Melinda French Gates: O que organizações sem fins lucrativos podem aprender com a Coca-Cola
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0:00 - 0:02Uma das minhas partes preferidas
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0:02 - 0:04do meu trabalho na Fundação Gates
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0:04 - 0:06é que posso viajar para países em desenvolvimento,
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0:06 - 0:08o que faço com frequência.
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0:08 - 0:10E quando conheço as mães
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0:10 - 0:12em muitos desses lugares remotos,
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0:12 - 0:14fico realmente impressionada com as coisas
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0:14 - 0:16que temos em comum.
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0:16 - 0:19Elas querem o que queremos para nossos filhos,
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0:19 - 0:22que é seus filhos crescendo com êxito,
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0:22 - 0:25para serem saudáveis e ter uma vida bem sucedida.
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0:25 - 0:28Mas também vejo muita pobreza,
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0:28 - 0:31o que é muito chocante,
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0:31 - 0:33tanto pela extensão quanto pelo alcance.
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0:33 - 0:36Em minha primeira viagem à Índia, fiquei na casa de uma pessoa,
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0:36 - 0:38onde o chão era sujo, sem água corrente,
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0:38 - 0:40sem eletricidade,
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0:40 - 0:43e na verdade é isso o que vejo no mundo todo.
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0:43 - 0:46Resumindo, fico assustada com tudo
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0:46 - 0:49o que eles não têm.
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0:49 - 0:52Mas fico surpresa com uma coisa que eles, sim, têm:
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0:53 - 0:55Coca-Cola.
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0:55 - 0:57A Coca está em todo lugar.
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0:57 - 0:59Na verdade, quando viajo para países em desenvolvimento,
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0:59 - 1:01a Coca parece onipresente.
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1:01 - 1:03E quando eu volto dessas viagens,
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1:03 - 1:05e penso sobre desenvolvimento,
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1:05 - 1:07voando para casa, eu penso:
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1:07 - 1:10"Estamos tentando distribuir preservativos ou vacinas paras as pessoas",
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1:10 - 1:13sabe... o sucesso da Coca faz você parar e pensar:
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1:13 - 1:15como eles podem levar a Coca
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1:15 - 1:17a esses lugares tão remotos?
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1:17 - 1:19Se eles podem fazer isso,
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1:19 - 1:22por que governos e ONGs não conseguem fazer o mesmo?
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1:22 - 1:25E não sou a primeira pessoa a fazer essa pergunta.
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1:25 - 1:27Mas eu penso que, como uma comunidade,
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1:27 - 1:30ainda temos muito a aprender.
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1:30 - 1:32É impressionante, se você pensar na Coca-Cola.
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1:32 - 1:35Eles vendem 1,5 bilhão de unidades
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1:35 - 1:38todos os dias.
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1:38 - 1:40É como se cada homem, mulher e criança no planeta
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1:40 - 1:43bebesse uma unidade de Coca toda semana.
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1:43 - 1:46E por que isso é importante?
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1:46 - 1:49Bem, se vamos acelerar o progresso
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1:49 - 1:51e avançarmos ainda mais
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1:51 - 1:54nas Metas de Desenvolvimento do Milênio que estabelecemos para o mundo,
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1:54 - 1:56precisamos aprender com os inovadores,
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1:56 - 1:58e esses inovadores
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1:58 - 2:01vêm de todos os setores.
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2:01 - 2:03Eu sinto que, se pudermos entender
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2:03 - 2:06o que faz de algo como a Coca-Cola onipresente,
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2:06 - 2:09podemos usar essas lições para o bem comum.
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2:11 - 2:13O sucesso da Coca é relevante
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2:13 - 2:16porque, se pudermos analisá-lo e aprender com ele,
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2:16 - 2:18podemos então salvar vidas.
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2:18 - 2:21É por isso que passei um tempo estudando a Coca.
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2:22 - 2:24E acho que há realmente três coisas
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2:24 - 2:26que podemos extrair da Coca-Cola.
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2:26 - 2:28Eles pegam dados em tempo real
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2:28 - 2:31e imediatamente introduzem no produto.
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2:31 - 2:34Eles estabelecem contato com talentos empresariais locais,
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2:34 - 2:37e fazem um marketing incrível.
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2:37 - 2:40Então vamos começar pelos dados.
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2:40 - 2:42A Coca tem um ponto de partida bem claro.
