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Mindfulness: The Path Into Liberation | Teaching by Thich Nhat Hanh (EN subtitles)

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    Mosteiro de Plum Village
    Retiro das Chuvas de Inverno 2006-2007
  • 0:29 - 0:40
    A Atenção Plena: O Caminho para a Libertação
    09 de Novembro de 2006 — Hamlet Novo
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    [Sino]
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    [Sino]
  • 2:00 - 2:03
    [Sino]
  • 2:17 - 2:23
    Querida Sangha, hoje é dia 9 de novembro de 2006.
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    Estamos no Templo da Bondade Amorosa
    (Từ Nghiêm), no Hamlet Novo.
  • 2:28 - 2:35
    E hoje é o primeiro dia de ensinamento do Dharma
    do Retiro das Chuvas de Inverno de 2006-2007.
  • 2:38 - 2:41
    No Cânone Budista Chinês (Đại tạng kinh, 大藏經),
    há um sutra chamado...
  • 2:41 - 2:44
    "Nhất Nhập Đạo" em sino-vietnamita ("一入道" em chinês),
    ou "Ekāyano Maggo" (às vezes "Ekāyana Magga") em Pali.
  • 2:44 - 2:51
    "Nhất Nhập Đạo" significa literalmente
    "o único caminho para entrar".
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    Podemos traduzi-lo para inglês como
    "The Only Way In" (A Única Forma de Entrar).
  • 3:32 - 3:38
    E esse é o título de um sutra
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    sobre...
  • 3:43 - 3:49
    as Quatro Estabelecimentos da Atenção Plena
    (Kinh Bốn Lĩnh Vực Quán Niệm, Satipaṭṭhāna Sutta, 四念處經).
  • 3:49 - 3:54
    Na verdade, o Discurso sobre os
    Quatro Estabelecimentos da Atenção Plena,
  • 3:54 - 4:01
    que temos estudado e
    praticado ao longo dos anos,
  • 4:01 - 4:08
    é a versão transmitida pela escola budista Sarvāstivāda
    (Hữu Bộ, 說一切有部).
  • 4:08 - 4:11
    Entretanto, "A Única Forma de Entrar"
    é outra versão desse sutra,
  • 4:11 - 4:16
    mas foi transmitida pela escola budista Mahāsāṃghika
    (Đại Chúng Bộ, 大眾部).
  • 4:16 - 4:18
    Em vez de...
  • 4:18 - 4:21
    lhe chamarem "O Discurso sobre os Quatro
    Estabelecimentos da Atenção Plena" ("四念處經"),
  • 4:21 - 4:33
    intitularam-no "Nhất Nhập Đạo" ("一入道"),
    que significa "A Única Forma de Entrar".
  • 4:34 - 4:39
    Claro que essa “Única Forma de Entrar”
    é o caminho da atenção plena.
  • 4:40 - 4:44
    Porque sabemos que
    a atenção plena gera concentração.
  • 4:44 - 4:50
    A concentração conduz à visão profunda.
    E a visão profunda leva à libertação.
  • 4:50 - 4:53
    Portanto, além do caminho da atenção plena
    — da atenção plena correta —
  • 4:53 - 4:55
    não há outro caminho.
  • 4:55 - 4:59
    Na tradição budista,
  • 4:59 - 5:04
    podemos ver claramente que
    a atenção plena é o coração da prática,
  • 5:04 - 5:07
    — o coração da prática da meditação.
  • 5:07 - 5:10
    Em Plum Village, sabemos que a atenção plena...
  • 5:10 - 5:15
    também é o centro da nossa prática.
  • 5:21 - 5:25
    No momento em que fazemos surgir
    a aspiração de praticar —
  • 5:25 - 5:29
    de entrar no caminho...
  • 5:29 - 5:32
    da prática,
  • 5:37 - 5:45
    aplicamos de imediato a atenção plena
    em todos os aspetos da nossa vida quotidiana.
  • 5:46 - 5:50
    O objetivo de tudo o que aprendemos
  • 5:50 - 5:53
    ou debatemos nas partilhas do Dharma
  • 5:53 - 5:58
    é garantir que
    a nossa prática seja bem-sucedida.
  • 5:58 - 6:02
    Mas o que é exatamente a nossa prática?
  • 6:02 - 6:07
    A nossa prática é garantir que
    estejamos conscientemente atentos
  • 6:08 - 6:15
    em todos os momentos da nossa vida diária.
  • 6:15 - 6:20
    Estamos conscientemente atentos
    à nossa forma física, ao nosso corpo.
  • 6:20 - 6:23
    Estamos conscientemente atentos...
  • 6:25 - 6:28
    às nossas sensações.
  • 6:28 - 6:31
    Estamos conscientemente atentos...
  • 6:33 - 6:36
    às nossas percepções.
  • 6:37 - 6:41
    E estamos conscientemente atentos
  • 6:42 - 6:45
    às formações mentais dentro de nós.
  • 6:51 - 6:53
    Entrar neste caminho,
  • 6:53 - 6:58
    é como nascer de novo.
  • 6:59 - 7:03
    Entrar neste caminho,
    é preciso reaprender a sentar,
  • 7:03 - 7:05
    reaprender a respirar,
  • 7:05 - 7:07
    a caminhar novamente,
  • 7:07 - 7:09
    a...
  • 7:10 - 7:11
    comer novamente,
  • 7:11 - 7:14
    a lavar a loiça de novo.
  • 7:14 - 7:18
    Significa que tudo aquilo que pensávamos
    já saber fazer ou fazer bem,
  • 7:18 - 7:21
    precisamos de reaprender a fazer tudo novamente.
  • 7:21 - 7:23
    Reaprendemos a sentar,
    reaprendemos a caminhar,
  • 7:23 - 7:26
    reaprendemos a trabalhar,
    reaprendemos a respirar,
  • 7:26 - 7:28
    reaprendemos a comer,
  • 7:28 - 7:31
    e reaprendemos a lavar a loiça.
  • 7:32 - 7:36
    Asseguramo-nos de que,
    em cada ação do corpo,
  • 7:36 - 7:40
    exista a luz da atenção plena,
    da consciência atenta.
  • 7:41 - 7:44
    Portanto, seja monástico ou praticante leigo,
  • 7:44 - 7:49
    desde que estejamos determinados
    a entrar nesta vida espiritual,
  • 7:49 - 7:53
    precisamos de aprender a caminhar,
  • 7:53 - 7:55
    sentar,
  • 7:55 - 7:56
    ficar de pé,
  • 7:56 - 7:58
    respirar,
  • 7:58 - 7:59
    comer,
  • 7:59 - 8:02
    e beber chá —
    tudo com atenção plena.
  • 8:04 - 8:07
    Caminhar de forma
  • 8:07 - 8:13
    que cada passo seja guiado
    pela luz da consciência atenta.
