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Cidade De Deus Filme Completo

  • 1:46 - 1:50
    A galinha fugiu!
    Vocк aн, meu irmгo!
  • 1:51 - 1:52
    Pega a galinha, rapaz!
  • 2:16 - 2:19
    Se essa foto ficar boa, cara,
    vou conseguir emprego no Jornal.
  • 2:19 - 2:21
    Tu acha mesmo, Buscapй?
    Ah, tem que arriscar, cara.
  • 2:21 - 2:25
    Tu 'tб arriscando tua vida
    por causa de foto? Sai dessa.
  • 2:26 - 2:29
    Tu acha que gosto de ficar cara-a-cara
    com aquele bandido filho da puta?
  • 2:30 - 2:32
    Pega a galinha aн, rapaz!
  • 2:36 - 2:39
    Ф, filho da puta, eu nгo mandei vocк
    segurar a galinha, rapaz?
  • 2:42 - 2:44
    Senta o dedo na galinha!
  • 3:02 - 3:04
    Se o Pequeno te pegar,
    Ele vai querer te matar.
  • 3:06 - 3:08
    Pra ele me matar,
    vai ter que me achar primeiro.
  • 3:17 - 3:19
    Aн, moleque,
    segura a galinha aн pra mim!
  • 3:20 - 3:21
    Pega a galinha aн!
  • 3:23 - 3:25
    Polнcia, polнcia! Caralho!
  • 3:25 - 3:28
    Nгo corre, nгo. Nгo corre, nгo, porra!
    Me dб isso aqui.
  • 3:31 - 3:33
    Aн, Cabeзгo! Seu veado!
  • 3:34 - 3:37
    Uma fotografia podia mudar a minha vida,
  • 3:38 - 3:40
    mas na Cidade de Deus,
    se correr o bicho pega...
  • 3:41 - 3:43
    ... e se ficar, o bicho come.
  • 3:44 - 3:47
    E sempre foi assim,
    desde que eu era crianзa.
  • 3:56 - 4:01
    Que й isso, porra? Pelo amor de deus!
    Vocк й muito frangueiro, cara.
  • 4:01 - 4:04
    - Vai buscar a bola.
    - O que й isso?
  • 4:07 - 4:10
    Aн, menor, passa a bola pra cб,
    porque eu quero jogar.
  • 4:13 - 4:16
    - A bola nгo й tua, meu irmгo.
    - Quer me fazer de bobo?
  • 4:18 - 4:21
    Vocк, sai da minha frente.
    Como й que й teu nome, rapaz?
  • 4:21 - 4:23
    Desculpa aн.
    Esqueci de me apresentar.
  • 4:23 - 4:26
    - Buscapй.
    - Buscapй, vou te dar um conselho.
  • 4:26 - 4:30
    Nгo deixa o Dadinho pegar nessa bola,
    que ele й o maior perna-de-pau.
  • 4:30 - 4:31
    Perdeu, manй.
  • 4:32 - 4:34
    Esse cara aн й o Cabeleira.
  • 4:34 - 4:38
    Pra eu contar a histуria da Cidade
    de Deus, eu preciso comeзar por ele.
  • 4:38 - 4:41
    Oito, nove, dez, onze...
  • 4:41 - 4:43
    Sу que, pra contar
    a histуria do Cabeleira,
  • 4:43 - 4:45
    eu tenho que comeзar
    com a histуria do trio ternura.
  • 4:46 - 4:48
    Como й, Cabeleira?
    O caminhгo de gбs 'tб chegando aн.
  • 4:48 - 4:51
    E aн? Vai ficar de bobу?
    Nгo acredito que tu vai negar fogo.
  • 5:03 - 5:06
    O famoso trio ternura fez histуria
    na Cidade de Deus.
  • 5:07 - 5:10
    Cabeleira, Alicate...
  • 5:11 - 5:13
    ... e Marreco.
  • 5:15 - 5:18
    Atrбs do trio ternura,
    iam sempre Dadinho e Benй,
  • 5:18 - 5:20
    que era irmгo do Cabeleira.
  • 5:22 - 5:24
    Eu nunca tive coragem
    de seguir o meu irmгo.
  • 5:33 - 5:35
    Vam'bora, Cabeleira!
  • 5:36 - 5:39
    Chega aн, Marreco. Vam'bora.
  • 5:56 - 5:58
    Se nгo parar essa porra,
    eu te meto bala, filho da puta.
  • 6:00 - 6:02
    Sai, meu irmгo. 'Tб pensando
    que a gente 'tб de bobу?
  • 6:02 - 6:05
    Desce, desce, desce!
    Vam'bora!
  • 6:05 - 6:07
    Dб o dinheiro logo,
    me dб o dinheiro.
  • 6:07 - 6:10
    Olha o gбs!
  • 6:10 - 6:12
    Olha o gбs!
  • 6:18 - 6:21
    Mais dinheiro. 'Tб a fim de tomar
    um tiro pelo dinheiro do patrгo?
  • 6:21 - 6:24
    Caralho! Dinheiro a pamparra!
  • 6:25 - 6:27
    Viu, seu cuzгo?
  • 6:30 - 6:32
    Caralho, manй. Polнcia!
  • 6:33 - 6:35
    Polнcia! Vam'bora!
  • 6:41 - 6:43
    Vam'bora, manй,
    vam'bora, que logrou.
  • 6:44 - 6:45
    Fodeu.
  • 7:12 - 7:15
    Naquele tempo, eu pensava
    que os caras do trio ternura
  • 7:15 - 7:17
    eram os bandidos mais perigosos
    do Rio de Janeiro.
  • 7:22 - 7:25
    Mas eles nгo passavam
    de um bando de pй-de-chinelo.
  • 7:28 - 7:30
    lnclusive o meu irmгo, Marreco.
  • 7:30 - 7:32
    Buscapй,
    leva esse dinheiro aqui pro pai.
  • 7:32 - 7:36
    Mas nгo fala que fui eu que mandei,
    nгo, 'tб bom?
  • 7:36 - 7:38
    Valeu? Toca aн.
  • 7:39 - 7:41
    Barbantinho! Vam'bora.
  • 7:42 - 7:44
    Olha sу o que eu arrumei, cara.
  • 7:59 - 8:03
    A gente chegou na Cidade de Deus com
    a esperanзa de encontrar o paraнso.
  • 8:03 - 8:08
    Um monte de famнlias tinham ficado
    sem casa, por causa das enchentes
  • 8:08 - 8:11
    e de alguns incкndios criminosos
    em algumas favelas.
  • 8:11 - 8:13
    Olha lб o poste!
    Vamos ter luz agora.
  • 8:14 - 8:16
    A rapaziada do governo nгo brincava.
  • 8:16 - 8:18
    Nгo tem onde morar?
    Manda pra Cidade de Deus.
  • 8:19 - 8:23
    Lб nгo tinha luz, nгo tinha asfalto,
    nгo tinha фnibus.
  • 8:23 - 8:26
    Mas, pro governo dos ricos,
    nгo importava o nosso problema.
  • 8:26 - 8:27
    Como eu disse,
  • 8:27 - 8:31
    a Cidade de Deus fica muito longe
    do cartгo-postal do Rio de Janeiro.
  • 8:48 - 8:50
    Vocк acha que eu vou conseguir
    ser salva-vidas quando crescer?
  • 8:51 - 8:52
    Sei lб, cara.
  • 8:52 - 8:55
    A vida de salva-vidas й bem melhor
    do que vida de peixeiro.
  • 8:56 - 8:58
    Mas eu nгo vou ser peixeiro,
    nгo, cara. Peixeiro fede.
  • 8:58 - 9:01
    - Vocк 'tб xingando seu pai?
    - Nгo.
  • 9:02 - 9:04
    Entгo, o que vocк vai ser
    quando vocк crescer?
  • 9:05 - 9:08
    Ai, nгo sei, nгo. Mas eu nгo quero ser
    nem bandido nem policial.
  • 9:08 - 9:11
    - Porquк?
    - Eu tenho medo de tomar tiro.
  • 9:17 - 9:19
    Vira isso pra lб, moleque.
    'Tб maluco?
  • 9:19 - 9:22
    Filho da puta, vai ficar apontando
    essa porra dessa arma pra mim?
  • 9:22 - 9:26
    Calma. Pega leve com Dadinho
    que ele й do meu conceito. Me dб aqui.
  • 9:26 - 9:29
    Й isso mesmo, morou?
    Tambйm sou bicho solto.
  • 9:29 - 9:31
    No caminhгo de gбs sу veio merreca.
  • 9:31 - 9:33
    Foda-se, amigo. A gente rouba
    caminhгo de gбs todo dia.
  • 9:34 - 9:35
    A gente meteu um hoje
    e vai meter outro amanhг.
  • 9:35 - 9:38
    Nгo vai. Temos que meter
    uma caxanga de bacana, Cabeleira.
  • 9:38 - 9:40
    Assim que a gente acerta a boa
    e sai dessa vida, morou?
  • 9:40 - 9:43
    Acerta, nada, rapaz. O negуcio й fazer
    o que eu 'tou bolando aqui.
  • 9:43 - 9:48
    Pronto. Charuto preto saiu da macumba
    e quer falar merda.
  • 9:55 - 9:58
    Enche o cu de maconha
    e fala merda.
  • 9:58 - 10:02
    Calma aн, amigo. Vocкs dois,
    chapadгo aн, nгo dб um do moleque.
  • 10:05 - 10:08
    Dadinho, fala aн
    o que tu 'tб pensando.
  • 10:08 - 10:11
    Pra ser bandido mesmo,
    nгo basta ter uma arma na mгo.
  • 10:11 - 10:13
    Precisa ter alguma ideia na cabeзa.
  • 10:15 - 10:17
    E isso, o Dadinho tinha.
  • 10:18 - 10:21
    - Й esse aн que й o hotel, Dadinho?
    - E esse aн mesmo.
  • 10:21 - 10:25
    A gente vai entrar, mete a mгo no
    dinheiro e sai fora. Sem morte, morou?
  • 10:25 - 10:27
    - Tranquilidade.
    - Aн, eu vou precisar dessa aqui.
  • 10:28 - 10:30
    Nгo fode, moleque. Vai ficar
    metendo a mгo na minha arma?
  • 10:30 - 10:32
    - Nunca mais faz isso.
    - Tira o dedo da minha cara.
  • 10:32 - 10:34
    - Tu nunca mais faz isso.
    - Tira o dedo da minha cara.
  • 10:34 - 10:36
    Porra, qual й?
    'Tб dando uma de crianзa, irmгo?
  • 10:37 - 10:41
    - Essa aqui й que й a tua.
    - Valeu, cara. Aн, embora logo.
  • 10:41 - 10:42
    O que й isso?
  • 10:42 - 10:45
    - O que foi, cara?
    - Tu vai ficar aqui fora, amigo.
  • 10:46 - 10:48
    Se liga sу.
    Tu vai ficar escutando aqui.
  • 10:48 - 10:51
    Se a polнcia chegar,
    tu vai dar um tiro naquele vidro lб.
  • 10:51 - 10:53
    E porquк eu?
    Deixa esse imprestбvel aн.
  • 10:53 - 10:56
    Bolo o plano todinho,
    dou de presente pra vocкs...
  • 10:56 - 10:59
    Esse cara nгo faz nada.
    O que й que ele faz? Nгo faz nada.
  • 11:00 - 11:01
    - Calma aн. Sу porque tu deu a ideia.
    - Entгo, porra?
  • 11:01 - 11:04
    Quantas vezes eu vou ter que falar
    que tu й moleque? Quantas vezes?
  • 11:04 - 11:07
    Tu vai ficar na escolta, morou?
    Vam'bora.
  • 11:08 - 11:12
    Vai chegar tua hora. Fica tranquilo.
    Tu 'tб muito afoito pro meu gosto.
  • 11:18 - 11:21
    Aн, piranha,
    essa porra aqui й um assalto.
  • 11:24 - 11:28
    ... em vez de trabalhar honestamente
    e estudar. Nem parecem bandidos.
  • 11:30 - 11:32
    Eu nem ia saber que vocкs
    eram bandidos.
  • 11:34 - 11:35
    Menino, vocкs deviam
    trabalhar e estudar.
  • 11:35 - 11:38
    Cala a boca, a senhora
    й chata pra caralho.
  • 11:39 - 11:40
    Qual й, qual й? Alicate.
  • 11:42 - 11:44
    Vamos entrar aqui?
  • 11:49 - 11:51
    O que й isso, rapaz?
    Eu nгo pedi nada.
  • 11:51 - 11:54
    Cortesia da casa, meu irmгo.
    Passa o dinheiro.
  • 11:55 - 11:58
    Mгos ao alto. Pode ficar tranquilo,
    que eu sу quero o dinheiro.
  • 11:58 - 12:00
    - Vira isso pra lб, cara. Calma.
    - Me dб a carteira aн.
  • 12:11 - 12:15
    Aн, meu irmгo.
    Que putaria й essa?
  • 12:18 - 12:20
    - Tu й da igreja?
    - Sou, meu irmгo.
  • 12:27 - 12:28
    Й vagabunda, cara.
  • 12:28 - 12:30
    Tu й coroa.
    Todo barrigudo e pelancudo.
  • 12:30 - 12:32
    - Calma, calma!
    - Quer apanhar no lugar dela?
  • 12:37 - 12:40
    Que porra й essa, meu irmгo?
    'Tб maluco?
  • 12:41 - 12:43
    Vam'bora, manй! Polнcia!
  • 12:48 - 12:50
    Aн, pega o carro que eu vou atrбs
    do Dadinho.
  • 12:53 - 12:55
    Que carro!
  • 13:00 - 13:03
    Que merda!
    O Dadinho sumiu.
  • 13:03 - 13:05
    Os homens 'tгo atirando.
    Vam'bora.
  • 13:31 - 13:34
    Devagar. Espera aн, espera aн!
    Eu achei que tu sabia guiar.
  • 13:34 - 13:36
    Eu sei guiar. Calma.
  • 13:52 - 13:55
    - Vai tomar no cu, porra!
    - Nгo fode, rapaz!
  • 13:55 - 13:57
    Foi sem querer, meu irmгo!
  • 13:58 - 14:01
    Aн, ninguйm viu nada, meu irmгo.
    Todo mundo caladinho. Vam'bora.
  • 14:05 - 14:07
    Calma aн, manй! Fodi o pй!
  • 14:07 - 14:09
    - O que й que foi, meu irmгo?
    - Ele fodeu a porra do pй!
  • 14:09 - 14:11
    - Qual foi, amigo?
    - Caralho, 'tб doendo muito.
  • 14:11 - 14:15
    Leva ele pro matagal. Vou lб atrбs
    dar uns tiro pra despistar os samango.
  • 14:15 - 14:17
    Fй em Deus.
  • 14:22 - 14:24
    Empresta pra mim o telefone, pinguim.
  • 14:25 - 14:28
    O Paraнba й outro cara que ficou
    famoso na Cidade de Deus.
  • 14:28 - 14:31
    Mas ainda nгo й hora
    de contar a histуria dele.
  • 14:32 - 14:35
    Caralho, meu pй 'tб doendo muito,
    marreco. Que merda.
  • 14:35 - 14:37
    Cala a boca, vam'bora.
  • 14:38 - 14:41
    Parece uma bicha falando, cara.
    cala essa boca, porra.
  • 14:45 - 14:47
    - Me dб a mгo, cara...
    - Sobe!
  • 14:47 - 14:48
    Ninguйm viu nada?
  • 14:49 - 14:53
    Eu fico bobo, que um carro invade
    uma birosca e ninguйm viu nada.
  • 14:53 - 14:56
    Vocк tambйm, nada?
  • 14:56 - 14:59
    Й sempre assim. Ninguйm vк nada,
    ninguйm sabe de nada.
  • 15:01 - 15:04
    Vou te contar. E aн, Paraнba?
  • 15:05 - 15:07
    Eles se mandaram no meio do mato.
  • 15:08 - 15:10
    - E aн, Cabeзгo?
    - Certinho?
  • 15:10 - 15:14
    Eu 'tou com a impressгo que eles 'tгo
    pra dentro desse mato. Aн, entendeu?
  • 15:14 - 15:17
    - Que filhos da puta.
    - Acho que eles invadiram esse mato.
  • 15:17 - 15:20
    Felipe, feche a viatura.
    Rangel, venha comigo.
  • 15:26 - 15:30
    Nгo enxergo nada aqui. Nгo sei
    como esses filhos da puta enxergam.
  • 15:35 - 15:38
    - Roubaram a maior grana do motel.
    - Eu 'tou sabendo,
  • 15:41 - 15:43
    E se a gente pegasse essa grana?
  • 15:44 - 15:47
    Qual й a tua comigo, cara?
    A minha nгo й essa, nгo.
  • 15:48 - 15:51
    O meu negуcio й passar o rodo
    nesses caras.
  • 15:51 - 15:54
    'Tб invocado comigo? Desde quando
    roubar preto e ladrгo й crime?
  • 15:55 - 15:58
    Achar esses caras
    nгo vai ser problema, nгo.
  • 15:58 - 16:00
    'Tou com lingua de tamanduб
    na Cidade de Deus.
  • 16:00 - 16:03
    Deslocando eles prб nуs, nуs vamos lб
    e pegamos eles, mole, mole.
  • 16:26 - 16:28
    Eles 'tгo trocando tiro lб em cima,
    vamos lб.
  • 16:28 - 16:31
    Vamos pegar os caras, vamos lб!
  • 16:31 - 16:33
    Se eu pego um filha da puta desses,
    eu mato ele!
  • 16:43 - 16:45
    Maracanг.
  • 16:45 - 16:47
    Abra a porta, Maracanг!
  • 16:49 - 16:52
    - O que foi, homem?
    - Porra. Os homem 'tгo atrбs de mim.
  • 17:01 - 17:03
    Cabeleira!
  • 17:03 - 17:04
    Cabeleira?
  • 17:05 - 17:08
    Porra, Maracanг, os homens 'tгo
    atrбs de mim. Tem que me entocar.
  • 17:08 - 17:10
    Anda logo.
  • 17:17 - 17:21
    Pensei que os samango iam passar
    a noite todinha aqui debaixo, cara.
