Como a biologia sintética podia acabar com a humanidade e o que podemos fazer para a impedir
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0:01 - 0:04Somos cerca de sete mil milhões e meio.
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0:05 - 0:09A Organização Mundial de Saúde diz-nos
que 300 milhões de nós têm depressão, -
0:09 - 0:12e que cerca de 800 mil pessoas
tiram a própria vida todos os anos. -
0:13 - 0:17Uma ínfima parte destas pessoas escolhe
um caminho profundamente niilista, -
0:17 - 0:21que é morrer no ato de matar
o maior número de pessoas possível. -
0:21 - 0:24Estes são alguns
dos exemplos mais recentes. -
0:24 - 0:27Este é menos famoso.
Aconteceu há umas nove semanas. -
0:27 - 0:29Se não se lembram,
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0:29 - 0:31é porque isto têm acontecido muito.
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0:31 - 0:35Só no último ano,
a Wikipédia contou 323 massacres -
0:35 - 0:38no meu país de origem,
os Estados Unidos da América. -
0:38 - 0:40Nem todos os atiradores eram suicidas,
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0:40 - 0:43nem todos maximizaram
o número de mortes, -
0:43 - 0:45mas houve muitos que o fizeram.
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0:45 - 0:49Há uma questão que ganha importância:
Que limites têm estas pessoas? -
0:49 - 0:50Pensem no atirador de Las Vegas.
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0:50 - 0:53Matou 58 pessoas.
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0:53 - 0:56Será que parou porque já estava farto?
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0:56 - 1:01Não, e sabemo-lo porque disparou
e feriu outras 422 pessoas -
1:01 - 1:04que, com certeza,
teria preferido matar. -
1:04 - 1:07Não temos razões para pensar
que teria parado nas 4200. -
1:07 - 1:11Na verdade, com alguém tão niilista,
teria todo o prazer em nos matar a todos. -
1:11 - 1:13Não sabemos.
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1:13 - 1:15O que sabemos é:
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1:15 - 1:18quando assassinos suicidas vão ao limite,
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1:18 - 1:22a tecnologia é o multiplicador de força.
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1:22 - 1:23Vou dar um exemplo.
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1:23 - 1:28Há muitos anos, houve um surto
de ataques em escolas na China -
1:28 - 1:32praticados com coisas
como facas e martelos e cutelos, -
1:32 - 1:34porque lá é muito difícil
arranjar armas de fogo. -
1:34 - 1:38Por coincidência macabra,
este último ataque aconteceu -
1:38 - 1:42horas antes do massacre
em Newtown, Connecticut. -
1:42 - 1:46Mas o ataque nos EUA fez, sozinho,
mais ou menos o mesmo número de vítimas -
1:46 - 1:49que os 10 ataques na China juntos.
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1:50 - 1:55Acho que podemos dizer,
faca: terrível; pistola: muito pior. -
1:55 - 1:58E avião: muitíssimo pior,
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1:58 - 2:02como demonstrou o piloto Andreas Lubitz
quando forçou 149 pessoas -
2:02 - 2:04a acompanhá-lo no seu suicídio,
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2:04 - 2:07ao despenhar um avião nos Alpes franceses.
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2:07 - 2:10E há outros exemplos disto.
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2:10 - 2:14E temo que, num futuro próximo,
haja armas bem mais mortíferas -
2:14 - 2:15do que um avião,
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2:15 - 2:17que não serão feitas de metal.
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2:17 - 2:22Se tivermos em conta as dinâmicas
apocalípticas que se seguirão -
2:22 - 2:27se os massacres suicidas apanharem boleia
de um campo em rápido crescimento -
2:27 - 2:31que seja, na sua maioria,
extremamente prometedor para a sociedade. -
2:32 - 2:35Algures no mundo, há
um pequeníssimo grupo de pessoas -
2:35 - 2:37que tentariam, por muito
ineptas que fossem, -
2:37 - 2:41matar-nos a todos
se conseguissem descobrir como. -
2:41 - 2:43O atirador de Las Vegas pode,
ou não, ter sido um deles, -
2:43 - 2:46mas sendo nós
sete mil milhões e meio, -
2:46 - 2:48essa população não é zero.
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2:48 - 2:50Há muitos niilistas suicidas por aí.
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2:50 - 2:51Já vimos que sim.
