Uma história de violência | Steven Pinker | TEDxNewEngland
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0:19 - 0:23Acreditem ou não,
e sei que a maioria não acredita, -
0:23 - 0:26a violência tem estado em declínio
já faz um bom tempo, -
0:27 - 0:28e podemos estar vivendo hoje
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0:28 - 0:32a época mais pacífica
da existência da nossa espécie. -
0:32 - 0:35O declínio da violência
não tem sido constante, -
0:35 - 0:38não zerou os índices de violência
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0:39 - 0:41e não é garantido que continue.
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0:42 - 0:46Mas espero convencê-los de que se trata
de um processo histórico persistente, -
0:46 - 0:50observável em termos de milênios a anos,
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0:50 - 0:52que vai desde a promoção de guerras
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0:52 - 0:54ao tratamento dispensado
a crianças e animais. -
0:55 - 0:59Vou apresentar então seis grandes
declínios históricos da violência -
0:59 - 1:03e tentar explicá-los
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1:03 - 1:08em termos dos mecanismos psicológicos
que nos impelem à violência, -
1:08 - 1:11bem como dos mecanismos psicológicos
que inibem a violência, -
1:11 - 1:15aquilo que Abraham Lincoln chamou
de "os melhores anjos da nossa natureza", -
1:15 - 1:20e as mudanças históricas
que favoreceram esses "anjos". -
1:21 - 1:25Chamo de Processo de Pacificação
o primeiro declínio da violência. -
1:25 - 1:30Até cerca de 5 mil anos atrás,
os humanos viviam em anarquia, -
1:30 - 1:32sem um governo central.
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1:32 - 1:35Como era a vida em tal estado da natureza?
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1:35 - 1:39Bem, uma maneira de estimar
os índices de violência -
1:39 - 1:42em sociedades não estatais versus estatais
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1:42 - 1:44vem da arqueologia forense.
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1:44 - 1:48Pensem nisso como um "CSI Paleolítico",
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1:48 - 1:51ou seja, a proporção
de esqueletos pré-históricos -
1:51 - 1:55com sinais de trauma violento,
tais como crânios esmagados, -
1:56 - 1:57decapitações,
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1:58 - 2:00ossos atravessados por flecha
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2:00 - 2:03ou múmias com cordas em volta do pescoço.
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2:03 - 2:04(Risos)
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2:04 - 2:07Organizei aqui 21 estimativas.
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2:07 - 2:11Como podem ver, elas abrangem uma boa
gama, mas chegam a uma média de 15%. -
2:11 - 2:13Ou seja, 15% de restos
mortais pré-históricos -
2:13 - 2:16mostram algum sinal de trauma violento.
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2:16 - 2:18Comparemos esse valor de 15%
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2:18 - 2:21com o de algumas sociedades modernas,
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2:21 - 2:26como os Estados Unidos
e a Europa do século 20, -
2:26 - 2:29com suas duas guerras mundiais
e muitas outras, -
2:29 - 2:34que somam uma taxa de mortalidade de 0,6%.
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2:35 - 2:38Se tentarmos ampliar
essa estimativa ao máximo, -
2:38 - 2:40computando todos os genocídios
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2:40 - 2:43e toda a fome provocada
pelo homem no mundo, -
2:43 - 2:47podemos elevar esses índices
a, talvez, cerca de 3%. -
2:47 - 2:50E, se observarmos o mundo no século 21,
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2:50 - 2:54talvez nem vejam a barra, pois ela
tem menos de 0,26 mm de altura, -
2:54 - 2:57com o valor de 0,03%.
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2:58 - 3:01Podemos observar
o segundo declínio da violência -
3:01 - 3:03examinando esta xilogravura,
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3:03 - 3:06que mostra um dia típico
na vida das pessoas na Idade Média. -
3:06 - 3:08(Risos)
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3:08 - 3:11E o processo que diminuiu
esse nível de caos -
3:11 - 3:14foi o chamado Processo Civilizador.
