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O inconsciente e a percepção do mundo | Leonard Mlodinow | TEDx Bratislava

  • 0:16 - 0:20
    Olá! Hoje vou falar sobre o inconsciente
  • 0:20 - 0:22
    e como ele afeta seu comportamento
    e sua percepção do mundo,
  • 0:22 - 0:24
    especialmente o mundo social.
  • 0:25 - 0:28
    Vou começar com a definição
    de inconsciente.
  • 0:28 - 0:31
    O que os cientistas entendem
    como processos inconscientes
  • 0:31 - 0:34
    são processos que, em primeiro lugar,
    ocorrem sem esforço,
  • 0:34 - 0:36
    sem um esforço consciente,
    e são automáticos.
  • 0:36 - 0:37
    Você não os percebe.
  • 0:37 - 0:40
    Não precisa de força
    de vontade para criá-los,
  • 0:40 - 0:42
    pois estão além do nosso controle.
  • 0:42 - 0:46
    Por causa disso não entendemos
    o que está nos influenciando
  • 0:46 - 0:50
    e não conseguimos evitar
    os comportamentos que eles produzem.
  • 0:50 - 0:54
    Mas, deixe-me esclarecer,
    esse não é o inconsciente de Freud.
  • 0:54 - 0:57
    O inconsciente de Freud é
    o conceito do inconsciente
  • 0:57 - 1:01
    que está escondido de você por razões
    motivacionais ou emocionais,
  • 1:01 - 1:04
    e pode ser revelado através
    de introspecção ou terapia.
  • 1:04 - 1:06
    Mas a ideia moderna
    de inconsciente é diferente.
  • 1:06 - 1:10
    É algo que evoluiu para nos ajudar
    a navegar pelo mundo,
  • 1:10 - 1:13
    o mundo como o percebemos,
    nosso mundo social,
  • 1:13 - 1:14
    e está ativo em partes do seu cérebro
  • 1:14 - 1:17
    que sua mente consciente
    não consegue acessar.
  • 1:17 - 1:21
    E o campo sobre o qual vou falar
    é chamado de neurociência social.
  • 1:21 - 1:24
    Neurociência social é
    a combinação de três campos.
  • 1:24 - 1:27
    Tradicionalmente, temos psicologia social,
  • 1:27 - 1:31
    que é o campo da psicologia referente
    a como as pessoas interagem entre si,
  • 1:31 - 1:34
    e a psicologia cognitiva,
    que é a ciência do pensamento.
  • 1:34 - 1:39
    Mas, na metade dos anos 1990,
    surgiu o campo da neurociência.
  • 1:39 - 1:42
    Neurociência é, em grande parte,
    baseada em uma tecnologia nova,
  • 1:42 - 1:45
    muitas tecnologias novas,
    mas uma é a dominante,
  • 1:45 - 1:49
    a fMRI, ou Ressonância Magnética
    Funcional, um termo difícil,
  • 1:49 - 1:53
    mas talvez você conheça
    a Ressonância Magnética,
  • 1:53 - 1:56
    que faz uma imagem legal
    dos seus órgãos internos.
  • 1:56 - 1:59
    Bem, a fMRI tem a palavra
    "funcional" no início porque,
  • 1:59 - 2:02
    se essa imagem for do cérebro,
    ela mostra qual parte está ativa.
  • 2:02 - 2:03
    Como este exemplo aqui.
  • 2:04 - 2:07
    Isso é uma revolução da psicologia
  • 2:07 - 2:10
    porque a neurociência moderna
    e social, ou psicologia,
  • 2:10 - 2:13
    que surgiu disso não é baseada apenas
    em estudos de comportamento,
  • 2:13 - 2:16
    mas também conecta tais estudos
    ao que acontece no cérebro.
  • 2:16 - 2:18
    Isso torna os conceitos
    muito mais concretos
  • 2:18 - 2:20
    e os transforma em ciência verdadeira.
  • 2:21 - 2:23
    Vou dar um exemplo de fMRI
    e como ela funciona,
  • 2:23 - 2:26
    ou os resultados que pode apresentar.
  • 2:26 - 2:29
    Este é um estudo de Berkeley,
    onde os participantes viram alguns slides,
  • 2:29 - 2:31
    como estes quatro slides aqui.
