O inconsciente e a percepção do mundo | Leonard Mlodinow | TEDx Bratislava
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0:16 - 0:20Olá! Hoje vou falar sobre o inconsciente
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0:20 - 0:22e como ele afeta seu comportamento
e sua percepção do mundo, -
0:22 - 0:24especialmente o mundo social.
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0:25 - 0:28Vou começar com a definição
de inconsciente. -
0:28 - 0:31O que os cientistas entendem
como processos inconscientes -
0:31 - 0:34são processos que, em primeiro lugar,
ocorrem sem esforço, -
0:34 - 0:36sem um esforço consciente,
e são automáticos. -
0:36 - 0:37Você não os percebe.
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0:37 - 0:40Não precisa de força
de vontade para criá-los, -
0:40 - 0:42pois estão além do nosso controle.
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0:42 - 0:46Por causa disso não entendemos
o que está nos influenciando -
0:46 - 0:50e não conseguimos evitar
os comportamentos que eles produzem. -
0:50 - 0:54Mas, deixe-me esclarecer,
esse não é o inconsciente de Freud. -
0:54 - 0:57O inconsciente de Freud é
o conceito do inconsciente -
0:57 - 1:01que está escondido de você por razões
motivacionais ou emocionais, -
1:01 - 1:04e pode ser revelado através
de introspecção ou terapia. -
1:04 - 1:06Mas a ideia moderna
de inconsciente é diferente. -
1:06 - 1:10É algo que evoluiu para nos ajudar
a navegar pelo mundo, -
1:10 - 1:13o mundo como o percebemos,
nosso mundo social, -
1:13 - 1:14e está ativo em partes do seu cérebro
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1:14 - 1:17que sua mente consciente
não consegue acessar. -
1:17 - 1:21E o campo sobre o qual vou falar
é chamado de neurociência social. -
1:21 - 1:24Neurociência social é
a combinação de três campos. -
1:24 - 1:27Tradicionalmente, temos psicologia social,
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1:27 - 1:31que é o campo da psicologia referente
a como as pessoas interagem entre si, -
1:31 - 1:34e a psicologia cognitiva,
que é a ciência do pensamento. -
1:34 - 1:39Mas, na metade dos anos 1990,
surgiu o campo da neurociência. -
1:39 - 1:42Neurociência é, em grande parte,
baseada em uma tecnologia nova, -
1:42 - 1:45muitas tecnologias novas,
mas uma é a dominante, -
1:45 - 1:49a fMRI, ou Ressonância Magnética
Funcional, um termo difícil, -
1:49 - 1:53mas talvez você conheça
a Ressonância Magnética, -
1:53 - 1:56que faz uma imagem legal
dos seus órgãos internos. -
1:56 - 1:59Bem, a fMRI tem a palavra
"funcional" no início porque, -
1:59 - 2:02se essa imagem for do cérebro,
ela mostra qual parte está ativa. -
2:02 - 2:03Como este exemplo aqui.
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2:04 - 2:07Isso é uma revolução da psicologia
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2:07 - 2:10porque a neurociência moderna
e social, ou psicologia, -
2:10 - 2:13que surgiu disso não é baseada apenas
em estudos de comportamento, -
2:13 - 2:16mas também conecta tais estudos
ao que acontece no cérebro. -
2:16 - 2:18Isso torna os conceitos
muito mais concretos -
2:18 - 2:20e os transforma em ciência verdadeira.
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2:21 - 2:23Vou dar um exemplo de fMRI
e como ela funciona, -
2:23 - 2:26ou os resultados que pode apresentar.
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2:26 - 2:29Este é um estudo de Berkeley,
onde os participantes viram alguns slides, -
2:29 - 2:31como estes quatro slides aqui.
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2:32 - 2:34Os participantes usaram óculos de proteção
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2:34 - 2:36enquanto estavam deitados
em um aparelho de fMRI. -
2:37 - 2:40Os cientistas coletaram dados
de seus cérebros, -
2:40 - 2:43não os dados dos slides,
apenas leituras de seus cérebros -
2:43 - 2:46extraídas do córtex visual
e outras partes, -
2:46 - 2:49relacionadas ao tema dos slides
que eles estavam vendo. -
2:49 - 2:53E eles pediram ao computador
que reconstruísse o que estavam vendo, -
2:53 - 2:54como uma leitura da mente.