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3:14 - 3:18Em muitas partes da Europa, estatísticas
de homicídio remontam a 800 anos, -
3:18 - 3:21e historiadores criminologistas
as acompanharam ao longo do tempo, -
3:21 - 3:23como neste gráfico,
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3:23 - 3:25com homicídios anuais
por 100 mil habitantes, -
3:25 - 3:30numa escala logarítmica de 1200 a 2000.
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3:30 - 3:33E, como podem ver,
tem havido um enorme declínio, -
3:33 - 3:35a ponto de um britânico contemporâneo
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3:35 - 3:38ter cerca de uma trigésima quinta
parte da chance de ser assassinado -
3:38 - 3:40do que tinha seu ancestral medieval.
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3:40 - 3:42Isso não se refere apenas à Inglaterra,
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3:42 - 3:46mas a todos os países
para os quais existam dados históricos. -
3:46 - 3:51Aqui vemos a Itália, os Países Baixos,
a Alemanha, a Suíça e a Escandinávia. -
3:52 - 3:55A linha vermelha neste gráfico
mostra a média nessas cinco regiões. -
3:55 - 3:57A título de comparação,
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3:57 - 4:01também coloquei o índice
para sociedades não estatais -
4:01 - 4:03no canto superior esquerdo.
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4:03 - 4:05A lacuna entre o ponto
e o começo do gráfico -
4:05 - 4:07é o que chamo de Processo de Pacificação;
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4:07 - 4:11e o declínio posterior,
de Processo Civilizador. -
4:12 - 4:15O terceiro declínio histórico
da violência pode ser observado -
4:15 - 4:17lembrando algumas das maneiras
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4:17 - 4:22como a lei e a ordem foram trazidas
para os territórios europeus, -
4:23 - 4:26ou seja, com punições físicas sádicas,
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4:26 - 4:30como quebrar na roda, queimar na fogueira,
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4:31 - 4:33furar com ganchos de ferro,
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4:33 - 4:35serrar ao meio
-
4:35 - 4:36e empalar.
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4:36 - 4:40Mas, num processo chamado
de Revolução Humanitária, -
4:41 - 4:44os países mais poderosos colocaram
um ponto-final no uso da tortura -
4:44 - 4:47como forma de punição criminal.
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4:47 - 4:51Esta linha do tempo mostra,
de 1625 a 1850, -
4:51 - 4:54o número dos principais países
que tinham tortura judicial -
4:54 - 4:57e, como podem ver,
houve uma onda de abolições -
4:57 - 5:01na segunda metade do século 18,
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5:01 - 5:05incluindo a proibição
de "punição cruel e incomum" -
5:05 - 5:08na oitava emenda
à Constituição norte-americana, -
5:08 - 5:11que foi promulgada exatamente
no meio dessa onda. -
5:11 - 5:14Também abolido durante
a Revolução Humanitária -
5:14 - 5:16foi o uso perdulário da pena de morte
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5:16 - 5:18para crimes não letais.
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5:19 - 5:24Na Inglaterra do século 18,
havia 222 crimes capitais nos livros, -
5:24 - 5:28incluindo a caça furtiva,
a falsificação, o roubo de coelhos, -
5:28 - 5:30ser apanhado na companhia de ciganos,
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5:30 - 5:35e "forte evidência de malícia
contra crianças de 7 a 14 anos de idade". -
5:36 - 5:39Em 1861, eles foram reduzidos a quatro.
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5:40 - 5:45A própria pena de morte foi abolida
em toda as democracias ocidentais, -
5:45 - 5:46exceto nos Estados Unidos.
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5:46 - 5:50A linha vermelha mostra o número
de países europeus com pena capital, -
5:50 - 5:53de 1775 até o presente.
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5:53 - 5:56A maioria das abolições
teve lugar no século 20, -
5:56 - 5:59mas a linha azul mostra
o número de países europeus -
5:59 - 6:01que executavam pessoas,
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6:01 - 6:04mostrando que, antes de os políticos
-
6:04 - 6:08tentarem abolir a pena de morte
da legislação de seus países, -
6:08 - 6:11seus concidadãos tinham
praticamente perdido o gosto -
6:11 - 6:13pela execução de pessoas.