  • 17:22 - 17:27
    - Marreco, tive uma visгo, mano.
    - Tu fumou o quк, cara?
  • 17:29 - 17:32
    - Tu jб trabalhou, nгo jб, Marreco?
    - Jб.
  • 17:32 - 17:34
    Como й que й trabalhar?
    O que os caras falam?
  • 17:34 - 17:36
    Sу trabalhei com meu pai.
  • 17:36 - 17:39
    E pai sу fala merda.
  • 17:41 - 17:45
    Se nгo sair dessa vida, vou amanhecer
    com a boca cheia de formigas.
  • 17:45 - 17:47
    Essa vida de bicho solto
    й pra maluco, nгo pra mim.
  • 17:47 - 17:50
    Nгo vai, nгo, cara.
    Os samango 'tб aн embaixo, cara.
  • 17:50 - 17:52
    Que se fodam eles, mano.
  • 17:55 - 17:57
    Vou voltar pra igreja.
  • 17:58 - 18:00
    Aquele que habita no esconderijo
    do Altнssimo,
  • 18:00 - 18:02
    б sombra do omnipresente descansarб.
  • 18:02 - 18:06
    Direi do senhor.: Ele й o meu Deus,
    o meu refъgio, a minha fortaleza,
  • 18:06 - 18:08
    e nele confiarei.
  • 18:08 - 18:11
    Nгo temerбs espanto nocturno,
    nem seta que voe de dia.
  • 18:11 - 18:14
    Nгo temerбs peste
    que ande na escuridгo,
  • 18:14 - 18:15
    nem mortandade que assole
    ao meio-dia.
  • 18:15 - 18:17
    - Parado aн, filho da puta!
    - Pбra, porra!
  • 18:17 - 18:19
    Pбra, cara!
  • 18:24 - 18:27
    Pois aquele que habita
    no esconderijo do Altнssimo,
  • 18:27 - 18:29
    б sombra do presente descansarб.
  • 18:29 - 18:33
    O assalto no motel entrou pra Histуria
    como o mais sangrento daquela йpoca.
  • 18:34 - 18:37
    Depois desse dia,
    cada bandido teve um destino.
  • 18:37 - 18:40
    'Tou achando que esse cara
    nгo tem nada a ver com aquele caso.
  • 18:40 - 18:46
    'Tou falando, o cara nгo й bandido,
    й trabalhador.
  • 18:46 - 18:47
    Agora vai ser.
  • 18:50 - 18:54
    O destino entregou Alicate
    nas mгos de Deus.
  • 18:56 - 18:59
    O destino do Cabeleira
    ficou nas mгos de Berenice.
  • 19:02 - 19:04
    E o destino do Marreco
    ficou na mгo do meu pai.
  • 19:05 - 19:08
    Porque й que tu faz isso, Renato?
    Parece que eu sou otбrio, rapaz.
  • 19:09 - 19:11
    A partir de hoje,
    vocкs vгo trabalhar comigo.
  • 19:11 - 19:15
    E o teu irmгo, que й menor que tu,
    vai junto, pra tomar conta de vocк.
  • 19:16 - 19:21
    Se eu pegar vocк de novo com merda
    de dinheiro dos outro,
  • 19:21 - 19:24
    eu vou te arrebentar inteiro.
    E vocк tambйm, seu moleque.
  • 19:24 - 19:27
    Vгo trocar a merda dessa roupa.
    Vгo trabalhar й hoje. Que merda.
  • 19:28 - 19:31
    Olha sу, ter irmгo bandido
    й a maior furada.
  • 19:31 - 19:34
    Sempre acaba sobrando pra gente.
  • 19:34 - 19:37
    Fica tranquilo. O pai sу 'tб assim
    porque 'tб nervoso comigo.
  • 19:38 - 19:41
    Mas daqui a pouco ele fica numa boa.
    Tu vai ver.
  • 19:45 - 19:48
    Me dб essa merda aqui, Buscapй. Isso
    nгo й pra vocк ficar metendo a mгo.
  • 19:48 - 19:51
    - Vocк tem que estudar.
    - Vocк nгo tem medo de tomar um tiro?
  • 19:51 - 19:53
    Eu 'tou nessa vida
    porque sou burro. Vocк, nгo.
  • 19:53 - 19:56
    Vocк й muito inteligente.
    Vocк tem mais й que estudar.
  • 19:56 - 20:00
    Eu sу estudo porque nгo gosto
    de trabalhar fazendo forca.
  • 20:01 - 20:02
    Faz uma promessa pra mim.
  • 20:02 - 20:05
    Vocк nunca mais vai tocar a mгo
    nessa arma. Promete?
  • 20:06 - 20:08
    Toca aqui.
  • 20:09 - 20:12
    Vamos se arrumar logo,
    antes que o pai venha para cб.
  • 20:13 - 20:16
    Hoje vou vender muito peixe pro pai.
    E tu, nгo fica rindo de mim.
  • 20:16 - 20:19
    - Vocк riu quando tomei tapa na cara.
    - Eu, nгo.
  • 20:47 - 20:50
    O que й que foi, Cabeleira?
    O gato comeu a sua lingua, й?
  • 20:50 - 20:53
    Vocк fica o tempo todo atrбs de mim,
    'tб me deixando nervosa.
  • 20:53 - 20:55
    Calma aн, que eu 'tou escolhendo
    o que vou te falar ainda.
  • 20:55 - 20:57
    Alйm de tudo, escolhedor, й?
  • 20:58 - 21:01
    Gente assim nгo se dб bem na vida.
    Й que meu coraзгo te escolheu, morou?
  • 21:01 - 21:06
    - Quando escolhe, vou onde ele quer.
    - 'Tб de sacanagem comigo, nгo 'tб?
  • 21:07 - 21:09
    Vocк nunca ouviu falar
    de amor б primeira vista?
  • 21:10 - 21:13
    Malandro nгo ama,
    malandro sente desejo.
  • 21:13 - 21:15
    Tudo o que eu falo,
    tu mete a foice.
  • 21:15 - 21:18
    Malandro nгo fala,
    malandro manda uma letra.
  • 21:19 - 21:22
    Porra, vou parar de gastar
    o portuguкs contigo, que 'tб foda.
  • 21:23 - 21:25
    Malandro nгo pбra,
    malandro dб um tempo.
  • 21:27 - 21:29
    Falar de amor contigo
    й complicado, Berenice.
  • 21:29 - 21:33
    Que amor, que nada, cara.
    Tu 'tб de um-sete-um comigo.
  • 21:48 - 21:50
    O otбrio aqui te ama.
  • 21:52 - 21:54
    Assim, vocк vai acabar
    me convencendo, sabia?
  • 22:16 - 22:18
    Depois do assalto do motel,
  • 22:18 - 22:21
    a polнcia ficou dando
    incerta na favela toda hora.
  • 22:27 - 22:31
    Todo dia, alguйm apanhava, alguйm
    ia preso, alguйm se dava mal.
  • 22:34 - 22:38
    Mas ninguйm nunca via nada,
    ninguйm sabia de nada.
  • 22:39 - 22:42
    Ninguйm contava a polнcia a mangos
  • 22:42 - 22:44
    onde й que o bandido estava entocado.
  • 22:49 - 22:50
    Cabeleira.
  • 22:50 - 22:53
    Porque й que vocк nгo larga essa vida
    de bandido? Vai arrumar um trabalho.
  • 22:54 - 22:57
    Vocк fica aн o dia todo,
    deitado nessa cama, sem fazer nada.
  • 22:57 - 23:00
    - Seu vagabundo!
    - Vagabundo, quк, benzinha?
  • 23:00 - 23:03
    E trabalhar dб dinheiro?
    Vai trabalhar, entгo, uй.
  • 23:04 - 23:07
    Ir trabalhar, Cabeleira? E o que й
    que eu fico fazendo o dia todo?
  • 23:11 - 23:14
    Calma. Benzinha, vocк sabe
    que o meu sonho й ficar contigo...
  • 23:15 - 23:18
    Cuidar do nosso filho,
    ir pra um sнtio, criar galinha,
  • 23:19 - 23:21
    plantar vбrios pй de maconha,
    ficar doidгo...
  • 23:22 - 23:25
    Vocк acha que й assim, Cabeleira?
    Isso pra mim й conversa de malandro.
  • 23:35 - 23:37
    Conversa de malandro, o quк, amiga?
    Quase meti a boa no hotel.
  • 23:37 - 23:40
    - Por pouco nгo ia ficar rico.
    - Quase meteu a boa, й?
  • 23:40 - 23:42
    O Touro e o Cabecгo
    tгo atй hoje aн atrбs de vocк,
  • 23:42 - 23:45
    Por causa das tuas mortes
    lб no motel, lembra?
  • 23:46 - 23:49
    Que mortes, Berenice?
    Sabe o que й que tu 'tб falando?
  • 23:49 - 23:52
    Viu alguma coisa pra falar? Tu sabe
    de porra nenhuma, entгo, tu nгo fala.
  • 23:52 - 23:55
    Tu nгo 'tava lб pra saber de porra
    nenhuma. Eu matei ninguйm, nгo.
  • 23:56 - 23:58
    Aposto que foi aqueles filhos da puta
    dos samango que mataram geral
  • 23:58 - 23:59
    e a culpa cai por cima de mim.
  • 24:00 - 24:03
    E ainda pegaram o Dadinho se tu nгo
    sabe, amiga. Nunca mais tu fala isso.
  • 24:04 - 24:07
    - Nгo quero saber quem foi.
    - Nгo fui eu, nгo fui eu.
  • 24:07 - 24:09
    Eu sу vou te dizer uma coisa.
  • 24:09 - 24:11
    Nгo quero que o meu filho seja
    filho de malandro, 'tб escutando?
  • 24:11 - 24:13
    - Porque vocк 'tб sozinho, Cabeleira.
    - Que sozinho, o quк?
  • 24:13 - 24:16
    - Sozinho! Alicate entrou pra igreja.
    - Aleluia, irmгo.
  • 24:17 - 24:18
    - O Marreco 'tб trabalhando.
    - Um otбrio, tudo otбrio.
  • 24:18 - 24:21
    - E vocк, Cabeleira?
    - Eu 'tou ainda aн, e aн?
  • 24:21 - 24:25
    Eles me abandonaram.
    Foi isso que eles fizeram.
  • 24:25 - 24:29
    Abandonaram, Cabeleira? Eu vou
    te abandonar. 'Tou indo embora.
  • 24:29 - 24:33
    Se vocк quiser, vocк vem comigo,
    senгo eu vou do mesmo jeito, cara.
  • 24:47 - 24:50
    Peixeiro! Peixeiro!
  • 24:50 - 24:53
    O Marreco falou pro meu pai
    que ia parar de vacilar.
  • 24:53 - 24:56
    Mas sabe como й.
    Malandro nгo pбra.
  • 24:57 - 24:59
    Malandro dб um tempo.
  • 24:59 - 25:03
    O Marreco foi se meter justamente
    com a mulher do Paraнba.
  • 25:03 - 25:05
    Tem corvina...
  • 25:05 - 25:10
    Mas, pra freguesa especial como vocк,
    eu tenho um namorado.
  • 25:10 - 25:14
    O Marreco, isso aн й tainha!
  • 25:16 - 25:18
    o teu marido, ele nгo te chupa, nгo?
  • 25:21 - 25:22
    Nгo.
  • 25:22 - 25:25
    O meu, querida, antes de meter comigo,
    ele tem que cair de lingua.
  • 25:26 - 25:27
    Uma meia hora antes.
  • 25:28 - 25:30
    E no teu cu?
    Vocк nгo deixa ele botar, nгo?
  • 25:30 - 25:33
    Avй Maria, nгo. Deve atй doer, nй?
  • 25:33 - 25:37
    Dуi um pouquinho nas primeiras vezes,
    mas depois, vai que й uma beleza.
  • 25:37 - 25:40
    - Mas tem que ter uma banana.
    - Mas pra quк banana?
  • 25:41 - 25:44
    Ah, minha filha, vocк nгo conhece
    as coisas boas da vida, nй?
  • 25:44 - 25:46
    Pega uma banana,
    aн tu esquenta ela um pouquinho,
  • 25:47 - 25:50
    aн tu enfia na xereca
    e manda ele meter atrбs.
  • 25:51 - 25:54
    Parece que vocк vai voar. Pede
    pro teu marido fazer isso contigo.
  • 25:55 - 25:59
    Eu, nгo. Tu nгo conhece meu marido.
    Й capaz atй dele dar em mim.
  • 26:00 - 26:03
    Dб, nada. Homem que й homem
    gosta dessas sacanagens. Pede a ele.
  • 26:10 - 26:12
    Ah, nego filho da puta!
  • 26:15 - 26:20
    Ah, filha de uma йgua.
    Meretriz do cгo!
  • 26:23 - 26:27
    Buscapй, me dб a bermuda.
    Me dб a porra dessa bermuda!
  • 26:27 - 26:30
    Vai tomar no cu.
    Tira essa merda dessa bermuda!
  • 26:30 - 26:33
    - Nem fodendo vou ficar pelado na rua.
    - Tu quer que teu irmгo morra?
  • 26:34 - 26:36
    Me dб a porra da bermuda.
    Dб Logo.
  • 26:36 - 26:37
    Me dб a camisa.
  • 26:40 - 26:42
    Vai, tira logo a bermuda.
  • 26:45 - 26:49
    Sу podia, sempre sobra pra mim,
    eu sou aquele o vacilгo.
  • 26:56 - 26:59
    - Fala aн, meu cumpadre.
    - O filho da puta fugiu. Olha o irmгo.
  • 27:00 - 27:02
    - O molequinho ali?
    - Eu capo o filho da puta.
  • 27:04 - 27:08
    Peixeiro! Peixeiro!
  • 27:09 - 27:12
    Vamos lб, moleque, chega aн.
  • 27:13 - 27:15
    Cadк o teu irmгo, cara?
  • 27:15 - 27:16
    Nгo veio trabalhar hoje, nгo.
  • 27:16 - 27:19
    - Ah, й? Entra aн.
    - Uй, eu nгo fiz nada.
  • 27:19 - 27:21
    - Entra aн, entra aн.
    - E o meu peixe, porra?
  • 27:21 - 27:24
    - Entra logo, moleque!
    - E eu lб vou perder meu peixe todo?
  • 27:24 - 27:27
    Vai, deixa o peixe aн. O que й isso
    que vocк tem? Me dб essa merda aн.
  • 27:27 - 27:28
    Entra, senta o rabo aн.
  • 27:28 - 27:32
    - Meu peixe. Meu pai me dб uma coзa.
    - Nгo tem nada, nгo.
  • 27:43 - 27:45
    Vam'bora, vam'bora,
    tem nada aqui, nгo.
  • 27:45 - 27:49
    Depois daquele dia, meu pai jurou
    que nгo queria ver mais meu irmгo.
  • 27:49 - 27:51
    Vam'bora, Felipe.
  • 27:54 - 27:57
    E nгo viu mesmo. Ninguйm nunca mais
    viu o Marreco na favela.
  • 27:57 - 28:00
    A histуria do trio ternura
    'tava chegando no fim.
  • 28:02 - 28:04
    E aн, Dadinho?
  • 28:04 - 28:07
    Porra, cara. Pensei que vocк
    tinha morrido lб no motel, cara.
  • 28:08 - 28:10
    Tu 'tб numa boa aн, nй?
    Cheio do dinheiro. Qual й?
  • 28:10 - 28:14
    Nгo entrega, nгo, Benй.
    A grana nгo й nossa?
  • 28:14 - 28:18
    Toma no teu cu, rapaz. Me dб
    esse dinheiro pra cб. Nгo fode.
  • 28:19 - 28:23
    Benй, fala pro teu irmгo Cabeleira,
    que o Paraнba 'tб caguetando geral,
  • 28:23 - 28:25
    que eu vou ralar o peito da favela.
  • 28:25 - 28:28
    Mas o Paraнba 'tava ocupado
    com outra coisa.
  • 28:41 - 28:43
    Vem aн, Barbantinho.
  • 28:52 - 28:55
    A vizinha chamou a polнcia
    antes de amanhecer.
  • 28:56 - 28:59
    A imprensa marrom chegou
    pra fazer manchete de capa.
  • 28:59 - 29:02
    "Paraнba enterra mulher viva
    na Cidade de Deus".
  • 29:02 - 29:06
    Quando vem a imprensa, a favela
    enche de polнcia. Nгo teve jeito.
  • 29:06 - 29:09
    Malandro tinha que sair, saiu.
  • 29:10 - 29:11
    Quer morrer, condenada?
  • 29:12 - 29:14
    Condenado vai ser vocк
    se nгo fizer o que eu 'tou mandando.
  • 29:14 - 29:16
    E mais respeito com a senhora.
  • 29:20 - 29:22
    - Vam'bora daqui. Vam'bora, porra.
    - 'Tб cheio de polнcia ali na frente.
  • 29:23 - 29:24
    Foda-se, pisa nessa porra.
  • 29:25 - 29:27
    - Pra onde?
    - Algum lugar. Pisa nessa porra!
  • 29:29 - 29:31
    Que porra й essa, meu irmгo?
  • 29:31 - 29:33
    Pelo amor de Deus, amigo.
    Esse carro й uma merda.
  • 29:33 - 29:35
    Pelo amor de Deus й o caralho.
    Faz essa porra pegar, porra!
  • 29:35 - 29:38
    Pelo amor de Deus, amigo.
    Tem que empurrar.
  • 29:39 - 29:41
    Empurra, Cabeleira.
  • 29:41 - 29:42
    Empurra, cara!
  • 29:55 - 29:57
    Logo vocк?
  • 30:00 - 30:02
    Tu nгo quer prender bandido?
    Pois olhe lб.
  • 30:03 - 30:05
    Cabecгo!
    Olha o homem passando lб, Cabeзгo!
  • 30:16 - 30:18
    Sai daн, vagabundo. Sai, vai!
  • 30:29 - 30:33
    Foge, Cabeleira!
    Pбra, pбra o carro.
  • 30:33 - 30:35
    Pбra o carro!
  • 31:14 - 31:17
    Chega junto, chega junto.
    Aqui, aqui, aqui.
