16porque os médicos e os fisiólogos
nos anos 70, -
8:16 - 8:19fizeram as contas e concluíram
que os 100 metros -
8:19 - 8:22eram o limite para além do qual
o corpo humano não podia descer. -
8:22 - 8:25Para além disso, o corpo implodiria.
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8:25 - 8:27Mas o pequeno francês, Jacques Mayol,
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8:27 - 8:29toda a gente o conhece,
o herói da Imensidão Azul, -
8:29 - 8:31passou além disso,
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8:31 - 8:33mergulhou a 100 metros.
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8:33 - 8:35Mergulhou a 105 metros.
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8:35 - 8:37Na época, ele mergulhava no No Limit.
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8:37 - 8:38Levava um peso para descer mais depressa
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8:38 - 8:41e subia com um balão,
como no filme, a Imensidão Azul. -
8:41 - 8:43Hoje, no No Limit,
vão até aos 200 metros. -
8:43 - 8:46Eu chego aos 123 metros,
utilizando apenas a força muscular. -
8:46 - 8:48Tudo isto, em parte deve-se a ele,
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8:48 - 8:50porque ele abalou as ideias feitas,
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8:50 - 8:52porque ele, duma penada,
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8:52 - 8:54varreu todas essas crenças teóricas,
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8:54 - 8:58todos esses limites mentais
que o homem consegue fixar. -
8:58 - 9:01Demonstrou que o corpo
tinha capacidades de adaptação infinitas. -
9:02 - 9:03Por isso, eu continuo a descida.
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9:03 - 9:05105, 110, 115,
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9:05 - 9:08o fundo aproxima-se.
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9:07 - 9:09120 metros.
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9:09 - 9:10123 metros.
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9:10 - 9:12Chego ao fundo.
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9:12 - 9:15Aí, vou pedir-vos que também participem
e se ponham no meu lugar. -
9:15 - 9:16Fechem os olhos.
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9:17 - 9:20Imaginem que chegam aos 123 metros.
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9:22 - 9:25A superfície está longe, muito longe,
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9:25 - 9:26Vocês estão sozinhos.
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9:28 - 9:30Quase já não há luz.
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9:31 - 9:33Está frio, um frio glacial.
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9:33 - 9:35A pressão esborracha-vos totalmente,
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9:35 - 9:3813 vezes maior do que à superfície.
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9:39 - 9:40Sei que devem estar a pensar:
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9:40 - 9:42"Que horror!"
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9:43 - 9:44"O que é que eu faço aqui?"
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9:44 - 9:47"Ele é doente!"
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9:47 - 9:48Pois bem, não.
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9:48 - 9:50Não é isso que eu digo,
quando estou lá no fundo. -
9:51 - 9:52Quando estou no fundo, sinto-me bem.
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9:52 - 9:55Tenho uma sensação
de bem-estar extraordinário. -
9:55 - 9:57Talvez porque abandonei totalmente
todas as tensões -
9:57 - 9:59e deixo-me ir.
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9:59 - 10:02Sinto-me bem e não tenho
vontade nenhuma de respirar. -
10:05 - 10:09No entanto, há razões para estar inquieto.
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10:10 - 10:12Sinto que sou um pequeno ponto,
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10:12 - 10:15uma gotinha de água
a flutuar no meio do oceano. -
10:15 - 10:17Tenho sempre esta ideia
que volta à minha cabeça. -
10:18 - 10:21Este Pale Blue Dot,
ou seja, o pontinho azul pálido. -
10:21 - 10:23É o pontinho que vemos ali,
mostrado pela seta. -
10:23 - 10:25Sabem o que é, aquele pontinho?
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10:26 - 10:28É o planeta Terra.
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10:28 - 10:30O planeta Terra fotografado
pela sonda Voyageur -
10:30 - 10:32a 4 mil milhões
de quilómetros de distância, -
10:32 - 10:36que mostra que nós,
a nossa casa, está ali. -
10:36 - 10:38É aquele pontinho que flutua
no meio do nada. -
10:38 - 10:42É um pouco essa a sensação que tenho
no fundo, aos 123 metros. -
10:42 - 10:44Sinto que sou um pontinho,
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10:44 - 10:47um grão de pó, poeira duma estrela
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10:47 - 10:50que flutua no meio do cosmos,
no meio do nada, -
10:50 - 10:51no meio da imensidão.