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6:13 - 6:16Digo que os Estados Unidos são exceção
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6:16 - 6:20porque 33 dos seus 50 estados
ainda praticam a pena de morte. -
6:20 - 6:21Mas, mesmo nos Estados Unidos,
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6:21 - 6:25a pena de morte é uma sombra
do que costumava ser, -
6:25 - 6:29como se pode ver neste gráfico,
que mostra a taxa de execução per capita -
6:29 - 6:31desde os tempos coloniais até o presente.
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6:31 - 6:35Atualmente, cerca de 40 pessoas
são executadas por ano -
6:35 - 6:39num país com mais de 16 mil homicídios,
-
6:39 - 6:44e o número continuou a cair
na última década. -
6:44 - 6:48Finalmente, a Revolução Humanitária
viu a abolição da escravidão. -
6:48 - 6:53A escravidão costumava
ser legal em todo o mundo. -
6:53 - 6:55Ninguém parecia achar
que havia algo errado com ela. -
6:55 - 6:57A Bíblia, por exemplo,
não via aí nenhum problema. -
6:57 - 7:00A democrática Atenas era
uma sociedade escravocrata... -
7:00 - 7:03Mas, a partir de meados do século 18,
-
7:03 - 7:05houve uma série de abolições,
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7:05 - 7:09e isso se transformou numa onda
que varreu o mundo inteiro. -
7:09 - 7:13Desde 1980, quando a Mauritânia
aboliu a pena capital, -
7:13 - 7:16estamos vivendo uma era única
na história humana -
7:16 - 7:21em que a escravidão é ilegal
em todos os lugares da Terra. -
7:22 - 7:27O quarto declínio da violência
foi chamado de a Longa Paz. -
7:27 - 7:30E vou pular alguns gráficos,
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7:30 - 7:34porque a estatística mais relevante
-
7:36 - 7:37para a Longa Paz é zero.
-
7:37 - 7:43Refere-se ao declínio historicamente
sem precedentes das guerras entre estados. -
7:43 - 7:48Então, aqui estão alguns
exemplos da estatística zero -
7:48 - 7:50que simbolizam essa época.
-
7:50 - 7:54Não houve guerras
entre os EUA e a União Soviética, -
7:54 - 7:57contrariando todas
as previsões de especialistas -
7:57 - 8:00de que a Terceira Guerra Mundial
seria uma questão de tempo. -
8:00 - 8:05Nenhuma arma nuclear foi detonada
numa guerra desde Nagasaki; -
8:05 - 8:08contrariando, novamente,
todas as previsões de especialistas -
8:08 - 8:11de que uma guerra nuclear
seria inevitável. -
8:11 - 8:14Não houve guerras
entre duas grandes potências -
8:14 - 8:16desde o fim da Guerra da Coreia, em 1953,
-
8:16 - 8:20depois de meio milênio
em que as grandes potências -
8:20 - 8:23estavam constantemente
no pescoço uma da outra. -
8:23 - 8:26Não houve guerras
entre países da Europa Ocidental -
8:26 - 8:29desde o final da Segunda Guerra Mundial.
-
8:29 - 8:31A título de comparação,
-
8:31 - 8:32antes de 1945
-
8:32 - 8:36os países da Europa Ocidental sozinhos
deflagravam duas novas guerras por ano, -
8:36 - 8:38num intervalo de 600 anos.
-
8:38 - 8:42Esse número caiu,
a partir de 1946, para zero. -
8:42 - 8:45E não houve guerras
entre países desenvolvidos. -
8:45 - 8:48Os 44 países com o maior PIB per capita
-
8:48 - 8:52não lutam entre si desde 1946.