  • 31:18 - 31:21
    - Й ele.
    - Finalmente pegamos.
  • 31:35 - 31:38
    - Seu filho da puta!
    - E um assassino.
  • 31:38 - 31:42
    Tudo que eu me lembro do dia da morte
    do Cabeleira, й uma confusгo de gente
  • 31:42 - 31:44
    e uma mбquina fotogrбfica.
  • 31:45 - 31:48
    Eu cresci paradгo na ideia
    de ter uma mбquina fotogrбfica.
  • 32:01 - 32:03
    - E aн?
    - Vam'bora pra praia.
  • 32:03 - 32:05
    - Mas tem teste.
    - E daн?
  • 32:06 - 32:10
    Que bobeira. Vam'bora pra praia.
    'Tб geral lб jб, nгo 'tб?
  • 32:11 - 32:13
    Vamos lб.
  • 32:14 - 32:16
    Й mole? Nгo quer ir pra praia
    e 'tб de biquнni.
  • 32:22 - 32:25
    O sol й para todos.
    A praia й para os que merecem.
  • 32:31 - 32:33
    Com dezasseis anos, eu consegui
    comprar minha primeira cвmara.
  • 32:34 - 32:36
    Mas, como todo pobre,
    tive que comeзar por baixo
  • 32:37 - 32:39
    e comprei a cвmara mais vagabunda
    do mundo.
  • 32:40 - 32:44
    E aн, Buscapй? Continua na mesma,
    ou jб deu umas rasgadas?
  • 32:45 - 32:47
    Nada fiz.
  • 32:48 - 32:51
    Angйlica...
    Eu era louco por ela.
  • 32:52 - 32:54
    E aн, Buscapй?
    Sempre tirando foto, nй?
  • 32:54 - 32:57
    Alйm de linda,
    era a ъnica cocota que transava.
  • 32:58 - 33:00
    Eu 'tava louco pra perder
    a virgindade com ela.
  • 33:00 - 33:03
    Justo ela, cara?
    Ela tem namorado.
  • 33:04 - 33:07
    - E daн? Eu nгo sou ciumento, nгo.
    - O pai dela й sargento,
  • 33:07 - 33:11
    Ninguйm й perfeito.
    Junta mais aн, junta aн.
  • 33:11 - 33:13
    Eu era uma espйcie de fotуgrafo
    oficial da minha turma.
  • 33:13 - 33:16
    A turma dos cocotas.
  • 33:16 - 33:20
    Todo mundo pingava grana e eu dava
    a cуpia das fotos pra quem quisesse.
  • 33:22 - 33:24
    Anda logo, tira logo.
  • 33:26 - 33:29
    Tiago, chega um pouquinho pra trбs.
  • 33:29 - 33:32
    - 'Tб bom aqui?
    - 'Tб уptimo.
  • 33:39 - 33:41
    'Tou na maior secura.
  • 33:42 - 33:46
    Pбra de fumar maconha. Cheira pу,
    que tu vai ver qual й a onda.
  • 33:46 - 33:50
    Qual й, Tiago? 'Tб nessa de cheira?
    Sou muito mais fumar um baseado.
  • 33:52 - 33:55
    Й? Se vocк quiser,
    eu posso buscar um pra vocк.
  • 33:55 - 33:59
    Tu vai mesmo buscar, cara?
    Vai lб, correndo.
  • 33:59 - 34:03
    Jб falei que o negуcio й cocaнna.
    Isso й que й "tуchico" de verdade.
  • 34:04 - 34:06
    - Й tуxico!
    - Й tуxico!
  • 34:08 - 34:12
    - Que й isso? 'Tб com a boca salgada.
    - Garota, vai б merda.
  • 34:13 - 34:15
    Qual й, Barbantinho?
    Nгo quer ser salva-vida?
  • 34:15 - 34:18
    - Sу fica aн, na areia.
    - Sou filho de salva-vida, irmгo.
  • 34:18 - 34:20
    Vou apostar uma cerveja contigo,
    que tu nгo nada melhor do que eu.
  • 34:20 - 34:22
    'Tб valendo.
  • 34:24 - 34:28
    Se tu tiver a fim mesmo, posso ir na
    boca do Neguinho buscar um pra vocк.
  • 34:40 - 34:44
    Eu era capaz de fazer qualquer
    negуcio pra agradar бquela mina...
  • 34:44 - 34:46
    Comprar fumo, pу.
  • 34:51 - 34:53
    Eu podia ir directo
    no cafofo dos Apкs
  • 34:53 - 34:56
    e conseguir um bagulho responsa
    por um preзo honesto.
  • 34:58 - 35:02
    Quem 'tava na frente ali, era um
    ex-colega que tinha largado a escola,
  • 35:02 - 35:04
    O Neguinho.
  • 35:05 - 35:07
    - Quem й?
    - Buscapй.
  • 35:10 - 35:13
    - E aн, como 'tб o pessoal lб embaixo?
    - Tudo tranquilo.
  • 35:14 - 35:16
    - E os moleques?
    - Tambйm.
  • 35:16 - 35:17
    Veio comprar um baseado
    ou fumar um?
  • 35:18 - 35:19
    - Vim comprar um.
    - Chega aн, mano.
  • 35:21 - 35:23
    Senta aн, cara.
  • 35:24 - 35:26
    Quem й?
  • 35:26 - 35:28
    Quem й?
  • 35:33 - 35:35
    A Boca dos Apкs era do Neguinho,
  • 35:35 - 35:38
    mas, antes dele,
    ela tinha sido de outros donos.
  • 35:42 - 35:45
    Porra, Dadinho. Como que tu chega
    assim na minha boca, meu amigo?
  • 35:45 - 35:48
    E quem falou que a boca й tua, rapaz?
  • 35:50 - 35:54
    Quem comeзou usar o apartamento dos
    Apкs pra vender droga, foi dona Zйlia.
  • 35:55 - 35:58
    Depois que o marido dela foi morto,
    ela precisava de criar as filhas.
  • 35:59 - 36:01
    Аs vezes, ela dava droga pra molecada
  • 36:01 - 36:03
    em troca de um
    favorzinho especial.
  • 36:04 - 36:08
    O favorito era um moleque chamado
    "Grande". Daн, o Grande cresceu!
  • 36:10 - 36:12
    O esquema da Zйlia era tгo amador
  • 36:12 - 36:14
    que foi mole pra ele
    tomar conta do negуcio.
  • 36:15 - 36:19
    O Grande usava a molecada dos Apкs
    pra trabalhar de vapor.
  • 36:20 - 36:23
    - E a maconha pra mim fumar?
    - Fuma do teu, bicho.
  • 36:23 - 36:24
    Enfia no cu e joga fora.
  • 36:25 - 36:27
    O vapor mais esperto
    da Boca do Grande
  • 36:29 - 36:31
    era um moleque chamado Cenoura.
  • 36:32 - 36:34
    Posso tomar um golinho aн?
  • 36:34 - 36:37
    O Cenoura ganhou consideraзгo
    com o Grande.
  • 36:37 - 36:40
    Foi subindo de posto
    atй virar gerente da boca.
  • 36:40 - 36:43
    Neguinho, vinte nossos,
    cinco teus, ok?
  • 36:45 - 36:48
    Um dia, chegou na boca
    um amigo do Cenoura.
  • 36:48 - 36:53
    O nome do cara era Aristуteles.
    Esse cara era o seguinte.:
  • 36:54 - 36:58
    A famнlia dele tinha dado casa,
    comida e roupa lavada pro Cenoura
  • 36:58 - 37:00
    quando ele 'tava na pior.
  • 37:00 - 37:03
    Agora nгo dava pra negar ajuda
    pra um irmгo necessitado.
  • 37:03 - 37:06
    Vou te dar o bagulho,
    mas eu quero a grana na sexta.
  • 37:06 - 37:08
    Nгo й segunda, nem terзa,
    nem quarta, nem quinta.
  • 37:08 - 37:11
    - Quebrou um galhгo pro teu irmгo.
    - Sexta-feira. Vai lб.
  • 37:11 - 37:14
    O cara й meu parceiro,
    й quase meu irmгo, Grande.
  • 37:15 - 37:18
    Alivia essa, cara.
    Uma semana sу.
  • 37:21 - 37:23
    Ou tu passa o cara,
    ou eu te passo vocк.
  • 37:24 - 37:25
    O Cenoura nгo teve escolha.
  • 37:26 - 37:28
    - 'Tou pra arrumar um serviзo...
    - Eu falei sexta-feira.
  • 37:28 - 37:30
    O que й isso, cumpadre,
    vira essa porra para lб...
  • 37:31 - 37:34
    o Cenoura sentiu vontade
    de matar o Grande,
  • 37:34 - 37:37
    mas nгo precisou.
    O bandido nгo pagou os samangos...
  • 37:37 - 37:39
    Foi morrer numa cela
    lб na llha Grande.
  • 37:42 - 37:45
    O Cenoura tomou conta
    de tudo que era do grande,
  • 37:46 - 37:48
    mas nгo quis ficar
    com a Boca dos Apкs.
  • 37:49 - 37:51
    Aquele lugar era maldito.
  • 37:51 - 37:53
    O Cenoura deixou a boca pro vapor
    que ele mais confiava...
  • 37:54 - 37:55
    O Neguinho.
  • 37:58 - 38:01
    Foi assim que a boca de fumo
    dos Apкs ficou na mгo dele.
  • 38:02 - 38:04
    Mas isso tambйm nгo foi
    por muito tempo.
  • 38:05 - 38:08
    Quem й? Quem й, mano?
    Vai ver, vai ver, vai ver.
  • 38:20 - 38:24
    Porra, Dadinho. Como que tu chega
    assim na minha boca, meu amigo?
  • 38:24 - 38:26
    Quem falou que a boca й tua, rapaz?
  • 38:26 - 38:29
    Й, quem falou que a boca й tua, cara?
  • 38:33 - 38:34
    Qual й, Dadinho?
  • 38:34 - 38:38
    Dadinho й o caralho.
    Meu nome agora й Zй Pequeno, porra.
  • 38:40 - 38:43
    Zй Pequeno sempre quis ser o dono
    da Cidade de Deus,
  • 38:43 - 38:47
    Desde os tempos de moleque, quando
    ele ainda se chamava "Dadinho".
  • 38:51 - 38:54
    Aн, eles se divertem
    e eu vou ficar б toa?
  • 39:04 - 39:06
    Eu quero ir embora daqui.
  • 39:07 - 39:09
    O que й que foi, moleque?
    Teu amigo jб levou tudo.
  • 39:09 - 39:11
    'Tб querendo o quк, moleque?
  • 39:17 - 39:20
    Naquela noite, Dadinho matou
    sua vontade de matar,
  • 39:20 - 39:22
    mesmo sabendo que o Cabeleira
    nгo ia perdoar.
  • 39:29 - 39:33
    Pra escapar do castigo, ele resolveu
    dar um tempo fora da Cidade de Deus.
  • 39:34 - 39:37
    Teve que dar duro
    pra render uma mixaria.
  • 39:37 - 39:41
    - O que й isso, menino?
    - Um otбrio, igual vocк.
  • 39:42 - 39:43
    Valeu, Benй.
  • 39:43 - 39:45
    Dadinho e Benй
    sabiam se virar sozinhos.
  • 39:47 - 39:49
    'Tava na cara que eles iam se dar bem
    no crime.
  • 39:52 - 39:55
    O ъnico problema era encontrar
    um bicho solto maior que eles...
  • 39:55 - 39:57
    Como o meu irmгo, o Marreco.
  • 39:57 - 40:01
    E aн, Dadinho? Porra, pensei que vocк
    tinha morrido lб no hotel, cara.
  • 40:02 - 40:04
    'Tб numa boa aн, nй?
    Cheio do dinheiro.
  • 40:05 - 40:08
    Entrega, nгo, Benй. Qual й, cara?
    A grana nгo й nossa?
  • 40:09 - 40:11
    Toma no teu cu, rapaz.
    Me dб esse dinheiro pra cб.
  • 40:11 - 40:15
    Benй, fala pro teu irmгo Cabeleira,
    que Paraнba 'tб caguetando geral,
  • 40:16 - 40:18
    e que eu vou ralar o peito da favela.
  • 40:20 - 40:22
    Marreco, aн.
  • 40:24 - 40:25
    Toma pra tu.
  • 40:25 - 40:27
    Й do Cabeleira. Tu vai precisar.
  • 40:46 - 40:49
    Entre um tiro e outro,
    Dadinho cresceu.
  • 40:49 - 40:53
    Quando fez 18 anos,jб era o bandido
    mais respeitado na Cidade de Deus...
  • 40:53 - 40:55
    Agora tu й de maior. Cuidado aн.
  • 40:55 - 40:58
    Ele era um dos assaltantes mais
    procurados do Rio de Janeiro.
  • 41:11 - 41:14
    Fala, Dadinho, tudo bem?
    Feliz aniversбrio, cara.
  • 41:14 - 41:17
    'Tou muito feliz por vocк fazer
    18 anos, e acho que vocк...
  • 41:17 - 41:19
    Larga a minha mгo, Tuba.
  • 41:21 - 41:24
    - Dб uma cervejinha aн, amigo!
    - 'Tб ficando maluco, negгo?
  • 41:24 - 41:27
    - Nгo 'tб me vendo, filho da puta?
    - O que й isso, cara? Desculpa.
  • 41:27 - 41:31
    Isso й o caralho. Da prуxima vez,
    eu dou um tiro na tua cara, otбrio!
  • 41:33 - 41:35
    Zй-ruela!
  • 41:35 - 41:38
    Dadinho tinha disposiзгo
    pra fazer qualquer coisa.
  • 41:38 - 41:40
    Ai, meu cumpadre.
    Quero levar um papo.
  • 41:40 - 41:42
    E achou que 'tava na hora de comeзar.
  • 41:42 - 41:45
    - Quem sгo os cara mais chinfrudos?
    - Tem uma galera.
  • 41:45 - 41:48
    Olha sу o Jerry Adriane
    como й que й...
  • 41:48 - 41:51
    Olha o Chevete, o cordгozгo de ouro,
    olha sу roupгo.
  • 41:52 - 41:54
    Olha o Pereira. Olha a mulher
    que 'tб do lado do Pereira.
  • 41:54 - 41:56
    Berenice.
    Foi mulher do meu irmгo.
  • 41:57 - 41:59
    Olha o corcel dele.
  • 41:59 - 42:03
    E olha o Neguinho.
    Sу anda de ouro.
  • 42:05 - 42:08
    Olha o Cenoura.
    Olha o carro do Cenoura, Benй.
  • 42:09 - 42:10
    Os cara sгo tudo traficante,
    meu irmгo.
  • 42:10 - 42:12
    Eles 'tгo com dinheiro pra caralho.
  • 42:12 - 42:15
    Esse negуcio de roubar
    'tб por fora, meu cumpadre.
  • 42:15 - 42:17
    - O negуcio й trбfico de drogas.
    - 'Tou entendendo.
  • 42:17 - 42:21
    - O negуcio й a gente vender pу.
    - Mas aн tem que ter um dinheiro, Zй.
  • 42:21 - 42:24
    Nada, Benй. A gente mata esses otбrios
    e fica com a boca deles.
  • 42:26 - 42:28
    - Entгo, a gente comeзa quando?
    - Agora.
  • 42:37 - 42:41
    Laru-exu.
    Кxu-diabo й a luz que chega.
  • 42:43 - 42:44
    Foi ele que trouxe suncк cб.
  • 42:44 - 42:49
    Porque ficar nas encruziada da Cidade
    de Deus, donde num pensa em suncк?
  • 42:50 - 42:54
    Suncк fala nada, que jб sei
    o que suncк quer. Suncк quer poder.
  • 42:54 - 42:58
    Suncк tб certo, menino. Deixa eu dar
    o que vai dar poder pra Suncк.
  • 43:00 - 43:04
    E pra mudar a sorte de suncк,
    vou te dar o meu Protector, menino.
  • 43:04 - 43:08
    Mas suncк, nгo pode
    furunfar com a guia,
  • 43:08 - 43:13
    porque senгo suncк vai morrer.
  • 43:14 - 43:16
    O menino nгo se chama mais Dadinho...
  • 43:17 - 43:21
    O menino chama Zй Pequeno,
    Zй Pequeno vai crescer...
  • 43:22 - 43:27
    Suncк vai com eu, que eu vai
    com vуs suncк, Zй Pequeno. Iф!
  • 43:37 - 43:40
    Dadinho virou Zй Pequeno
    e caiu matando.
  • 43:41 - 43:44
    Acordou cedo e tomou logo
    a boca de Jerry Adriane,
  • 43:45 - 43:48
    Ficou nessa funcгo o dia inteiro.
  • 43:49 - 43:52
    Antes de escurecer,jб era dono
    de quase todas as bocas da favela.
  • 43:53 - 43:56
    Ele sу nгo tomou Boca do Quinze,
    porque o dono era o Cenoura,
  • 43:56 - 43:58
    amigo do Benй.
  • 43:58 - 44:00
    Entгo, sу ficou faltando
    a Boca dos Apкs...
  • 44:01 - 44:02
    Mas essa nгo ia dar trabalho.
  • 44:06 - 44:09
    Quem й? Quem й, mano?
  • 44:16 - 44:20
    Porra, Dadinho. Como que tu chega
    assim na minha boca, meu amigo?
  • 44:20 - 44:24
    - Quem falou que a boca й tua, rapaz?
    - E, quem falou que a boca й tua?
  • 44:24 - 44:25
    Qual й, Dadinho?
  • 44:25 - 44:27
    Dadinho й o caralho.
    Meu nome agora й Zй Pequeno, porra.
  • 44:28 - 44:30
    - O nome dele й Zй Pequeno, entendeu?
    - E tu vai cair, filho da puta.
  • 44:30 - 44:33
    Mata, nгo, que ele jб entendeu.
    Nй nгo, Neguinho?
  • 44:35 - 44:37
    Pode ficar com a boca
    que eu nгo quero nada, nгo.
  • 44:37 - 44:39
    Vou sair saindo, que eu nгo quero
    й arrengaзгo, valeu?