  • 2:32 - 2:34
    Os participantes usaram óculos de proteção
  • 2:34 - 2:36
    enquanto estavam deitados
    em um aparelho de fMRI.
  • 2:37 - 2:40
    Os cientistas coletaram dados
    de seus cérebros,
  • 2:40 - 2:43
    não os dados dos slides,
    apenas leituras de seus cérebros
  • 2:43 - 2:46
    extraídas do córtex visual
    e outras partes,
  • 2:46 - 2:49
    relacionadas ao tema dos slides
    que eles estavam vendo.
  • 2:49 - 2:53
    E eles pediram ao computador
    que reconstruísse o que estavam vendo,
  • 2:53 - 2:54
    como uma leitura da mente.
  • 2:54 - 2:56
    O computador pegou aqueles dados,
  • 2:56 - 2:59
    procurou em um banco de dados
    com 6 milhões de imagens
  • 2:59 - 3:01
    e escolheu as mais semelhantes.
  • 3:01 - 3:02
    Como podem ver, ele chegou bem perto,
  • 3:02 - 3:06
    não apenas quanto ao layout
    e aos dados físicos dos slides,
  • 3:06 - 3:09
    mas também quanto à temática,
    foi mesmo uma leitura da mente.
  • 3:10 - 3:14
    Então hoje vou falar sobre o inconsciente
    relacionado a duas áreas.
  • 3:14 - 3:18
    Uma é a nossa percepção física,
    a outra é a social.
  • 3:18 - 3:22
    O ponto aqui é que nós criamos
    uma imagem das outras pessoas,
  • 3:22 - 3:26
    situações sociais, negócios,
    situações financeiras,
  • 3:26 - 3:30
    usando não só o pensamento consciente,
    mas também o inconsciente.
  • 3:30 - 3:34
    Vou começar demonstrando
    isso na percepção sensorial
  • 3:34 - 3:38
    porque ela é mais dramática e fácil
    de descrever em uma palestra como esta,
  • 3:38 - 3:42
    e porque o jeito que reconstruímos
    realidades a partir de dados limitados
  • 3:42 - 3:45
    são similares nas percepções
    sensorial e social.
  • 3:46 - 3:48
    Quero que saiam daqui
    sabendo que nossas percepções,
  • 3:48 - 3:51
    sejam elas visuais ou auditivas,
  • 3:51 - 3:54
    e nossas memórias e percepções sociais
  • 3:54 - 3:56
    não são literalmente como parecem ser,
  • 3:56 - 3:58
    mas são coisas construídas
    por nosso cérebro,
  • 3:58 - 4:02
    misturando as coisas como elas são
    com muitas outras,
  • 4:02 - 4:05
    como o contexto, expectativa
    e até mesmo desejo.
  • 4:06 - 4:09
    Quero que saiam daqui sabendo
    que o modo como vivemos as experiências
  • 4:09 - 4:12
    é conduzido amplamente
    por esse processo inconsciente.
  • 4:13 - 4:17
    Por exemplo, isso é o que você vê
    quando olha para uma estrada.
  • 4:18 - 4:20
    Mas não é isso que chega na sua retina.
  • 4:20 - 4:23
    O que chega na sua retina
    é mais confuso. É algo assim.
  • 4:24 - 4:27
    O ponto amarelo está ali
    para mostrar onde a pessoa estava olhando.
  • 4:28 - 4:29
    O ponto preto não foi adicionado,
  • 4:29 - 4:32
    é onde o nervo óptico conecta-se
    à retina, e não há dados.
  • 4:32 - 4:35
    Então seu olho pega esse dado meio confuso
  • 4:35 - 4:40
    e, automaticamente e sem qualquer
    esforço ou controle da sua parte,
  • 4:40 - 4:43
    transforma nisso, algo bem claro.
  • 4:45 - 4:49
    Vou descrever com mais
    detalhes neste slide.
  • 4:50 - 4:51
    Aqui você vê um tabuleiro de xadrez,
  • 4:51 - 4:54
    e, provavelmente, vê o retângulo
    com a letra B nele.
  • 4:54 - 4:56
    Parece um quadrado branco.