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2:51 - 2:53Há pessoas com graves transtornos de humor
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2:54 - 2:55que não conseguem sequer controlar.
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2:55 - 3:00Há pessoas que acabaram de sofrer
traumas perturbadores etc., etc. -
3:01 - 3:03Já o grupo corolário,
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3:03 - 3:07o seu tamanho foi zero
desde sempre, até à Guerra Fria, -
3:07 - 3:10quando, de repente, os líderes
de duas alianças mundiais -
3:10 - 3:13obtiveram a capacidade
de fazer explodir o planeta. -
3:14 - 3:18O número de pessoas
com verdadeiros botões apocalípticos -
3:18 - 3:20manteve-se minimamente
estável desde então. -
3:20 - 3:22Mas temo que esteja prestes a aumentar,
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3:22 - 3:24e não é só para três.
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3:24 - 3:26Nem vão caber no gráfico.
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3:26 - 3:28A sério, vai parecer um plano de negócios.
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3:28 - 3:31(Risos)
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3:32 - 3:34E a razão por trás disso
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3:34 - 3:36é que estamos na era
das tecnologias exponenciais, -
3:36 - 3:41que todos os dias pegam
em eternos impossíveis -
3:41 - 3:47e fazem deles verdadeiros super-poderes
para um ou dois génios vivos -
3:47 - 3:49e esta é a parte mais importante,
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3:49 - 3:52que depois distribuem estes poderes
por mais ou menos toda a gente. -
3:52 - 3:54Vamos ver um exemplo benigno.
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3:54 - 3:58Se quisessem jogar damas
com um computador em 1952, -
3:58 - 4:02tinham literalmente de ser aquele sujeito,
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4:02 - 4:07dono de um dos 19 exemplares daquele
computador, existentes no mundo na altura, -
4:07 - 4:10e depois usar o vosso cérebro quase Nobel,
para lhe ensinar damas. -
4:10 - 4:12Eram esses os requisitos.
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4:13 - 4:17Hoje só precisam de conhecer alguém
que conheça alguém que tenha um telemóvel, -
4:18 - 4:21porque a informática
é uma tecnologia exponencial. -
4:21 - 4:23Tal como a biologia sintética,
-
4:23 - 4:26a que me vou referir por "simbio"
daqui para a frente. -
4:26 - 4:32Em 2011, dois investigadores fizeram
algo, que tinha tanto de engenhoso -
4:32 - 4:35e de inédito como o truque das damas,
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4:35 - 4:37com o vírus da gripe H5N1.
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4:37 - 4:42É uma estirpe que mata
60% das pessoas infetadas, -
4:42 - 4:44mais do que o Ébola.
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4:44 - 4:47Mas é tão pouco contagioso
-
4:47 - 4:50que matou menos
de 50 pessoas, desde 2015. -
4:51 - 4:55Estes investigadores alteraram
o genoma do H5N1 -
4:55 - 4:59e deixaram-no tão mortífero como antes,
mas também extremamente contagioso. -
4:59 - 5:03O setor de notícias de uma
das revistas científicas do top 2 mundial -
5:03 - 5:06declarou que, se isso saísse cá para fora,
era provável que causasse uma pandemia -
5:06 - 5:09com, possivelmente, milhões de mortes.
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5:09 - 5:11O Dr. Paul Keim afirmou
-
5:11 - 5:15não conhecer um organismo
mais assustador do que este, -
5:15 - 5:18o que é a última coisa
que eu queria ouvir -
5:18 - 5:22vinda do Presidente do Painel Consultivo
da Biossegurança dos EUA. -
5:23 - 5:25E já agora, o Dr. Keim também disse isto:
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5:25 - 5:28[Acho que o antraz não é nada
assustador comparado com isto.] -
5:28 - 5:29E ele também é isto.
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5:29 - 5:31[Especialista em antraz]
(Risos) -
5:31 - 5:35Agora, a boa notícia sobre
a pirataria biológica de 2011 -
5:35 - 5:38é que os responsáveis não
tencionavam fazer-nos mal. -
5:38 - 5:39São virologistas.