  • 44:39 - 44:42
    O certo era eu aproveitar a chance
    pra vingar a morte do meu irmгo.
  • 44:44 - 44:48
    Tu vai ficar vivo, Neguinho, mas
    trabalhando pra nуs, 'tб escutando?
  • 44:48 - 44:50
    Pensar й fбcil.
  • 44:52 - 44:54
    - Vai aonde, moleque?
    - O moleque й do contexto, Zй.
  • 44:55 - 44:58
    - Como й o seu nome, moleque?
    - Buscapй.
  • 44:58 - 45:00
    Й o Buscapй,
    irmгo do... Marreco.
  • 45:01 - 45:03
    - Marreco?
    - O falecido Marreco.
  • 45:04 - 45:07
    Vai lб, moleque, se adianta.
  • 45:07 - 45:11
    Diz pra todo mundo que a Boca dos Apкs
    pertence ao Zй Pequeno.
  • 45:11 - 45:14
    E a gente vai comeзar a vender pу,
    'tб escutando?
  • 45:14 - 45:15
    Cocaнna.
  • 45:20 - 45:23
    - Onde й que 'tб o movimento?
    - Vira aquela esquerda ali...
  • 45:23 - 45:26
    Vender droga й um negуcio
    como qualquer outro.
  • 45:26 - 45:28
    O fornecedor entrega o peso...
  • 45:28 - 45:31
    E no cafofo й feita a endolacгo.
  • 45:31 - 45:35
    O trabalho de endolacгo
    й a linha de montagem do trбfico.
  • 45:35 - 45:37
    Tгo chato quanto apertar parafusos.
  • 45:37 - 45:41
    A maconha й embalada
    num pacotinho chamado "dуlar",
  • 45:42 - 45:44
    a cocaнna й embalada em papelotes.
  • 45:45 - 45:48
    E depois em trouxinhas de dez
    ou pacotinhos de cem.
  • 45:49 - 45:51
    No trбfico,
    tem atй plano de carreira.
  • 45:52 - 45:55
    Os garotos menores comeзam
    a trabalhar como aviгozinho.
  • 45:56 - 45:59
    Recebem uma boa grana pra levar
    e trazer refrigerante,
  • 45:59 - 46:02
    recado, esse tipo de coisa.
    Depois, eles passam pra olheiro.
  • 46:03 - 46:05
    Quando a polнcia aparece,
    a pipa desce do cйu
  • 46:05 - 46:07
    e todo mundo sai saindo.
  • 46:08 - 46:11
    De olheiro, o cara passa pra vapor,
    vendendo a droga na favela.
  • 46:11 - 46:14
    Pintou sujeira, o vapor
    tem que evaporar rapidinho.
  • 46:14 - 46:18
    Soldado й um cargo mais responsa.
    Ele fica na contencгo.
  • 46:19 - 46:21
    Se o cara for bom de conta,
  • 46:21 - 46:25
    pode virar gerente da boca,
    o braзo direito do patrгo.
  • 46:27 - 46:30
    A polнcia tambйm faz sua parte.
    Recebe o dela e nгo perturba.
  • 46:33 - 46:35
    Como o Zй Pequeno nгo deixava
    nenhum inimigo vivo,
  • 46:36 - 46:38
    na Cidade de Deus nгo tinha tiroteio,
    nгo tinha arrengaзгo.
  • 46:39 - 46:40
    Era fбcil entrar de carro.
  • 46:40 - 46:44
    A playboyzada sentiu que era seguro
    vir buscar droga dentro da favela.
  • 46:45 - 46:49
    Chovia viciado na Cidade de Deus,
    e dinheiro no bolso de Zй Pequeno.
  • 46:51 - 46:53
    - Esse papelote 'tб maneiro?
    - Valeu.
  • 46:57 - 46:59
    Aн, 'tou escolhendo um desses relуgios
    aqui pra poder sair mais tarde.
  • 47:00 - 47:01
    Esse aqui й maneiro.
  • 47:01 - 47:05
    Se o trбfico fosse legal,
    o Pequeno ia ser o homem do ano.
  • 47:06 - 47:08
    Vai tirar onda.
  • 47:09 - 47:11
    Pra mim й que ficou ruim.
    Eu morria de medo do cara.
  • 47:12 - 47:13
    E, pra onde eu ia,
    lб 'tava o Zй Pequeno.
  • 47:14 - 47:16
    Porra, que cara chato, meu.
  • 47:16 - 47:18
    Cada vez que eu queria fumar
    um baseado,
  • 47:18 - 47:21
    eu tinha que subir atй a Quinze,
    na boca do Cenoura.
  • 47:25 - 47:28
    Me vк meia dуlar aн. Valeu.
  • 47:29 - 47:30
    Mas valia a pena.
  • 47:31 - 47:33
    Eu sу fumava junto com a Angйlica.
  • 47:35 - 47:37
    Depois que ela dispensou o Tiago...
    Eu caн matando.
  • 47:38 - 47:40
    E 'tava quase conquistando
    o coracгo da mina.
  • 47:40 - 47:42
    Essas fotos aqui tгo lindas.
  • 47:42 - 47:44
    - Vocк leva jeito.
    - Tu acha?
  • 47:45 - 47:48
    - Olha como eu saн bem.
    - Vocк fica linda em qualquer uma.
  • 47:49 - 47:51
    - 'Tou falando sйrio.
    - 'Tou falando sйrio.
  • 47:54 - 47:56
    Pфr-do-sol, praia deserta,
  • 47:56 - 47:58
    beijo na boca...
  • 47:59 - 48:01
    Eu achei que o negуcio
    ia rolar ali mesmo.
  • 48:02 - 48:04
    Mas aн chegou a caixa baixa.
  • 48:05 - 48:08
    E aн? Dб pra experimentar
    um pouquinho aн?
  • 48:14 - 48:15
    Toma.
  • 48:16 - 48:19
    Eu vou indo nessa. 'Tб tarde.
    A gente se vк.
  • 48:21 - 48:23
    Espera aн, Angйlica. Angйlica.
  • 48:24 - 48:27
    - Aн, teu baseado, mano.
    - Pode ficar.
  • 48:27 - 48:29
    Esse cara й legal pra caramba.
  • 48:32 - 48:36
    Foi a primeira vez que os moleques da
    caixa baixa atravessaram meu caminho.
  • 48:42 - 48:44
    Aн, Benй: filй com fritas.
  • 48:48 - 48:53
    - Toma aн. Vinte cruzeiros.
    - Vinte? Valeu.
  • 48:54 - 48:56
    - Quer comer?
    - Nгo, nгo.
  • 48:59 - 49:01
    Vamos fazer um rolo
    nesse relуgio?
  • 49:01 - 49:03
    Depois que o Tiago
    levou o fora da Angйlica,
  • 49:03 - 49:05
    ele comecou a cheirar cada vez mais.
  • 49:06 - 49:08
    - Esse relуgio й do teu avф.
    - Nгo й do meu avф. E do meu pai.
  • 49:09 - 49:11
    Quando o cara й muito viciado,
  • 49:11 - 49:13
    ele acaba ficando
    na mгo do traficante.
  • 49:13 - 49:15
    - Dois pу.
    - Um pу de dez, meu irmгo.
  • 49:15 - 49:19
    No caso do Tiago, isso acontecia
    de um jeito diferente.
  • 49:19 - 49:22
    - Olha aн, filho da puta.
    - Desculpa aн, cumpadre.
  • 49:23 - 49:25
    Cumpadre й o caralho.
    Baptizei algum filho seu?
  • 49:25 - 49:27
    - Baza, baza daqui.
    - Desculpa aн, cumpadre.
  • 49:27 - 49:28
    Baza, meu irmгo.
  • 49:31 - 49:34
    Neguinho, empresta a magrela
    pra mim dar uma banda aн.
  • 49:34 - 49:36
    Vai fundo.
  • 49:58 - 50:01
    - Aн, vamos apostar uma corrida?
    - Atй aonde?
  • 50:01 - 50:04
    Atй a estrada do Catгo
    e a gente volta pra cб.
  • 50:04 - 50:06
    - Pode ser.
    - 'Tб pronto? Um, dois, trкs e jб.
  • 50:28 - 50:31
    - 'Tб pensando que й mole?
    - E, tu й foda mesmo, cumpadre.
  • 50:32 - 50:34
    Aн, onde tu comprou esse tйnis?
  • 50:34 - 50:36
    Comprei lб em Madureira.
  • 50:36 - 50:39
    - Essa camisa tambйm?
    - Essa camisa й lб da zona sul.
  • 50:39 - 50:41
    - Maneira.
    - Й roupa de marca.
  • 50:42 - 50:44
    Se eu te der um dinheiro, tu nгo pхe
    umas peзas dessas pra mim, nгo?
  • 50:44 - 50:46
    Tu quer o quк?
    Um short e uma camisa?
  • 50:49 - 50:51
    Compra o que der.
  • 50:54 - 50:56
    - Tu mede quanto?
    - Porra, mede aн.
  • 50:56 - 50:59
    - Vou medir com o quк, cara?
    - Com palmo, porra.
  • 51:00 - 51:03
    - Tu calзa quanto?
    - 39, 40.
  • 51:11 - 51:14
    - Aн, Benй!
    - Qual й, meu cumpadre!
  • 51:15 - 51:17
    Aн, trouxe umas roupas maneira?
  • 51:19 - 51:22
    - Trouxe sу essa calca?
    - Nгo, tem mais ali embaixo.
  • 51:27 - 51:29
    - 'Tб legal, mano?
    - Legal.
  • 51:30 - 51:33
    - Sobrou um dinheiro.
    - Fica pra vocк, velho.
  • 51:35 - 51:36
    Valeu.
  • 51:44 - 51:45
    Esse aн й o Benй.
  • 51:47 - 51:50
    - Esse aн й o Buscapй, Benй.
    - Falou, Buscapй. Esse aн eu conheзo.
  • 51:50 - 51:52
    Essa aн й a Angйlica.
  • 51:53 - 51:55
    - Tudo bom?
    - Tudo.
  • 52:14 - 52:15
    Virei playboy, aн.
  • 52:18 - 52:23
    Aн, bandidagem, tenho um recado
    urgente pra vocкs: tomem cuidado,
  • 52:24 - 52:27
    cocota bota ovo quando balanзa
    a bundinha no baile.
  • 52:38 - 52:41
    Fica me botando pilha, manй?
    Qual й?
  • 52:43 - 52:45
    Seu escroto.
  • 53:00 - 53:02
    Aн, Benй, eu nгo falei pra vocк
    que tinha que matar o Cenoura?
  • 53:02 - 53:04
    'Tб maior vacilacгo na favela
    por causa dele.
  • 53:04 - 53:07
    - Parceiro, esquece isso. Dб ideia.
    - Eu vou matar aquele filho da puta.
  • 53:08 - 53:10
    Pбra com esse bagulho
    de matar os outros, mano.
  • 53:12 - 53:15
    Angйlica, fica tranquila
    que o pessoal aqui й do conceito.
  • 53:16 - 53:18
    Relaxa, jб falei que 'tou tranquila.
  • 53:18 - 53:22
    Qual й, Benй? Vai ficar danзando aн,
    meu irmгo? E essa parada?
  • 53:22 - 53:26
    Qual й, parceiro? Vai lб, manй.
    Se desenrola com o maluco, parceiro.
  • 53:26 - 53:30
    O Benй era o bandido mais responsa
    da Cidade de Deus.
  • 53:30 - 53:33
    Distribuнa maconha, pagava cerveja.
  • 53:34 - 53:35
    O Zй Pequeno era o contrбrio.
  • 53:35 - 53:39
    Sу trabalhava. Sу pensava
    em ser o dono da favela.
  • 53:39 - 53:42
    'Tava sempre arrumando desculpa
    pra tomar a boca do Cenoura.
  • 53:42 - 53:44
    - Qual й, Cenoura?
    - E aн?
  • 53:44 - 53:48
    Tu nгo pode deixar os moleques do
    caixa baixa assaltar dentro da favela.
  • 53:49 - 53:53
    Cuida da tua бrea, eu cuido da minha,
    Pequeno. 'Tб tudo certo assim.
  • 53:54 - 53:56
    Fui tomar uma cerveja.
  • 54:03 - 54:05
    - E aн, Buscapй? Tranquilo?
    - Tranquilгo.
  • 54:05 - 54:07
    - E aн, parceiro? Tudo bom?
    - Tudo bom.
  • 54:08 - 54:09
    - Amiga de vocкs?
    - Aн, Benй.
  • 54:09 - 54:11
    Tudo bom?
  • 54:11 - 54:14
    - E aн, Tiago? Tudo bom?
    - Tudo.
  • 54:15 - 54:18
    E aн, posso danзar?
    Vamos dancar.
  • 54:21 - 54:22
    - Tudo bom?
    - Tudo.
  • 54:22 - 54:26
    - E a casa, cumpadre, como й que 'tб?
    - Tranquilo, aн. Tudo no esquema.
  • 54:26 - 54:29
    Meu pai saiu, minha mгe saiu.
    Tu vai ficar sozinho com ela, Buscapй.
  • 54:29 - 54:31
    Й hoje que tu perde
    esse teu cabaзo aн, irmгo.
  • 54:32 - 54:36
    Fala baixo, cumpadre! Todo mundo
    vai ficar sabendo, meu irmгo.
  • 54:37 - 54:39
    - Vocк й linda, sabia?
    - Obrigada.
  • 54:41 - 54:44
    Nгo 'tб rolando nada,
    nгo 'tб rolando.
  • 54:46 - 54:47
    Caralho!
  • 54:51 - 54:54
    Vim te dб um papo. 'Tou sabendo que os
    moleques tгo formando contigo na boca.
  • 54:54 - 54:57
    Tu й moleque. Tu 'tб achando
    que eu sou otбrio, molequinho?
  • 54:57 - 54:58
    - Que й que foi, Zй?
    - 'Tб querendo tomar minha boca, й?
  • 54:59 - 55:03
    Vou tomar tua boca, o caralho.
    Dou papo porque vocк й incompetente.
  • 55:03 - 55:06
    - Tira essa mгo daн, crianзa.
    - Os moleque 'tгo fodendo a seguranзa.
  • 55:06 - 55:08
    Tem que dar um leitinho pra crianзa
    que ela 'tб com fome.
  • 55:09 - 55:11
    Cenoura, faz o seguinte: pede
    pros moleques dar um tempo, entendeu?
  • 55:11 - 55:14
    O Cenoura nгo tem competкncia.
    Os moleque assaltam a бrea dele.
  • 55:14 - 55:18
    A polнcia vem e atrapalha
    o andamento do trбfico.
  • 55:18 - 55:21
    Vou fazer isso porque tu tб pedindo,
    porque eu gosto de tu.
  • 55:21 - 55:24
    Mas tem que trocar as fraldas
    do moleque de vez em quando.
  • 55:27 - 55:30
    Filho da puta! Diz pra aqueles
    moleques que, dentro da minha favela,
  • 55:30 - 55:33
    ninguйm rouba,
    ninguйm "estrupa", nгo, veado!
  • 55:33 - 55:34
    Teu nome й Pequeno,
    nгo й б toa.
  • 55:37 - 55:38
    Os moleques do caixa baixa
  • 55:39 - 55:42
    era um bando de meninos que nгo
    respeitava muito as leis da favela.
  • 55:42 - 55:45
    Vira e mexe eles entravam
    e metiam um morador ou uma padaria.
  • 55:45 - 55:47
    Principalmente na бrea do Cenoura.
  • 55:50 - 55:53
    O que й isso? Que й isso?
  • 55:54 - 55:55
    Solta! Solta!
  • 55:56 - 55:57
    Serб possнvel? Toda hora vocкs me
    assaltando aqui, seus filhos da puta.
  • 55:58 - 56:00
    O que eles nгo sabiam, e iam saber,
  • 56:00 - 56:02
    й que a Cidade de Deus
    agora tinha dono.
  • 56:06 - 56:09
    O pior й que a Cidade de Deus era
    um lugar mais seguro pros moradores.
  • 56:11 - 56:13
    Quase que nгo tinha
    mais assalto nenhum.
  • 56:14 - 56:16
    Era sу falar com Zй Pequeno.
  • 56:17 - 56:20
    - Zй, machuca os moleque, nгo.
    - Pode deixar. Vou machucar, nгo.
  • 56:22 - 56:24
    Pode deixar que eu 'tou de olho.
    Aqui ninguйm passa, nгo.
  • 56:25 - 56:27
    - Fala, Filй.
    - E aн, Zй?
  • 56:27 - 56:29
    - Quer dar uma volta na favela?
    - Andar com vocкs?
  • 56:29 - 56:31
    - Й, porra.
    - Calma, espera aн.
  • 56:32 - 56:34
    Mгe, vou sair com meus amigos.
  • 56:47 - 56:49
    Nunca comi um frango
    tгo gostoso como esse.
  • 56:50 - 56:54
    - O velho ficou morrendo de medo.
    - Vai dizer que ficou com pena dele?
  • 56:54 - 56:57
    O que й isso, meu irmгo?
    Vai ficar com pena do cara assim?
  • 57:05 - 57:08
    Em vez da gente assaltar padaria,
    porque nгo um banco ou supermercado?
  • 57:08 - 57:12
    - Parou. O bagulho agora й tуxico.
    - E isso mesmo, o bagulho й tуxico.
  • 57:12 - 57:14
    E tu fica quieto, manй!
  • 57:14 - 57:17
    Se tu quer entrar pra vida do crime,
    primeiro tu tem que ser aviгozinho.
  • 57:17 - 57:20
    - Tu quer ser aviгozinho bucha?
    - Ser aviгozinho й a maior roubada.
  • 57:20 - 57:23
    Atй eu pegar contexto com os caras,
    vai demora muito, nй nгo?
  • 57:24 - 57:27
    Temos que esperar os mais velhos
    morrer, pra depois nуs assumir.
  • 57:28 - 57:30
    Cumpadre, eu nгo vou ficar
    esperando ninguйm morrer, nгo.
  • 57:30 - 57:33
    Vou fazer igual o Zй Pequeno faz.
    Vou passar a geral.
  • 57:34 - 57:37
    'Tб falando o quк de mim aн, moleque?