-
8:52 - 8:56E pode até parecer banal e ordinário
-
8:56 - 9:01pensar que as guerras ocorram
em partes pobres e atrasadas do mundo, -
9:01 - 9:03mas, na maior parte da história,
-
9:03 - 9:07foram os países ricos e desenvolvidos
que estiveram constantemente em guerra, -
9:07 - 9:10e, como podiam manter exércitos
com alto poder de destruição, -
9:10 - 9:12eram essas guerras
que causavam o maior estrago. -
9:13 - 9:15Mas e o restante do mundo?
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9:15 - 9:18Num processo que chamo de a Nova Paz,
-
9:18 - 9:22a Longa Paz está começando
a se espalhar pelo resto do mundo. -
9:22 - 9:25E vou ilustrar usando
um gráfico de área empilhada, -
9:25 - 9:29em que a espessura de cada camada
corresponde à mortalidade nas guerras, -
9:29 - 9:32numa determinada categoria,
de 1946 até o presente. -
9:32 - 9:35Eis a mortalidade em guerras coloniais,
-
9:35 - 9:40que caiu para zero conforme os impérios
europeus abriram mão de suas colônias. -
9:40 - 9:43Aqui, o índice de mortalidade
em guerras entre estados, -
9:43 - 9:46guerras com um país de cada lado,
-
9:46 - 9:49mostra uma tendência
vertiginosa, mas descendente, -
9:49 - 9:53com picos correspondendo
à Guerra da Coreia, à Guerra do Vietnã -
9:53 - 9:55e à Guerra Irã-Iraque.
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9:56 - 9:58Aqui temos a taxa de mortalidade
em guerras civis -
9:58 - 10:00e guerras civis internacionalizadas,
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10:00 - 10:04em que outro país interfere
numa guerra civil. -
10:04 - 10:08A altura da pilha inteira
representa a taxa de mortalidade mundial -
10:08 - 10:11de todas as guerras combinadas.
-
10:11 - 10:16E, como podem ver, o gráfico mostra
que ela é irregular, mas persistente. -
10:16 - 10:20Na primeira década do século 21,
-
10:20 - 10:23vemos uma lâmina de camadas
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10:23 - 10:27mostrando a baixa mortalidade
sem precedentes, por guerra, -
10:27 - 10:29em todas as categorias.
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10:30 - 10:32Finalmente temos
as Revoluções dos Direitos, -
10:32 - 10:35o direcionamento da violência
em menor escala -
10:35 - 10:39a segmentos vulneráveis da população,
-
10:39 - 10:42tais como afro-americanos,
-
10:42 - 10:45mulheres, crianças e animais.
-
10:46 - 10:52Primeiro, a Revolução dos Direitos Civis
pôs fim à prática do linchamento. -
10:53 - 10:55No final do século 19,
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10:55 - 10:59cerca de 150 afro-americanos
eram linchados por ano, -
10:59 - 11:00cerca de 3 por semana.
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11:00 - 11:03Na década de 1950,
esse número caiu para zero. -
11:04 - 11:09As atitudes racistas que permitiram
ataques contra afro-americanos -
11:09 - 11:12têm estado em firme declínio.
-
11:12 - 11:16O gráfico mostra a porcentagem de brancos,
nos EUA, que concordam com as afirmações -
11:16 - 11:19"negros e brancos devem
frequentar escolas diferentes" -
11:19 - 11:22e "se uma família negra se mudasse
para a casa ao lado, eu me mudaria". -
11:22 - 11:27As porcentagens caíram de uma maioria
dos norte-americanos brancos -
11:27 - 11:31para um único dígito,
referente a opiniões fora da curva. -
11:31 - 11:35Hoje, a pergunta nem mesmo é incluída
em pesquisas de opinião pública. -
11:36 - 11:38A Revolução dos Direitos das Mulheres
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11:38 - 11:44reduziu o índice de estupro em 80%,
desde seu pico, na década de 1970, -
11:44 - 11:49e provocou um declínio similar
em índices de violência doméstica. -
11:49 - 11:51A Revolução dos Direitos das Crianças
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11:51 - 11:55reduziu o número de estados
norte-americanos com castigo físico, -
11:55 - 11:59ou seja, bater com cinto
e palmatória nas escolas. -
12:00 - 12:01A aceitação de surras
-
12:01 - 12:05e outras formas de punição física
das crianças pelos pais -
12:05 - 12:09tem declinado em pesquisas
em todos os países ocidentais. -
12:09 - 12:12E os índices de abuso infantil,
tanto físico quanto sexual, -
12:12 - 12:16têm declinado desde a primeira
vez que foram medidos. -
12:16 - 12:21A Revolução dos Direitos dos Animais
tem assistido a um declínio na caça, -
12:21 - 12:26um aumento no vegetarianismo,
tanto no Reino Unido como nos EUA, -
12:26 - 12:29e um declínio considerável
no número de filmes -
12:29 - 12:32em que animais são maltratados.