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10:51 - 10:53É fascinante, como sensação,
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10:53 - 10:55porque olho para cima, para baixo,
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10:55 - 10:57para a esquerda, para a direita,
para a frente, para trás, -
10:57 - 11:00e vejo sempre o mesmo:
aquele azul infinito, muito profundo. -
11:00 - 11:03Em parte alguma da Terra,
podemos ter esta sensação, -
11:03 - 11:06olhar a toda a nossa volta
e ter aquela mesma visão uniforme. -
11:07 - 11:08É extraordinário.
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11:09 - 11:12Nesse momento,
invade-me sempre um sentimento -
11:12 - 11:16é um sentimento de humildade.
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11:17 - 11:20Sinto uma enorme humildade
quando observo esta foto -
11:20 - 11:22e quando me encontro àquela profundidade,
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11:22 - 11:24porque não sou nada,
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11:24 - 11:27sou um bocadinho de nada,
perdido naquele grande todo. -
11:28 - 11:30Apesar disso, é totalmente fascinante.
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11:31 - 11:34Decido voltar à superfície
porque ali não é o meu lugar. -
11:35 - 11:37O meu lugar está lá em cima, à superfície,
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11:37 - 11:39e inicio a subida.
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11:40 - 11:44Na subida, passa-se um grande choque,
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11:44 - 11:47a partir do momento em que decido subir.
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11:47 - 11:50Primeiro, é preciso fazer
um esforço colossal -
11:50 - 11:51para me arrancar ao fundo.
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11:51 - 11:53O fundo atraiu-me na descida,
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11:53 - 11:56forçosamente continua a atrair-me
quando quero subir, -
11:56 - 11:58por isso preciso de nadar
com o dobro do vigor. -
11:59 - 12:01Depois, sou vítima
de outro fenómeno: a narcose. -
12:02 - 12:03Talvez conheçam este fenómeno.
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12:03 - 12:05A narcose é a embriaguez da profundidade.
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12:05 - 12:09Acontece com os mergulhadores de garrafa,
mas também acontece aos apneistas. -
12:09 - 12:13É provocado pelo azoto
que se dissolve no sangue -
12:13 - 12:16e que semeia um pouco a perturbação
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12:16 - 12:18entre a consciência e a inconsciência.
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12:18 - 12:21Somos invadidos por muitos pensamentos,
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12:21 - 12:23à direita, à esquerda,
andam às reviravoltas, -
12:23 - 12:24já não controlo mais nada.
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12:24 - 12:26Sobretudo, não devemos tentar controlar.
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12:26 - 12:29É preciso deixar andar.
Não controlamos nada. -
12:29 - 12:32Quanto mais tentarmos controlar
mais complicado fica de gerir. -
12:32 - 12:34A terceira coisa que se junta:
a vontade de respirar. -
12:34 - 12:36Porque eu não sou um homem peixe,
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12:36 - 12:40sou um ser humano e a vontade de respirar
faz-me voltar a essa realidade. -
12:41 - 12:42Portanto, a 60 ou 70 metros,
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12:43 - 12:45essa vontade torna-se presente.
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12:47 - 12:49Com tudo o que ali se passa,
-
12:49 - 12:53pode ser muito fácil
perder o pé totalmente, -
12:53 - 12:55e entrar em pânico.
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12:56 - 12:58Nesse momento, podemos pensar:
-
12:58 - 13:01"Onde é a superfície?
Quero a superfície e respirar". -
13:01 - 13:02Sobretudo, nem pensar nisso.
-
13:02 - 13:06Nunca olhar para a superfície,
nem com os olhos, nem mentalmente. -
13:07 - 13:10Não podemos projetar-nos, nunca.
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13:10 - 13:12Mantermo-nos no momento presente.
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13:12 - 13:14Mantenho o olhar em frente, para a corda.
-
13:14 - 13:17A corda é o elo que me leva à superfície.
-
13:17 - 13:20Mantenho-me concentrado nela,
nesse momento. -
13:20 - 13:22Porque, se penso na superfície,
entro em pânico -
13:22 - 13:25e, se entrar em pânico, acabou-se.
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13:25 - 13:27De repente, o tempo acelera.
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13:27 - 13:31A 30 metros, pronto,
enfim a libertação, já não estou sozinho. -
13:31 - 13:34Os meus apneistas de segurança,
os meus anjos da guarda, juntam-se a mim. -
13:34 - 13:37Vieram da superfície,
encontramo-nos aos 30 metros, -
13:37 - 13:39escoltam-me nos últimos metros,
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13:39 - 13:42onde, potencialmente,
podem surgir problemas. -
13:42 - 13:44Penso sempre, quando os vejo:
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13:45 - 13:47"É graças a vocês".