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2:54 - 2:56O computador pegou aqueles dados,
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2:56 - 2:59procurou em um banco de dados
com 6 milhões de imagens -
2:59 - 3:01e escolheu as mais semelhantes.
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3:01 - 3:02Como podem ver, ele chegou bem perto,
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3:02 - 3:06não apenas quanto ao layout
e aos dados físicos dos slides, -
3:06 - 3:09mas também quanto à temática,
foi mesmo uma leitura da mente. -
3:10 - 3:14Então hoje vou falar sobre o inconsciente
relacionado a duas áreas. -
3:14 - 3:18Uma é a nossa percepção física,
a outra é a social. -
3:18 - 3:22O ponto aqui é que nós criamos
uma imagem das outras pessoas, -
3:22 - 3:26situações sociais, negócios,
situações financeiras, -
3:26 - 3:30usando não só o pensamento consciente,
mas também o inconsciente. -
3:30 - 3:34Vou começar demonstrando
isso na percepção sensorial -
3:34 - 3:38porque ela é mais dramática e fácil
de descrever em uma palestra como esta, -
3:38 - 3:42e porque o jeito que reconstruímos
realidades a partir de dados limitados -
3:42 - 3:45são similares nas percepções
sensorial e social. -
3:46 - 3:48Quero que saiam daqui
sabendo que nossas percepções, -
3:48 - 3:51sejam elas visuais ou auditivas,
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3:51 - 3:54e nossas memórias e percepções sociais
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3:54 - 3:56não são literalmente como parecem ser,
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3:56 - 3:58mas são coisas construídas
por nosso cérebro, -
3:58 - 4:02misturando as coisas como elas são
com muitas outras, -
4:02 - 4:05como o contexto, expectativa
e até mesmo desejo. -
4:06 - 4:09Quero que saiam daqui sabendo
que o modo como vivemos as experiências -
4:09 - 4:12é conduzido amplamente
por esse processo inconsciente. -
4:13 - 4:17Por exemplo, isso é o que você vê
quando olha para uma estrada. -
4:18 - 4:20Mas não é isso que chega na sua retina.
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4:20 - 4:23O que chega na sua retina
é mais confuso. É algo assim. -
4:24 - 4:27O ponto amarelo está ali
para mostrar onde a pessoa estava olhando. -
4:28 - 4:29O ponto preto não foi adicionado,
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4:29 - 4:32é onde o nervo óptico conecta-se
à retina, e não há dados. -
4:32 - 4:35Então seu olho pega esse dado meio confuso
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4:35 - 4:40e, automaticamente e sem qualquer
esforço ou controle da sua parte, -
4:40 - 4:43transforma nisso, algo bem claro.
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4:45 - 4:49Vou descrever com mais
detalhes neste slide. -
4:50 - 4:51Aqui você vê um tabuleiro de xadrez,
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4:51 - 4:54e, provavelmente, vê o retângulo
com a letra B nele. -
4:54 - 4:56Parece um quadrado branco.
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4:56 - 4:59E o retângulo com a letra A
parece um quadrado preto. -
4:59 - 5:01Mas vou contar para vocês,
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5:01 - 5:02a verdade é que A e B são idênticos,
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5:02 - 5:05então a luz física de verdade
que emana de A e B -
5:05 - 5:07e que você vê na tela são idênticas.
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5:08 - 5:11O quadrado B é da mesma cor
que o quadrado A. -
5:11 - 5:15Agora quero que você tente fazer
sua mente consciente ignorar isso. -
5:15 - 5:17Eu disse que é automático e incontrolável.
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5:17 - 5:20Eu quero que olhe e veja A e B
com a mesma cor. -
5:20 - 5:22Você vai descobrir que não consegue.
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5:23 - 5:25Por que você vê B mais claro
que A? É o contexto. -
5:25 - 5:28Seu inconsciente pega o contexto da foto
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5:29 - 5:33e faz você ver o quadrado B de cor branca
e o quadrado A de cor preta. -
5:33 - 5:35Você pode chamar de ilusão de ótica,
mas é um presente -
5:35 - 5:39porque você não quer viver absorvendo
dados de forma literal o tempo todo -
5:39 - 5:42e parando toda hora
para adivinhar o que significam, -
5:42 - 5:45e reconstruir o padrão a partir
dos dados sobre claro e escuro. -
5:46 - 5:49Caso pense que estou inventando,
deixe-me tirar o contexto. -
5:49 - 5:52Então veja o que acontece com A e B
-
5:52 - 5:54quando tiro o contexto
do tabuleiro de xadrez. -
5:57 - 5:59Sem o contexto você vê que são iguais.