-
12:32 - 12:34Bem, isso levanta a questão:
-
12:34 - 12:39"Por que a violência declinou
em magnitude e ao longo do tempo?" -
12:39 - 12:43Não acredito que se deva
a uma mudança na natureza humana -
12:43 - 12:47e que nossas inclinações violentas tenham
sido literalmente arrancadas de nós, -
12:47 - 12:52mas, sim, porque a natureza humana
sempre foi extraordinariamente complexa -
12:52 - 12:56e abrange tanto as inclinações
que nos levam à violência -
12:56 - 12:59quanto as inibições
que a restringem em nós. -
12:59 - 13:01Quais as razões da violência?
-
13:01 - 13:04Não acredito haver uma parte do cérebro
-
13:04 - 13:08com um instinto agressivo.
-
13:08 - 13:12Mas temos motivos distintos,
como a simples exploração, -
13:12 - 13:15prejudicar uma pessoa
que por acaso seja um obstáculo -
13:15 - 13:17no caminho para algo que se queira,
-
13:17 - 13:21resultando em formas de violência
como estupro, pilhagem, conquista -
13:21 - 13:23e eliminação de rivais.
-
13:24 - 13:25Há a busca pelo domínio,
-
13:25 - 13:30o desejo de escalar a hierarquia social
e se tornar o macho alfa, -
13:30 - 13:33e uma motivação similar em grupos
-
13:33 - 13:37em busca de supremacia
racial, nacional ou religiosa. -
13:38 - 13:40Há vingança ou violência moralista,
-
13:40 - 13:44em que se sente que a violência
não só é admissível, -
13:44 - 13:50mas obrigatória para punir
aqueles que nos fizeram mal, -
13:50 - 13:54resultando em vendetas
e justiça cruel pelas próprias mãos. -
13:54 - 13:58E as motivações talvez mais destrutivas
de todas: as ideologias utópicas, -
13:58 - 14:01sistemas de crenças religiosas,
-
14:01 - 14:04nacionalismo, nazismo,
comunismo militantes, -
14:04 - 14:08que apresentam a perspectiva de um mundo
que será infinitamente bom para sempre. -
14:09 - 14:13Isso é capturado pelo ditado: "Não se pode
fazer um omelete sem quebrar os ovos", -
14:13 - 14:18ou seja, se temos um sistema de crenças
em que o mundo será perfeito, -
14:18 - 14:22matar pessoas que atrapalhem isso
é um preço que vale a pena ser pago, -
14:22 - 14:28e é por isso que, paradoxalmente,
as piores atrocidades da história humana -
14:28 - 14:33foram cometidas na busca
de um objetivo utópico moralista. -
14:33 - 14:38E o que temos para contrapor
essas inclinações violentas? -
14:38 - 14:40Quais seriam os melhores
anjos da nossa natureza? -
14:40 - 14:44Existe o autocontrole,
um circuito no córtex pré-frontal -
14:44 - 14:47que pode antecipar
as consequências do comportamento -
14:47 - 14:50e inibir nossos impulsos violentos.
-
14:50 - 14:53Há a empatia, a capacidade
de sentir a dor alheia. -
14:54 - 14:57Há o senso moral,
um sistema de normas e tabus -
14:57 - 15:01que governa a adequação do comportamento.