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5:39 - 5:42Acreditavam estar a contribuir
para o avanço da ciência. -
5:42 - 5:45A má notícia é que a tecnologia
não fica parada, -
5:45 - 5:47e no decorrer das próximas décadas,
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5:47 - 5:50este feito vai passar a ser
uma coisa fácil e trivial. -
5:51 - 5:54A verdade é que já é bem mais fácil
porque, como descobrimos ontem de manhã, -
5:54 - 5:56apenas dois anos depois desse trabalho,
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5:56 - 6:00o sistema CRISPR foi aproveitado
para a modificação do genoma. -
6:00 - 6:02Foi um avanço enorme
-
6:02 - 6:05que tornou a modificação genética
muitíssimo mais fácil -
6:05 - 6:09tão fácil que o CRISPR já está a ser
ensinado em escolas secundárias -
6:09 - 6:12Estas coisas estão a avançar
mais rápido do que a informática. -
6:12 - 6:15Aquela linha branca pesada
e lenta ali em cima? -
6:15 - 6:17É a Lei de Moore.
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6:18 - 6:21Mostra-nos a rapidez com que
a informática está a ficar mais barata. -
6:21 - 6:24Aquela linha verde engraçada e inclinada
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6:24 - 6:28mostra a rapidez com que a sequenciação
genética está a ficar mais barata. -
6:29 - 6:32Agora, a modificação, a síntese
e a sequenciação genética -
6:32 - 6:35são disciplinas diferentes
mas com uma relação próxima. -
6:35 - 6:37Estão todas a mover-se
a um ritmo precipitado. -
6:37 - 6:41As chaves do reino são estes
ficheiros minúsculos. -
6:41 - 6:45Isto é um excerto do genoma do H5N1.
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6:45 - 6:48Cabe todo em poucas páginas.
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6:48 - 6:50Podem vê-lo no Google
quando chegarem a casa. -
6:50 - 6:52Está por todo o lado na Internet.
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6:52 - 6:55E a parte que o tornou contagioso
-
6:55 - 6:57é capaz de caber num único "post-it".
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6:57 - 7:01Assim que um génio cria um ficheiro,
-
7:01 - 7:04qualquer idiota o pode copiar,
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7:04 - 7:06distribuí-lo pelo mundo inteiro,
-
7:06 - 7:07ou imprimi-lo.
-
7:07 - 7:10E não estou só a falar de imprimir nisto,
-
7:10 - 7:13mas também nisto, muito em breve.
-
7:13 - 7:15Vamos imaginar o seguinte cenário.
-
7:15 - 7:19Imaginem que estamos em 2026
— podia ser um ano qualquer — -
7:19 - 7:22e que uma virologista genial,
à procura de um avanço científico -
7:22 - 7:24e de compreender melhor as pandemias,
-
7:24 - 7:26cria um novo vírus.
-
7:26 - 7:28É tão contagioso como a varicela,
-
7:28 - 7:30tão letal como o Ébola,
-
7:30 - 7:34leva vários meses a incubar
antes de causar um surto, -
7:34 - 7:36e, por isso, é capaz de infetar
o mundo inteiro -
7:37 - 7:39antes de haver qualquer sinal de alarme.
-
7:39 - 7:42Depois a universidade dela
é alvo de um ataque informático. -
7:42 - 7:44E é claro, isto não é ficção científica.
-
7:44 - 7:46Na realidade, um processo recente nos EUA
-
7:46 - 7:49descreve ataques informáticos
a mais de 300 universidades. -
7:50 - 7:53Então aquele ficheiro
que tem o genoma do vírus -
7:53 - 7:56espalha-se pelos cantos
escuros da Internet. -
7:56 - 7:59Assim que um ficheiro lá chega,
nunca mais volta... -
7:59 - 8:02perguntem a qualquer pessoa
que trabalhe num estúdio de cinema -
8:02 - 8:04ou numa editora discográfica.
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8:04 - 8:07Em 2026 talvez fosse preciso
-
8:07 - 8:09um verdadeiro génio
como a nossa virologista -
8:09 - 8:12para dar vida à criatura,
-
8:12 - 8:14mas 15 anos mais tarde,
-
8:14 - 8:18bastará uma impressora de ADN
disponível em qualquer escola. -
8:18 - 8:19E se assim não for?
-
8:20 - 8:22Deem-lhe umas décadas.
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8:22 - 8:24Só um pequeno aparte:
-
8:24 - 8:26Lembram-se deste diapositivo?
-
8:26 - 8:28Prestem atenção a esta palavra.
[Talvez] -
8:29 - 8:35Se alguém tentar fazer isto
e só tiver 0,1% de eficácia, -
8:35 - 8:37morrem oito milhões de pessoas.