  • 8:14 - 8:23
    Caminhar de tal forma que, em cada passo,
    haja paz interior, tranquilidade,
  • 8:27 - 8:29
    libertação e liberdade,
  • 8:30 - 8:33
    e alegria.
  • 8:33 - 8:38
    Quando nos sentarmos, sentemo-nos de tal forma que...
  • 8:39 - 8:44
    tenhamos paz interior, tranquilidade,
    libertação e liberdade.
  • 8:45 - 8:47
    Quando comermos, comamos de tal forma
  • 8:47 - 8:52
    que tenhamos paz interior, tranquilidade,
    libertação e liberdade.
  • 8:53 - 8:56
    E isso é um desafio.
  • 8:58 - 9:03
    Foram-nos oferecidas
    inúmeras condições favoráveis
  • 9:04 - 9:07
    para que possamos fazer isso.
  • 9:07 - 9:10
    Por exemplo, estar numa comunidade de prática,
    ou numa sangha, é uma condição muito favorável.
  • 9:10 - 9:17
    Porque na sangha, todos têm o mesmo
    desejo de dar passos sólidos, tranquilos e felizes.
  • 9:18 - 9:21
    Estando numa sangha assim,
  • 9:21 - 9:24
    temos todas as condições favoráveis
    para fazer como os demais.
  • 9:24 - 9:30
    Porque, na sangha, há quem consiga
    dar passos pacíficos e felizes.
  • 9:30 - 9:35
    Isto não tem a ver com o futuro.
  • 9:35 - 9:38
    Tem a ver com o momento presente.
  • 9:38 - 9:45
    Porque, ao dar passos pacíficos, tranquilos e felizes,
    precisamos de garantir que os fazemos realmente agora —
  • 9:45 - 9:46
    neste exato momento.
  • 9:46 - 9:49
    E isso é um desafio.
  • 9:57 - 9:58
    Quando nos sentarmos,
  • 9:58 - 10:02
    sintamo-nos de tal maneira que haja paz interior,
    tranquilidade e alegria.
  • 10:02 - 10:06
    Não tem nada a ver com o futuro.
    Tem tudo a ver com o hoje —
  • 10:06 - 10:07
    com o agora.
  • 10:07 - 10:10
    E isso é um desafio.
  • 10:10 - 10:13
    Se estivermos...
  • 10:14 - 10:17
    suficientemente determinados, conseguimos fazê-lo.
  • 10:20 - 10:25
    A prática no Budismo
  • 10:26 - 10:30
    é centrada no momento presente.
  • 10:33 - 10:36
    Tudo aquilo que temos procurado —
  • 10:36 - 10:40
    como libertação e liberdade,
    iluminação ou felicidade...
  • 10:40 - 10:44
    ...deve ser encontrado
    neste exato momento.
  • 10:46 - 10:49
    Algumas tradições religiosas
  • 10:49 - 10:51
    prometem-nos
  • 10:51 - 10:53
    um certo tipo de paz interior,
  • 10:53 - 10:54
    uma certa tranquilidade,
  • 10:54 - 10:58
    um certo tipo de felicidade, ou
    um certo tipo de libertação e liberdade — no futuro.
  • 11:00 - 11:02
    É uma promessa.
  • 11:02 - 11:05
    Contudo, no Budismo,
    não há tal promessa.
  • 11:05 - 11:09
    O Budismo afirma que essa felicidade,
  • 11:09 - 11:11
    esse céu ou paraíso, e
    essa libertação ou liberdade —
  • 11:11 - 11:14
    precisamos de os encontrar
    aqui mesmo, no momento presente.
  • 11:15 - 11:18
    Eles “estão centrados no momento presente”.
  • 11:18 - 11:24
    Os ensinamentos e a prática
    estão centrados no momento presente.
  • 11:24 - 11:26
    Precisamos de compreender isso.
  • 11:26 - 11:28
    Precisamos de ver isso por nós mesmos.
  • 11:28 - 11:32
    E precisamos realmente de o concretizar na nossa prática.
  • 11:32 - 11:34
    Isso é um desafio.
  • 11:38 - 11:45
    Sem dúvida, o Senhor Buda
    já nos ofereceu muitas...
  • 11:45 - 11:49
    muitas sugestões e muitas instruções
  • 11:49 - 11:52
    para que consigamos ter sucesso na nossa prática.
  • 11:52 - 11:58
    Os Bodhisattvas patriarcais e...
  • 11:58 - 12:03
    grandes mestres da história
  • 12:03 - 12:07
    também partilharam connosco os seus caminhos de prática
  • 12:07 - 12:11
    para que também nós possamos ter sucesso na nossa prática.
  • 12:13 - 12:18
    E precisamos mesmo de conseguir agora
    na nossa prática.
  • 12:23 - 12:27
    Por isso, temos de nos perguntar:
    "Hoje,
  • 12:27 - 12:30
    consegui sentar-me...
  • 12:32 - 12:40
    com leveza, com paz, com contentamento
    e com uma sensação de bem-estar durante toda a minha meditação sentada?
  • 12:42 - 12:51
    Consegui cumprir os votos profundos
    do Buda, dos mestres ancestrais, do Thay e da sangha?
  • 12:51 - 12:53
    Enquanto me sentava,
  • 12:53 - 12:58
    estava verdadeiramente em paz, contente, feliz e livre?
  • 12:58 - 13:03
    Ou estive sentado, o tempo todo,
    numa caverna escura e profunda?"
  • 13:03 - 13:06
    É que algumas pessoas estão sentadas
  • 13:06 - 13:09
    com felicidade, paz interior e bem-estar — com uma espécie de aura luminosa à sua volta;
  • 13:09 - 13:13
    mas nós talvez estejamos sentados
    na caverna escura e profunda...
  • 13:13 - 13:17
    do arrependimento, da saudade, da tristeza e da dor.
  • 13:17 - 13:21
    Bem, se for o caso,
    isso é um fracasso.
  • 13:22 - 13:24
    "Estar sentado numa caverna escura e profunda"
  • 13:26 - 13:28
    é
  • 13:29 - 13:31
    é
  • 13:31 - 13:35
    é uma expressão da tradição Zen.
  • 13:36 - 13:40
    Na escola Zen, pratica-se muito a meditação sentada.
    Mas algumas pessoas...
  • 13:40 - 13:43
    apenas se sentam em cavernas escuras.
  • 13:43 - 13:51
    Não sentem paz, nem contentamento,
    nem felicidade, nem liberdade durante a meditação. É uma pena!
  • 13:51 - 13:54
    Porque é que temos de ir sentar-nos numa caverna escura?
  • 13:54 - 13:57
    Porque não nos sentamos no Pico do Abutre (Vulture Peak),
  • 13:59 - 14:02
    com leveza, liberdade e alegria?
  • 14:02 - 14:04
    Descobre porquê.
  • 14:04 - 14:08
    Pergunta a ti mesmo:
    "Como posso sentar-me assim?"