-
15:01 - 15:02E, finalmente, há a razão,
-
15:03 - 15:09processos cognitivos que nos permitem
fazer análises objetivas e imparciais. -
15:09 - 15:11Bem, a pergunta é:
-
15:11 - 15:15como conciliar a história e a psicologia?
-
15:15 - 15:19Quais desenvolvimentos históricos
trazidos pelos melhores anjos -
15:19 - 15:21detêm nossas mãos
-
15:21 - 15:25antes que elas cometam
atos de derramamento de sangue? -
15:25 - 15:28A primeira possibilidade
é que Thomas Hobbes estava certo -
15:28 - 15:31quando exaltou "O Leviatã",
-
15:31 - 15:33um sistema estatal e jurídico
-
15:33 - 15:37com um monopólio
sobre o uso legítimo da força. -
15:37 - 15:40Um estado com monopólio sobre a violência
-
15:40 - 15:43pode neutralizar nosso incentivo
para atacar os vizinhos -
15:43 - 15:47ao impor penalidades que cancelem
a antecipação do ganho. -
15:48 - 15:52Tão importante quanto, ele neutraliza
o incentivo do vizinho para nos atacar, -
15:52 - 15:58de modo a não precisarmos da instância
do macho beligerante para detê-los, -
15:58 - 16:02nem buscar vingança após o ocorrido.
-
16:03 - 16:06E isso pode diminuir
os índices de violência -
16:06 - 16:09ao driblar a tendência de se fazer
justiça com as próprias mãos, -
16:09 - 16:14levando todos numa disputa
a pensar que estão do lado dos anjos, -
16:14 - 16:18que o inimigo é pérfido e agressivo,
-
16:18 - 16:22e daí em diante reduzir
os ciclos de vendeta -
16:22 - 16:27em que ambos os lados sempre acham
haver uma pontuação a ser alcançada. -
16:27 - 16:30Um segundo mecanismo tem sido
chamado Gentil Comércio, -
16:30 - 16:34a ideia de que a pilhagem
é um jogo de soma zero, -
16:34 - 16:41em que a vantagem para o agressor
é cancelada pela perda da vítima. -
16:41 - 16:45O comércio é um jogo de soma positiva
no qual todos ganham. -
16:45 - 16:47À medida que o aperfeiçoamento tecnológico
-
16:47 - 16:49permite o comércio de mercadorias e ideias
-
16:49 - 16:55entre longas distâncias e grupos
maiores de pessoas a um custo menor, -
16:55 - 16:58torna-se mais barato comprar
coisas do que saqueá-las, -
16:58 - 17:02e as outras pessoas se tornam
mais valiosas vivas do que mortas. -
17:02 - 17:04(Risos)
-
17:04 - 17:07Uma terceira possibilidade tem sido
chamada de o Círculo Expandível, -
17:07 - 17:10e ela se constrói sobre o fato biológico
-
17:10 - 17:14de que a evolução nos deu
a todos um senso de empatia. -
17:14 - 17:16Infelizmente, como padrão,
-
17:16 - 17:21aplicamos nossa empatia apenas
a um estreito círculo de parentes, -
17:21 - 17:24a aliados próximos
e animaizinhos fofos e peludos. -
17:25 - 17:27Mas, ao longo do curso da História,
-
17:27 - 17:31a expansão do letramento,
as viagens e o cosmopolitismo -
17:31 - 17:35nos levaram a ampliar
nosso círculo de empatia -
17:35 - 17:39além das fronteiras da família,
até a vila, o clã, a tribo, -
17:39 - 17:44a nação, outras raças,
ambos os sexos, crianças, -
17:44 - 17:47e talvez eventualmente
até a outras espécies. -
17:47 - 17:50Finalmente, há a escalada da razão,
-
17:50 - 17:52a possibilidade de que
o aumento do letramento, -
17:52 - 17:54da educação e do discurso público
-
17:54 - 17:59encorajaram as pessoas a pensar
mais abstrata e universalmente. -
17:59 - 18:02As pessoas ultrapassaram
a visão provinciana. -
18:02 - 18:07Isso torna mais difícil privilegiar
seus próprios interesses sobre os alheios -
18:07 - 18:09só pelo fato de eu ser eu, e você não ser.