-
8:37 - 8:40São 2500 onzes de setembro.
-
8:41 - 8:43A civilização sobreviveria,
-
8:43 - 8:46mas ficaria permanentemente desfigurada.
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8:47 - 8:50Isto significa que temos
de nos preocupar com qualquer pessoa -
8:50 - 8:52que faça qualquer tentativa,
mesmo que fraca, -
8:52 - 8:54não é só com os génios.
-
8:55 - 8:59Atualmente, contam-se
pelos dedos de uma mão -
8:59 - 9:02os génios capazes de criar
um vírus apocalíptico -
9:02 - 9:05com uma eficácia de 0,1%,
talvez até um pouco mais. -
9:05 - 9:08Tendem a ser pessoas estáveis
e bem sucedidas -
9:08 - 9:10e, portanto, não fazem
parte deste grupo. -
9:10 - 9:14Acho que vivo mais ou menos
bem com esse facto. -
9:14 - 9:17Então e quando a tecnologia melhorar
-
9:17 - 9:19e se difundir
-
9:19 - 9:22e milhares de estudantes de ciências
ganharem essa capacidade? -
9:22 - 9:26Vão ser todos pessoas
perfeitamente estáveis? -
9:26 - 9:27Ou ainda uns anos mais tarde,
-
9:28 - 9:31quando qualquer aspirante
a estudante de medicina tiver esse acesso? -
9:31 - 9:33Vai haver um ponto nesse período
-
9:33 - 9:36em que os dois grupos
se vão intersetar, -
9:36 - 9:39porque agora estamos a falar
de centenas de milhares de pessoas -
9:39 - 9:40espalhadas pelo mundo.
-
9:40 - 9:44Há pouco tempo passaram a incluir
aquele homem que se vestiu de Joker -
9:44 - 9:48e matou a tiro 12 pessoas
na estreia do Batman. -
9:48 - 9:50Era um estudante de doutoramento
em neurociência -
9:50 - 9:53com uma bolsa
do Instituto Nacional de Saúde. -
9:53 - 9:55Ok, reviravolta:
-
9:55 - 10:00Acho que dá para sobreviver a esta
se nos concentrarmos já nisso. -
10:00 - 10:03E eu digo isto depois
de ter passado horas a fio -
10:03 - 10:06a entrevistar líderes mundiais
na biologia sintética -
10:06 - 10:10e a estudar o seu trabalho
para os "podcasts" que faço sobre ciência. -
10:10 - 10:15Comecei a ter medo desse trabalho,
caso ainda não tenham reparado... -
10:15 - 10:17(Risos)
-
10:17 - 10:20mas, para além disso,
comecei a admirar o seu potencial. -
10:20 - 10:24Estas coisas vão curar o cancro,
curar o meio ambiente -
10:24 - 10:28e acabar com a forma cruel
como tratamos outros seres. -
10:28 - 10:32Então como é que chegamos aí
sem nos auto-aniquilarmos? -
10:32 - 10:36Primeiro: goste-se ou não,
a biologia sintética veio para ficar, -
10:36 - 10:38portanto, aceitemos a tecnologia.
-
10:38 - 10:40Se a banirmos,
-
10:40 - 10:43estaríamos a dar o controlo
aos maus atores. -
10:43 - 10:45Ao contrário dos programas nucleares,
-
10:45 - 10:48a biologia consegue ser
praticamente invisível. -
10:48 - 10:51As gigantescas fraudes soviéticas,
ignorando tratados contra armas químicas -
10:51 - 10:53tornaram-no muito claro,
-
10:53 - 10:56assim como todos
os laboratórios ilegais de drogas. -
10:56 - 10:58Segundo: recrutem especialistas.
-
10:58 - 11:00Vamos contratá-los e aproveitá-los melhor.
-
11:00 - 11:03Por cada mil e um bioengenheiros
que existem, -
11:03 - 11:06pelos menos mil
vão estar do nosso lado. -
11:07 - 11:10Quer dizer, nisto até o Al Capone
ia ficar do nosso lado. -
11:10 - 11:13A fasquia para se ser
boa pessoa está muito baixa. -
11:13 - 11:17Vantagens numéricas esmagadoras
são mesmo necessárias, -
11:17 - 11:20mesmo quando basta apenas um vilão
para infligir danos penosos, -
11:20 - 11:21porque, entre outras coisas,
-
11:21 - 11:24eles permitem-nos
explorar isto até ao tutano: -
11:24 - 11:29temos anos e, espero eu, décadas
para nos preparamos e nos prevenirmos. -
11:30 - 11:32A primeira pessoa a tentar
fazer algo terrível -
11:32 - 11:33— e vai haver alguém —
-
11:33 - 11:35pode ainda nem sequer ter nascido.
