< Return to Video

Live Our Life Whole: The Surface and the Depth of Our Being | Thich Nhat Hanh (EN subtitles)

  • 0:02 - 0:04
    Hoje é...
  • 0:04 - 0:09
    Hoje é 4 de fevereiro de 1993.
  • 0:09 - 0:11
    Estamos no Upper Hamlet,
  • 0:11 - 0:17
    e continuamos a aprender os 50 Versos
    sobre a Natureza da Consciência.
  • 0:19 - 0:27
    Na palestra do Dharma desta manhã,
    falámos brevemente sobre os medos.
  • 0:27 - 0:31
    Porque todos nós temos medos dentro de nós.
  • 0:31 - 0:38
    E esses medos controlam furtivamente
    os nossos comportamentos, os nossos pensamentos
  • 0:38 - 0:40
    e...
  • 0:41 - 0:46
    a nossa linguagem — sem que o saibamos.
  • 0:50 - 0:55
    No ser humano, há profundidade
  • 0:57 - 1:02
    e há superfície.
  • 1:04 - 1:07
    Treinemo-nos para viver também
    a profundidade do nosso ser,
  • 1:07 - 1:12
    em vez de vivermos apenas a superfície.
  • 1:12 - 1:14
    No
  • 1:14 - 1:20
    nosso dia a dia, talvez lidemos
    com pessoas ou com coisas, ou realizemos o nosso trabalho
  • 1:20 - 1:25
    usando apenas a superfície do nosso ser.
  • 1:25 - 1:31
    E, por vezes, pensamos que somos apenas essa superfície.
  • 1:32 - 1:37
    Mas, na verdade, somos muito mais profundos do que isso.
  • 1:37 - 1:40
    Estudar e treinar-nos na atenção plena significa...
  • 1:40 - 1:44
    praticar viver a profundidade do nosso ser.
  • 1:45 - 1:48
    A nossa superfície...
  • 1:51 - 1:56
    tem sido empurrada pela profundidade do nosso ser.
  • 1:57 - 2:00
    Reagimos facilmente.
  • 2:00 - 2:02
    Estamos constantemente à beira das lágrimas ou do riso.
  • 2:02 - 2:07
    Fazemos isto, fazemos aquilo.
    Falamos disto, falamos daquilo.
  • 2:07 - 2:10
    Pensamos que temos...
  • 2:11 - 2:14
    liberdade
  • 2:16 - 2:19
    ao agir assim,
    ao lidar com os outros assim,
  • 2:19 - 2:21
    ao falar,
  • 2:22 - 2:24
    trabalhar ou pensar assim.
  • 2:24 - 2:28
    Mas, na realidade, estamos a ser...
  • 2:28 - 2:33
    impelidos por elementos
    que residem profundamente dentro de nós.
  • 2:33 - 2:38
    Por isso, às vezes, fazemos algo
    de uma determinada forma sem saber porquê.
  • 2:38 - 2:42
    Pensamos de uma determinada maneira
    sem saber porquê.
  • 2:42 - 2:48
    Falamos de uma certa forma
    sem saber porquê.
  • 2:49 - 2:51
    Entre as duas partes do nosso ser
  • 2:51 - 2:53
    — a parte profunda e a parte superficial,
  • 2:53 - 2:56
    há um fosso.
  • 3:00 - 3:06
    E esse fosso entre as duas partes
    — a profunda e a superficial,
  • 3:06 - 3:08
    está...
  • 3:08 - 3:10
    a alargar-se
  • 3:10 - 3:12
    cada vez mais.
  • 3:17 - 3:23
    Até que, um dia, percebemos
    que não conseguimos reconciliar-nos
  • 3:23 - 3:25
    com a vida,
  • 3:25 - 3:29
    nem conseguimos reconciliar-nos
    connosco próprios.
  • 3:30 - 3:35
    Tornamo-nos um estranho para nós mesmos.
  • 3:35 - 3:40
    E também nos tornamos um estranho para a vida.
  • 3:42 - 3:47
    No Vietname, diz-se que há um tipo de fantasma
    chamado "ma hời".
  • 3:48 - 3:50
    À meia-noite,
  • 3:50 - 3:56
    esse fantasma deixa metade de si
    bem deitada na cama, a dormir.