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6:03 - 6:04Obrigada!
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6:04 - 6:05(Risos)
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6:05 - 6:07(Aplausos)
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6:09 - 6:11Eu poderia, se tivesse
mais de 18 minutos, mas não posso. -
6:12 - 6:15Esta é uma foto do Barack Obama,
que vocês devem reconhecer. -
6:15 - 6:18Isto é para ilustrar o componente social
do seu processo mental. -
6:18 - 6:20Quando você olha essas fotos do Obama,
-
6:20 - 6:24provavelmente vai enxergá-lo
de cabeça para baixo e normal. -
6:24 - 6:29Mas nossas percepções e interações sociais
são extremamente importantes para nós, -
6:29 - 6:34então nosso cérebro opera
para nos ajudar com a percepção social. -
6:34 - 6:38As fotos são, na verdade, bem diferentes.
Não são muito parecidas. -
6:38 - 6:41Mas sua percepção social não funciona
com velocidade máxima -
6:41 - 6:45porque ele está de cabeça para baixo
e não é normal vermos pessoas assim, -
6:45 - 6:47a menos que você seja instrutor de ioga,
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6:47 - 6:50e não é o caso da maioria,
então não notamos isso. -
6:50 - 6:51Observe quando eu viro as fotos.
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6:54 - 6:56Se você visse esse camarada na rua,
-
6:56 - 6:59pensaria "parece o Obama,
mas algo está errado." -
6:59 - 7:00(Risos)
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7:01 - 7:03Talvez ele fique assim depois da campanha.
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7:03 - 7:04(Risos)
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7:05 - 7:07Se vir esse camarada,
verá um ser humano normal. -
7:07 - 7:11Agora a parte social do seu cérebro está
interpretando isso de forma automática. -
7:11 - 7:13Vou virar de novo para ver o que acontece.
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7:14 - 7:17Viram? O efeito desaparece
quando ele está de cabeça para baixo -
7:18 - 7:19e volta quando está na posição normal.
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7:20 - 7:21(Risos)
-
7:22 - 7:24Agora vou mostrar um exemplo
relacionado à audição -
7:24 - 7:27para mostrar que esse processo
não ocorre apenas na visão, -
7:27 - 7:29mas na audição também.
-
7:29 - 7:31Pegamos os dados que entram pelos ouvidos
-
7:32 - 7:35e, assim como o cérebro brinca
construindo imagem e visão, -
7:35 - 7:37faz isso com áudio também.
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7:37 - 7:39Talvez vocês conheçam essa música.
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7:39 - 7:41É do Led Zeppelin, "Stairway to Heaven".
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7:42 - 7:44Não está tocando. Mais uma vez.
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7:44 - 7:46(Música: Led Zeppelin,
"Starway to Heaven") -
7:47 - 7:52Se há barulho na sua sebe, não se assuste.
-
7:53 - 7:56É apenas uma limpeza de primavera
para a Rainha de Maio. -
7:58 - 8:03Sim, há dois caminhos
a seguir, mas no final -
8:04 - 8:06ainda há tempo...
-
8:06 - 8:09Essa música deve parecer
normal para vocês, -
8:09 - 8:13e dá para decodificar mentalmente
os oito ou dez versos da música. -
8:13 - 8:16Mas agora eu vou tocar
de trás para frente. -
8:16 - 8:19Quero que ouçam de trás
para frente e verifiquem: -
8:19 - 8:22Led Zeppelin é esperto o suficiente
para criar uma música -
8:22 - 8:25que faça sentido se for tocada
normalmente e de trás para frente? -
8:26 - 8:28(Música ao contrário: "Starway to Heaven")
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8:32 - 8:35(Letra incompreensível)
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8:54 - 8:57Agora você ouviu uma parte
da música ao contrário. -
8:57 - 9:00Se eu te desse um papel,
conseguiria escrever a letra? -
9:00 - 9:02Ou ela não faz sentido?