-
11:35 - 11:39Depois, isto tem de ser um esforço
que se estende a toda a sociedade, -
11:39 - 11:41e todos vocês têm de fazer parte,
-
11:41 - 11:46porque não podemos pedir
a um grupo minúsculo de especialistas -
11:46 - 11:49que sejam responsáveis
por conter e explorar -
11:49 - 11:51a biologia sintética,
-
11:51 - 11:54porque tentámos fazer isso
com o sistema financeiro, -
11:54 - 11:57e os nossos administradores
tornaram-se completamente corruptos -
11:57 - 12:00ao se aperceberem
como tomar atalhos, -
12:00 - 12:03colocar-nos a todos
em riscos gravíssimos -
12:03 - 12:05e privatizar os lucros,
-
12:05 - 12:07acumulando uma riqueza repugnante,
-
12:07 - 12:10enquanto nos forçavam a pagar
a conta de 22 biliões de dólares. -
12:11 - 12:12E agora há pouco tempo...
-
12:12 - 12:14(Aplausos)
-
12:14 - 12:16Vocês receberam cartas de agradecimento?
-
12:16 - 12:18Eu ainda estou à espera da minha.
-
12:18 - 12:21Concluí que estavam demasiado
ocupados para nos agradecer. -
12:22 - 12:24E há muito pouco tempo,
-
12:24 - 12:28surgiram alertas do grande problema
de privacidade na Internet, -
12:28 - 12:30que nós praticamente
entregámos a terceiros. -
12:30 - 12:31Mais uma vez:
-
12:31 - 12:34lucro privado, prejuízo público.
-
12:34 - 12:36Mais alguém está farto deste padrão?
-
12:36 - 12:40(Aplausos)
-
12:40 - 12:46Precisamos de uma forma mais inclusiva
de salvaguardar a nossa prosperidade, -
12:46 - 12:47a nossa privacidade,
-
12:47 - 12:49e em breve, as nossas vidas.
-
12:49 - 12:52Então como é que podemos fazer tudo isso?
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12:52 - 12:55Bom, quando o corpo luta
contra agentes patogénicos, -
12:55 - 12:57utiliza um engenhoso sistema imunitário,
-
12:57 - 12:59que é muito complexo e multifacetado.
-
12:59 - 13:02Porque é que não construímos um assim
para o ecossistema inteiro? -
13:02 - 13:06Podia fazer-se um ano de TED Talks
só sobre este primeiro aspeto crítico. -
13:06 - 13:09Estas são só algumas das muitas
ótimas ideias que por aí andam. -
13:09 - 13:12Alguma ação de investigação
e desenvolvimento -
13:12 - 13:16poderia pegar nos detetores patogénicos
muito primitivos que temos hoje -
13:16 - 13:19e pô-los numa curva
preço/desempenho muito inclinada -
13:19 - 13:21que muito rapidamente se tornaria genial
-
13:21 - 13:23e em rede
-
13:23 - 13:26e que se tornaria tão acessível
quanto os detetores de fumo -
13:26 - 13:27ou mesmo os "smartphones".
-
13:27 - 13:29Uma nota que vem no seguimento:
-
13:29 - 13:31as vacinas têm todo o tipo de problemas
-
13:31 - 13:35no que toca à produção e distribuição
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13:35 - 13:39e depois de feitas, não se podem
adaptar a novas ameaças ou mutações. -
13:39 - 13:42Precisamos de uma base
de produção biológica ágil -
13:42 - 13:46que se estenda a todas as farmácias
e talvez até às nossas casas. -
13:46 - 13:49A tecnologia de impressão
aplicada às vacinas e aos medicamentos -
13:49 - 13:52está ao nosso alcance,
se lhe dermos prioridade. -
13:52 - 13:54A seguir, saúde mental.
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13:54 - 13:57Muitas das pessoas suicidas
que cometem assassinatos em massa -
13:57 - 14:00sofrem de depressão profunda,
resistente a tratamento -
14:00 - 14:02ou de "stress" pós-traumático.