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2:42 - 2:45Eles respondem a vários acionistas. Eles precisam gerar lucro.
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2:45 - 2:47Então eles pegam os dados
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2:47 - 2:49e os usam para medir o progresso.
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2:49 - 2:51Eles têm este ciclo contínuo de feedback.
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2:51 - 2:53Eles descobrem algo, introduzem isso no produto,
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2:53 - 2:55colocam isso no mercado.
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2:55 - 2:57Eles possuem uma equipe chamada "Conhecimento e Percepção".
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2:57 - 2:59É muito parecido com outras empresas.
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2:59 - 3:01Se você dirige a Coca-Cola na Namíbia
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3:01 - 3:03e tem 107 distritos,
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3:03 - 3:06você sabe onde cada lata e garrafa de
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3:06 - 3:08Sprite, Fanta ou Coca foi vendida,
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3:08 - 3:10seja na lojinha da esquina,
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3:10 - 3:12supermercado ou carrinho.
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3:12 - 3:14Então se as vendas começam a cair,
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3:14 - 3:16a pessoa pode identificar o problema
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3:16 - 3:18e se dedicar a ele.
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3:19 - 3:22Vamos, por um momento, comparar isso com o desenvolvimento.
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3:23 - 3:26No desenvolvimento, a avaliação acontece
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3:26 - 3:29bem no final do projeto.
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3:29 - 3:31Eu estive em muitas dessas reuniões.
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3:31 - 3:33E naquele momento,
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3:33 - 3:36é tarde demais para usar os dados.
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3:36 - 3:38Alguém de uma ONG
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3:38 - 3:40uma vez me descreveu isso como jogar boliche no escuro.
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3:40 - 3:43Disse: "Você joga a bola e ouve alguns pinos caírem.
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3:43 - 3:46Está escuro, você não consegue ver quais caíram até as luzes se acenderem,
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3:46 - 3:49e então você vê o impacto".
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3:49 - 3:51Dados em tempo real
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3:51 - 3:54acendem as luzes.
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3:55 - 3:57E qual a segunda coisa na qual a Coca é boa?
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3:57 - 3:59Eles são bons em estabelecer contato com
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3:59 - 4:01os talentos empresariais locais.
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4:01 - 4:03A Coca está na África desde 1928,
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4:03 - 4:06mas na maior parte do tempo não conseguiam atingir mercados distantes,
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4:06 - 4:09porque eles tinham um sistema muito semelhante ao do mundo desenvolvido,
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4:09 - 4:12que era usar grandes caminhões em estradas.
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4:12 - 4:14E na África, nos cantos remotos,
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4:14 - 4:16é difícil encontrar boas estradas.
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4:16 - 4:18Mas a Coca percebeu algo.
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4:18 - 4:21Perceberam que os locais pegavam o produto, compravam em grande quantidade
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4:21 - 4:24e depois revendiam nesses locais de difícil acesso.
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4:25 - 4:27Então levaram algum tempo para aprender isso.
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4:27 - 4:29E decidiram, em 1990,
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4:29 - 4:31que queriam começar treinando os empreendedores locais,
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4:31 - 4:33oferecendo-lhes pequenos empréstimos.
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4:33 - 4:36Montaram para eles o que chamaram de centros de micro-distribuição.
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4:36 - 4:39E esses empreendedores locais então contratam vendedores,
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4:39 - 4:42que saem de bicicleta, e carrinhos de compra e carrinhos de mão
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4:42 - 4:44para vender o produto.
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4:44 - 4:46Agora existem cerca de 3.000 desses centros
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4:46 - 4:49empregando aproximadamente 15.000 pessoas na África.
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4:50 - 4:52Na Tanzânia e em Uganda
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4:52 - 4:54eles representam 90%
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4:54 - 4:56das vendas da Coca.
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4:58 - 5:00Vamos ver o lado do desenvolvimento.
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5:00 - 5:02O que governos e ONGs
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5:02 - 5:04podem aprender com a Coca?
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5:04 - 5:06Governos e ONGs
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5:06 - 5:09também precisam contatar talentosos empreendedores locais,
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5:09 - 5:11porque os locais sabem como alcançar
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5:11 - 5:14os lugares muito difíceis de se atender, seus vizinhos,
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5:14 - 5:17e sabem como motivá-los a mudar.
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5:18 - 5:20Acho que um bom exemplo disso
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5:20 - 5:23é o novo programa de saúde ampliada da Etiópia.