  • 4:56 - 4:59
    E o retângulo com a letra A
    parece um quadrado preto.
  • 4:59 - 5:01
    Mas vou contar para vocês,
  • 5:01 - 5:02
    a verdade é que A e B são idênticos,
  • 5:02 - 5:05
    então a luz física de verdade
    que emana de A e B
  • 5:05 - 5:07
    e que você vê na tela são idênticas.
  • 5:08 - 5:11
    O quadrado B é da mesma cor
    que o quadrado A.
  • 5:11 - 5:15
    Agora quero que você tente fazer
    sua mente consciente ignorar isso.
  • 5:15 - 5:17
    Eu disse que é automático e incontrolável.
  • 5:17 - 5:20
    Eu quero que olhe e veja A e B
    com a mesma cor.
  • 5:20 - 5:22
    Você vai descobrir que não consegue.
  • 5:23 - 5:25
    Por que você vê B mais claro
    que A? É o contexto.
  • 5:25 - 5:28
    Seu inconsciente pega o contexto da foto
  • 5:29 - 5:33
    e faz você ver o quadrado B de cor branca
    e o quadrado A de cor preta.
  • 5:33 - 5:35
    Você pode chamar de ilusão de ótica,
    mas é um presente
  • 5:35 - 5:39
    porque você não quer viver absorvendo
    dados de forma literal o tempo todo
  • 5:39 - 5:42
    e parando toda hora
    para adivinhar o que significam,
  • 5:42 - 5:45
    e reconstruir o padrão a partir
    dos dados sobre claro e escuro.
  • 5:46 - 5:49
    Caso pense que estou inventando,
    deixe-me tirar o contexto.
  • 5:49 - 5:52
    Então veja o que acontece com A e B
  • 5:52 - 5:54
    quando tiro o contexto
    do tabuleiro de xadrez.
  • 5:57 - 5:59
    Sem o contexto você vê que são iguais.
  • 6:03 - 6:04
    Obrigada!
  • 6:04 - 6:05
    (Risos)
  • 6:05 - 6:07
    (Aplausos)
  • 6:09 - 6:11
    Eu poderia, se tivesse
    mais de 18 minutos, mas não posso.
  • 6:12 - 6:15
    Esta é uma foto do Barack Obama,
    que vocês devem reconhecer.
  • 6:15 - 6:18
    Isto é para ilustrar o componente social
    do seu processo mental.
  • 6:18 - 6:20
    Quando você olha essas fotos do Obama,
  • 6:20 - 6:24
    provavelmente vai enxergá-lo
    de cabeça para baixo e normal.
  • 6:24 - 6:29
    Mas nossas percepções e interações sociais
    são extremamente importantes para nós,
  • 6:29 - 6:34
    então nosso cérebro opera
    para nos ajudar com a percepção social.
  • 6:34 - 6:38
    As fotos são, na verdade, bem diferentes.
    Não são muito parecidas.
  • 6:38 - 6:41
    Mas sua percepção social não funciona
    com velocidade máxima
  • 6:41 - 6:45
    porque ele está de cabeça para baixo
    e não é normal vermos pessoas assim,
  • 6:45 - 6:47
    a menos que você seja instrutor de ioga,
  • 6:47 - 6:50
    e não é o caso da maioria,
    então não notamos isso.
  • 6:50 - 6:51
    Observe quando eu viro as fotos.
  • 6:54 - 6:56
    Se você visse esse camarada na rua,
  • 6:56 - 6:59
    pensaria "parece o Obama,
    mas algo está errado."
  • 6:59 - 7:00
    (Risos)
  • 7:01 - 7:03
    Talvez ele fique assim depois da campanha.
  • 7:03 - 7:04
    (Risos)
  • 7:05 - 7:07
    Se vir esse camarada,
    verá um ser humano normal.
  • 7:07 - 7:11
    Agora a parte social do seu cérebro está
    interpretando isso de forma automática.
  • 7:11 - 7:13
    Vou virar de novo para ver o que acontece.
  • 7:14 - 7:17
    Viram? O efeito desaparece
    quando ele está de cabeça para baixo
  • 7:18 - 7:19
    e volta quando está na posição normal.