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9:02 - 9:04Eu acho que não faz sentido.
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9:04 - 9:07É porque realmente não faz sentido.
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9:07 - 9:10Mas essa coisa sem sentido
que entra no seu cérebro -
9:10 - 9:12pode ser transformada em alguma coisa
-
9:12 - 9:16se o inconsciente tiver
um pouco de contexto. -
9:16 - 9:19Então vou tocar de novo
acrescentando uma letra. -
9:19 - 9:22Assim como o tabuleiro
de xadrez pareceu diferente -
9:22 - 9:24quando tirei os quadrados
e coloquei-os no contexto, -
9:24 - 9:27a música vai soar diferente
tocada ao contrário -
9:27 - 9:28agora que está dentro de um contexto.
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9:29 - 9:30Sigam a letra.
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9:30 - 9:32(Música)
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9:37 - 9:39Isso é para meu querido Satã.
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9:40 - 9:43Aquele cujo caminho me faria triste,
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9:43 - 9:45cujo poder é Satã.
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9:47 - 9:51Ele te dará, te dará 666.
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9:52 - 9:55Havia um pequeno galpão
onde ele nos fez sofrer. -
9:55 - 9:56triste Satã.
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9:58 - 10:00Agora temos duas versões da realidade.
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10:00 - 10:05A parte física é a mesma:
o mesmo áudio, nas duas vezes, -
10:05 - 10:06mas a percepção é muito diferente
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10:06 - 10:09porque agora sua mente
construiu algo baseado nisso. -
10:09 - 10:12Para mostrar que é
automático e inevitável, -
10:12 - 10:15e sei que entendem
que não precisa de esforço, -
10:15 - 10:16vou tocar de novo.
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10:16 - 10:20Acompanhe a letra, escute,
mas ouça da mesma maneira -
10:20 - 10:24que ouviu na primeira vez,
não as palavras, mas o resmungo, ok? -
10:24 - 10:28(Música ao contrário: "Starway to Heaven")
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10:54 - 10:57Você ouviu a letra porque já a conhecia
e isso estraga o processo. -
10:57 - 11:02Por causa disso algumas pessoas acham
que estão ouvindo mensagens subliminares -
11:02 - 11:04em músicas ao contrário, mas não estão.
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11:04 - 11:06No site sceptics.com, do Michael Shermer,
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11:06 - 11:10verá discussões sobre a falsidade disso.
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11:11 - 11:14Agora quero falar de percepção social.
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11:14 - 11:17A questão é que todos esses truques
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11:17 - 11:20que a mente usa para criar
percepções visuais e auditivas -
11:20 - 11:22também funcionam na percepção social.
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11:23 - 11:28Uma das coisas que o cérebro usa
para criar percepção social é a aparência. -
11:29 - 11:31Pessoas são animais muito sociais.
-
11:31 - 11:34Como espécie, não teríamos
sobrevivido sem cooperação social, -
11:35 - 11:37e estudos científicos atuais
mostram que as pessoas -
11:37 - 11:41que têm pouco contexto social,
poucas conexões sociais, -
11:41 - 11:46têm riscos de saúde mais altos que pessoas
com muitas conexões sociais. -
11:46 - 11:48Na verdade, ter poucas conexões sociais
-
11:48 - 11:52é tão arriscado para a saúde quanto
a obesidade ou o hábito de fumar. -
11:52 - 11:56Neste estudo, cientistas reuniram
dois grupos de pessoas -
11:56 - 12:00e mostraram dados de um candidato
republicano e um democrata. -
12:00 - 12:03Os dados não eram apenas
sobre o que eles acreditavam -
12:03 - 12:05mas também continham
uma foto de cada candidato. -
12:05 - 12:09Para um grupo eles mostraram uma foto
em que o democrata parecia mais competente -
12:09 - 12:14e o republicano menos competente,
e para o outro grupo eles inverteram. -
12:14 - 12:16Não era beleza, e sim competência.
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12:16 - 12:19Os dois grupos estavam vendo
os mesmos dados sobre os candidatos, -
12:19 - 12:21mas eles tinham aparências diferentes,
-
12:21 - 12:24e a pergunta foi: o quanto
isso influencia o voto? -
12:24 - 12:28A resposta é que houve 14%
de troca de votos. -
12:28 - 12:31A troca das fotos em relação
à aparência de competência -
12:31 - 12:35resultou na troca de 14% dos votos,
suficiente para virar muitas eleições, -
12:35 - 12:37e isso é uma evidência muito dramática.