  • 14:08 - 14:14
    Pergunta aos teus irmãos e irmãs na prática:
    "Como é que consigo sentar-me dessa maneira?"
  • 14:14 - 14:17
    Precisamos de sentar-nos assim agora.
  • 14:17 - 14:21
    Não é preciso esperar por amanhã, nem depois de amanhã.
  • 14:21 - 14:24
    É um grande desafio.
  • 14:30 - 14:34
    Claro que existem...
  • 14:34 - 14:37
    energias negativas
  • 14:37 - 14:39
    dentro de nós
  • 14:40 - 14:43
    que nos impedem de sentar assim.
  • 14:47 - 14:52
    Por exemplo, a tristeza, a saudade,
    os arrependimentos ou as preocupações
  • 14:52 - 14:55
    não nos deixam sentar com essa leveza.
  • 14:55 - 15:00
    Devemos reconhecer essas energias negativas
    em nós sem julgamento,
  • 15:00 - 15:04
    sorrir-lhes com gentileza, dizendo:
    "Sabes,
  • 15:05 - 15:10
    não podes manter-me preso para sempre assim."
  • 15:10 - 15:14
    Quando conseguimos apenas reconhecê-las
    desta forma, essas formações mentais...
  • 15:14 - 15:16
    já não têm poder sobre nós.
  • 15:16 - 15:19
    Portanto, a prática de mero reconhecimento
    faz milagres.
  • 15:19 - 15:26
    E esse reconhecimento sem julgamento
    das formações mentais negativas também é uma prática de atenção plena correta.
  • 15:35 - 15:42
    Num dos Dias de Monástico mais recentes,
  • 15:42 - 15:49
    Thay sugeriu uma forma muito simples de prática
  • 15:50 - 15:54
    que nos pode ajudar a sentar
  • 15:54 - 15:56
    com muita paz interior,
  • 15:56 - 15:59
    a respirar com muita paz interior
    e a caminhar com muita paz interior.
  • 15:59 - 16:03
    É a prática de dedicar ou oferecer...
  • 16:05 - 16:08
    à pessoa que amamos.
  • 16:10 - 16:13
    Por exemplo, quando...
  • 16:14 - 16:17
    colhemos...
  • 16:17 - 16:19
    algumas flores
  • 16:19 - 16:21
    para oferecer
  • 16:21 - 16:24
    ao Buda,
  • 16:25 - 16:29
    queremos mesmo escolher
    as flores mais bonitas,
  • 16:29 - 16:30
    e...
  • 16:31 - 16:33
    arranjá-las de forma
  • 16:33 - 16:38
    a que a beleza de cada flor sobressaia
  • 16:38 - 16:43
    e que, ao mesmo tempo,
    expresse a nossa sinceridade para com o Senhor Buda.
  • 16:43 - 16:46
    Enquanto oferecemos as flores
    no altar do Buda,
  • 16:46 - 16:48
    fazemos isso.
  • 16:48 - 16:53
    Todos nós o queremos fazer.
    E todos nós o conseguimos fazer.
  • 16:55 - 16:58
    Quando arranjamos...
  • 16:58 - 17:01
    5 ou 8 laranjas num prato
  • 17:01 - 17:04
    para colocar no altar do Buda,
  • 17:04 - 17:09
    sabemos que precisamos
    de as lavar muito bem,
  • 17:09 - 17:14
    e arranjá-las de maneira
    a que a sua frescura e beleza fiquem visíveis.
  • 17:14 - 17:17
    Com gotas de água a brilhar nas laranjas, como orvalho,
  • 17:17 - 17:22
    quando as oferecemos no altar,
    sentimos uma profunda leveza e bem-estar,
  • 17:22 - 17:25
    um profundo contentamento.
  • 17:25 - 17:29
    Pois bem, ao sentarmo-nos,
  • 17:30 - 17:33
    podemos fazer o mesmo.
  • 17:34 - 17:37
    Ao sentarmo-nos e seguirmos a respiração com atenção plena, podemos fazer surgir o pensamento:
    "Agora estou a respirar pelo Buda.
  • 17:37 - 17:43
    Estou a oferecer ao Buda uma inspiração e uma expiração tão belas...
  • 17:43 - 17:49
    como aquelas laranjas que acabei de oferecer."
  • 17:49 - 17:52
    Quando surge em nós o pensamento:
  • 17:52 - 17:59
    "Quero dedicar e oferecer esta respiração ao Buda,"
  • 17:59 - 18:03
    nesse mesmo momento, de forma natural,
    a nossa inspiração será muito bela,
  • 18:03 - 18:06
    e a nossa expiração será muito bela.
  • 18:06 - 18:10
    Porque queremos mesmo oferecer
    o mais belo que temos.
  • 18:10 - 18:13
    Nunca queremos oferecer algo...
  • 18:13 - 18:15
    menos belo.
  • 18:15 - 18:19
    Se surgir em ti o pensamento:
    "Estas são as respirações que estou a oferecer ao Buda,"
  • 18:19 - 18:24
    com todo o coração, tornarás a tua respiração
    muito suave, muito profunda,
  • 18:24 - 18:28
    muito concentrada
    e muito pacífica.
  • 18:28 - 18:33
    Respirar desta forma é como uma prenda
    que oferecemos ao Buda.
  • 18:33 - 18:35
    Estamos a respirar pelo Buda.
  • 18:35 - 18:38
    E nós somos a continuação do Buda.
  • 18:38 - 18:42
    Mesmo sendo um presente
    que oferecemos ao Buda,
  • 18:42 - 18:46
    somos nós os primeiros
    a receber e a beneficiar com esse presente.
  • 18:48 - 18:50
    Por isso, enquanto respiramos,
  • 18:50 - 18:54
    podemos respirar pelo Buda.
  • 18:58 - 19:01
    Respiramos com a nossa mais profunda gratidão.
  • 19:01 - 19:06
    Porque ninguém nos deu à luz
    nesta vida espiritual — a não ser o Buda.
  • 19:06 - 19:11
    Ninguém é o nosso mestre orientador — a não ser o Buda.
    Portanto, quando há um afeto sincero,
  • 19:11 - 19:15
    quando há uma gratidão profunda,
  • 19:15 - 19:21
    a natureza e qualidade da respiração
    que oferecemos ao Buda será divina.
  • 19:22 - 19:25
    Muito simples.
  • 19:25 - 19:28
    [Toque no sino]
  • 19:29 - 19:32
    [Sino]
  • 19:44 - 19:47
    Imagina que, enquanto estamos sentados,
    estamos a...
  • 19:47 - 19:49
    respirar pela nossa querida mãe.
  • 19:49 - 19:53
    Estamos a dedicar à nossa mãe
    uma inspiração e uma expiração.