  • 7:20 - 7:21
    (Risos)
  • 7:22 - 7:24
    Agora vou mostrar um exemplo
    relacionado à audição
  • 7:24 - 7:27
    para mostrar que esse processo
    não ocorre apenas na visão,
  • 7:27 - 7:29
    mas na audição também.
  • 7:29 - 7:31
    Pegamos os dados que entram pelos ouvidos
  • 7:32 - 7:35
    e, assim como o cérebro brinca
    construindo imagem e visão,
  • 7:35 - 7:37
    faz isso com áudio também.
  • 7:37 - 7:39
    Talvez vocês conheçam essa música.
  • 7:39 - 7:41
    É do Led Zeppelin, "Stairway to Heaven".
  • 7:42 - 7:44
    Não está tocando. Mais uma vez.
  • 7:44 - 7:46
    (Música: Led Zeppelin,
    "Starway to Heaven")
  • 7:47 - 7:52
    Se há barulho na sua sebe, não se assuste.
  • 7:53 - 7:56
    É apenas uma limpeza de primavera
    para a Rainha de Maio.
  • 7:58 - 8:03
    Sim, há dois caminhos
    a seguir, mas no final
  • 8:04 - 8:06
    ainda há tempo...
  • 8:06 - 8:09
    Essa música deve parecer
    normal para vocês,
  • 8:09 - 8:13
    e dá para decodificar mentalmente
    os oito ou dez versos da música.
  • 8:13 - 8:16
    Mas agora eu vou tocar
    de trás para frente.
  • 8:16 - 8:19
    Quero que ouçam de trás
    para frente e verifiquem:
  • 8:19 - 8:22
    Led Zeppelin é esperto o suficiente
    para criar uma música
  • 8:22 - 8:25
    que faça sentido se for tocada
    normalmente e de trás para frente?
  • 8:26 - 8:28
    (Música ao contrário: "Starway to Heaven")
  • 8:32 - 8:35
    (Letra incompreensível)
  • 8:54 - 8:57
    Agora você ouviu uma parte
    da música ao contrário.
  • 8:57 - 9:00
    Se eu te desse um papel,
    conseguiria escrever a letra?
  • 9:00 - 9:02
    Ou ela não faz sentido?
  • 9:02 - 9:04
    Eu acho que não faz sentido.
  • 9:04 - 9:07
    É porque realmente não faz sentido.
  • 9:07 - 9:10
    Mas essa coisa sem sentido
    que entra no seu cérebro
  • 9:10 - 9:12
    pode ser transformada em alguma coisa
  • 9:12 - 9:16
    se o inconsciente tiver
    um pouco de contexto.
  • 9:16 - 9:19
    Então vou tocar de novo
    acrescentando uma letra.
  • 9:19 - 9:22
    Assim como o tabuleiro
    de xadrez pareceu diferente
  • 9:22 - 9:24
    quando tirei os quadrados
    e coloquei-os no contexto,
  • 9:24 - 9:27
    a música vai soar diferente
    tocada ao contrário
  • 9:27 - 9:28
    agora que está dentro de um contexto.
  • 9:29 - 9:30
    Sigam a letra.
  • 9:30 - 9:32
    (Música)
  • 9:37 - 9:39
    Isso é para meu querido Satã.
  • 9:40 - 9:43
    Aquele cujo caminho me faria triste,
  • 9:43 - 9:45
    cujo poder é Satã.
  • 9:47 - 9:51
    Ele te dará, te dará 666.
  • 9:52 - 9:55
    Havia um pequeno galpão
    onde ele nos fez sofrer.
  • 9:55 - 9:56
    triste Satã.
  • 9:58 - 10:00
    Agora temos duas versões da realidade.
  • 10:00 - 10:05
    A parte física é a mesma:
    o mesmo áudio, nas duas vezes,
  • 10:05 - 10:06
    mas a percepção é muito diferente
  • 10:06 - 10:09
    porque agora sua mente
    construiu algo baseado nisso.
  • 10:09 - 10:12
    Para mostrar que é
    automático e inevitável,
  • 10:12 - 10:15
    e sei que entendem
    que não precisa de esforço,
  • 10:15 - 10:16
    vou tocar de novo.