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5:23 - 5:25O governo percebeu que na Etiópia
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5:25 - 5:28muitas das pessoas estavam muito longe de clínicas de saúde,
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5:28 - 5:31a mais de um dia de viagem de uma clínica.
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5:31 - 5:34Então se você tem uma emergência ou é uma mãe prestes a dar à luz,
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5:34 - 5:37desista de chegar a uma unidade de saúde.
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5:37 - 5:39Eles decidiram que isso não era suficiente,
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5:39 - 5:41foram à Índia e estudaram o estado de Kerala
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5:41 - 5:43que também tinha um sistema assim,
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5:43 - 5:45e o adaptaram para a Etiópia.
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5:45 - 5:47E em 2003, o governo da Etiópia
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5:47 - 5:50iniciou esse novo sistema em seu próprio país.
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5:50 - 5:53Eles treinaram 35.000 agentes de saúde
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5:53 - 5:56para cuidar diretamente da população.
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5:56 - 5:58Em apenas cinco anos,
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5:58 - 6:02a razão foi de um trabalhador para cada 30.000 pessoas,
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6:02 - 6:05para um para cada 2.500 pessoas.
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6:07 - 6:09Agora, pense em
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6:09 - 6:12como isso pode mudar as vidas das pessoas.
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6:12 - 6:15Agentes de saúde podem ajudar com tantas coisas,
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6:15 - 6:18seja planejamento familiar, cuidado pré-natal,
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6:18 - 6:20imunização para crianças
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6:20 - 6:23ou aconselhando mulheres para chegarem no posto a tempo
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6:23 - 6:25de um parto na hora certa.
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6:26 - 6:28Isso é ter real impacto
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6:28 - 6:30em um país como a Etiópia,
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6:30 - 6:33e é por isso que vemos sua taxa de mortalidade infantil
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6:33 - 6:35cair 25%
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6:35 - 6:38entre 2000 e 2008.
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6:38 - 6:41Na Etiópia, há centenas de milhares de crianças vivendo
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6:41 - 6:44por causa desse programa de saúde ampliada.
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6:45 - 6:47E qual o próximo passo para a Etiópia?
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6:47 - 6:49Bem, eles já começaram a falar disso.
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6:49 - 6:52Eles começaram a falar: "Como os agentes de saúde da comunidade
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6:52 - 6:54criam suas próprias idéias?
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6:54 - 6:56Como incentivá-los baseado no impacto que estão tendo
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6:56 - 6:59naquelas vilas remotas?"
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6:59 - 7:02É assim que se estabelece contato com o talento empreendedor local
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7:02 - 7:05e se desperta o potencial nas pessoas.
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7:07 - 7:09O terceiro componente do sucesso da Coca
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7:09 - 7:11é o marketing.
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7:11 - 7:13No fim das contas, o sucesso da Coca
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7:13 - 7:15depende de um fator crucial,
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7:15 - 7:17que é as pessoas quererem
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7:17 - 7:19Coca-Cola.
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7:19 - 7:21A razão pela qual esses micro-empreendedores
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7:21 - 7:23conseguem vender ou ter lucro
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7:23 - 7:26é que eles precisam vender cada garrafa em seus carrinhos.
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7:26 - 7:29Portanto, eles confiam na Coca-Cola
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7:29 - 7:31em termos de marketing.
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7:31 - 7:34E qual o segredo do marketing deles?
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7:34 - 7:36Bem, ele estimula o desejo.
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7:36 - 7:38Ele associa aquele produto
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7:38 - 7:41a um estilo de vida que as pessoas querem ter.
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7:41 - 7:43Então, mesmo sendo uma empresa global,
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7:43 - 7:46eles têm uma abordagem bem local.
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7:46 - 7:48O slogan de campanha global da Coca
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7:48 - 7:50é "Abra felicidade".
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7:50 - 7:52Mas eles o regionalizam.
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7:52 - 7:54Eles não simplesmente supõem o que faz as pessoas felizes,
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7:54 - 7:56eles vão a lugares como a América Latina
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7:56 - 7:58e percebem que a felicidade lá
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7:58 - 8:00é associada à vida familiar.
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8:00 - 8:02E na África do Sul,
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8:02 - 8:04associam felicidade
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8:04 - 8:07a [xxx] ou respeito comunitário.
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8:08 - 8:11Recentemente isso foi demonstrado na campanha da Copa do Mundo.