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12:37 - 12:40Mas isso foi no laboratório.
E na vida real? -
12:41 - 12:44Felizmente, um psicólogo
da Universidade de Princeton -
12:44 - 12:46decidiu testar isso no mundo real.
-
12:46 - 12:51Ele juntou pares de fotos de rostos
dos candidatos democratas e republicanos -
12:51 - 12:55em várias eleições
para Governo e Congresso. -
12:55 - 12:57Levou várias pessoas para um laboratório,
-
12:57 - 13:00mostrou esses pares de fotos e pediu
-
13:00 - 13:03que julgassem qual pessoa parecia
mais competente em cada caso. -
13:03 - 13:06Ele recomendou: "Se você reconhecer
um dos candidatos, não vote. -
13:06 - 13:09Estamos apenas olhando essas fotos
-
13:09 - 13:11e escolhendo quem parece competente."
-
13:11 - 13:12Então ele deu um passo ousado,
-
13:12 - 13:15e previu o resultado
de cada uma dessas eleições -
13:15 - 13:18apenas com base em quem foi votado
como sendo mais competente. -
13:18 - 13:21E a pergunta é: qual foi
o nível de sucesso dele? -
13:21 - 13:24Se competência não tivesse efeito,
ele teria 50% de sucesso, -
13:24 - 13:26mas ele teve 70% de sucesso.
-
13:26 - 13:27Em 70% dos casos,
-
13:27 - 13:30a pessoa com aparência
mais competente ganhou a eleição. -
13:32 - 13:35Outra coisa que nosso cérebro,
nosso inconsciente, -
13:35 - 13:37usa para preencher nossa
percepção social é o tato. -
13:38 - 13:40Eu disse que as pessoas
são animais sociais. -
13:40 - 13:43De fato, todos estes quatro tipos
diferentes de primatas -
13:43 - 13:46tiveram comportamento
social relacionado ao toque. -
13:47 - 13:50Os primatas não humanos tendem
a tocar uns aos outros por horas. -
13:50 - 13:53Eles precisam disso,
fisicamente, para se limpar, -
13:53 - 13:55mas apenas 10 ou 20 minutos por dia.
-
13:55 - 13:58No entanto, eles ficam
se tocando por horas -
13:58 - 14:02porque o toque ajuda a criar um senso
de união e cooperação social. -
14:03 - 14:07Cientistas descobriram recentemente
que as pessoas têm nervos especializados, -
14:07 - 14:09principalmente nos antebraços e rosto,
-
14:09 - 14:12que parecem estar lá apenas
para transmitir o prazer social do toque. -
14:13 - 14:15A pergunta é: conforme formamos
nossa visão de mundo, -
14:15 - 14:17que contexto isso adiciona?
-
14:17 - 14:20Como isto afeta nosso julgamento do mundo,
se estamos ou não sendo tocados? -
14:22 - 14:25Um grupo de cientistas franceses fez
um experimento interessante. -
14:25 - 14:28Eles contrataram alguns
franceses jovens e bonitos -
14:28 - 14:31para ficarem em uma esquina
no Norte da França -
14:31 - 14:34e cortejarem todas as mulheres
solteiras que passassem. -
14:34 - 14:37Eles ficaram lá, e usaram o mesmo roteiro,
-
14:37 - 14:39esta é a tradução do roteiro,
para todas as mulheres. -
14:39 - 14:43Eles deram seus nomes e pediram
o telefone mas, em metade das mulheres, -
14:43 - 14:48eles tocaram o cotovelo ou ombro,
de forma rápida e suave. -
14:48 - 14:50Na outra metade eles não tocaram nada.
-
14:50 - 14:53Eles interceptaram as mulheres
e fizeram entrevistas -
14:53 - 14:55e a maioria delas sequer
lembrava desses toques. -
14:55 - 15:00Mas esse sinal afetou o contexto
sobre como elas enxergaram a pessoa -
15:00 - 15:03e a que nível elas aceitariam um encontro?
-
15:03 - 15:07E a resposta é sim:
dobrou, de 10% para 20%. -
15:07 - 15:10Isso se repetiu em muitos contextos.