  • 19:53 - 19:57
    Naturalmente, vamos querer inspirar
  • 19:57 - 19:59
    de forma verdadeiramente bela,
  • 19:59 - 20:01
    verdadeiramente tranquila
  • 20:01 - 20:04
    e verdadeiramente profunda. Só assim poderá ser
    um presente digno dela. Não é verdade?
  • 20:04 - 20:09
    Verás que
    respirar assim é muito fácil.
  • 20:14 - 20:18
    Essas inspirações e expirações
    têm natureza e qualidade divina.
  • 20:18 - 20:24
    Porque temos amor pela nossa mãe no coração,
    queremos oferecer-lhe a coisa mais bela que conseguimos oferecer.
  • 20:25 - 20:28
    Oferecemos-lhe três inspirações e expirações.
  • 20:28 - 20:30
    "A mãe está a respirar comigo.
  • 20:30 - 20:34
    Ela está presente em todas as células do meu corpo.
  • 20:34 - 20:38
    A mãe e eu estamos a respirar juntas agora.
    E este é um presente bonito que lhe dedico."
  • 20:38 - 20:41
    Com esse amor dentro de nós,
  • 20:42 - 20:50
    a nossa respiração torna-se divina
    na sua natureza e qualidade.
  • 20:51 - 20:55
    O mesmo acontece com a nossa caminhada.
  • 21:01 - 21:03
    Caminhamos pelo Buda.
  • 21:03 - 21:05
    Caminhamos pelo nosso querido pai.
  • 21:05 - 21:08
    Caminhamos pela nossa querida mãe.
  • 21:09 - 21:12
    Esses passos são presentes belíssimos
  • 21:12 - 21:18
    que oferecemos ao nosso pai e à nossa mãe,
    aos nossos irmãos e irmãs...
  • 21:18 - 21:22
    Quando há um pensamento de querer
    dedicar e oferecer,
  • 21:22 - 21:27
    de forma muito natural, a natureza e qualidade
    dos nossos passos tornam-se...
  • 21:27 - 21:29
    divinamente belos.
  • 21:30 - 21:33
    Todos nós...
  • 21:34 - 21:38
    temos um bom coração.
    Todos queremos dar.
  • 21:39 - 21:41
    Na véspera de Natal,
  • 21:41 - 21:46
    preparamos o nosso presente com muito cuidado.
  • 21:46 - 21:50
    Por vezes, passamos horas só para garantir
    que o presente fica bonito.
  • 21:50 - 21:54
    Queremos alegrar
    quem o vai receber.
  • 21:55 - 21:58
    E, enquanto preparamos o presente,
    sentimos muita felicidade.
  • 21:58 - 21:59
    Da mesma forma,
  • 21:59 - 22:04
    quando a nossa meditação sentada é um presente ao Buda,
    à nossa mãe ou ao nosso pai,
  • 22:04 - 22:07
    sentamo-nos muito bem.
    Sentamo-nos com muita felicidade e bem-estar.
  • 22:07 - 22:12
    Quando respiramos — se usarmos a respiração
    como um presente para o nosso pai, a nossa mãe,
  • 22:12 - 22:15
    o Thay, ou o Buda — teremos
    muita felicidade e bem-estar,
  • 22:15 - 22:20
    e essas respirações terão
    valor, natureza e qualidade divina.
  • 22:28 - 22:33
    É porque a nossa prática...
  • 22:34 - 22:36
    é...
  • 22:36 - 22:39
    nasce do solo do amor.
  • 22:39 - 22:44
    Em nós, há amor.
    Em nós, há gratidão.
  • 22:52 - 22:58
    A felicidade, o bem-estar, a leveza,
    a libertação e a liberdade
  • 22:58 - 23:01
    são algo que...
  • 23:02 - 23:06
    se manifestam sobre o fundo do sofrimento e do mal-estar,
  • 23:06 - 23:09
    da prisão e do apego.
  • 23:10 - 23:13
    Antes, estávamos presos.
  • 23:13 - 23:15
    Costumávamos estar acorrentados.
  • 23:15 - 23:18
    Costumávamos estar presos aos apegos.
  • 23:23 - 23:28
    Costumávamos subir e descer.
  • 23:29 - 23:32
    Pois bem,
  • 23:32 - 23:36
    por causa disso, temos
    a capacidade de reconhecer…
  • 23:36 - 23:39
    a leveza e a liberdade,
  • 23:42 - 23:45
    a leveza e a facilidade,
  • 23:47 - 23:50
    e a paz e a felicidade.
  • 23:52 - 23:54
    Por isso,
  • 23:54 - 23:58
    precisamos aprender a
    fazer uso do pano de fundo
  • 23:58 - 24:00
    do nosso sofrimento e das nossas aflições,
  • 24:00 - 24:02
    da nossa falta de liberdade,
  • 24:02 - 24:04
    dos nossos enredamentos e apegos,
  • 24:04 - 24:07
    para...
  • 24:07 - 24:10
    reconhecer a paz,
  • 24:10 - 24:14
    a felicidade, o bem-estar, a leveza
    e a liberdade que temos.
  • 24:22 - 24:26
    Quando alguém que amamos
    adoece gravemente
  • 24:27 - 24:32
    e fica acamado,
  • 24:35 - 24:39
    vemos que essa pessoa já não consegue...
  • 24:39 - 24:42
    sentar-se
  • 24:43 - 24:49
    e dar passos leves, tranquilos e felizes
  • 24:49 - 24:53
    como nós conseguimos.
  • 24:55 - 24:58
    Para alguém que está a morrer ou já morreu,
  • 24:58 - 25:03
    já não é possível levantar-se e dar esses passos.
  • 25:05 - 25:07
    Um só passo—
  • 25:07 - 25:12
    mesmo que a pessoa queira pagar
    uma pequena fortuna por ele, não consegue.
  • 25:13 - 25:18
    Quando alguém adoece gravemente
    e fica confinado à cama,
  • 25:18 - 25:22
    não pode dar nem um único passo assim.
  • 25:23 - 25:26
    Ao caminharmos em meditação,
  • 25:26 - 25:30
    se conseguirmos contactar com o pano de fundo
  • 25:30 - 25:35
    do sofrimento, do desespero e das aflições profundas,
  • 25:35 - 25:42
    cada passo que dermos terá naturalmente
    um valor imensurável
  • 25:42 - 25:46
    e trará muita
    felicidade e bem-estar.
  • 25:46 - 25:48
    Seja na relva
  • 25:48 - 25:51
    ou na...
  • 25:52 - 25:58
    ...estrada coberta de pedrinhas,
    cada um desses passos é um milagre.
  • 25:58 - 26:04
    A felicidade e o bem-estar que cada passo destes
    nos traz pode ser imensurável.
  • 26:06 - 26:10
    Se caminharmos na distração ou preocupados,
  • 26:10 - 26:14
    esses passos não nos trazem
    nem felicidade nem bem-estar.