  • 3:56 - 4:00
    A outra metade vai alimentar-se algures,
  • 4:00 - 4:03
    a comer durante a noite.
  • 4:03 - 4:08
    Pergunto-me se já ouviram falar disso antes.
  • 4:08 - 4:11
    Nós fazemos o mesmo.
  • 4:11 - 4:16
    Mas não o fazemos à meia-noite.
    Fazemo-lo durante o dia.
  • 4:16 - 4:21
    Durante o dia, deixamos a profundidade
    — a metade inferior, do nosso ser.
  • 4:21 - 4:24
    Levamos apenas a outra metade, a superior,
  • 4:24 - 4:26
    para o nosso quotidiano.
  • 4:26 - 4:31
    Encontramos esta pessoa, aquela pessoa.
    Lidamos com este assunto, aquele assunto.
  • 4:31 - 4:33
    Pensamos.
  • 4:33 - 4:35
    Falamos.
  • 4:35 - 4:38
    Reagimos.
  • 4:53 - 4:58
    Por essa razão, a nossa vida não tem profundidade.
  • 4:59 - 5:04
    Porque vivemos apenas metade dela
    — ou até menos.
  • 5:05 - 5:12
    Por essa razão, praticar significa conectar
    estas duas metades de nós mesmos.
  • 5:13 - 5:17
    Sempre que falarmos, pensarmos ou fizermos algo,
  • 5:18 - 5:21
    devemos estar conscientes de
  • 5:21 - 5:24
    em que partes da profundidade do nosso ser
  • 5:24 - 5:30
    essas palavras, pensamentos e ações
    têm as suas raízes.
  • 5:30 - 5:38
    Essas partes profundas estão intrinsecamente ligadas
    ao universo e aos nossos antepassados.
  • 5:45 - 5:56
    Talvez, no momento presente, pensemos
    que não estamos tristes, com medo ou zangados.
  • 5:57 - 6:02
    Mas toda a tristeza, medo e raiva
    residem profundamente dentro de nós,
  • 6:02 - 6:04
    enquanto vivemos apenas a metade superior.
  • 6:04 - 6:10
    Então, nesse momento, pensamos
    que não estamos tristes, zangados ou com medo.
  • 6:11 - 6:16
    No entanto, a verdade é que essa tristeza,
    essa raiva, esse medo, estão dentro de nós.
  • 6:16 - 6:19
    E estão a manipular-nos furtivamente.
  • 6:19 - 6:21
    Estão a controlar-nos
  • 6:21 - 6:24
    indiretamente.
  • 6:24 - 6:27
    Por isso, chamam-se...
  • 6:27 - 6:31
    nós internos.
  • 6:31 - 6:39
    Samyojana. "Triền sử" em vietnamita.
    Os grilhões que nos prendem e nos empurram.
  • 6:41 - 6:45
    Quando praticamos viver desta forma,
    tornamo-nos mais cautelosos.
  • 6:45 - 6:51
    Tornamo-nos mais introspetivos.
    Olhamos mais profundamente para dentro de nós.
  • 6:51 - 6:55
    Por que falamos assim?
    Por que nos sentimos tão tristes assim?
  • 6:55 - 6:58
    Por que pensamos desta forma?
  • 6:58 - 7:01
    Porque existem sementes,
  • 7:02 - 7:03
    porque existem nós internos,
  • 7:03 - 7:07
    porque existem energias habituais,
  • 7:07 - 7:09
    ou costumes
  • 7:09 - 7:12
    adormecidos na profundidade do nosso ser.
  • 7:13 - 7:18
    Eles levam-nos a agir assim,
    a falar assim, a pensar assim.
  • 7:21 - 7:28
    Praticar sem conseguir compreender isto
    não trará qualquer transformação.
  • 7:30 - 7:32
    Por essa razão, temos de coser...
  • 7:32 - 7:35
    ou unir estas duas partes de nós.
  • 7:39 - 7:41
    E não devemos ter medo
  • 7:41 - 7:43
    ao fazê-lo.
  • 7:43 - 7:45
    Porque, às vezes, temos medo de nós mesmos,
  • 7:45 - 7:48
    não queremos regressar a essa profundidade,
    essa parte inferior dentro de nós.