    O patrгo 'tб aqui.
  • 57:41 - 57:43
    Volta aqui, filho da puta.
  • 57:48 - 57:51
    O molequinho й teimoso.
  • 57:52 - 57:55
    Os moleques sгo bons de fuga, manй.
    Pois й. Sobrou pra vocк.
  • 57:55 - 57:57
    Pinguinho de gente.
    Cadк? Tem mais um aн?
  • 57:57 - 58:00
    Tem mais um aн, Pequeno.
    Ele vai pro miolo.
  • 58:01 - 58:04
    Parou, meu irmгo! Volta, manй.
  • 58:04 - 58:06
    Vocкs vгo pagar pelos que fugiram,
    molecada.
  • 58:07 - 58:11
    Escolhe, moleque. Quer tomar
    o tiro aonde? No pй ou na mгo?
  • 58:12 - 58:13
    Escolhe logo, meu irmгo.
  • 58:14 - 58:17
    Vam'bora, moleque. No pй ou na mгo,
    porra? Vam'bora, meu irmгo.
  • 58:19 - 58:22
    - Escolhe, porra. No pй ou na mгo?
    - 'Bуra, moleque!
  • 58:26 - 58:28
    - 'Bуra, moleque, escolhe!
    - Diz aн.
  • 58:29 - 58:32
    - No pй ou na mгo?
    - Na mгozinha, nй?
  • 58:40 - 58:43
    - Valeu, Pequeno, valeu.
    - E isso aн, mano.
  • 58:43 - 58:47
    Aн, Filй com fritas, quero ver
    se vocк й do conceito agora.
  • 58:48 - 58:51
    Escolhe um dos dois ali.
    Senta o dedo, velho.
  • 58:51 - 58:53
    Qual й, Pequeno?
    Deixa que eu mato.
  • 58:53 - 58:55
    Fica na tua aн, Tuba.
    Й com ele, meu irmгo.
  • 58:58 - 58:59
    Vam'bora, Filй.
  • 58:59 - 59:01
    Vai, Filй.
    Escolhe um aн, mata aн.
  • 59:03 - 59:06
    'Bora, Filй, nгo tenho o dia inteiro,
    nгo, rapaz. Vam'bora
  • 59:06 - 59:09
    Filй, escolhe logo.
    Mata um cara aн.
  • 59:12 - 59:14
    'Bуra, filй, nгo tenho o dia inteiro,
    nгo, meu irmгo.
  • 59:15 - 59:18
    Vam'bora, Filй, quero ver
    se vocк й do conceito agora.
  • 59:23 - 59:26
    'Bora, Filй,
    nгo tenho o dia inteiro, nгo,
  • 59:26 - 59:29
    Valeu, Filй.
  • 59:29 - 59:32
    - Aн!
    - Entrou pro conceito da galera.
  • 59:33 - 59:36
    Agora 'tб na irmandade. Toca.
  • 59:36 - 59:39
    Isso aн, Filй, demorou mesmo.
  • 59:39 - 59:42
    Levanta, moleque.
    Levanta, porra.
  • 59:42 - 59:44
    Vai pro seu ninho de ratos, moleque.
  • 59:44 - 59:47
    Sem mancar.
    E avisa teus coleguinhas
  • 59:47 - 59:50
    que aqui na favela do Zй
    ninguйm rouba, nгo, porra.
  • 59:50 - 59:52
    Vai. Sem mancar!
  • 59:55 - 59:57
    Valeu, Pequeno.
  • 60:09 - 60:12
    Enquanto o Zй Pequeno ganhava
    o respeito dos moradores,
  • 60:13 - 60:16
    o Benй ganhou o coraзгo da Angйlica.
  • 60:17 - 60:20
    E eu? Bom, eu continuava virgem,
    sem namorada e duro.
  • 60:21 - 60:24
    Eu nгo tinha outra saнda.
  • 60:27 - 60:31
    Eu arrumei emprego de fiscal numa
    loja do Makro, fora da Cidade de Deus.
  • 60:31 - 60:33
    Trabalhei lб um tempгo,
    ganhando mixaria.
  • 60:34 - 60:36
    E jб 'tava torcendo
    pra eles me mandar embora.
  • 60:36 - 60:39
    Com o fundo de garantia, eu ia comprar
    uma mбquina fotogrбfica de verdade.
  • 60:41 - 60:43
    Mas nгo foi bem assim
    que as coisas aconteceram.
  • 60:47 - 60:48
    Olha o cara da praia, manй.
  • 60:49 - 60:50
    - E aн, camarada?
    - Oi. E aн?
  • 60:51 - 60:52
    - Ainda 'tб fumando bagulho bom?
    - Sempre.
  • 60:52 - 60:54
    Aн, esse cara й legal pra caramba.
  • 60:54 - 60:56
    Aн, moleque. Chega aн.
    Levanta a camisa.
  • 60:57 - 61:00
    Vocк nгo me pega, seu filho da puta!
  • 61:01 - 61:03
    A gente dб oportunidade
    pra essas pessoas da Cidade de Deus
  • 61:03 - 61:05
    e eles nгo dгo valor nenhum.
  • 61:05 - 61:08
    - E o meu fundo de garantia?
    - Que fundo de garantia?
  • 61:08 - 61:12
    O gerente achou que eu 'tava formado
    com os moleques do caixa baixa.
  • 61:14 - 61:17
    Й por justa causa.
    Vai logo embora, vai.
  • 61:17 - 61:20
    Fui pra rua sem fundo de garantia
    e sem indemnizacгo.
  • 61:34 - 61:36
    Parecia atй uma mensagem de Deus.
  • 61:39 - 61:42
    Se liga aн, manй.
    A honestidade nгo compensa.
  • 61:54 - 61:56
    Esse фnibus demorou muito hoje.
  • 61:59 - 62:02
    Porra, bicho, esconde esse ferro aн,
    mano. 'Tб ficando maluco?
  • 62:02 - 62:04
    Esse cano foi do Marreco.
    Nгo funciona mais, nгo.
  • 62:04 - 62:07
    Й culpa da empresa que
    bota poucos фnibus na linha.
  • 62:07 - 62:09
    Й, nunca й culpa de ninguйm.
    Deve ser minha.
  • 62:09 - 62:14
    Deve ser do meu avф.
    Trabalhador й que se ferra.
  • 62:14 - 62:17
    - E ainda bota essas coisa apertada.
    - Boa tarde pra senhora.
  • 62:20 - 62:23
    Buscapй, 'tou conhecendo esse
    maluco. Acho que ele mora na cdd.
  • 62:23 - 62:25
    Ele vai reconhecer
    a gente, bicho.
  • 62:25 - 62:27
    Vocк acha que ele vai ligar se a gente
    pegar o dinheiro do patrгo dele, mano?
  • 62:27 - 62:30
    - 'Tб. Vam'bora.
    - Vamos lб agora.
  • 62:32 - 62:35
    E aн, irmгo?
    Vocкs nгo sгo lб da Cidade de Deus?
  • 62:36 - 62:40
    - Й, a gente mora lб.
    - Passa um por baixo, o outro paga.
  • 62:45 - 62:48
    Tem que estudar pra sair
    daquela comunidade lб, cara.
  • 62:49 - 62:51
    Na favela, muito polнcia,
    muito bandido tambйm.
  • 62:52 - 62:55
    - Tu estudou, mano?
    - Fiz o colegial, servi o quartel.
  • 62:55 - 62:58
    Fui o melhor atirador-combatente
    do meu quartel.
  • 62:59 - 63:01
    Agora 'tou nesse emprego aqui
    por falta de coisa melhor.
  • 63:01 - 63:03
    Mas eu sei lutar karatй.
  • 63:03 - 63:08
    E, se eu descolar aн uma academia,
    com certeza eu vou sair da favela.
  • 63:08 - 63:10
    Entгo, tu й bom de briga?
  • 63:10 - 63:14
    Nгo. Eu sou bom de paz.
    Paz e amor. Mas se precisar...
  • 63:14 - 63:17
    Mal ele sabia que ia precisar, sim.
    E muito.
  • 63:17 - 63:20
    Mas nгo agora. Ainda nгo й hora
    de contar a histуria do Manй Galinha.
  • 63:21 - 63:24
    - Й, vam'bora, mano.
    - Aн, a gente vai nessa.
  • 63:24 - 63:26
    - Valeu.
    - Um abraco.
  • 63:31 - 63:34
    Nгo ia dar, nгo.
    O cara й legal pra caramba.
  • 63:34 - 63:36
    Pior que й.
  • 63:38 - 63:40
    Vamos pra casa, cara.
  • 63:42 - 63:46
    Porra nenhuma. Ali. Tem ninguйm, mano.
    Aquela padaria ali.
  • 63:46 - 63:48
    Que й que tu vai falar?
  • 63:48 - 63:51
    Ah, nгo sei. Chega lб,
    "й um assalto", sei lб.
  • 63:53 - 63:56
    - Espera aн, vou te dar meu telefone.
    - Vocк gosta de baile black ou cocota?
  • 63:56 - 63:57
    Aн, adoro black.
  • 63:57 - 63:59
    O lance da padaria
    tambйm nгo deu certo.
  • 63:59 - 64:02
    A mina do caixa era muito gostosa.
    E ela me deu o maior mole.
  • 64:02 - 64:04
    Me liga, 'tб?
  • 64:05 - 64:08
    Nгo dava para meter uma arma na cara
    dela. A mina era legal pra caramba.
  • 64:08 - 64:10
    Pior й que й.
  • 64:13 - 64:14
    Vem cб.
  • 64:17 - 64:20
    Me dб uma forзa aн. 'Tou perdidгo.
    Como faзo pra chegar na barra?
  • 64:21 - 64:24
    Naquele momento, eu pensei.:
    "esse paulista vai danзar."
  • 64:24 - 64:26
    - Й, 'tamos indo pra lб, mano.
    - Nгo acredito. Entra aqui.
  • 64:28 - 64:31
    - Vocкs vгo salvar minha vida.
    - Pior que й.
  • 64:32 - 64:35
    Porque nenhum paulista
    pode ser legal pra caramba.
  • 64:42 - 64:44
    Cabeзгo, o corpo 'tб aqui.
  • 64:44 - 64:47
    Achou? Perнcia, ali.
  • 65:03 - 65:05
    - Foi feio o negуcio aqui.
    - Se foi.
  • 65:06 - 65:07
    - Aн, grande Melodia.
    - Gosta dele?
  • 65:08 - 65:10
    Sou apaixonado por mpb.
    Tu gosta?
  • 65:11 - 65:13
    Me diz uma coisa,
    vocк tambйm gosta de um "bкisi"?
  • 65:16 - 65:18
    Nгo vou te dizer
    que eu nгo conheзo.
  • 65:18 - 65:21
    - Abre ali. Maluco saca maluco.
    - Tem, й?
  • 65:23 - 65:24
    Maior barato.
  • 65:24 - 65:26
    - Mas vocк tem seda?
    - Acho que tenho.
  • 65:27 - 65:29
    - Й que a minha acabou, cara.
    - Tem aqui, tem aqui.
  • 65:29 - 65:31
    Beleza.
  • 65:31 - 65:34
    Eu sempre fui mestre na arte
    de apertar um baseado.
  • 65:34 - 65:36
    Se eu tivesse a mesma habilidade
    com as mulheres,
  • 65:37 - 65:40
    nгo teria queimado tanta chance
    de perder a virgindade.
  • 65:43 - 65:45
    Aн, paulista.
    Tu й legal pra caramba, meu irmгo.
  • 65:46 - 65:47
    Valeu, carioca.
  • 65:48 - 65:52
    - E como й que foi?
    - Pode ser paulada, pode ser pedrada.
  • 65:53 - 65:56
    - Como й que 'tб a crianзa?
    - Ela nгo tem nada.
  • 65:56 - 66:00
    Pelo menos isso, nй?
    Quanto tempo aн, doutor?
  • 66:00 - 66:03
    Olha, nгo mais que trкs
    ou quatro horas.
  • 66:03 - 66:05
    - Pode pegar? Pode levar?
    - Tenha a bondade.
  • 66:07 - 66:10
    Animal que faz isso sу pode vir de
    um lugar. Vamos pra Cidade de Deus.
  • 66:29 - 66:31
    Tu й um corno,
    tu й um filho da puta, rapaz.
  • 66:31 - 66:33
    Й, tu й um corno, um filho da puta.
  • 66:34 - 66:36
    Vocк tinha que ter passado sua mulher
    logo dentro da favela, rapaz?
  • 66:37 - 66:39
    Agora 'tб cheio de polнcia aн,
    Neguinho, por causa de vocк!
  • 66:39 - 66:42
    - Qual й, Zй Pequeno?
    - Qual й o caralho, Neguinho.
  • 66:42 - 66:45
    Foi lavaзгo de honra, meu cumpadre.
    A famнlia dela jб me caguetou.
  • 66:46 - 66:48
    Essa bronca nгo vai pegar pra vocк.
    Qual й, Zй Pequeno?
  • 66:48 - 66:51
    Favela 'tб cheia de polнcia por tua
    causa. Tu Vai cair, seu filho da puta.
  • 66:51 - 66:54
    Calma aн, Zй.
    Tu jб castigou o cara, parceiro.
  • 66:54 - 66:56
    Qual й, Benй?
    Tu conhece a lei, meu cumpadre.
  • 66:56 - 66:59
    Quem mata na favela do Zй, tem
    que morrer pra dб o exemplo, morou?
  • 66:59 - 67:02
    Esse manй aн fez uma parada
    que й do contexto dele mesmo, Zй.
  • 67:02 - 67:05
    Vem cб, filho da puta.
    Sai fora da favela.
  • 67:05 - 67:07
    Tu faltou com o respeito com a gente.
    'Tб escutando, filho da puta?
  • 67:10 - 67:13
    Sabe qual й, Benй?
    Tu й muito bonzinho, meu cumpadre.
  • 67:13 - 67:15
    Quem cria cobra,
    amanhece picado, morou?
  • 67:15 - 67:19
    - Que nada. Esse aн nгo vale nada.
    - Ele й o maior traidor.
  • 67:20 - 67:21
    Cala a boca, Tuba.
  • 67:21 - 67:23
    Aн, vou dar um rolй
    com a minha cocota, valeu?
  • 67:24 - 67:27
    Valeu, Vai lб, Benй.
    Dб uma carga responsa.
  • 67:27 - 67:31
    Quando a бrea tiver tranquila, a gente
    ataca lб na boca do Cenoura, valeu?
  • 67:36 - 67:39
    Tu 'tб precisando de uma namorada, Zй.
  • 67:59 - 68:03
    - Sabe o que eu pensei, Benй?
    - Que eu sou gostoso pra caralho.
  • 68:04 - 68:07
    Tambйm, mas sabe
    o que a gente podia fazer?
  • 68:08 - 68:11
    - Dar mais uma?
    - Nгo, Benй, 'tou falando sйrio.
  • 68:12 - 68:14
    A gente podia ir embora daqui.
  • 68:14 - 68:17
    Esse negуcio de violкncia
    nгo 'tб com nada.
  • 68:17 - 68:19
    Pra onde?
  • 68:20 - 68:21
    Pra um sнtio.
  • 68:23 - 68:25
    A gente й hippie de coraзгo, nгo й?
  • 68:28 - 68:30
    Pra um sнtio?
  • 68:33 - 68:35
    Paz e amor?
  • 69:08 - 69:11
    O Benй era gente fina demais pra
    continuar naquela vida de bandido.
  • 69:11 - 69:14
    Ele era tгo gente fina, que conseguiu
    reunir na festa de despedida.:
  • 69:15 - 69:16
    os bandidos,
  • 69:17 - 69:19
    a rapaziada black,
  • 69:24 - 69:25
    a comunidade crente...
  • 69:25 - 69:29
    Aн, qualquer dia eu vou lб na igreja.
    'brigadгo por ter vindo na festa.
  • 69:29 - 69:31
    A galera do samba,
  • 69:35 - 69:36
    os cocotas,
  • 69:39 - 69:43
    e o Zй Pequeno, que nunca
    tinha dancado na vida.
  • 70:02 - 70:04
    Morena, vocк quer danзar comigo?
  • 70:05 - 70:07
    - Vocк quer danзar comigo?
    - Nгo entendi.
  • 70:07 - 70:11
    - Vocк quer danзar comigo?
    - Nгo, obrigada. Eu 'tou acompanhada.
  • 70:26 - 70:27
    Como й, Buscapй?
  • 70:41 - 70:44
    Aн, meu cumpadre. Chega aн,
    que eu quero falar com vocк.
  • 70:45 - 70:47
    Tu nгo pode ir embora com essa mulher,
    nгo, rapaz.
  • 70:47 - 70:51
    Por quк? Vou morar num sнtio
    e fumar maconha o dia inteiro.
  • 70:51 - 70:52
    Escutar Raul Seixas.
  • 70:52 - 70:56
    Vai jogar fora o que nуs conquistamos
    por causa dessa piranha, meu irmгo?
  • 70:57 - 71:00
    Nгoй piranha, nгo, Zй.
    E minha mulher.
  • 71:00 - 71:02
    Amanhг a gente vai tomar a boca
    do Cenoura e a boca vai ser tua, Benй.
  • 71:02 - 71:04
    Esquece o Cenoura. O Cenoura
    й sangue-bom pra caralho.
  • 71:04 - 71:07
    - O Cenoura й o maior filho da puta!
    - Todo mundo pra tu й filho da puta!
  • 71:07 - 71:11
    Por isso й que eu 'tou indo embora.
    Nгo vou entrar em contradicгo com tu.
  • 71:11 - 71:15
    Sou teu amigo pra caralho. Mas bota
    na cabeзa que eu 'tou indo embora,
  • 71:16 - 71:20
    Gosto de tu pra caralho, Zй.
    Mas nгo dб mais pra mim, parceiro.
  • 72:17 - 72:20
    Filho da puta. Quero ver
    se tu й macho agora, negгo.
  • 72:20 - 72:22
    - O que й isso, rapaz?
    - Isso й o caralho! Quer morrer?
  • 72:22 - 72:26
    Sai daqui, piranha! Tira a roupa,
    negгo. Quero ver vocк de bundinha.