  • 26:14 - 26:17
    Mas se caminharmos com consciência plena,
  • 26:17 - 26:20
    recordando: “Muitas pessoas gostariam de dar este passo
    mas não podem,
  • 26:20 - 26:23
    já não têm capacidade para isso”,
  • 26:23 - 26:27
    e se nos lembrarmos: “Tenho
    duas pernas fortes, ainda consigo dar estes passos”,
  • 26:27 - 26:31
    os passos que dermos terão naturalmente
    um valor imensurável,
  • 26:31 - 26:34
    trarão muita
    felicidade e bem-estar,
  • 26:34 - 26:40
    e terão um poder imenso de cura
    e de nutrição para nós.
  • 26:40 - 26:41
    Portanto,
  • 26:41 - 26:45
    se quisermos ter bem-estar, felicidade,
    libertação e liberdade,
  • 26:45 - 26:51
    precisamos fazer uso do pano de fundo
    do mal-estar, do sofrimento e das aflições,
  • 26:52 - 26:55
    da prisão e da escravidão.
  • 26:55 - 26:59
    Vemos que, neste momento presente, não estamos
    nessa situação de sofrimento ou mal-estar,
  • 26:59 - 27:01
    não estamos nessa condição de aprisionamento,
  • 27:01 - 27:04
    e que podemos ter paz interior,
    felicidade e bem-estar.
  • 27:04 - 27:09
    Com isso, cada passo terá naturalmente
    uma natureza e qualidade absolutamente divinas.
  • 27:09 - 27:12
    Estas são experiências diretas
  • 27:12 - 27:17
    que Thay quer transmitir-vos.
  • 27:23 - 27:28
    O segredo está na forma como respiramos.
  • 27:29 - 27:32
    Não importa se estás
    a respirar ou não a respirar,
  • 27:32 - 27:35
    a sentar-te ou não a sentar-te,
    a caminhar ou não a caminhar.
  • 27:35 - 27:41
    O que importa é a forma como respiras,
    como te sentas ou como caminhas.
  • 27:42 - 27:44
    Não importa
    se te sentas em meditação ou não,
  • 27:44 - 27:47
    se caminhas em meditação ou não,
    se respiras ou não.
  • 27:47 - 27:54
    O que importa é a forma como caminhas, como te sentas,
    e como respiras.
  • 27:54 - 27:59
    A nossa felicidade e bem-estar
    dependem da forma como fazemos todas essas coisas.
  • 28:01 - 28:06
    Por isso, neste retiro, cada um de nós
    precisa de estar determinado
  • 28:10 - 28:13
    a realmente sentar-se.
  • 28:13 - 28:17
    É porque o retiro nos oferece
    oportunidades para realmente nos sentarmos.
  • 28:18 - 28:22
    É porque, na vida, poucas pessoas
    têm a oportunidade de realmente se sentarem.
  • 28:22 - 28:27
    Mas num retiro, temos
    a oportunidade de realmente nos sentarmos.
  • 28:27 - 28:31
    Aproveitámos bem
    essa oportunidade?
  • 28:34 - 28:37
    Num retiro, temos a possibilidade de realmente respirar.
  • 28:40 - 28:46
    O horário do retiro oferece-nos muitas
    oportunidades de realmente respirar.
  • 28:48 - 28:53
    O horário do retiro oferece-nos muitas
    oportunidades de realmente caminhar.
  • 28:53 - 28:55
    Temos esta determinação
  • 28:55 - 29:00
    de respirar de forma a termos
    felicidade, bem-estar e liberdade?
  • 29:00 - 29:03
    Temos esta determinação
    de caminhar de forma
  • 29:03 - 29:08
    que cada passo traga
    liberdade, felicidade e bem-estar?
  • 29:08 - 29:11
    Temos esta determinação
  • 29:11 - 29:14
    de comer as nossas refeições de tal maneira
  • 29:14 - 29:18
    que cada momento da refeição
  • 29:18 - 29:20
    se torne um momento de felicidade,
    bem-estar e liberdade?
  • 29:20 - 29:25
    Essa felicidade e bem-estar, essa liberdade,
    devem ser encontrados neste exato momento.
  • 29:25 - 29:29
    O Budismo não é uma promessa ilusória
  • 29:29 - 29:31
    de felicidade no futuro.
  • 29:31 - 29:34
    O Budismo é um caminho.
  • 29:34 - 29:37
    Se conseguimos ou não encontrar
    felicidade, bem-estar e liberdade...
  • 29:37 - 29:39
    no momento presente,
  • 29:39 - 29:41
    depende de cada um de nós.
  • 29:41 - 29:46
    Refugiamos-nos na energia
    das Três Jóias para o conseguir fazer.
  • 29:46 - 29:52
    E as Três Jóias — o Buda, o Dharma
    e a Sangha — estão aqui para nós.
  • 29:59 - 30:03
    Ontem realizámos a Cerimónia de Abertura
    do Retiro das Chuvas.
  • 30:03 - 30:07
    Partilhámos uns com os outros que
    esta é uma grande,
  • 30:07 - 30:09
    bela
  • 30:09 - 30:11
    e maravilhosa oportunidade
  • 30:11 - 30:16
    de estarmos juntos e vivermos
    como uma família espiritual durante 90 dias.
  • 30:16 - 30:19
    Todos os dias, temos uns aos outros.
  • 30:19 - 30:24
    Todos os dias, praticamos juntos. Foi isso que desejámos.
  • 30:24 - 30:30
    Muitas pessoas não têm
    esta oportunidade, esta felicidade.
  • 30:30 - 30:35
    Entretanto, nós estamos aqui,
    a ter essa oportunidade.
  • 30:36 - 30:41
    Por isso, temos de dar o nosso melhor,
    temos de...
  • 30:41 - 30:46
    colocar todo o nosso coração e mente na prática.
  • 30:46 - 30:51
    A prática num mosteiro Zen ou centro de prática
    chama-se “công phu”, ou “prática diária de atenção plena”.
  • 30:51 - 30:54
    No Ocidente, quando se ouve
    o termo công phu, as pessoas confundem...
  • 30:54 - 30:57
    com a arte marcial (kungfu).
  • 30:57 - 31:02
    Mas công phu num mosteiro Zen ou centro de prática,
  • 31:02 - 31:09
    em primeiro lugar, significa a prática diária de atenção plena ao
    caminhar, estar de pé, deitado, sentado e a respirar.
  • 31:09 - 31:11
    Cada passo é uma prática diária de atenção plena.
  • 31:11 - 31:15
    Cada respiração é uma prática diária de atenção plena.
  • 31:16 - 31:21
    Cada sorriso é uma prática diária de atenção plena.
  • 31:21 - 31:24
    Lavar a loiça e cozinhar também o são.
  • 31:24 - 31:27
    Tudo é uma prática diária de atenção plena.
  • 31:28 - 31:32
    Não há nada que não seja
    uma prática diária de atenção plena.
  • 31:32 - 31:35
    Urinar e defecar
  • 31:35 - 31:39
    também são práticas diárias de atenção plena.