  • 7:48 - 7:54
    Porque nessa profundidade existem
    muitas áreas selvagens e desertas
  • 7:55 - 7:58
    que tanto tememos.
  • 8:00 - 8:08
    Quando já conseguimos estabelecer
    um vínculo normal entre estas duas partes,
  • 8:09 - 8:16
    é aí que criamos uma atmosfera harmoniosa.
  • 8:16 - 8:18
    Sentimos
  • 8:18 - 8:25
    que há uma circulação nas nossas veias
    — 'veias' aqui significa as nossas veias espirituais.
  • 8:25 - 8:30
    Nesse momento, sentimo-nos menos doentes
  • 8:32 - 8:40
    porque dividir o nosso ser em metades
    causa muitas enfermidades.
  • 8:41 - 8:46
    Todos já conhecemos alguém
    que fala e ri o dia todo,
  • 8:46 - 8:52
    como se fosse uma pessoa muito feliz.
  • 8:53 - 8:55
    E perguntamos:
  • 8:55 - 8:58
    "Por que não paras um pouco
    para recuperar o fôlego, querido irmão?"
  • 8:58 - 9:01
    "Por que não paras um pouco
    para recuperar o fôlego, querida irmã?"
  • 9:01 - 9:06
    "Por que falas e ris o dia todo assim?"
  • 9:08 - 9:11
    E essa pessoa responde:
  • 9:11 - 9:15
    "Se eu parar, sinto-me morto."
  • 9:17 - 9:20
    "Se eu parar de falar e rir,
  • 9:20 - 9:23
    sinto-me morto."
  • 9:23 - 9:25
    Isso acontece porque
  • 9:25 - 9:30
    dentro dessa pessoa existe um enorme vazio.
  • 9:30 - 9:34
    E ela tem de fazer tudo ao seu alcance
    para cobrir esse vazio
  • 9:34 - 9:35
    — seja com sons,
  • 9:35 - 9:36
    com pensamentos,
  • 9:36 - 9:37
    ou falando e rindo.
  • 9:37 - 9:38
    Caso contrário,
  • 9:38 - 9:43
    ter de encarar esse vazio imenso dentro de si
    seria insuportável.
  • 9:43 - 9:46
    Mas esse grande vazio está lá no fundo,
    nas profundezas do seu ser.
  • 9:46 - 9:49
    Ela só quer cortar essa parte inferior,
  • 9:49 - 9:53
    e preencher apenas a parte superior.
  • 9:53 - 9:58
    Então, para essas pessoas,
    regressar a si mesmas é algo angustiante.
  • 9:58 - 10:01
    E elas definitivamente não querem voltar.
  • 10:01 - 10:03
    Não gostam de ouvir os sinos.
  • 10:03 - 10:05
    Não gostam de meditação caminhando.
    Não gostam de meditação sentada, tampouco.
  • 10:05 - 10:09
    Porque, ao fazerem isso,
    são forçadas a regressar
  • 10:09 - 10:14
    à profundidade do seu ser.
  • 10:15 - 10:21
    Para alguém que fala e ri o dia inteiro
    como se fosse uma pessoa muito feliz,
  • 10:21 - 10:23
    podemos ver nessa pessoa
  • 10:23 - 10:25
    um tipo de enfermidade
  • 10:25 - 10:28
    — a negligência.
  • 10:29 - 10:34
    Isto significa que essa pessoa
    se separou de si mesma.
  • 10:37 - 10:39
    Essas pessoas precisam de uma sangha
  • 10:39 - 10:41
    e da prática para voltarem a si mesmas
  • 10:41 - 10:46
    e unirem estas duas partes.
  • 10:57 - 11:01
    Se seguimos os ensinamentos do Buda
    com atenção,
  • 11:01 - 11:06
    veremos que foi exatamente isto
    que ele nos ensinou a fazer.
  • 11:07 - 11:10
    O Buda disse:
  • 11:11 - 11:13
    "Oh, bhikkhus,
  • 11:14 - 11:17
    este é o pé de uma árvore.
  • 11:21 - 11:23
    Sentem-se ali.