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8:11 - 8:13Vamos ouvir a música que a Coca criou para ela:
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8:13 - 8:16"Wavin' Flag" [agitando a bandeira] por um músico de hip hop somali.
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8:17 - 8:20(Video) K'Naan: ♫ Oh oh oh oh oh o-oh ♫
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8:20 - 8:24♫ Oh oh oh oh oh oh oh oh oh oh ♫
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8:24 - 8:26♫ Oh oh oh oh oh o-oh ♫
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8:26 - 8:30♫ Oh oh oh oh oh oh oh oh o-oh ♫
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8:30 - 8:33♫Te liberta, te dá chama♫
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8:33 - 8:36♫Te dá motivo, te leva mais alto♫
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8:36 - 8:39♫Veja os campeões entrarem no campo agora♫
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8:39 - 8:43♫Vocês nos definem, nos orgulham♫
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8:43 - 8:46♫Nas ruas nossas cabeças estão erguidas♫
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8:46 - 8:49♫Enquanto perdemos a inibição♫
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8:49 - 8:52♫Celebração, nos cerca♫
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8:52 - 8:55♫Todas as nações, em volta de nós♫
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8:56 - 8:58Melinda French Gates: Nos faz sentir bem, né?
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8:58 - 9:00Bem, eles não pararam por aí.
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9:00 - 9:02Eles a adaptaram em 18 línguas diferentes.
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9:02 - 9:04Ela foi número um nas paradas pop
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9:04 - 9:07de 17 países.
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9:07 - 9:10Ela me lembra de uma canção da minha infância,
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9:10 - 9:13"I'd Like to Teach the World to Sing" [Gostaria de ensinar o mundo a cantar],
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9:13 - 9:16que também foi número um nas paradas de sucesso.
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9:16 - 9:19As duas canções têm algo em comum:
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9:19 - 9:21o mesmo apelo
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9:21 - 9:24à celebração e à união.
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9:25 - 9:28Mas como se comercializa saúde e desenvolvimento?
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9:28 - 9:31Bem, baseando-se em evasão,
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9:31 - 9:33não em aspirações.
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9:33 - 9:35Tenho certeza de que já ouviram algumas destas mensagens.
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9:35 - 9:38"Use preservativo, não contraia AIDS".
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9:38 - 9:41"Lave as mãos, evite a diarréia".
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9:41 - 9:44Não me soa nem um pouco como "Wavin' Flag".
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9:46 - 9:48E acho que cometemos um erro fundamental,
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9:48 - 9:50fazemos a suposição,
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9:50 - 9:52de pensarmos que, se uma pessoa precisa de alguma coisa,
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9:52 - 9:55não precisamos fazê-la querer tal coisa.
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9:55 - 9:57Acho que isso é um erro.
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9:57 - 10:00E há alguns indícios pelo mundo de que isso está começando a mudar.
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10:00 - 10:03Um exemplo é o saneamento.
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10:03 - 10:05Sabemos que um milhão e meio de crianças
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10:05 - 10:07morrem por ano de diarreia,
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10:07 - 10:10e muitas delas devido a defecação ao ar livre.
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10:10 - 10:13Mas há uma solução: construir instalações sanitárias.
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10:13 - 10:16Mas o que estamos descobrindo repetidamente ao redor do mundo
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10:16 - 10:19é que se você constrói sanitários e os deixa lá,
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10:19 - 10:21ele não é usado.
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10:21 - 10:23As pessoas os reutilizam como despensa.
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10:23 - 10:25Elas às vezes armezenam grãos neles.
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10:25 - 10:27Cheguei a ver um ser usado como galinheiro.
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10:27 - 10:29(Risos)
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10:29 - 10:31Mas o que o marketing realmente provoca
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10:31 - 10:34que faria com que a solução do saneamento tivesse um resultado sobre a diarreia?
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10:34 - 10:36Bem, você trabalha com a comunidade.
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10:36 - 10:38Você começa a conversar com eles sobre como a defecação ao ar livre
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10:38 - 10:40é algo que não deveria ser feito na vila
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10:40 - 10:42e eles concordam com isso.
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10:42 - 10:45Mas então você fala do sanitário e o coloca
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10:45 - 10:48como uma vantagem moderna, atual.
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10:48 - 10:50Um estado do norte da Índia foi longe
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10:50 - 10:53ao ponto de vincular o sanitário à paquera.