  • 31:39 - 31:42
    Porque, ao urinar,
    também podemos praticar atenção plena.
  • 31:42 - 31:48
    Ao praticar atenção plena enquanto urinamos,
    podemos ter paz, felicidade, leveza e liberdade.
  • 31:48 - 31:52
    E enquanto urinamos,
    o fluxo da urina é o que mais importa.
  • 31:55 - 32:00
    Não consideramos que o ato de urinar seja
    menos significativo do que qualquer outra coisa.
  • 32:00 - 32:04
    Ao lavar a loiça,
    o que importa é o ato de lavar.
  • 32:04 - 32:08
    Ao caminhar em meditação,
    o que importa é o ato de caminhar.
  • 32:09 - 32:11
    Tudo aquilo que...
  • 32:11 - 32:16
    ...acontece
    no momento presente
  • 32:16 - 32:19
    tem a sua própria importância.
  • 32:19 - 32:23
    Não consideres uma coisa como sendo mais importante do que outra.
  • 32:23 - 32:28
    Imaginemos que estamos a caminhar do nosso alojamento até à sala de meditação,
  • 32:28 - 32:31
    para nos sentarmos em meditação com a sangha.
  • 32:34 - 32:37
    Sentar em meditação é, sem dúvida, importante.
    Mas caminhar desde o nosso alojamento
  • 32:37 - 32:41
    até à sala de meditação é igualmente importante.
  • 32:43 - 32:46
    Por isso, quando caminhamos desde o alojamento até à sala de meditação,
  • 32:46 - 32:51
    cada passo deve ter uma natureza e qualidade significativas.
  • 32:51 - 32:57
    Se nos apressamos, se corremos até à sala de meditação,
  • 32:57 - 33:02
    sacrificamos o momento presente
  • 33:03 - 33:06
    e falhamos em ver o milagre de cada passo.
  • 33:06 - 33:08
    Assim,
  • 33:09 - 33:12
    nada é mais importante do que qualquer outra coisa.
  • 33:12 - 33:16
    À luz da atenção plena, na prática diária da consciência atenta,
  • 33:16 - 33:20
    cada momento é tão importante quanto qualquer outro,
  • 33:20 - 33:25
    e cada ação corporal é tão importante quanto qualquer outra.
  • 33:25 - 33:29
    É necessário haver paz interior, bem-estar, felicidade, liberdade
  • 33:29 - 33:34
    e amor nesse mesmo momento.
  • 33:40 - 33:43
    Quando caminhamos,
  • 33:43 - 33:47
    caminhamos pelo Buda,
  • 33:47 - 33:49
    caminhamos pelo nosso pai,
  • 33:49 - 33:51
    caminhamos pela nossa mãe.
  • 33:52 - 33:55
    Mas onde estão o Buda,
  • 33:55 - 33:57
    o nosso pai e a nossa mãe?
  • 33:57 - 34:02
    O Buda, o nosso pai e a nossa mãe estão todos presentes em nós.
  • 34:03 - 34:06
    É por isso que, quando caminhamos, o Buda caminha.
  • 34:06 - 34:10
    Quando caminhamos, o nosso pai caminha.
    Quando caminhamos, a nossa mãe caminha.
  • 34:10 - 34:13
    Levamo-los a todos connosco nesta caminhada.
  • 34:13 - 34:16
    Assim, cada passo
  • 34:16 - 34:18
    pode ser...
  • 34:22 - 34:26
    uma ação corporal coletiva.
  • 34:31 - 34:36
    Quando damos um passo, podemos dizer:
  • 34:37 - 34:39
    "Cheguei."
  • 34:42 - 34:45
    E ao dar outro passo,
  • 34:45 - 34:49
    podemos dizer: "Estou em casa."
  • 34:50 - 34:53
    Cheguei.
  • 34:55 - 34:58
    Estou em casa.
  • 34:59 - 35:05
    Isto não é repetir como um papagaio o que está escrito no sutra.
    Isto é encarnar a prática.
  • 35:05 - 35:11
    Quando damos um passo dizendo “Cheguei”, temos mesmo de ter chegado.
  • 35:14 - 35:18
    Significa que deixamos de correr, deixamos de andar de um lado para o outro,
  • 35:18 - 35:24
    deixamos de vaguear longe da nossa verdadeira casa.
    Regressamos à casa do momento presente.
  • 35:24 - 35:29
    Vivemos o momento presente profundamente e com muita solidez.
    Isso é “Cheguei”.
  • 35:29 - 35:32
    Se de facto chegámos,
  • 35:33 - 35:36
    os nossos pais e todos os nossos antepassados de sangue também chegaram.
  • 35:36 - 35:37
    Muito milagroso.
  • 35:37 - 35:39
    Cheguei.
  • 35:39 - 35:41
    Estou em casa.
  • 35:43 - 35:45
    Já cheguei.
  • 35:47 - 35:49
    Já estou em casa.
  • 35:50 - 35:56
    Podemos colocar o nosso coração e mente
    nas solas dos nossos pés.
  • 35:56 - 36:01
    E colocamos o nosso coração e mente
  • 36:01 - 36:05
    no contacto dos pés com o chão.
  • 36:07 - 36:10
    Cheguei.
  • 36:13 - 36:15
    Estou em casa.
  • 36:15 - 36:19
    O facto de termos realmente chegado, de estarmos realmente em casa — ou não —
  • 36:19 - 36:21
    deixa as suas marcas.
  • 36:21 - 36:27
    Não podemos fazer declarações vazias.
    Quando dizemos “Cheguei”, temos de ter mesmo chegado.
  • 36:27 - 36:31
    Quando dizemos “Estou em casa”, temos de estar verdadeiramente em casa.
  • 36:31 - 36:34
    Se de facto chegámos,
  • 36:34 - 36:37
    a nossa mente já não vagueia sem rumo,
  • 36:37 - 36:40
    nem anda de um lado para o outro.
  • 36:40 - 36:44
    A nossa mente habita em paz
    e contente no aqui e agora.
  • 36:45 - 36:49
    Caminhar desta forma é caminhar pelo nosso pai, pela nossa mãe,
  • 36:49 - 36:52
    pelo Buda, pelo Thay e por toda a sangha.
  • 36:52 - 36:55
    Caminhar assim nutre-nos,
  • 36:55 - 37:00
    nutre o Thay, toda a sangha
    e os nossos queridos pai e mãe.
  • 37:00 - 37:01
    Que milagre!
  • 37:01 - 37:04
    O que estás ainda a procurar?
  • 37:04 - 37:07
    Que práticas estás ainda à procura?
  • 37:07 - 37:14
    Isto é uma prática concreta — uma porta do Dharma
    que opera maravilhas. É “a única via de entrada”.
  • 37:14 - 37:18
    A única via de entrada no reino da felicidade e do bem-estar.
    A única via de entrada no reino da liberdade e da libertação.