  • 72:27 - 72:31
    - O que й isso, rapaz?
    - Vam'bora, negгo, tira a roupa!
  • 72:31 - 72:35
    Quero ver vocк de bundinha.
    Tira a roupa, rapaz.
  • 72:36 - 72:38
    Tira roupa. Vam'bora aн.
    Tira a roupa, dondoca.
  • 72:39 - 72:40
    'Bуra, negгo!
  • 72:47 - 72:51
    Tu agora vai ficar de bundinha
    pra todo mundo ver. 'Bуra, negгo.
  • 72:51 - 72:54
    - Por favor.
    - Sai, cara! Sai, caralho!
  • 72:57 - 72:59
    Arranca a roupa, porra!
    Vam'bora, porra!
  • 73:11 - 73:12
    Qual й, Benй?
  • 73:12 - 73:14
    Troco a cвmara
    por uma cheirada.
  • 73:14 - 73:16
    Nгo 'tou mais mexendo
    com essa parada, nгo.
  • 73:16 - 73:18
    Faz esse favor pra mim.
    Tu й parceiro, nгo vai negar.
  • 73:19 - 73:21
    - Tu roubou de quem?
    - 'Tб tranquilo, й do meu pai.
  • 73:21 - 73:23
    Й do teu pai, й?
  • 73:25 - 73:27
    Aн, o Zй Pequeno 'tб na festa, manй.
    Passa pra ele.
  • 73:28 - 73:30
    Benй, o Buscapй
    ia se amarrar nessa cвmara.
  • 73:30 - 73:32
    Que Buscapй, o quк?
  • 73:34 - 73:36
    - Toma aн.
    - Valeu, valeu, mano.
  • 73:59 - 74:01
    Ф eu aqui!
  • 74:01 - 74:04
    - Parceiro, nгo quer ser fotуgrafo?
    - Quero.
  • 74:04 - 74:06
    Presente pra tu.
  • 74:06 - 74:09
    Caralho, manй! Caralho!
    Valeu, valeu, manй.
  • 74:10 - 74:13
    Vam'bora, rebolando!
  • 74:17 - 74:19
    Trкs pulinhos, Zй-ruela.
  • 74:32 - 74:34
    Vai tirar altas fotos, mano.
  • 74:36 - 74:39
    Me dб essa porra aqui, moleque!
  • 74:43 - 74:46
    Vocк 'tб ficando maluco?
    Solta essa porra!
  • 74:48 - 74:50
    Solta a mбquina!
  • 74:52 - 74:55
    - Que й isso, 'tб maluco?
    - 'Tou ficando maluco mesmo!
  • 74:57 - 74:59
    A mбquina й minha...
  • 75:05 - 75:10
    Tu que 'tб ficando maluco
    por causa dessa piranha, rapaz!
  • 75:10 - 75:12
    Й minha mulher, caralho!
  • 75:29 - 75:34
    Chama a ambulвncia, porra!
  • 75:35 - 75:37
    Zй, o Benй morreu.
  • 75:37 - 75:40
    Morreu o caralho, porra!
  • 75:45 - 75:48
    Sai daqui, sua piranha!
    A culpa й tua, porra!
  • 75:50 - 75:52
    Sai daqui!
  • 75:54 - 75:58
    Benй, meu irmгo?
    Benй...
  • 76:04 - 76:06
    Porra!
  • 76:17 - 76:20
    - Cadк o Cenoura?
    - Olha o Neguinho aqui.
  • 76:23 - 76:25
    O cara 'tб fodido.
  • 76:28 - 76:30
    'Tou na maior fria, meu irmгo.
  • 76:30 - 76:33
    - O que foi?
    - 'Tou fodido, e tu 'tб fodido tambйm.
  • 76:33 - 76:37
    Acho que eu matei o Benй. O Pequeno
    'tб vindo aн... Pra tomar sua boca.
  • 76:37 - 76:40
    A gente pode ir lб agora.
    Ele 'tб na Quadra, doidгo. E depois...
  • 76:40 - 76:43
    - Tu matou o Benй, Neguinho?
    - Sem querer, ele entrou na frente.
  • 76:43 - 76:46
    Eu ia matar o Pequeno. Olha o que ele
    fez na minha cara. Vamos na Quadra...
  • 76:46 - 76:49
    Neguinho, Neguinho...
  • 76:50 - 76:52
    Tu matou o malandro mais responsa
    da Cidade de Deus.
  • 76:52 - 76:54
    Vamos lб pegar o Pequeno na quadra.
    A gente...
  • 77:02 - 77:06
    O Cenoura sabia que, sem o Benй, sу
    um milagre podia salvar a boca dele.
  • 77:07 - 77:09
    A gente 'tб fodido, bicho.
  • 77:19 - 77:22
    Mas tem um lugar melhor
    pra acontecer milagre
  • 77:22 - 77:24
    do que numa favela
    chamada Cidade de Deus?
  • 77:28 - 77:30
    Olha quem 'tб aqui,
    meu chuchuzinho.
  • 77:30 - 77:32
    - Deixa eu passar, por favor?
    - Me dб um beijinho, amor.
  • 77:32 - 77:35
    - Me dб um beijinho.
    - Deixa eu passar! Se enxerga!
  • 77:37 - 77:42
    - Vamos lб, Zй. Vam'bora!
    - Chega lб, chega lб, vam'bora.
  • 77:58 - 78:01
    o problema do Zй Pequeno
    com o Manй Galinha era muito simples.
  • 78:01 - 78:04
    O pequeno era feio,
    o Galinha, bonitгo.
  • 78:05 - 78:07
    O Manй Galinha
    conquistava qualquer mulher,
  • 78:07 - 78:10
    o Zй Pequeno sу conseguia mulher
    pagando ou usando a forзa.
  • 78:11 - 78:16
    A parada aн era entre o bonitгo
    do Bem e o feioso do Mal.
  • 78:22 - 78:23
    Vem cб...
  • 78:27 - 78:28
    Vocк vai ser minha hoje.
  • 78:30 - 78:32
    Falei que vocк ia ser minha.
  • 78:36 - 78:39
    Й muito gostosa sua mulher,
    seu Zй-ruela.
  • 79:10 - 79:12
    Nгo tenho nem coragem
    de olhar pra ela.
  • 79:14 - 79:16
    Nгo tenho nem coragem.
  • 79:22 - 79:24
    Porque й que aquele filho da puta
    nгo me matou?
  • 79:29 - 79:32
    Calma aн. Porque й que eu nгo
    matei aquele filho da puta?
  • 79:33 - 79:35
    Aн, vam'bora, voltar.
  • 79:35 - 79:38
    - Qual й, Zй? E o Cenoura?
    - Vam'bora, voltar, meu irmгo.
  • 79:38 - 79:40
    Tu vai matar o cara, Zй?
  • 79:43 - 79:47
    Manй Galinha, seu corno filho da puta!
    Sai pra fora, rapaz!
  • 79:47 - 79:50
    - Sai pra fora, Manй Galinha, corno.
    - Fica frio, meu irmгo.
  • 79:52 - 79:55
    O caralho, eu vou sair lб.
    Me solta! Me larga!
  • 79:55 - 79:58
    - Fica frio, meu irmгo!
    - Me larga, porra!
  • 80:08 - 80:10
    O que 'tб acontecendo?
    Calma, meu filho.
  • 80:21 - 80:25
    Meu papo nгo й com vocк, moleque.
    E com teu irmгo, aquele otбrio corno.
  • 80:25 - 80:28
    Na moral, cara. Vamos conversar.
    Meu irmгo й da paz, cara.
  • 80:29 - 80:32
    Ele se acha pintoso demais pra vir
    falar comigo? Chama ele agora.
  • 80:32 - 80:34
    Ele nгo fez nada com vocк, cara.
  • 80:34 - 80:38
    'Tб ficando maluco, moleque?
    Sabe quem eu sou? Sou o Zй Pequeno.
  • 80:38 - 80:40
    Ele й o Zй Pequeno, rapaz.
  • 80:41 - 80:44
    Chama aquele filho da puta
    lб pra mim agora, porra!
  • 80:51 - 80:53
    Calma aн, cara,
    que eu vou chamar ele.
  • 81:25 - 81:29
    Aн, bandidagem, meu braзo 'tб fodido.
    O Cenoura vai ter que esperar.
  • 81:29 - 81:31
    Este otбrio aqui jб era.
  • 81:31 - 81:33
    Vam'bora, pessoal.
  • 81:59 - 82:02
    Gerson!
    Esse desgraзado matou o Gerson!
  • 82:23 - 82:24
    E aн, rapaz?
  • 82:28 - 82:30
    Tu quer o berro?
  • 82:30 - 82:33
    - Meu filho!
    - Mгe, calma... Calma, mгe.
  • 82:47 - 82:51
    - Faz essa porra direito aн, veado.
    - Tem outro jeito, nгo, Zй.
  • 82:51 - 82:53
    Como й que eu fui deixar aquele
    otбrio de merda me dar uma facada?
  • 82:53 - 82:56
    Caralho.
    Й o maior bocetгo, Zй.
  • 83:24 - 83:27
    la ser muito engraзado
    se a gente fosse irmгo. Jб pensou?
  • 83:27 - 83:30
    - cala a boca, Tuba.
    - Tu fodido num braзo, eu no outro...
  • 83:30 - 83:32
    - Tu por um irmгo, eu pelo outro.
    - Cala a boca, Tuba.
  • 83:32 - 83:36
    - Aн que seria engraзado mesmo.
    - Cala a boca, Tuba.
  • 83:36 - 83:38
    Aquele Manй Galinha
    й bom mesmo, Zй.
  • 83:38 - 83:40
    Botou doze bandido pra correr
    assim do nada, maluco.
  • 83:40 - 83:42
    Ele veio e chegou do nada!
  • 83:42 - 83:45
    Cala a boca, meu irmгo!
    Vocк й chato pra caralho, porra!
  • 83:53 - 83:57
    Parecia que de repente a Cidade
    de Deus tinha encontrado um herуi.
  • 83:57 - 83:59
    Deus abenзoe, meu filho.
  • 83:59 - 84:03
    Esse neguinho 'tava na bola
    jб muito tempo pra morrer mesmo.
  • 84:07 - 84:10
    - Jб foi tarde, jб foi tarde.
    - Legal, vocк. Matou bem.
  • 84:11 - 84:12
    Morreu, bem feito.
  • 84:15 - 84:18
    Eu achava que o Galinha ia fazer
    a revoluзгo na Cidade de Deus,
  • 84:18 - 84:21
    mas Deus tinha outros planos
    pra vida dele.
  • 84:21 - 84:24
    Filй, cadк os cara do movimento?
  • 84:25 - 84:28
    Hoje nгo tem movimento. Os caras
    'tгo entocados. O Pequeno 'tб foda.
  • 84:28 - 84:30
    Esse que й o mal.
    Os caras viciam a gente,
  • 84:30 - 84:32
    depois fica tudo entocado
    com a porra do pу.
  • 84:32 - 84:35
    Faz um favor lб pra mim, Filй.
    Apanha um pozinho mбgico lб pra mim.
  • 84:35 - 84:36
    Vou ver se os caras liberam.
  • 84:36 - 84:40
    Valeu. Avisa que й pro Tiago,
    sу pra ele ficar na adrenalina.
  • 85:00 - 85:03
    Filй com fritas, presta atenзгo:
  • 85:03 - 85:05
    vai lб na boca do Cenoura
    e diz o seguinte pra ele...
  • 85:05 - 85:08
    O Pequeno mandou dizer,
    que se tu passar o Galinha,
  • 85:08 - 85:10
    ele deixa de tomar a tua boca.
  • 85:11 - 85:13
    Aн, Galinha, tu ouviu?
  • 85:14 - 85:16
    Aн, pega esse garoto aн, segura ele!
  • 85:18 - 85:22
    Tu ouviu o moleque? Tu tem que formar
    com nуs aqui, senгo, tu 'tб fodido.
  • 85:23 - 85:24
    Galinha, tu 'tб morto.
  • 85:24 - 85:27
    'Tou te propondo sociedade. Vocк vira
    meu parceiro, meu sуcio, Galinha.
  • 85:28 - 85:31
    Esse negуcio de boca de fumo
    nгo й comigo, cara.
  • 85:31 - 85:33
    Sу 'tou nessa porque a parada
    й pessoal com ele, entendeu?
  • 85:33 - 85:36
    Aн, manй, na moral.
  • 85:36 - 85:40
    Ali ninguйm presta, nгo.
    O cara pede qualquer coisa,
  • 85:40 - 85:41
    neguinho faz pra ganhar consideraзгo.
  • 85:42 - 85:47
    Olha o moleque aн. Sу tem teleguiado,
    que nem essa porra aqui!
  • 85:48 - 85:50
    Que й que vocк tem na cabeзa,
    moleque?
  • 85:50 - 85:53
    Vocк nгo 'tб vendo que vocк
    'tб fazendo bobagem com sua vida?
  • 85:53 - 85:56
    Andando com aquele manнaco, pra cima
    e pra baixo, um montгo de cara armado.
  • 85:58 - 86:02
    Vocк 'tб maluco, rapaz?
    Vocк й uma crianзa, rapaz!
  • 86:02 - 86:06
    Que crianзa? Eu fumo, eu cheiro,
    jб matei e jб roubei.
  • 86:06 - 86:10
    - Sou sujeito homem.
    - Tu nгo sabe do que 'tб falando!
  • 86:11 - 86:14
    Esse jб 'tб formado.
    Tu tem que formar com nуs aqui.
  • 86:14 - 86:17
    - Vamos matar ele logo?
    - O Filй vai virar presunto.
  • 86:20 - 86:23
    'Tб certo. Vou fechar com vocк.
  • 86:24 - 86:29
    Vai falar pro teu macho que quem manda
    agora й o Manй Galinha e o Cenoura.
  • 86:29 - 86:31
    Mas tem uma coisa:
  • 86:31 - 86:34
    tem que ser do meu jeito. Nгo concordo
    com esse negуcio de matar inocente.
  • 86:36 - 86:39
    Eu nгo assino embaixo, nгo.
    'Tou fora, Entendeu? Eu nem comeзo.
  • 86:39 - 86:41
    Sem matar inocente.
    Sem matar inocente.
  • 86:41 - 86:44
    - Matar gente б toa, eu nгo topo.
    - Sem matar inocente, Galinha.
  • 86:45 - 86:49
    - O Filй 'tб vacilando, vacilгo?
    - Sai fora.
  • 86:52 - 86:54
    Qual й?
    Vocк 'tб brigando aн, veadinho?
  • 87:01 - 87:03
    - Vocк tem uma pistola aн, cara?
    - Eu, nгo...
  • 87:03 - 87:06
    Mas se tu quiser, a gente pode
    meter uma loja de arma aн, й moleza.
  • 87:06 - 87:09
    - Pistola й mole.
    - Molinho.
  • 87:09 - 87:13
    Nгo vou assaltar nada, nгo. Vocк
    nгo 'tб entendendo. Nгo sou bandido.
  • 87:13 - 87:16
    'Tou nessa aqui por causa desse cara.
    E pessoal a parada com ele, entendeu?
  • 87:16 - 87:18
    Nгo sou bandido, cara.
  • 87:21 - 87:24
    O cara estuprou a tua mina,
    matou teu tio,
  • 87:24 - 87:27
    matou teu irmгo,
    metralhou tua casa...
  • 87:27 - 87:29
    E tu ainda passou
    um teleguiado dele.
  • 87:31 - 87:34
    Aн, Galinha...
  • 87:34 - 87:37
    Se tu nгo й bandido, rapa fora.
  • 87:48 - 87:50
    Assalto.
  • 87:55 - 87:58
    Aн, cadк as pistola? Porra!
  • 87:58 - 88:00
    No primeiro assalto,
  • 88:02 - 88:03
    o Manй Galinha salvou a vida
    de um vendedor
  • 88:04 - 88:05
    que o Cenoura
    ia matar sу de maldade.
  • 88:05 - 88:08
    Que й isso, rapaz?
    A gente combinou.
  • 88:09 - 88:11
    Ninguйm mata ninguйm.
    Regra й regra!
  • 88:13 - 88:15
    O bicho 'tб pegando, minha gente.
    A gente quer o dinheiro do patrгo.
  • 88:15 - 88:17
    Todo mundo quietinho,
    abrindo os caixa.
  • 88:17 - 88:20
    Sai! A senhora quer que a gente vб
    embora? A gente quer ir embora tambйm.
  • 88:20 - 88:23
    Й sу o dinheiro do patrгo.
    Rapidinho! Esvaziando os caixa.
  • 88:23 - 88:25
    'Tб demorando essa moca!
  • 88:25 - 88:29
    No segundo assalto, o Cenoura
    salvou a vida de Manй Galinha.
  • 88:32 - 88:35
    O Galinha descobriu
    que toda regra tem excepзгo.
  • 88:35 - 88:37
    Excepзгo da regra.
    Vam'bora, Galinha.
  • 88:39 - 88:40
    - O senhor й o gerente?
    - Sou.
  • 88:41 - 88:45
    Isso й um assalto, cumpadre.
    Todo mundo no chгo!
  • 88:45 - 88:47
    No chгo, no chгo, caralho!
  • 88:49 - 88:51
    Passa o dinheiro, passa o dinheiro.
  • 88:54 - 88:56
    Nгo 'tou de brincadeira
    nessa porra, nгo!
  • 88:56 - 88:59
    O primeiro filho da puta
    que entrar numa, eu vou matar!
  • 88:59 - 89:01
    No terceiro assalto,
    a excepзгo virou regra.
  • 89:17 - 89:19
    Com o dinheiro dos assaltos,
  • 89:19 - 89:22
    o Cenoura e o Galinha podiam se
    preparar pra enfrentar o Pequeno.
  • 89:22 - 89:24
    O Cenoura queria proteger a boca.
  • 89:25 - 89:29
    O Galinha tinha sido o primeiro
    atirador do batalhгo do Exйrcito.
  • 89:29 - 89:30
    e queria vinganзa.
  • 89:30 - 89:32
    Ok, meus queridos.
    Vamos comecar com os italianos.
  • 89:32 - 89:35
    - Esse aqui й o 9 milнmetros, 'tб?