-
15:10 - 15:14Por exemplo, garçons conseguem gorjetas
melhores se encostarem nos clientes, -
15:14 - 15:18e pessoas fazendo pesquisas nas ruas
conseguem que mais pessoas concordem -
15:18 - 15:20em serem entrevistadas,
e em muitas outras áreas. -
15:22 - 15:25Quando eu explico essas ideias,
-
15:25 - 15:27gosto de fazer um teste,
mas não é possível aqui, -
15:27 - 15:30então só vou contar o experimento.
-
15:30 - 15:35Peço para as pessoas olharem estes dois
quartos de hotel e dou alguns dados. -
15:35 - 15:40Eu digo que fica no Taiti,
e que é uma casa pequena de um quarto etc. -
15:40 - 15:44Eu pergunto quanto elas pagariam
pelo quarto no Taiti. -
15:44 - 15:48Consigo resultados bem dramáticos.
-
15:49 - 15:52Eu os divido em dois grupos.
-
15:52 - 15:56Antes de perguntar sobre o preço,
eu pergunto para o primeiro grupo: -
15:56 - 15:59a diária deste quarto
custa mais que US$ 5.500? -
16:00 - 16:05E para o segundo grupo, antes de pedir
para escreverem o preço, eu pergunto: -
16:05 - 16:06a diária custa mais que US$ 55?
-
16:06 - 16:08A partir dos dados que eles viram,
-
16:08 - 16:11está claro que o quarto
não custa US$ 5.500 por noite, -
16:11 - 16:14nada perto disso, e custa
muito mais que US$ 55. -
16:14 - 16:16Você acharia que essas
são perguntas casuais. -
16:16 - 16:21Mas na verdade elas exercem
um efeito subliminar na plateia. -
16:21 - 16:25E aqueles que viram esta pergunta
não viram esta pergunta, e vice versa. -
16:25 - 16:28Eles só viram a pergunta
do grupo em que estavam. -
16:28 - 16:29A pergunta é:
-
16:29 - 16:33como esse contexto afeta
a verdadeira avaliação do quarto, -
16:33 - 16:35a percepção de quanto ele vale?
-
16:35 - 16:38Aqui está a resposta de vários grupos.
-
16:38 - 16:44Eles vão chutar em torno de US$ 1.000
se viram a pergunta de valor maior antes, -
16:44 - 16:47e entre US$ 200 e US$ 300 se viram
a pergunta de valor menor. -
16:47 - 16:49Essa pergunta simples e casual
-
16:49 - 16:52dá o contexto que muda a percepção
que eles têm do quarto, -
16:52 - 16:54como o tabuleiro de xadrez deu o contexto,
-
16:54 - 16:58e a letra da música ao contrário
deu o contexto. -
17:00 - 17:02Vou terminar a palestra
com esta citação de Carl Jung: -
17:02 - 17:05"Esses aspectos subliminares
de tudo que acontece conosco -
17:05 - 17:08parecem exercer um papel pequeno
nas nossas vidas, -
17:08 - 17:11mas eles são as raízes quase invisíveis
dos nossos pensamentos conscientes." -
17:11 - 17:12Obrigado.
-
17:13 - 17:14(Aplausos)
- Title:
- O inconsciente e a percepção do mundo | Leonard Mlodinow | TEDx Bratislava
- Description:
-
Quando criança, Leonard demonstrava interesse em matemática, química e química orgânica. O interesse pela física começou durante um semestre em que tirou férias da faculdade para passar um kibutz em Israel e não tinha muita coisa para fazer à noite, a não ser ler o livro "Lições de Física de Feynman".
Enquanto cursava Doutorado na Universidade da Califórnia e lecionava no Instituto de Tecnologia da Califórnia, ajudou a desenvolver um novo tipo de teoria da perturbação para problemas de autovalores na mecânica quântica. Mais tarde, fez um trabalho pioneiro sobre a teoria quântica do meio dielétrico.
Entre os anos de 2008 e 2010, Mlodinow trabalhou com Stephen Hawking em um livro chamado "O Grande Projeto". Além das pesquisas e livros sobre ciências populares, ele também é roteirista de séries para a televisão, incluindo "Jornada nas Estrelas: A Nova Geração" e "MacGyver - Profissão: Perigo".
Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 17:22