  • 37:18 - 37:21
    Isso é “Nhất Nhập Đạo”,
    ou seja, “A Única Via de Entrada”.
  • 37:27 - 37:30
    Quando caminhamos em meditação com a sangha, nós...
  • 37:30 - 37:33
    beneficiamos da energia coletiva da sangha,
  • 37:33 - 37:36
    porque todos desejam caminhar com consciência plena de forma bem-sucedida.
  • 37:36 - 37:42
    Por causa disso, não caímos na armadilha de praticar apenas por aparência.
  • 37:42 - 37:45
    Somos pessoas muito afortunadas.
  • 37:45 - 37:52
    Somos muito abençoados. Temos todas as condições certas
    para praticar e ter sucesso na prática.
  • 37:52 - 37:54
    Se não conseguirmos,
  • 37:54 - 37:57
    a culpa é nossa.
  • 38:01 - 38:05
    Se deixarmos que os nossos dias e o nosso tempo simplesmente passem,
    se deixarmos que os 90 dias passem num instante,
  • 38:05 - 38:07
    isso não é nada correto da nossa parte,
  • 38:07 - 38:10
    não é nada gentil da nossa parte
  • 38:11 - 38:17
    tratar os nossos antepassados de sangue, o Buda,
    o Thay e a sangha desta forma.
  • 38:19 - 38:21
    Sabemos que
  • 38:23 - 38:25
    construir a sangha
  • 38:26 - 38:28
    e dedicar e oferecer à sangha
  • 38:29 - 38:31
    é algo que podemos fazer
  • 38:31 - 38:34
    em cada momento da nossa vida quotidiana.
  • 38:34 - 38:37
    O presente mais precioso
  • 38:38 - 38:41
    que podemos oferecer à nossa sangha
  • 38:41 - 38:44
    é a nossa própria prática.
  • 38:45 - 38:50
    Quando uma pessoa dá passos
    pacíficos e felizes,
  • 38:50 - 38:53
    essa pessoa...
  • 38:54 - 38:58
    está a oferecer à sangha
    o seu presente mais precioso.
  • 38:58 - 39:02
    Não é colando-nos aos computadores,
    a trabalhar dia e noite, que estamos a oferecer à sangha
  • 39:02 - 39:05
    ou a prestar-lhe serviço.
  • 39:06 - 39:10
    Dito isto, não significa
    que desprezamos os computadores porque...
  • 39:10 - 39:14
    se usarmos os computadores
    e trabalharmos com atenção plena—
  • 39:14 - 39:20
    se fizermos tudo com plena consciência,
    isso também será uma grande oferenda à sangha.
  • 39:22 - 39:31
    Quando cozinhamos para a sangha—
    imaginemos que cozinhamos para 200 pessoas,
  • 39:31 - 39:37
    claro que o mérito está lá,
    ou seja, já há a intenção de amor.
  • 39:37 - 39:47
    Mas se nos apressamos e queremos apenas terminar de cozinhar,
    se não temos paz interior e felicidade enquanto cozinhamos,
  • 39:47 - 39:53
    o presente que oferecemos à sangha ficará
    aquém da beleza que pretendíamos.
  • 39:53 - 40:00
    Mas se—enquanto cozinhamos para a sangha—
    em cada momento de lavar, cortar,
  • 40:00 - 40:05
    mexer e fritar, houver paz interior,
    felicidade e atenção plena,
  • 40:05 - 40:08
    isso é...
  • 40:08 - 40:11
    um grande presente que estamos a dedicar
    e a oferecer à sangha.
  • 40:11 - 40:15
    Não só a sangha tem o alimento físico para comer,
    mas também recebe...
  • 40:15 - 40:18
    a natureza e qualidade divina da atenção plena.
  • 40:19 - 40:22
    Isso é o mais precioso de tudo.
  • 40:22 - 40:25
    Quando uma sangha está repleta desta
    natureza divina e qualidade de atenção plena,
  • 40:25 - 40:28
    a sangha é verdadeiramente
    uma das Três Joias,
  • 40:28 - 40:32
    é verdadeiramente "um lugar de refúgio para
    o oceano de seres nas dez direções"
  • 40:32 - 40:35
    (trecho do texto de cântico "Cerimónia de Louvor aos Mestres Ancestrais"
    ou "Nghi Thức Chúc Tán Tổ Sư").
  • 40:35 - 40:37
    Então,
  • 40:37 - 40:40
    o antigo presidente dos EUA, Kennedy, disse uma vez:
  • 40:40 - 40:45
    "Não perguntes o que o teu país
    pode fazer por ti,
  • 40:45 - 40:48
    pergunta o que tu podes fazer
    pelo teu país."
  • 40:48 - 40:51
    Essa frase foi muitas vezes...
  • 40:51 - 40:54
    repetida por muitas pessoas.
  • 40:54 - 40:57
    Pois bem, podemos...
  • 40:58 - 41:03
    adaptá-la: "Não perguntes
    o que a tua sangha pode fazer por ti,
  • 41:03 - 41:06
    pergunta o que tu podes fazer pela tua sangha."
  • 41:06 - 41:09
    Mas o que podemos fazer pela sangha?
  • 41:09 - 41:14
    Aqui está muito claro: caminhamos pela sangha,
    respiramos pela sangha,
  • 41:15 - 41:17
    sentamos pela sangha.
  • 41:17 - 41:22
    E essa é a nossa maior dedicação,
    oferta e contribuição para a sangha.
  • 41:22 - 41:26
    É isso que significa construir a sangha.
  • 41:33 - 41:37
    Ao construir a sangha
  • 41:38 - 41:41
    e dedicar-nos à sangha,
  • 41:41 - 41:44
    estamos—ao mesmo tempo—a construir-nos
    e a dedicar-nos a nós próprios.
  • 41:44 - 41:48
    Porque quem dá e o que é dado...
  • 41:49 - 41:51
    não podem ser separados.
  • 41:52 - 41:56
    É como aquilo que o Thay disse este ano
  • 41:58 - 42:00
    aos amigos leigos:
  • 42:00 - 42:02
    "Se quiserem oferecer um presente ao Thay,
  • 42:02 - 42:05
    em vez de o comprarem no supermercado,
  • 42:05 - 42:07
    devem...
  • 42:07 - 42:11
    prometer ao Thay que irão praticar algo.
  • 42:11 - 42:16
    Por exemplo: ‘A partir de agora,
    sempre que segurar uma chávena de chá nas mãos,
  • 42:16 - 42:20
    vou praticar ver uma nuvem no chá.’”
  • 42:21 - 42:26
    Pois bem, algumas pessoas fizeram...
  • 42:26 - 42:29
    promessas muito bonitas.
  • 42:32 - 42:36
    Por exemplo: “Sempre que subir as escadas
    para ir para a cama,
  • 42:36 - 42:42
    vou praticar dar passos tranquilos, em paz
    e com alegria, e lembrar-me de ti, Thay.”