-
14:02 - 14:05Precisamos de investigadores altruístas
como Rick Dobling a trabalhar nisto, -
14:05 - 14:09mas também precisamos de cretinos
egoístas, que são bem mais numerosos, -
14:09 - 14:13para estudar o facto
de que o sofrimento agudo -
14:13 - 14:15nos vai pôr a todos em perigo,
-
14:15 - 14:17e não apenas aos que são
diretamente afetados. -
14:18 - 14:21Os cretinos vão então
juntar-se a nós e ao Al Capone -
14:21 - 14:23na luta contra este problema.
-
14:23 - 14:29Terceiro, cada um de nós pode
e deve ser um glóbulo branco -
14:29 - 14:31deste sistema imunitário.
-
14:31 - 14:35Sim, os assassinos em massa
são desprezíveis, -
14:35 - 14:39mas também são pessoas
extremamente tristes e debilitadas, -
14:39 - 14:41e os que entre nós não o são
têm de fazer o puderem -
14:41 - 14:44para garantir que ninguém
sofrerá sozinho. -
14:45 - 14:48(Aplausos)
-
14:50 - 14:52Depois temos de tornar
a luta contra estes perigos -
14:52 - 14:55numa questão central para
a disciplina da biologia sintética. -
14:55 - 14:57Há empresas que, pelo menos,
-
14:57 - 15:00dizem que deixam os seus engenheiros
passar 20% das horas de trabalho -
15:00 - 15:02a fazer o que lhes apetece.
-
15:02 - 15:04E se os que dão emprego aos bioengenheiros
-
15:04 - 15:06e os que se tornarem neles
-
15:06 - 15:07dedicassem 20% do seu tempo
-
15:07 - 15:10à construção de defesas para o bem comum?
-
15:11 - 15:13Não é má ideia, pois não?
-
15:13 - 15:14(Aplausos)
-
15:14 - 15:17E para terminar:
isto não vai ser brincadeira. -
15:17 - 15:19Mas temos de deixar
as nossas mentes ir a sítios -
15:19 - 15:21muito, mas mesmo muito, assustadores,
-
15:21 - 15:24e obrigada por me deixarem
levar-vos lá esta noite. -
15:24 - 15:26Sobrevivemos à Guerra Fria
-
15:26 - 15:31porque cada um de nós entendia
e respeitava o perigo, -
15:31 - 15:33em parte, porque tínhamos passado décadas
-
15:33 - 15:36a contarmos a nós mesmos
histórias de fantasmas aterradoras -
15:36 - 15:39com títulos como "Dr. Estranhoamor"
e "Jogos de Guerra". -
15:39 - 15:42Não é altura para se ficar calmo.
-
15:42 - 15:45É um daqueles raros momentos
em que é extremamente produtivo -
15:45 - 15:47passarmo-nos da cabeça
-
15:47 - 15:50(Risos)
-
15:50 - 15:52para criar algumas histórias de terror
-
15:52 - 15:57e utilizar o nosso medo como combustível
para lutar contra este perigo. -
15:58 - 16:02Porque todos estes
cenários terríveis que descrevi -
16:02 - 16:04não são parte de um destino.
-
16:04 - 16:06São opcionais.
-
16:06 - 16:10O perigo ainda está mais ou menos longe.
-
16:10 - 16:13O que significa que só nos vai atingir
-
16:13 - 16:15se o permitirmos.
-
16:16 - 16:17Não o vamos permitir.
-
16:17 - 16:19Muito obrigado.
-
16:19 - 16:22(Aplausos)
- Title:
- Como a biologia sintética podia acabar com a humanidade e o que podemos fazer para a impedir
- Speaker:
- Rob Reid
- Description:
-
A promessa revolucionária da biologia sintética e da edição genética têm um lado sombrio. Nesta palestra perspicaz, o autor e empreendedor Rob Reid analisa os riscos de um mundo onde cada vez mais pessoas têm acesso às ferramentas e à tecnologia necessárias para criar uma doença que poderia acabar com a humanidade, e sugere que é hora de levar a sério esse perigo.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 16:36
Margarida Ferreira approved Portuguese subtitles for How synthetic biology could wipe out humanity -- and how we can stop it | ||
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Irina Pereira edited Portuguese subtitles for How synthetic biology could wipe out humanity -- and how we can stop it | ||
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