  • 10:16 - 10:20
    Acompanhe a letra, escute,
    mas ouça da mesma maneira
  • 10:20 - 10:24
    que ouviu na primeira vez,
    não as palavras, mas o resmungo, ok?
  • 10:24 - 10:28
    (Música ao contrário: "Starway to Heaven")
  • 10:54 - 10:57
    Você ouviu a letra porque já a conhecia
    e isso estraga o processo.
  • 10:57 - 11:02
    Por causa disso algumas pessoas acham
    que estão ouvindo mensagens subliminares
  • 11:02 - 11:04
    em músicas ao contrário, mas não estão.
  • 11:04 - 11:06
    No site sceptics.com, do Michael Shermer,
  • 11:06 - 11:10
    verá discussões sobre a falsidade disso.
  • 11:11 - 11:14
    Agora quero falar de percepção social.
  • 11:14 - 11:17
    A questão é que todos esses truques
  • 11:17 - 11:20
    que a mente usa para criar
    percepções visuais e auditivas
  • 11:20 - 11:22
    também funcionam na percepção social.
  • 11:23 - 11:28
    Uma das coisas que o cérebro usa
    para criar percepção social é a aparência.
  • 11:29 - 11:31
    Pessoas são animais muito sociais.
  • 11:31 - 11:34
    Como espécie, não teríamos
    sobrevivido sem cooperação social,
  • 11:35 - 11:37
    e estudos científicos atuais
    mostram que as pessoas
  • 11:37 - 11:41
    que têm pouco contexto social,
    poucas conexões sociais,
  • 11:41 - 11:46
    têm riscos de saúde mais altos que pessoas
    com muitas conexões sociais.
  • 11:46 - 11:48
    Na verdade, ter poucas conexões sociais
  • 11:48 - 11:52
    é tão arriscado para a saúde quanto
    a obesidade ou o hábito de fumar.
  • 11:52 - 11:56
    Neste estudo, cientistas reuniram
    dois grupos de pessoas
  • 11:56 - 12:00
    e mostraram dados de um candidato
    republicano e um democrata.
  • 12:00 - 12:03
    Os dados não eram apenas
    sobre o que eles acreditavam
  • 12:03 - 12:05
    mas também continham
    uma foto de cada candidato.
  • 12:05 - 12:09
    Para um grupo eles mostraram uma foto
    em que o democrata parecia mais competente
  • 12:09 - 12:14
    e o republicano menos competente,
    e para o outro grupo eles inverteram.
  • 12:14 - 12:16
    Não era beleza, e sim competência.
  • 12:16 - 12:19
    Os dois grupos estavam vendo
    os mesmos dados sobre os candidatos,
  • 12:19 - 12:21
    mas eles tinham aparências diferentes,
  • 12:21 - 12:24
    e a pergunta foi: o quanto
    isso influencia o voto?
  • 12:24 - 12:28
    A resposta é que houve 14%
    de troca de votos.
  • 12:28 - 12:31
    A troca das fotos em relação
    à aparência de competência
  • 12:31 - 12:35
    resultou na troca de 14% dos votos,
    suficiente para virar muitas eleições,
  • 12:35 - 12:37
    e isso é uma evidência muito dramática.
  • 12:37 - 12:40
    Mas isso foi no laboratório.
    E na vida real?
  • 12:41 - 12:44
    Felizmente, um psicólogo
    da Universidade de Princeton
  • 12:44 - 12:46
    decidiu testar isso no mundo real.
  • 12:46 - 12:51
    Ele juntou pares de fotos de rostos
    dos candidatos democratas e republicanos
  • 12:51 - 12:55
    em várias eleições
    para Governo e Congresso.
  • 12:55 - 12:57
    Levou várias pessoas para um laboratório,
  • 12:57 - 13:00
    mostrou esses pares de fotos e pediu
  • 13:00 - 13:03
    que julgassem qual pessoa parecia
    mais competente em cada caso.
  • 13:03 - 13:06
    Ele recomendou: "Se você reconhecer
    um dos candidatos, não vote.
  • 13:06 - 13:09
    Estamos apenas olhando essas fotos
  • 13:09 - 13:11
    e escolhendo quem parece competente."