  • 42:42 - 42:44
    Pois,
  • 42:44 - 42:46
    isso é um presente.
  • 42:46 - 42:48
    Mas,
  • 42:48 - 42:51
    embora digamos “é um presente para o Thay”,
  • 42:51 - 42:53
    somos nós que mais beneficiamos com ele.
  • 42:53 - 42:56
    Todos os dias podemos dar passos conscientes,
  • 42:56 - 43:01
    e todos os dias, ao beber o nosso chá,
    podemos estar em contacto com a nuvem na chávena.
  • 43:01 - 43:08
    Com isso, quem dá e o que é dado
    não são duas entidades separadas.
  • 43:08 - 43:15
    Mesmo que sejamos quem dá,
    somos, ao mesmo tempo, o que é dado.
  • 43:16 - 43:22
    E mesmo que o outro seja o que é dado,
    é, ao mesmo tempo, quem dá.
  • 43:22 - 43:30
    A isso chama-se “o vazio na oferta”—
    ou seja, “O presente, quem dá e o que é dado são um só.”
  • 43:34 - 43:37
    [Sino]
  • 43:56 - 43:58
    Agarra essa oportunidade.
  • 43:58 - 44:01
    Não deixes essa oportunidade...
  • 44:01 - 44:05
    escapar, para depois te arrependeres,
    “Meu Deus,...
  • 44:06 - 44:10
    tive aquela oportunidade
    e não a aproveitei.”
  • 44:11 - 44:15
    Cada um de nós devia manter um diário de công phu.
  • 44:15 - 44:20
    À noite, podemos reservar uns minutos
    para registar e refletir sobre, por exemplo,...
  • 44:21 - 44:25
    “Como foi a qualidade da minha meditação sentada hoje?”,
  • 44:25 - 44:27
    “Como foi a qualidade da minha respiração hoje?”,
  • 44:27 - 44:29
    “Como foi a qualidade do meu trabalho hoje?”,
  • 44:29 - 44:31
    ou “Como foi a qualidade da minha caminhada hoje?”.
  • 44:33 - 44:36
    “Estou a desfrutar e a beneficiar...
  • 44:36 - 44:37
    das oportunidades
  • 44:37 - 44:41
    que o Buda, o Dharma
    e a Sangha...
  • 44:41 - 44:44
    me dedicaram?
  • 44:46 - 44:49
    Ou continuo a queixar-me?”
  • 44:49 - 44:56
    Temos muitas, muitas oportunidades
    como estas que precisamos de aproveitar.
  • 45:03 - 45:06
    Quando conseguimos dar passos conscientes assim,
  • 45:06 - 45:08
    quando conseguimos respirar com atenção assim,
  • 45:08 - 45:15
    quando trabalhamos com alegria assim,
  • 45:15 - 45:20
    tornamo-nos uma fonte
    de inspiração para os que nos rodeiam.
  • 45:21 - 45:26
    A nossa contribuição, então,
    terá grande significado para a sangha.
  • 45:36 - 45:42
    Todos os dias, arranjamos tempo para tomar o pequeno-almoço,
    almoçar, jantar, lavar a loiça,
  • 45:42 - 45:44
    e limpar o que há a limpar.
  • 45:44 - 45:47
    Mas também devíamos reservar alguns minutos
  • 45:47 - 45:51
    ao fim do dia para escrever no diário,
  • 45:51 - 45:55
    para ver como foi o nosso
  • 45:55 - 45:58
    ‘trabalho’, ou seja, a nossa prática, hoje.
  • 45:59 - 46:04
    Hoje caminhei com mais atenção plena? Houve
    mais qualidade de presença nos meus passos?
  • 46:04 - 46:08
    Respirei com um sentido mais profundo
    de paz interior, bem-estar e felicidade?
  • 46:08 - 46:12
    A minha meditação sentada foi mais sólida e
    mais tranquila do que ontem?
  • 46:12 - 46:17
    Somos nós que avaliamos a qualidade da nossa própria prática.
    É isso que é o diário công phu.
  • 46:18 - 46:21
    Registos de công phu.
  • 46:21 - 46:25
    Demora só 1 ou 2 minutos. Não é muito.
  • 46:37 - 46:40
    Lembra-te
  • 46:44 - 46:47
    que toda a gente caminha da mesma forma,
  • 46:48 - 46:54
    mas a natureza e a qualidade
    dos passos de cada pessoa são muito diferentes.
  • 47:00 - 47:02
    Há pessoas
  • 47:02 - 47:07
    ...que já não têm essa oportunidade—
    já não têm a possibilidade
  • 47:07 - 47:10
    de dar um passo assim.
  • 47:11 - 47:15
    Porque estão acamadas,
    a dar os últimos suspiros.
  • 47:18 - 47:20
    As nossas duas pernas ainda estão fortes.
  • 47:20 - 47:23
    Podemos dar quantos passos quisermos.
  • 47:23 - 47:29
    Se não conseguimos aproveitá-los, se não conseguimos
    beneficiar deles e apreciá-los, é realmente uma grande falta de sabedoria.
  • 47:29 - 47:34
    Com essa consciência plena, cada passo
    traz muita felicidade.
  • 47:34 - 47:38
    Por isso, o Thay quer lembrar-te que
    o pano de fundo do sofrimento e do mal-estar,
  • 47:39 - 47:42
    do desespero,...
  • 47:44 - 47:46
    da estagnação,
  • 47:48 - 47:50
    do enredamento e do apego,
  • 47:50 - 47:53
    permite-nos reconhecer
    a paz, a felicidade e a liberdade
  • 47:53 - 47:57
    que podemos ter já, neste momento presente.
  • 48:16 - 48:18
    Esta partilha...
  • 48:18 - 48:23
    são algumas palavras de encorajamento e de alerta
  • 48:24 - 48:27
    com o intuito de te ajudar
    a aproveitar a oportunidade—
  • 48:27 - 48:29
    a não desperdiçar a oportunidade,
  • 48:29 - 48:32
    a praticar por ti,
  • 48:32 - 48:37
    pela tua família, pela tua linhagem, pelo teu país,
    pela tua terra natal, e por toda a humanidade.
  • 48:38 - 48:41
    Tudo o que pudermos fazer hoje, devemos fazer.
  • 48:41 - 48:44
    Não esperes por amanhã.
  • 48:45 - 48:47
    [Thay faz uma vénia]
  • 48:51 - 48:53
    [Sino]
  • 49:09 - 49:11
    [Sino]
  • 49:28 - 49:30
    [Sino]
  • 49:48 - 49:50
    [Tocar sino de mão]
  • 49:50 - 49:52
    [Sino de mão]
Title:
Mindfulness: The Path Into Liberation | Teaching by Thich Nhat Hanh (EN subtitles)
Description:

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Video Language:
English
Duration:
50:15

Portuguese subtitles

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