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10:53 - 10:56E funciona. Vejam essas manchetes.
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10:56 - 11:00(Risos)
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11:00 - 11:02Não estou brincando.
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11:02 - 11:04As mulheres se recusam a casar-se com homens que não têm sanitários.
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11:04 - 11:07Sem vaso, não caso.
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11:07 - 11:09(Risos)
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11:09 - 11:12Agora, não é apenas uma manchete divertida.
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11:12 - 11:15É inovador. É uma campanha de marketing inovadora.
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11:15 - 11:17Mas, mais importante,
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11:17 - 11:19ela salva vidas.
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11:20 - 11:22Dê uma olhada nisso.
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11:22 - 11:24É uma sala cheia de homens jovens
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11:24 - 11:26e meu marido, Bill.
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11:26 - 11:29E você consegue adivinhar o que estes homens estão esperando?
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11:30 - 11:33Estão esperando para ser circuncisados.
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11:33 - 11:35Dá pra acreditar?
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11:35 - 11:38Sabemos que a circuncisão reduz a infecção por HIV
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11:38 - 11:40em 60% nos homens.
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11:40 - 11:43E quando ouvimos pela primeira vez esse resultado dentro da Fundação,
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11:43 - 11:45devo admitir, Eu e Bill coçamos um pouco a cabeça,
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11:45 - 11:48e dissemos "Mas quem vai fazer o procedimento voluntariamente?"
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11:48 - 11:50Acontece que os homens fazem,
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11:50 - 11:52porque estão escutando de suas namoradas
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11:52 - 11:54que elas preferem assim,
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11:54 - 11:57e eles também acreditam que melhora sua vida sexual.
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11:58 - 12:01Então se pudermos entender
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12:01 - 12:03o que as pessoas realmente querem
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12:03 - 12:05em saúde e desenvolvimento,
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12:05 - 12:07podemos mudar comunidades
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12:07 - 12:10e podemos mudar nações inteiras.
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12:11 - 12:14E por que tudo isso é tão importante?
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12:14 - 12:17Vamos falar sobre o que acontece quando tudo isso é reunido,
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12:17 - 12:19quando juntamos as três coisas.
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12:19 - 12:22E pólio, eu acho, é um dos mais poderosos exemplos.
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12:23 - 12:27Vimos uma redução de 99% da pólio nos últimos 20 anos.
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12:27 - 12:29Se olharmos pra trás, em 1988,
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12:29 - 12:32há cerca de 350 mil casos de pólio
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12:32 - 12:34no planeta naquele ano.
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12:34 - 12:37Em 2009, caíram para 1.600 casos.
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12:37 - 12:40Bem, como isso aconteceu?
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12:40 - 12:42Vejamos um país como a Índia.
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12:42 - 12:45Eles têm mais de um bilhão de pessoas no país,
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12:45 - 12:48mas têm 35 mil médicos locais
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12:48 - 12:50que relatam paralisia,
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12:50 - 12:53e clínicos, um grande sistema de informação em farmacêutica.
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12:53 - 12:56Eles têm dois milhões e meio de vacinadores.
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12:57 - 12:59Mas permitam-me deixar a história um pouco mais concreta para vocês.
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12:59 - 13:01Deixem-me contar a história de Shriram,
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13:01 - 13:03um menino de 18 meses em Bihar,
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13:03 - 13:05um estado no norte da Índia.
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13:05 - 13:08Em 8 de agosto deste ano, ele sentiu paralisia,
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13:08 - 13:11e no dia 13 seus pais o levaram ao médico.
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13:12 - 13:14Nos dias 14 e 15 de agosto, colheram amostras de fezes,
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13:14 - 13:16e no dia 25 de agosto
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13:16 - 13:19foi confirmado que ele tinha pólio do tipo 1.
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13:19 - 13:22Em 30 de agosto foi feito um teste genético
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13:22 - 13:25e soubemos qual a cepa de pólio Shriram tinha.
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13:25 - 13:27Ela poderia ter vindo de dois lugares.
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13:27 - 13:30Do Nepal, ao norte, do outro lado da fronteira,
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13:30 - 13:33ou de Jharkhand, um estado ao sul.
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13:33 - 13:36Felizmente, o teste genético provou
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13:36 - 13:38que, na verdade, essa cepa veio do norte,
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13:38 - 13:40porque se tivesse vindo do sul,
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13:40 - 13:42teria tido um impacto muito mais amplo em relação à transmissão.