  • 13:11 - 13:12
    Então ele deu um passo ousado,
  • 13:12 - 13:15
    e previu o resultado
    de cada uma dessas eleições
  • 13:15 - 13:18
    apenas com base em quem foi votado
    como sendo mais competente.
  • 13:18 - 13:21
    E a pergunta é: qual foi
    o nível de sucesso dele?
  • 13:21 - 13:24
    Se competência não tivesse efeito,
    ele teria 50% de sucesso,
  • 13:24 - 13:26
    mas ele teve 70% de sucesso.
  • 13:26 - 13:27
    Em 70% dos casos,
  • 13:27 - 13:30
    a pessoa com aparência
    mais competente ganhou a eleição.
  • 13:32 - 13:35
    Outra coisa que nosso cérebro,
    nosso inconsciente,
  • 13:35 - 13:37
    usa para preencher nossa
    percepção social é o tato.
  • 13:38 - 13:40
    Eu disse que as pessoas
    são animais sociais.
  • 13:40 - 13:43
    De fato, todos estes quatro tipos
    diferentes de primatas
  • 13:43 - 13:46
    tiveram comportamento
    social relacionado ao toque.
  • 13:47 - 13:50
    Os primatas não humanos tendem
    a tocar uns aos outros por horas.
  • 13:50 - 13:53
    Eles precisam disso,
    fisicamente, para se limpar,
  • 13:53 - 13:55
    mas apenas 10 ou 20 minutos por dia.
  • 13:55 - 13:58
    No entanto, eles ficam
    se tocando por horas
  • 13:58 - 14:02
    porque o toque ajuda a criar um senso
    de união e cooperação social.
  • 14:03 - 14:07
    Cientistas descobriram recentemente
    que as pessoas têm nervos especializados,
  • 14:07 - 14:09
    principalmente nos antebraços e rosto,
  • 14:09 - 14:12
    que parecem estar lá apenas
    para transmitir o prazer social do toque.
  • 14:13 - 14:15
    A pergunta é: conforme formamos
    nossa visão de mundo,
  • 14:15 - 14:17
    que contexto isso adiciona?
  • 14:17 - 14:20
    Como isto afeta nosso julgamento do mundo,
    se estamos ou não sendo tocados?
  • 14:22 - 14:25
    Um grupo de cientistas franceses fez
    um experimento interessante.
  • 14:25 - 14:28
    Eles contrataram alguns
    franceses jovens e bonitos
  • 14:28 - 14:31
    para ficarem em uma esquina
    no Norte da França
  • 14:31 - 14:34
    e cortejarem todas as mulheres
    solteiras que passassem.
  • 14:34 - 14:37
    Eles ficaram lá, e usaram o mesmo roteiro,
  • 14:37 - 14:39
    esta é a tradução do roteiro,
    para todas as mulheres.
  • 14:39 - 14:43
    Eles deram seus nomes e pediram
    o telefone mas, em metade das mulheres,
  • 14:43 - 14:48
    eles tocaram o cotovelo ou ombro,
    de forma rápida e suave.
  • 14:48 - 14:50
    Na outra metade eles não tocaram nada.
  • 14:50 - 14:53
    Eles interceptaram as mulheres
    e fizeram entrevistas
  • 14:53 - 14:55
    e a maioria delas sequer
    lembrava desses toques.
  • 14:55 - 15:00
    Mas esse sinal afetou o contexto
    sobre como elas enxergaram a pessoa
  • 15:00 - 15:03
    e a que nível elas aceitariam um encontro?
  • 15:03 - 15:07
    E a resposta é sim:
    dobrou, de 10% para 20%.
  • 15:07 - 15:10
    Isso se repetiu em muitos contextos.
  • 15:10 - 15:14
    Por exemplo, garçons conseguem gorjetas
    melhores se encostarem nos clientes,
  • 15:14 - 15:18
    e pessoas fazendo pesquisas nas ruas
    conseguem que mais pessoas concordem
  • 15:18 - 15:20
    em serem entrevistadas,
    e em muitas outras áreas.
  • 15:22 - 15:25
    Quando eu explico essas ideias,
  • 15:25 - 15:27
    gosto de fazer um teste,
    mas não é possível aqui,
  • 15:27 - 15:30
    então só vou contar o experimento.