-
18:10 - 18:12Isso permite que as pessoas pensem melhor
-
18:12 - 18:15e reconheçam a futilidade
dos ciclos de violência -
18:15 - 18:18e passem a ver, mais e mais, a violência
como um problema a ser resolvido -
18:18 - 18:21em vez de uma disputa a ser vencida.
-
18:22 - 18:25Finalmente, qual é o denominador comum?
-
18:25 - 18:28Teria sido uma enorme coincidência
que essas quatro forças -
18:28 - 18:30tenham pressionado na direção da paz?
-
18:30 - 18:36Ou há alguma razão pela qual elas
todas tenham se desenvolvido assim? -
18:36 - 18:37Penso que há uma razão:
-
18:37 - 18:42a violência é o que teóricos do jogo
chamam de dilema social. -
18:42 - 18:46É sempre tentador para um agressor
explorar uma vítima, -
18:46 - 18:49mas, obviamente,
é desastroso para a vítima. -
18:49 - 18:54Assim, uma vez que agressores e vítimas
trocam de lugar ao longo do caminho, -
18:54 - 18:57qualquer um pode ser
uma vítima ou um agressor, -
18:57 - 18:59seria melhor para todas as partes
-
18:59 - 19:03se todos concordassem
em renunciar à violência. -
19:03 - 19:04O dilema é:
-
19:04 - 19:09como fazer o outro renunciar
à violência ao mesmo tempo que nós? -
19:09 - 19:12Porque, se convertemos
nossa espada em lâminas de arado, -
19:12 - 19:14mas o outro mantém a sua como espada,
-
19:14 - 19:18podemos terminar nas mãos
de um exército invasor. -
19:18 - 19:21Imagina-se que, ao longo da História,
-
19:21 - 19:23a experiência e a engenhosidade humanas
-
19:23 - 19:26gradualmente solucionaram esse problema,
-
19:26 - 19:29assim como fizemos com outros flagelos
da condição humana, -
19:29 - 19:30como a peste e a fome,
-
19:30 - 19:33e o denominador comum
entre essas quatro forças -
19:33 - 19:36é que todos elas trabalham para aumentar
-
19:36 - 19:41os incentivos materiais, emocionais
e cognitivos de todas as partes envolvidas -
19:41 - 19:44para evitar a violência simultaneamente.
-
19:44 - 19:46Muito obrigado!
- Title:
- Uma história de violência | Steven Pinker | TEDxNewEngland
- Description:
-
Contrariando o senso comum de que estamos vivendo em tempos extraordinariamente violentos, os índices de violência em todas as dimensões têm declinado ao longo da história. Steven Pinker explora como esse declínio pode ter acontecido, apesar da existência de uma natureza humana constante.
Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 19:50
Maricene Crus approved Portuguese, Brazilian subtitles for A history of violence | Steven Pinker | TEDxNewEngland | ||
Maricene Crus edited Portuguese, Brazilian subtitles for A history of violence | Steven Pinker | TEDxNewEngland | ||
Maricene Crus edited Portuguese, Brazilian subtitles for A history of violence | Steven Pinker | TEDxNewEngland | ||
Maricene Crus accepted Portuguese, Brazilian subtitles for A history of violence | Steven Pinker | TEDxNewEngland | ||
Maricene Crus edited Portuguese, Brazilian subtitles for A history of violence | Steven Pinker | TEDxNewEngland | ||
Raissa Mendes edited Portuguese, Brazilian subtitles for A history of violence | Steven Pinker | TEDxNewEngland | ||
Raissa Mendes edited Portuguese, Brazilian subtitles for A history of violence | Steven Pinker | TEDxNewEngland | ||
Raissa Mendes edited Portuguese, Brazilian subtitles for A history of violence | Steven Pinker | TEDxNewEngland |