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13:42 - 13:44Então, muito mais gente teria sido afetada.
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13:44 - 13:46E qual é o desfecho?
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13:46 - 13:49Bem, em 4 de setembro houve uma grande campanha de erradicação,
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13:49 - 13:51que é o que se faz com a pólio.
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13:51 - 13:53Eles foram até onde Shriram vive e
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13:53 - 13:55vacinaram 2 milhões de pessoas.
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13:55 - 13:57E em menos de um mês
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13:57 - 13:59passamos de um caso de pólio
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13:59 - 14:02para um programa de vacinação direcionada.
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14:02 - 14:05E estou feliz em dizer que apenas uma outra pessoa contraiu pólio naquela área.
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14:05 - 14:07É assim que se evita
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14:07 - 14:09que um grande surto se espalhe,
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14:09 - 14:11e isso mostra o que pode acontecer
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14:11 - 14:14quando o pessoal local tem os dados em suas mãos;
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14:14 - 14:17eles podem salvar vidas.
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14:17 - 14:20Agora um dos desafios em relação à pólio ainda é o marketing,
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14:20 - 14:22mas pode não ser o que você está pensando.
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14:22 - 14:24Não é o marketing em campo.
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14:24 - 14:26Não é dizer aos pais
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14:26 - 14:28"Se você vir paralisia, leve essa criança ao médico
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14:28 - 14:30ou vacine-a."
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14:30 - 14:33Temos um problema com o marketing na comunidade de doadores.
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14:33 - 14:35As nações do G8 têm sido incrivelmente generosas em relação à pólio
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14:35 - 14:37pelos últimos 20 anos,
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14:37 - 14:40mas estão começando a ter algo chamado fadiga de pólio,
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14:40 - 14:42e isso é o fato de as nações doadoras
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14:42 - 14:44não estarem mais dispostas a financiar ações contra a pólio.
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14:44 - 14:47Então, até o próximo verão, supomos estar sem dinheiro contra a pólio.
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14:47 - 14:50Cumprimos 99%
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14:50 - 14:52do caminho até esse objetivo,
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14:52 - 14:55e estamos a ponto de ficar sem dinheiro.
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14:55 - 14:58E eu acho que se o marketing visasse mais estimular o desejo,
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14:58 - 15:00se pudéssemos focar como uma comunidade
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15:00 - 15:02em quão longe chegamos
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15:02 - 15:04e em quão fantástico seria
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15:04 - 15:06erradicar essa doença,
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15:06 - 15:08poderíamos deixar a fadiga de pólio
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15:08 - 15:10e a pólio para trás.
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15:10 - 15:12E se pudéssemos fazer isso,
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15:12 - 15:14poderíamos parar de vacinar todo mundo, no mundo todo,
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15:14 - 15:17em todos os países, contra a pólio.
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15:17 - 15:19E essa seria apenas a segunda doença, em todos os tempos,
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15:19 - 15:22varrida da face do planeta.
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15:22 - 15:24E estamos tão perto.
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15:24 - 15:27Essa é uma vitória possível.
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15:28 - 15:31Então, se os publicitários da Coca viessem a mim
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15:31 - 15:34e me pedissem para definir felicidade,
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15:35 - 15:37eu diria que minha visão de felicidade
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15:37 - 15:40é uma mãe segurando um bebê saudável
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15:40 - 15:42em seus braços.
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15:42 - 15:45Para mim, isso é felicidade profunda.
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15:47 - 15:50Então, se pudermos aprender com os inovadores de cada setor,
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15:50 - 15:53no futuro construiremos juntos,
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15:53 - 15:55e essa felicidade
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15:55 - 15:57pode ser tão onipresente
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15:57 - 15:59como a Coca-Cola.
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15:59 - 16:01Obrigada.
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16:01 - 16:07(Aplausos)
- Title:
- Melinda French Gates: O que organizações sem fins lucrativos podem aprender com a Coca-Cola
- Speaker:
- Melinda Gates
- Description:
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No TEDxChange, Melinda Gates faz uma provocação para que organizações sem fins lucrativos tirem lições de corporações como a Coca-Cola, cuja rede internacional de revendedores e distribuidores, conectada, garante que cada vila remota queira - e consiga - uma Coca. Por que isso não deveria funcionar também para preservativos, saneamento, vacinas?
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 16:08