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13:47 - 13:49É graças a eles que eu estou ali,
graças à minha equipa. -
13:49 - 13:51É uma segunda injeção de humildade.
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13:52 - 13:55Sem eles, sem a minha equipa,
sem todas as pessoas à minha volta, -
13:55 - 13:58a aventura das profundezas
seria impossível. -
13:58 - 14:01A aventura das profundezas
é, antes do mais, coletiva. -
14:01 - 14:04Portanto, sinto-me feliz
por terminar esta viagem com eles -
14:04 - 14:06porque é graças a eles que eu estou ali.
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14:07 - 14:0820 metros, 10 metros.
-
14:08 - 14:11Os meus pulmões retomam
o seu volume, suavemente, -
14:11 - 14:13o impulso de Arquimedes
acompanha-me até à superfície. -
14:13 - 14:16Cinco metros antes da superfície,
começo a expirar o ar, -
14:16 - 14:19para só ter que inspirar
quando chegar à superfície. -
14:19 - 14:21E chego à superfície.
-
14:22 - 14:25(Inspiração)
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14:28 - 14:30O ar volta a entrar nos meus pulmões,
-
14:30 - 14:33é um renascimento, uma libertação.
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14:33 - 14:35Porque, sim, isto faz bem.
-
14:35 - 14:36A viagem é extraordinária,
-
14:36 - 14:39mas tenho necessidade de sentir
estas pequenas moléculas de oxigénio -
14:39 - 14:41que vêm alimentar o meu corpo.
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14:41 - 14:43É uma sensação extraordinária,
-
14:43 - 14:45mas, ao mesmo tempo,
é um pequeno traumatismo. -
14:45 - 14:47É um choque para os sentidos.
-
14:47 - 14:49Imaginem, eu passo da obscuridade
para a luz do dia. -
14:49 - 14:53Passo do quase silêncio das profundezas
para o bruaá. -
14:55 - 14:57Ao nível do tacto,
passo dum toque aveludado, -
14:57 - 15:01muito suave, da água, para o ar
que se esfrega na minha cara. -
15:02 - 15:04Ao nível do paladar, ao nível do olfato,
-
15:04 - 15:07há este ar que se introduz
nos meus pulmões. -
15:07 - 15:09Os meus pulmões também se expandem.
-
15:09 - 15:12Estavam totalmente esmagados,
um minuto e meio antes, -
15:12 - 15:14e agora expandem-se.
-
15:14 - 15:17Tudo isto perturba muitas coisas.
-
15:18 - 15:20Preciso de uns segundos para voltar a mim,
-
15:20 - 15:21para me sentir presente.
-
15:21 - 15:25No entanto, preciso de andar depressa
porque tenho que enfrentar os juízes, -
15:25 - 15:27que estão ali para avaliar
o meu desempenho. -
15:27 - 15:30Tenho que mostrar que estou
em perfeita integridade física. -
15:30 - 15:33Faço aquilo a que se chama
o protocolo da saída. -
15:33 - 15:36Mal saio da água, tenho 15 segundos
para tirar o grampo do nariz, -
15:37 - 15:38fazer este sinal
-
15:38 - 15:40e dizer "I am Ok".
-
15:40 - 15:42Ainda por cima, exigem
que eu seja bilingue. -
15:42 - 15:44(Risos)
-
15:44 - 15:46Depois de tudo o que acabei de fazer,
não é simpático. -
15:47 - 15:51Depois de acabado o protocolo,
tenho o cartão branco dos juízes, -
15:51 - 15:53e aí é a explosão de alegria.
-
15:53 - 15:55Posso finalmente gozar
com o que acabei de passar. -
15:56 - 15:58A viagem que acabei de descrever
-
15:58 - 16:01é a versão um pouco extrema da apneia.
-
16:02 - 16:05A apneia não é só isto,
muito longe de ser só isto. -
16:05 - 16:08De há três anos até esta parte, decidi
tentar mostrar uma outra face da apneia, -
16:08 - 16:10porque os "media" só falam da apneia
-
16:10 - 16:12nas competições e nos recordes,
-
16:12 - 16:13mas a apneia não é só isso.
-
16:13 - 16:15A apneia é sentir-se bem dentro de água.