    - Deixa eu ver uma dessas aн.
  • 89:35 - 89:38
    - Esse aн й italiano. Gostou, nй?
    - Essas duas tкm a mira desalinhada.
  • 89:38 - 89:40
    Depois eu te faзo um descontinho.
  • 89:42 - 89:44
    Essa й a 12 mm, й a punheteira.
  • 89:44 - 89:49
    9 milнmetro, й a Uzzi.
    Fabricacгo israelita.
  • 89:49 - 89:52
    - Essa aqui й a Estrela de David.
    - Isso й coisa de judeu.
  • 89:52 - 89:54
    Eu quero uma 30-06. Vocк tem?
  • 89:54 - 89:56
    Agora, sim, nуs 'tamos
    comecando a brincar.
  • 89:57 - 90:00
    A gente 'tб numa guerra agora. Vamos
    se reunir aqui pra fazer uma oraзгo.
  • 90:01 - 90:05
    Pai-nosso que estais no cйu,
    Santificado seja o nosso nome.
  • 90:05 - 90:09
    Venha a nуs o vosso reino,
    Seja feita a nossa vontade,
  • 90:09 - 90:14
    Assim na terra como no cйu.
    O pгo-nosso de cada dia nos dб hoje.
  • 90:14 - 90:16
    Perdoai as nossas ofensas,
  • 90:16 - 90:19
    Assim como nуs perdoamos
    A quem nos tem ofendido.
  • 90:19 - 90:23
    Nгo nos deixeis cair em tentaзгo,
    Mas livrai-nos do Mal. Amen.
  • 90:24 - 90:26
    Bandido tem arma,
    mas nгo sabe atirar.
  • 90:27 - 90:30
    Cada disparo do Galinha valia
    por dez tiros da quadrilha do Pequeno.
  • 90:31 - 90:34
    E isso o feioso nгo podia aguentar.
    Ele partiu pro contra-ataque.
  • 90:37 - 90:41
    A vida na favela era o purgatуrio.
    Virou inferno.
  • 90:45 - 90:47
    Eu decidi que tinha que cair fora.
  • 90:47 - 90:50
    E foi assim que eu comecei
    a minha carreira de jornalista.
  • 90:51 - 90:55
    Puta, que foto boa, cara. Olha sу.
    Sу pode ser do Rogйrio Reis.
  • 90:57 - 90:59
    Eu nгo falei que era do Rogйrio,
    cumpadre?
  • 91:00 - 91:03
    Й claro, que, como todo bom
    profissional, eu comecei de baixo.
  • 91:04 - 91:05
    Bem de baixo.
  • 91:06 - 91:08
    E sem ter a menor ideia
    do que й que eu 'tava comeзando.
  • 91:08 - 91:10
    Vamos lб, vamos lб.
  • 91:11 - 91:13
    Em vez de voltar pra casa,
    eu voltava pro jornal.
  • 91:13 - 91:17
    Um camarada da Cidade de Deus
    trabalhava no laboratуrio.
  • 91:17 - 91:20
    'Tou separando uns negativos aqui.
    Dб uma olhada nessas fotos aн.
  • 91:20 - 91:23
    Por causa dele, acabei ficando mais
    perto do que mais gostava na vida.
  • 91:24 - 91:26
    - Oi, Rogйrio.
    - E aн, Pierre, tudo bem?
  • 91:26 - 91:28
    Esse aqui й o Buscapй.
    Meu amigo, fotуgrafo tambйm.
  • 91:28 - 91:31
    - E aн, Buscapй? Tranquilo?
    - Esse cara aqui й teu fг.
  • 91:31 - 91:34
    Meu fг?
    Vocк tem bom gosto, Buscapй.
  • 91:34 - 91:36
    Terminei lб, viu?
    Jб 'tou indo, gente.
  • 91:37 - 91:39
    Esse cara aн й legal pra caramba.
  • 91:40 - 91:43
    O que era pra ser uma vinganзa
    rбpida e localizada
  • 91:43 - 91:45
    se transformou numa guerra.
  • 91:51 - 91:53
    A Cidade de Deus ficou dividida.
  • 91:53 - 91:56
    Quem morava na бrea dum dos bandos
    nгo podia passar pra бrea do outro.
  • 91:57 - 91:59
    Nem pra visitar parente.
  • 91:59 - 92:03
    Pra polнcia, morador de favela
    virou sinуnimo de bandido.
  • 92:03 - 92:06
    E a gente se acostumou
    a viver no Vietname.
  • 92:10 - 92:12
    Quanto mais gente morria,
  • 92:12 - 92:15
    mais aparecia maluco querendo
    entrar pra um lado ou pro outro.
  • 92:15 - 92:17
    - Olha o moleque aн.
    - Que й que vocк quer, moleque?
  • 92:17 - 92:19
    O moleque do Cenoura
    me deu um tapa na cara.
  • 92:19 - 92:21
    A guerra virou desculpa pra tudo.
  • 92:22 - 92:23
    O soldado do Pequeno
    me deu um chuto no cu.
  • 92:24 - 92:27
    Vai lб. Um 22 aн pra tu.
  • 92:29 - 92:31
    O filha da puta que "estrupou"
    minha irmг 'tб na boca do Cenoura.
  • 92:31 - 92:34
    - O Zй Pequeno expulsou minha famнlia.
    - 'Tou hб trкs anos desempregado.
  • 92:34 - 92:35
    Quero matar, roubar
    e ser respeitado.
  • 92:36 - 92:38
    O cara do Zй Pequeno
    'tб mexendo com a minha irmг.
  • 92:42 - 92:44
    Sabe atirar?
  • 92:46 - 92:49
    - Como й seu nome mesmo?
    - Eu sou o Tiago. Amigo do Benй.
  • 92:49 - 92:51
    - Sabe ler?
    - Sei.
  • 92:51 - 92:53
    - Sabe fazer conta?
    - Sei tambйm.
  • 92:53 - 92:56
    Acho que eu sei mexer melhor
    com as negociaзхes da firma.
  • 92:56 - 92:58
    Entгo, vamos trabalhar.
  • 92:58 - 93:01
    - Que й que tu quer?
    - Me vingar do assassino do meu pai.
  • 93:02 - 93:04
    - Como й que й teu nome?
    - Eu me chamo Otto.
  • 93:10 - 93:13
    - Qual й, manй?
    - Esse aн й trabalhador, rapaz.
  • 93:13 - 93:15
    Qual й, Galinha?
  • 93:15 - 93:18
    - O cara quer. Tu nгo quer?
    - Esse aн nгo vai durar sete dias.
  • 93:29 - 93:33
    Apуs um ano, ninguйm mais se lembrava
    de como й que tudo tinha comeзado.
  • 93:38 - 93:41
    O objectivo dos dois lados
    passou a ser o mesmo...
  • 93:41 - 93:44
    Tomar as bocas do inimigo,
    para ter mais dinheiro
  • 93:44 - 93:47
    pra comprar mais armas, pra tomar
    todas as bocas do inimigo.
  • 94:10 - 94:13
    Jб matei e jб roubei.
    Eu sou sujeito homem.
  • 94:35 - 94:37
    A guerra chegou na imprensa.
  • 94:37 - 94:39
    A polнcia teve que tomar
    uma atitude.
  • 94:53 - 94:56
    Foi preso o chefe de uma das
    quadrilhas que estгo brigando
  • 94:56 - 94:59
    na Cidade de Deus.
    Manuel machado, o Manй Galinha,
  • 94:59 - 95:02
    estava num hospital desde que foi
    baleado pela turma do Zй Pequeno.
  • 95:02 - 95:05
    Ele falou ao repуrter Lama Ferreira.
  • 95:05 - 95:08
    - A guerra continua?
    - E, continua.
  • 95:09 - 95:13
    - Muita gente jб morreu?
    -Muita gente jб morreu, nй?
  • 95:14 - 95:16
    Mas й sу gente inocente.
  • 95:16 - 95:20
    Ele tem atacado os meus amigos.
    Digamos que...
  • 95:21 - 95:24
    Conhecido meu, ele 'tб matando.
  • 95:24 - 95:27
    - A polнcia nгo vai lб?
    - A polнcia vai lб, mas nгo pega eles.
  • 95:28 - 95:30
    A polнcia estб atrбs de mim, directo.
  • 95:30 - 95:33
    Eu jб fui em cana uma vez, e ele
    continua matando adoidado lб.
  • 95:34 - 95:36
    E a polнcia,
    nada de botar a mгo nele.
  • 95:36 - 95:38
    Manй Galinha diz que a briga
    vai continuar.
  • 95:38 - 95:40
    O delegado Josй Guedes acha que nгo.
  • 95:41 - 95:43
    Ele promete prender as duas quadrilhas
    da Cidade de Deus.
  • 95:52 - 95:54
    Filho da puta!
  • 95:54 - 95:57
    Eu que mando nessa porra, a foto
    do arrombado й que sai no jornal.
  • 95:57 - 96:01
    - Acharam minha foto aн?
    - Atй agora, nгo. Sу do Manй Galinha.
  • 96:01 - 96:03
    Entгo, continuem procurando.
  • 96:03 - 96:05
    Se tem a foto do Galinha, pelo menos
    o meu nome tem que 'tar nessa porra.
  • 96:06 - 96:07
    - Isso aqui nгo tem nada, nгo, Zй.
    - Sabe ler, Salgueirinho?
  • 96:08 - 96:10
    Sу sei ler as figuras.
  • 96:11 - 96:13
    Tem nada aн. Foda-se.
  • 96:13 - 96:16
    'Tб ficando maluco, rapaz?
    Que й que tu 'tб fazendo, meu irmгo?
  • 96:16 - 96:19
    - Mas sу tem classificado aн.
    - Num interessa, rapaz.
  • 96:19 - 96:21
    Й pra ler tudo, porra!
  • 96:21 - 96:24
    - Mas nгo tem notнcia.
    - Quer um tiro na cabeзa, branquelo?
  • 96:27 - 96:30
    'Tб na hora de mostrar
    quem й que manda nessa porra.
  • 96:35 - 96:37
    - Solta a mбquina!
    - Solto, nгo, rapaz!
  • 96:41 - 96:46
    - Tira uma foto minha aн, branquelo.
    - Valeu. Nгo consigo nem tirar a capa.
  • 96:47 - 96:49
    Vai lб, branquelo.
  • 96:49 - 96:53
    - E aн? Vou pegar essa Beretta aqui.
    - Sai, espera aн, espera aн.
  • 96:54 - 96:56
    Precisa encostar em mim, cara?
  • 96:56 - 96:58
    Nгo 'tб fazendo clique,
    nгo, rapaz.
  • 96:58 - 97:03
    Porra, vocкs sгo uns fim de comйdia
    mesmo. 'Tou fodido, meu irmгo, porra.
  • 97:04 - 97:08
    Segura aн, cara.
    Jб vou resolver o problema.
  • 97:10 - 97:13
    Vou chamar um cara ali, Zй.
    Fica tranquilo.
  • 97:14 - 97:17
    - Aн, Zй. 'Tб aн o cara.
    - Aн, segura essa mбquina aн.
  • 97:18 - 97:20
    Aн, moleque. Entгo?
  • 97:22 - 97:23
    Tu nгo й fotуgrafo, Buscapй?
  • 97:24 - 97:27
    Faz isso aн funcionar, que
    a gente nгo conseguiu fazer, nгo.
  • 97:35 - 97:37
    Vocкs quebraram a porra da mбquina.
  • 97:38 - 97:41
    Espera aн, espera aн.
    Acho que o problema й aqui.
  • 97:49 - 97:51
    - Como й que й o seu nome?
    - Buscapй.
  • 97:51 - 97:54
    Buscapй? Tira mais foto aн, Buscapй.
  • 97:55 - 97:57
    - Agora vamos fazer um corredor ali?
    - Que corredor?
  • 97:57 - 97:59
    Todo mundo aqui assim, com a arma.
  • 98:02 - 98:04
    Tu vai ficar fora, manй.
    Chega pra lб.
  • 98:04 - 98:07
    Ficou maluco, rapaz?
    Fala direito com o cara.
  • 98:07 - 98:09
    Desculpa, desculpa.
    Chega ali, vocкs.
  • 98:10 - 98:12
    Aн. Mais uma, mais uma.
  • 98:16 - 98:19
    - Acho que agora acabou o filme.
    - Vamos ver as foto entгo, Buscapй.
  • 98:19 - 98:22
    - Tem que botar pra revelar.
    - Tem que botar pra revelar?
  • 98:23 - 98:25
    Quanto й que й?
  • 98:25 - 98:28
    Entгo leva esse dinheiro aqui.
    Traz as fotos pra gente ver, Buscapй.
  • 98:29 - 98:31
    Espera aн.
    Vou ter que tirar o filme.
  • 98:31 - 98:34
    Pode ficar com mбquina pra vocк.
    E sua.
  • 98:35 - 98:37
    Pode ficar com a mбquina.
    O Benй nгo queria te dar?
  • 98:37 - 98:39
    Entгo? A mбquina й sua. Vai lб.
  • 98:39 - 98:41
    Obrigado.
  • 98:43 - 98:46
    - Sу nгo esquece das fotos.
    - Tem a foto, Buscapй.
  • 98:57 - 98:59
    - Pierre?
    - Fala.
  • 99:00 - 99:03
    Tem como tu revelar
    e ampliar aн pra mim?
  • 99:04 - 99:06
    Nгo dб, nгo, Busca. Senгo vai
    pegar pra mim. Vai dar problema.
  • 99:06 - 99:08
    Segura aн.
    Aqui й sу coisa do jornal mesmo, cara.
  • 99:09 - 99:11
    Depois eu vou revelar pra vocк,
    vai pegar pra mim.
  • 99:11 - 99:14
    Revela isso aqui pra mim.
  • 99:14 - 99:16
    Aproveita aн e jб usa
    um tanque de quatro. Falou?
  • 99:17 - 99:19
    Vou almoзar e jб volto aн,
    rapidinho.
  • 99:20 - 99:22
    Deu sorte.
  • 99:22 - 99:24
    - Que tamanho tu quer a ampliaзгo?
    - O quк?
  • 99:24 - 99:26
    Que tamanho tu vai querer
    a ampliaзгo, cara?
  • 99:28 - 99:31
    Й... Pode ser lб do jeito
    que vocк vк que 'tб melhor.
  • 99:54 - 99:55
    Embora, porra!
  • 99:56 - 99:57
    Fodeu, manй.
  • 100:00 - 100:02
    'Tou morto.
  • 100:13 - 100:15
    Alguйm tinha me condenado б morte.
  • 100:15 - 100:18
    Eu queria pelo menos
    quebrar a cara do infeliz.
  • 100:24 - 100:26
    Vem cб, olha sу.
    Vocк que й a Marina, й?
  • 100:27 - 100:30
    Por sua causa, eu vou morrer,
    porque vocк roubou as minhas fotos.
  • 100:30 - 100:32
    - Como "roubou"?
    - E botou na primeira pбgina!
  • 100:32 - 100:35
    - Fala baixo.
    - Vocк roubou as minhas fotos.
  • 100:35 - 100:37
    Fala baixo, nгo.
    Eu vou morrer por sua causa.
  • 100:37 - 100:40
    Vocк sumiu, desapareceu.
    Suas fotos estavam no laboratуrio.
  • 100:40 - 100:43
    Eu nгo posso fazer nada.
    As fotos que estгo no laboratуrio,
  • 100:43 - 100:46
    sгo fotos que vгo
    ser publicadas no jornal.
  • 100:46 - 100:48
    Eu olhei e vi as fotos,
    eu peguei e publiquei.
  • 100:48 - 100:51
    - Vocк roubou.
    - Roubei nada, 'tгo aqui tuas fotos.
  • 100:52 - 100:54
    Me dб as minhas fotos.
    Olha sу que vocк fez.
  • 100:54 - 100:56
    Sу um minuto, por favor.
  • 100:56 - 100:59
    - Toma suas fotos.
    - Me dб minhas fotos.
  • 100:59 - 101:02
    - Nгo tem mais nenhuma aн, nгo?
    - Espera aн, calma. Calma.
  • 101:02 - 101:05
    - Como й seu nome?
    - Meu nome й Buscapй.
  • 101:05 - 101:08
    Buscapй? Prazer.
    Eu sou Marina.
  • 101:09 - 101:11
    Buscapй, relaxa.
  • 101:11 - 101:15
    'Tou com um dinheiro pra te dar aqui,
    que й por essas fotos que vocк tirou.
  • 101:15 - 101:20
    Assim que funciona. A gente pega uma
    foto, mas a gente paga ao fotуgrafo.
  • 101:20 - 101:22
    - Jб pensou em ser fotуgrafo, Buscapй?
    - Jб.
  • 101:23 - 101:25
    Bela estreia, cara. Foto na capa.
  • 101:25 - 101:28
    - Como vocк conseguiu essas fotos?
    - Eu moro lб.
  • 101:28 - 101:32
    Nenhum fotуgrafo de nenhum jornal
    conseguiu entrar lб, Buscapй.
  • 101:34 - 101:39
    Se vocк pudesse trazer mais fotos
    desse Zй Pequeno,
  • 101:39 - 101:43
    aн, com certeza, interessa ao jornal.
    Se vocк trouxer fotos, a gente compra.
  • 101:44 - 101:48
    - Vocк consegue, Buscapй?
    - Consigo, nгo sei. Nгo sei.
  • 101:48 - 101:50
    Qual й o problema, Buscapй?
  • 101:50 - 101:53
    Qual й o problema? Eu vou morrer lб,
    nгo dб mais pra entrar lб б noite.
  • 101:53 - 101:56
    - Porquк? E de dia?
    - De dia й arriscado.
  • 101:58 - 102:00
    Aqui, branquelo.
    Dб uma olhada aqui, branquelo.
  • 102:00 - 102:03
    Atй que enfim os caras se tocaram
    que eu sou indigesto, meu irmгo.
  • 102:03 - 102:05
    Olha sу, malandro.
  • 102:05 - 102:07
    Como que й o nome do seu amigo
    que tirou as fotos?
  • 102:07 - 102:10
    - Й o Buscapй, rapaz.