  • 15:30 - 15:35
    Peço para as pessoas olharem estes dois
    quartos de hotel e dou alguns dados.
  • 15:35 - 15:40
    Eu digo que fica no Taiti,
    e que é uma casa pequena de um quarto etc.
  • 15:40 - 15:44
    Eu pergunto quanto elas pagariam
    pelo quarto no Taiti.
  • 15:44 - 15:48
    Consigo resultados bem dramáticos.
  • 15:49 - 15:52
    Eu os divido em dois grupos.
  • 15:52 - 15:56
    Antes de perguntar sobre o preço,
    eu pergunto para o primeiro grupo:
  • 15:56 - 15:59
    a diária deste quarto
    custa mais que US$ 5.500?
  • 16:00 - 16:05
    E para o segundo grupo, antes de pedir
    para escreverem o preço, eu pergunto:
  • 16:05 - 16:06
    a diária custa mais que US$ 55?
  • 16:06 - 16:08
    A partir dos dados que eles viram,
  • 16:08 - 16:11
    está claro que o quarto
    não custa US$ 5.500 por noite,
  • 16:11 - 16:14
    nada perto disso, e custa
    muito mais que US$ 55.
  • 16:14 - 16:16
    Você acharia que essas
    são perguntas casuais.
  • 16:16 - 16:21
    Mas na verdade elas exercem
    um efeito subliminar na plateia.
  • 16:21 - 16:25
    E aqueles que viram esta pergunta
    não viram esta pergunta, e vice versa.
  • 16:25 - 16:28
    Eles só viram a pergunta
    do grupo em que estavam.
  • 16:28 - 16:29
    A pergunta é:
  • 16:29 - 16:33
    como esse contexto afeta
    a verdadeira avaliação do quarto,
  • 16:33 - 16:35
    a percepção de quanto ele vale?
  • 16:35 - 16:38
    Aqui está a resposta de vários grupos.
  • 16:38 - 16:44
    Eles vão chutar em torno de US$ 1.000
    se viram a pergunta de valor maior antes,
  • 16:44 - 16:47
    e entre US$ 200 e US$ 300 se viram
    a pergunta de valor menor.
  • 16:47 - 16:49
    Essa pergunta simples e casual
  • 16:49 - 16:52
    dá o contexto que muda a percepção
    que eles têm do quarto,
  • 16:52 - 16:54
    como o tabuleiro de xadrez deu o contexto,
  • 16:54 - 16:58
    e a letra da música ao contrário
    deu o contexto.
  • 17:00 - 17:02
    Vou terminar a palestra
    com esta citação de Carl Jung:
  • 17:02 - 17:05
    "Esses aspectos subliminares
    de tudo que acontece conosco
  • 17:05 - 17:08
    parecem exercer um papel pequeno
    nas nossas vidas,
  • 17:08 - 17:11
    mas eles são as raízes quase invisíveis
    dos nossos pensamentos conscientes."
  • 17:11 - 17:12
    Obrigado.
  • 17:13 - 17:14
    (Aplausos)
Title:
O inconsciente e a percepção do mundo | Leonard Mlodinow | TEDx Bratislava
Description:

Quando criança, Leonard demonstrava interesse em matemática, química e química orgânica. O interesse pela física começou durante um semestre em que tirou férias da faculdade para passar um kibutz em Israel e não tinha muita coisa para fazer à noite, a não ser ler o livro "Lições de Física de Feynman".

Enquanto cursava Doutorado na Universidade da Califórnia e lecionava no Instituto de Tecnologia da Califórnia, ajudou a desenvolver um novo tipo de teoria da perturbação para problemas de autovalores na mecânica quântica. Mais tarde, fez um trabalho pioneiro sobre a teoria quântica do meio dielétrico.

Entre os anos de 2008 e 2010, Mlodinow trabalhou com Stephen Hawking em um livro chamado "O Grande Projeto". Além das pesquisas e livros sobre ciências populares, ele também é roteirista de séries para a televisão, incluindo "Jornada nas Estrelas: A Nova Geração" e "MacGyver - Profissão: Perigo".

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
17:22

Portuguese, Brazilian subtitles

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