  • 11:24 - 11:27
    Este é um quarto vazio e silencioso.
  • 11:27 - 11:30
    Sentem-se nele.
  • 11:30 - 11:33
    Este é um caminho isolado.
  • 11:33 - 11:36
    Percorram-no."
  • 11:37 - 11:39
    Não precisamos de muito.
  • 11:39 - 11:41
    Precisamos apenas do pé de uma árvore,
  • 11:41 - 11:45
    de um quarto vazio e silencioso,
    ou de um caminho isolado
  • 11:46 - 11:51
    para regressarmos à nossa profundidade.
  • 11:51 - 11:54
    Mas se...
  • 11:54 - 11:56
    temos sempre medo,
  • 11:56 - 11:59
    e todos os dias queremos...
  • 11:59 - 12:03
    estar no meio de multidões,
    encontrar pessoas,
  • 12:03 - 12:07
    isso significa que estamos constantemente a fugir.
  • 12:08 - 12:11
    A não querer regressar.
  • 12:11 - 12:14
    Por isso, o Buda disse no sutra:
    "Este é o pé de uma árvore.
  • 12:14 - 12:16
    Este é um quarto vazio e silencioso.
  • 12:16 - 12:18
    Este é um caminho isolado.
  • 12:18 - 12:20
    Voltem a vós mesmos.
  • 12:20 - 12:22
    Pratiquem."
  • 12:22 - 12:28
    Não precisamos de grandes templos
    ou de estátuas imponentes para isto.
  • 12:34 - 12:36
    A nossa tristeza,
  • 12:36 - 12:43
    os nossos medos, a nossa raiva,
    as nossas preocupações e ansiedades
  • 12:43 - 12:49
    estão profundamente adormecidos
    na parte inferior do nosso ser.
  • 12:49 - 12:52
    E nós nunca queremos...
  • 12:52 - 12:54
    entrar em contacto com essa parte.
  • 12:54 - 12:59
    Assim, comportamo-nos como os fantasmas ma hời,
  • 13:00 - 13:04
    abandonando uma parte
    e levando apenas a parte superior connosco
  • 13:04 - 13:07
    no nosso dia a dia.
  • 13:09 - 13:14
    E isso não é solução. É fuga.
  • 13:14 - 13:16
    Por isso, devemos fazer tudo o que pudermos
  • 13:16 - 13:19
    para regressar e unir essas metades.
  • 13:19 - 13:23
    Onde quer que vamos,
    levamos essa profundidade connosco.
  • 13:23 - 13:28
    Onde quer que nos sentemos,
    sentamo-nos com essa profundidade.
  • 13:28 - 13:31
    E um dia veremos os resultados.
  • 13:31 - 13:34
    Quando olhamos para alguém,
  • 13:34 - 13:36
    quando ouvimos essa pessoa falar,
  • 13:36 - 13:39
    quando vemos como ela pensa
    ou como lida com as coisas,
  • 13:39 - 13:43
    conseguimos ver a 'pessoa profunda'
    dentro dela.
  • 13:45 - 13:50
    Quando vemos essa 'pessoa profunda' nela,
    percebemos por que razão fala daquela forma,
  • 13:50 - 13:53
    age daquela forma,
    ou pensa daquela forma.
  • 13:53 - 13:56
    E quando a compreendemos,
    torna-se mais fácil aceitá-la.
  • 13:56 - 13:59
    Torna-se mais fácil amá-la,
    ter compaixão por ela.
  • 13:59 - 14:04
    Se vemos apenas a parte superior dessa pessoa
  • 14:04 - 14:06
    — a sua 'pessoa superficial',
  • 14:06 - 14:10
    ficamos irritados, zangados,
    e queremos criticá-la de todas as formas.
  • 14:10 - 14:14
    Não conseguimos ver que
    tudo o que ela disse, fez ou pensou
  • 14:14 - 14:16
    tem raízes na profundidade,
    na parte inferior,
  • 14:16 - 14:22
    da qual ela está bem separada.
Title:
Live Our Life Whole: The Surface and the Depth of Our Being | Thich Nhat Hanh (EN subtitles)
Description:

more » « less
Video Language:
English
Duration:
14:22

Portuguese subtitles

Revisions