    - Buscapй? O moleque й bom.
  • 102:10 - 102:12
    Vou levar mais
    pra rapaziada ver, manй.
  • 102:15 - 102:17
    E aн, Buscapй, topa?
    Quer ou nгo quer?
  • 102:19 - 102:22
    - Aн, Buscapй.
    - E uma oportunidade ъnica, nй?
  • 102:25 - 102:27
    Pode ser.
  • 102:27 - 102:30
    Garoto, vocк 'tб fazendo
    a escolha certa. Parabйns.
  • 102:30 - 102:33
    Vou te arrumar filme, lente. E se vocк
    quiser levar uma outra cвmara, tambйm.
  • 102:33 - 102:35
    Vocк jб sabe onde que й a sala
    do equipamento lб do jornal?
  • 102:35 - 102:37
    Chega aн que eu te mostro lб.
  • 102:38 - 102:42
    - Espera aн, tem um problema ainda.
    - Qual? Qual й o problema?
  • 102:42 - 102:46
    Onde й que eu vou dormir hoje б noite?
    Nгo dб pra mim entrar lб.
  • 102:50 - 102:52
    Isso aqui й tele-135.
  • 102:53 - 102:55
    - Vocк vai fazer de perto ou de longe?
    - De longe.
  • 102:55 - 102:58
    - De longe? Sabe fotometrar?
    - Sei.
  • 103:00 - 103:03
    O foco, nй?
    'Tб muito perto, nгo 'tб, nгo?
  • 103:05 - 103:08
    Eu nгo sei o que deu em mim pra entrar
    no jornal falando daquele jeito.
  • 103:09 - 103:11
    Eu podia atй morrer no dia seguinte,
  • 103:11 - 103:14
    mas, numa tacada sу,
    eu descolei uma cвmara
  • 103:15 - 103:17
    e uma chance de virar fotуgrafo.
  • 103:18 - 103:20
    Cuidado aн com a merda do cachorro.
  • 103:20 - 103:24
    Sem falar que a noite
    ainda era uma crianca.
  • 103:24 - 103:27
    - Quer comer alguma coisa? Tem fome?
    - Nгo, senhora.
  • 103:27 - 103:30
    Nгo quer comer nada?
    Nгo vai beber nada?
  • 103:31 - 103:33
    Quer fumar? Baseado?
  • 103:34 - 103:36
    Deixa eu ver
    como й que 'tб isso aн.
  • 103:54 - 103:55
    Ai, vamos dormir, vai.
  • 103:57 - 104:00
    Vem cб, vou te mostrar tua cama.
  • 104:01 - 104:04
    - Aбgua й quente, nй?
    - E, a бgua й quente.
  • 104:04 - 104:07
    - Jб tomou banho de chuveiro quente?
    - Nгo.
  • 104:07 - 104:10
    - Como й que vocк faz?
    - Pega a бgua,
  • 104:10 - 104:12
    bota na chaleira
    e esquenta no fogo.
  • 104:12 - 104:16
    - Vocк vai ficar aн parado?
    - Onde й o quarto que eu vou dormir?
  • 104:16 - 104:20
    Infelizmente, essa casa
    sу tem um quarto, Buscapй.
  • 104:21 - 104:22
    Vai ter que dormir
    aqui comigo mesmo.
  • 104:22 - 104:26
    Nгo vou entrar nos detalhes da minha
    primeira experiкncia sexual, nгo.
  • 104:29 - 104:33
    Porque, do outro lado da cidade,
    'tava rolando uma outra cena de sexo
  • 104:33 - 104:36
    muito mais importante
    pra histуria da favela.
  • 104:37 - 104:41
    o Cenoura tirou o Manй Galinha do
    hospital sem precisar dar nenhum tiro.
  • 104:44 - 104:47
    A enfermeira disse que podia dar um
    jeito de tirar o policial do plantгo.
  • 104:48 - 104:51
    E deu mesmo. Enquanto isso,
  • 104:51 - 104:54
    o Pequeno resolveu investir no arsenal
    pra acabar de vez com o Cenoura.
  • 104:55 - 104:57
    E investiu pesado.
    Mesmo sem dinheiro pra pagar.
  • 104:59 - 105:02
    - Tu lembra daquele cano duplo?
    - Esse aн eu jб tenho, Tio Sam.
  • 105:02 - 105:06
    Esse aqui й repetitivo?
    Esse aqui tu nгo tem. A Browning 30.
  • 105:07 - 105:10
    - Derruba atй aviгo.
    - Nгo quero derrubar aviгo, meu irmгo.
  • 105:10 - 105:13
    Vocк trouxe o que eu pedi?
    Eu te pedi AR-15, Tio Sam.
  • 105:14 - 105:17
    Sabe o que й, Pequeno?
    Essa arma nem existe no Brasil, rapaz.
  • 105:17 - 105:19
    Nгo existe й o caralho, Tio Sam.
  • 105:22 - 105:25
    Resolvi teu problema.
    Sabe qual й essa aqui? A Rueger.
  • 105:26 - 105:30
    Essa й irmгo do AR-15, mesmo calibre,
    sу que й mais leve, mais portбtil...
  • 105:30 - 105:33
    Tem visгo nocturna?
    Solta 400 tiro por minuto?
  • 105:33 - 105:35
    Isso й relativo, Pequeno...
  • 105:35 - 105:38
    Relativo й o caralho, Tio Sam.
    Tu 'tб a fim de me foder, Tio Sam?
  • 105:39 - 105:41
    Eu te fodo primeiro, rapaz.
  • 105:41 - 105:44
    Tu vai embora, nгo vai receber
    o dinheiro e as armas vгo ficar aqui.
  • 105:45 - 105:47
    Vou voltar de mгos vazias pro cara?
  • 105:47 - 105:50
    "Poblema" й seu, Tio Sam.
    Dб-se um jeito, meu irmгo.
  • 105:50 - 105:52
    Nгo ouviu, nгo, mais cheio?
    Sai logo.
  • 105:52 - 105:55
    Vam'bora, gorducho.
    Vб lб, seu gordo otбrio.
  • 105:56 - 105:57
    O Zй Pequeno deu um vacilo.
  • 105:58 - 106:01
    Ele devia saber que, por trбs de um
    matuto, tem sempre um fornecedor.
  • 106:02 - 106:04
    E esses caras nunca entram
    numa parada pra perder.
  • 106:05 - 106:07
    Meu irmгo, tu viu isso aqui?
  • 106:08 - 106:10
    Pra que й que ele precisa de AR-15?
  • 106:11 - 106:12
    Com a imprensa,
    a polнcia vai investigar.
  • 106:13 - 106:14
    Se eles forem atrбs dos bandido,
    eles te pegam.
  • 106:14 - 106:16
    Se eles te pegam,
    eles me pegam tambйm, cara.
  • 106:16 - 106:19
    Espera aн, Cabeзгo. Espera aн, bicho.
    Tu acha que eu vou te entregar?
  • 106:23 - 106:26
    Meu irmгo, seguinte: vai tranquilo,
    deixa que eu dou meu jeito aqui,
  • 106:26 - 106:28
    mas, porra, nгo vacila de novo, cara.
  • 106:35 - 106:40
    Charles! Chega aн.
    Seguinte, meu irmгo.
  • 106:41 - 106:43
    Tu diz pra ele o seguinte...
  • 106:45 - 106:47
    Vam'bora. Vamos cobrar minha dнvida
    daquele traficantezinho de merda.
  • 106:59 - 107:02
    E aн, molecada? Chega mais.
  • 107:04 - 107:07
    - Vocкs nгo gostam de comer galinha?
    - Depende.
  • 107:07 - 107:11
    Entгo, vamos comer galinha no almoзo
    e, mais tarde, vamos jantar o Cenoura.
  • 107:11 - 107:13
    Tenho um presentinho aн
    pra dar pra vocкs.
  • 107:13 - 107:17
    Aguarda aн. Aн, segura aн.
  • 107:19 - 107:21
    Pra vocк, um grandгo.
  • 107:22 - 107:23
    Tu vai mesmo jogar o ferro
    nas nossas mгos?
  • 107:24 - 107:25
    O ferro vai ficar na mгo de vocкs,
  • 107:25 - 107:28
    mas quero vocкs comigo mais tarde,
    dando tiro em cima do Cenoura.
  • 107:28 - 107:30
    E depois? A gente vai poder
    assaltar onde quiser?
  • 107:30 - 107:33
    Nгo. Dentro da favela, nгo pode.
  • 107:33 - 107:35
    - Sabe atirar, moleque?
    - Mais ou menos.
  • 107:35 - 107:39
    Mais ou menos? Aн, Guinфmo,
    Aзogueirinho, auxilia os moleques aн.
  • 107:43 - 107:45
    Eu sei, cara.
    Aн a gente faz assim...
  • 108:01 - 108:03
    Pega a galinha, segura a galinha aн!
  • 108:15 - 108:18
    Vam'bora, cara. Se o Pequeno te pegar,
    ele vai querer te matar.
  • 108:20 - 108:22
    Pra ele me matar, ele vai ter
    que me achar primeiro.
  • 108:30 - 108:32
    Aн, moleque!
    Segura a galinha aн pra mim.
  • 108:32 - 108:34
    Pega a galinha aн, seu porra!
  • 108:36 - 108:39
    - A polнcia, caralho!
    - Nгo corre, nгo, porra!
  • 108:40 - 108:41
    Me dб isso aqui.
  • 108:52 - 108:57
    Aн, Cabeзгo, seu veado! Sai fora
    com suas dondocas, seu filho da puta!
  • 108:58 - 109:00
    - Gato mole!
    - Vai, cu de nega!
  • 109:02 - 109:05
    Vam'bora, deixa que esses
    filhos da puta mesmo se matar.
  • 109:05 - 109:07
    Deixa eles se foderem, rapaz.
  • 109:16 - 109:18
    Aн, Buscapй!
    Tira uma foto nossa aн.
  • 109:19 - 109:22
    Vam'bora, Buscapй.
    'Tб esperando o quк, moleque?
  • 110:31 - 110:33
    Vam'bora, porra!
    Sai, vam'bora, meu irmгo.
  • 110:36 - 110:39
    Dб tiro nesses veados, manй.
    Explode eles, porra!
  • 111:13 - 111:14
    Galinha, Galinha!
  • 111:14 - 111:18
    - Nгo mexe, porra! Nгo mexe. Caralho.
    - 'Tб doendo, cara.
  • 111:18 - 111:20
    Calma, calma, moleque.
  • 111:22 - 111:24
    Porra, por que tu foi se meter
    nessa porra dessa guerra?
  • 111:25 - 111:27
    Aн, manй, manй!
    O Pequeno se fodeu. Vem, vem!
  • 111:29 - 111:32
    Segura essa porra aн!
    Segura a tua peteca!
  • 111:40 - 111:43
    - Como й que й teu nome?
    - Eu me chamo Otto.
  • 111:46 - 111:48
    Eu me chamo Otto.
  • 111:51 - 111:54
    Quero me vingar do assassino
    que matou meu pai.
  • 111:56 - 111:59
    Eu me chamo Otto...
  • 112:18 - 112:20
    Aн, manй, manй!
    O Pequeno se fodeu, vem! Vem!
  • 112:22 - 112:24
    Segura a tua peteca aн. Segura!
  • 113:03 - 113:06
    Filhos da puta! Filhos da puta!
  • 113:08 - 113:10
    Mгos na cabeca.
  • 113:16 - 113:17
    Vam'bora!
  • 113:17 - 113:22
    - Era vocк mesmo que eu queria.
    - Tu jб era, meu irmгo.
  • 113:42 - 113:46
    - Espera aн, Buscapй. Onde vocк vai?
    - Calma aн, vou resolver essa parada.
  • 114:16 - 114:18
    Acabou o namoro.
  • 114:18 - 114:20
    Vam'bora, Pequeno,
    vamos acertar nossas contas.
  • 114:21 - 114:24
    Vocк, nгo, meu irmгo,
    vocк й presente pra imprensa.
  • 115:01 - 115:05
    - Aн, tem dez mil aqui, meu irmгo?
    - Quase tudo. Nгo tenho mais nada.
  • 115:06 - 115:09
    - Sу tinha isso aqui, chefia.
    - Vimos tudo e sу achamos isso aн.
  • 115:09 - 115:11
    Solta ele aн.
  • 115:14 - 115:15
    Libera ele aн.
  • 115:16 - 115:18
    Que й isso, meu irmгo? Que anel
    й esse aн? Isso й ouro, cara?
  • 115:19 - 115:24
    Aн, enche de novo, pra gente, valeu?
    Fica devendo o resto. Vam'bora.
  • 115:28 - 115:31
    Guerra filha da puta! Porra!
  • 115:32 - 115:35
    O Manй Galinha 'tб morto
    e eu 'tou pobre!
  • 115:35 - 115:37
    Aн, Pequeno. Tu 'tб fodido.
  • 115:37 - 115:41
    Aн, molecada, vocкs tкm que sair
    pra fazer uns assalto aн...
  • 115:41 - 115:43
    Pra poder levantar a minha boca,
    morou?
  • 115:43 - 115:45
    - Quem disse que a boca й tua, Zй?
    - 'Tб maluco, moleque?
  • 115:45 - 115:50
    Isso й pelo nosso amigo,
    filho da puta! Ataque Soviйtico nele!
  • 115:57 - 115:59
    A boca й nossa!
  • 116:51 - 116:55
    Se eu entregar sу essa foto
    do bandido, eu consigo trabalho.
  • 116:58 - 117:01
    Com essa aн, eu fico famoso.
    Vai sair atй em capa de revista.
  • 117:04 - 117:07
    O Pequeno nunca mais
    vai me encher o saco.
  • 117:10 - 117:12
    Mas e a polнcia?
  • 117:26 - 117:28
    Porra, mas cadк o resto, Buscapй?
  • 117:28 - 117:30
    A gente quase morreu
    por causa dessa foto aqui sу?
  • 117:31 - 117:32
    Pior que й, nй?
  • 117:32 - 117:35
    Pelo menos agora tu arrumou
    um emprego, nй?
  • 117:35 - 117:37
    Emprego, nгo, estбgio, porra.
  • 117:37 - 117:41
    - Mas tu tб ganhando um dinheirinho?
    - Um dinheirinho. E merrйca, porra...
  • 117:42 - 117:44
    E a jornalista?
    Tu comeu? E gostosa?
  • 117:44 - 117:47
    - Mais ou menos.
    - Vai dizer que nгo gostou agora?
  • 117:47 - 117:50
    - Jornalista nгo sabe trepar, nгo.
    - Pior que й, cara.
  • 117:50 - 117:53
    O cacau meteu trкs caxanga
    lб na barra.
  • 117:53 - 117:57
    - Ah, tem que passar ele, mano.
    - Quero saber quem passou o Rogйrio.
  • 117:57 - 117:59
    - Foi o Boi.
    - Tem que passar esse filho da puta.
  • 117:59 - 118:01
    Tem que passar o Cabo tambйm,
    e o Botucatu.
  • 118:01 - 118:04
    - E o Acerola?
    - Vai nуs dois e mais trкs moleque...
  • 118:05 - 118:06
    - Falou?
    - Aн, fechado.
  • 118:07 - 118:10
    Tu jб ouviu falar de um tal de Falange
    Vermelha que 'tб chegando aн?
  • 118:10 - 118:12
    Nгo, mas, se ele vier,
    a gente passa ele.
  • 118:13 - 118:16
    - Quem sabe escrever?
    - Eu, mais ou menos.
  • 118:16 - 118:18
    Tu nгo sabe, nгo.
  • 118:18 - 118:20
    Entгo, faz uma lista negra aн.
    Vamos passar todo mundo.
  • 118:21 - 118:23
    Bota aquele filho da puta
    daquele Madrugadгo.
  • 118:23 - 118:26
    - Bota o Biriba.
    - Bota o Leonardo. Ele 'tб me devendo.
  • 118:26 - 118:28
    Vamos botar o China,
    que o China й o maior folgado.
  • 118:28 - 118:30
    Bota o Clбudio, maluco.
  • 118:30 - 118:32
    - E o Gigante? Chama o Gigante.
    - 'Bуra, Gigante!
  • 118:32 - 118:34
    Aqui, mano!
  • 118:47 - 118:51
    Aн, esqueci de dizer.
    Ninguйm mais me chama de Buscapй.
  • 118:51 - 118:55
    Agora eu sou Wilson Rodrigues,
    fotуgrafo.
  • 119:16 - 119:17
    Manuel machado,
    o Manй Galinha,
  • 119:17 - 119:20
    estava no hospital desde que foi
    baleado pela turma do Zй Pequeno.
  • 119:21 - 119:23
    Ele recebeu alta hoje
    e falou ao repуrter Luнs Alberto.
  • 119:24 - 119:27
    Muita gente morreu,
    mas gente inocente.
  • 119:27 - 119:31
    Sempre ele acha de pegar
    assim, os meus amigos.
  • 119:32 - 119:34
    Digamos que, conhecido meu,
  • 119:35 - 119:38
    quem ele acha que й conhecido meu,
    ele 'tб matando.
  • 119:38 - 119:42
    - A polнcia nгo vai lб?
    - A polнcia vai lб, mas...
  • 119:43 - 119:46
    A polнcia estб atrбs de mim, sempre.
  • 119:46 - 119:49
    Eu jб fui preso trкs vezes,
  • 119:49 - 119:52
    enquanto o cara matava de montгo.
  • 119:52 - 119:56
    Ainda mata, e a polнcia,
    nada de botar a mгo nele.
  • 119:56 - 119:59
    Manй Galinha diz que a briga
    vai continuar.
  • 119:59 - 120:01
    O delegado Josй Guedes
    acha que nгo.
  • 120:01 - 120:04
    Ele promete prender
    as duas quadrilhas da Cidade de Deus.
Title:
Cidade De Deus Filme Completo
Description:

Curti afu esse filme, porém depois que fechou o megaupload e o megavideo, ficou dificil de rever, ai quando achei o link pensei que estava na hora de compartilhar com vocês, me sigam no twitter twitter.com/robsonkubiach

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Video Language:
Portuguese, Brazilian
Duration:
02:04:08

Portuguese subtitles

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