-
16:15 - 16:18É extremamente estética,
muito poética e artística. -
16:18 - 16:21A minha companheira e eu
decidimos fazer filmes, -
16:21 - 16:23para tentar mostrar uma outra face.
-
16:23 - 16:26Sobretudo, para vos dar vontade
de entrar na água. -
16:26 - 16:28Vou mostrar-vos umas imagens
-
16:28 - 16:31e vou concluir com essas imagens.
-
16:32 - 16:34É uma composição de belas imagens
debaixo de água. -
16:35 - 16:40E para vos dizer que se, um dia,
tentarem parar de respirar, -
16:40 - 16:43vão dar-se conta de que
parar de respirar -
16:43 - 16:45é também parar de pensar.
-
16:46 - 16:47É acalmar o espírito.
-
16:48 - 16:51O nosso espírito, no século XXI
é posto à prova, duramente. -
16:51 - 16:54Está sempre sobrecarregado,
pensamos a 10 000 à hora, -
16:54 - 16:56estamos permanentemente agitados.
-
16:56 - 16:59Podermos ficar em apneia
-
16:59 - 17:02é, em certo momento,
acalmar esse espírito. -
17:02 - 17:04Ficar em apneia dentro de água,
-
17:04 - 17:07é ter a hipótese de saborear
a ausência de peso. -
17:08 - 17:10Estar dentro de água, flutuar,
-
17:10 - 17:13descontrair o corpo totalmente,
-
17:13 - 17:15todas as tensões do corpo.
-
17:15 - 17:17É o mal do século XXI:
temos dores nas costas, -
17:17 - 17:19na nuca, dores por todo o lado,
-
17:19 - 17:21porque estamos sempre em tensão,
-
17:21 - 17:24Entramos na água, deixamo-nos flutuar,
como no espaço. -
17:26 - 17:27Descontraímo-nos totalmente.
-
17:27 - 17:29Uma sensação extraordinária.
-
17:29 - 17:31Reencontramo-nos por fim cara a cara
-
17:31 - 17:33com o nosso corpo e o nosso espírito.
-
17:33 - 17:36Fica tudo calmo, tudo junto.
-
17:38 - 17:40Estar em apneia, aprender a fazer apneia
-
17:40 - 17:42é também aprender a respirar bem.
-
17:44 - 17:48Respiramos desde o primeiro suspiro
ao nascer, até ao nosso ultimo suspiro. -
17:47 - 17:51A respiração marca o ritmo da nossa vida.
-
17:51 - 17:53Aprender a respirar melhor
é aprender a viver melhor. -
17:55 - 17:58Estar em apneia, no mar,
sem ir aos 100 metros, -
17:58 - 18:02ir a 2 ou 3 metros, pôr uma máscara
e umas barbatanas, -
18:02 - 18:03é ir ver um outro mundo,
-
18:03 - 18:05um outro universo, totalmente feérico.
-
18:05 - 18:08Ver peixinhos, ver algas,
ver a fauna e a flora, -
18:08 - 18:11e poder observar tudo isso discretamente.
-
18:11 - 18:14Deslizar sob a água, olhar,
voltar à superfície: -
18:14 - 18:16não deixar rasto.
-
18:16 - 18:20É uma sensação extraordinária
poder fazer corpo com o elemento. -
18:22 - 18:24E para dar a palavra de encerramento:
-
18:24 - 18:27fazer apneia, meter-se dentro de água,
-
18:27 - 18:31reencontrar este meio aquático
é voltarmos a ligar-nos. -
18:32 - 18:34Viram isso na apresentação,
-
18:34 - 18:36falei muito desta memória do corpo
-
18:36 - 18:40que remonta a milhões de anos,
das nossas origens aquáticas. -
18:40 - 18:42No dia em que voltamos
a mergulhar na água, -
18:42 - 18:45em que estiverem em apneia
durante uns segundos, -
18:45 - 18:48ligamo-nos de novo a essas origens.
-
18:49 - 18:51Garanto-vos que é totalmente mágico.
-
18:51 - 18:53Encorajo-vos a experimentar.
-
18:53 - 18:54Obrigado.
-
18:55 - 18:57(Aplausos)
- Title:
- Guillaume Néry fala em TEDxToulouse
- Speaker:
- Guillaume Néry
- Description:
-
Guillaume Néry fala em TEDxToulouse
- Video Language:
- French
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 19:10
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