-
Teorias dos Ciclos Econômicos:
Os Monetaristas
-
O monetarismo é outra maneira
-
de se pensar nos ciclos econômicos.
-
O prêmio Nobel Milton Friedman,
da Universidade de Chicago,
-
foi o principal expoente
do monetarismo.
-
E, como o próprio nome indica,
o monetarismo enfatiza
-
a importância da oferta monetária,
-
especialmente as decisões que os
bancos centrais tomam
-
sobre como administrar essa
oferta monetária.
-
O monetarismo se baseia
na chamada
-
Teoria Quantitativa da Moeda.
-
Isso quer dizer que,
no longo prazo,
-
a quantidade absoluta de dinheiro
numa economia
-
não importa, não influencia a produção,
nem o emprego real.
-
Mas, no curto prazo, as mudanças
na taxa de inflação têm influência.
-
Assim, há dois perigos em potencial
no monetarismo:
-
inflação demais
e inflação de menos.
-
Vamos nos debruçar primeiro
sobre inflação demais,
-
porque esse é um dos motivos principais
da popularidade do monetarismo.
-
Na década de 1970,
nos Estados Unidos,
-
considerava-se que as taxas de
inflação estavam altas demais
-
e o monetarismo tinha uma
explicação para isso.
-
Ele dizia que o BC estava jogando
muito dinheiro novo na economia,
-
e isso significava que os preços
iriam subir
-
e a inflação tende a distorcer
-
a alocação dos recursos
econômicos.
-
As pessoas não sabem exatamente
que preços estão subindo
-
por conta da inflação,
-
e que preços sobem
-
porque alguma coisa se tornou mais
ou menos valiosa.
-
E o que nós deveríamos fazer é
diminuir a taxa de inflação
-
e trabalhar para uma maior
estabilidade econômica.
-
Naquela época, muitos
economistas keynesianos
-
aceitavam uma taxa mais
alta de inflação.
-
Mas o monetarismo dizia que, sim,
-
no início essa inflação pode até gerar
uma produção maior,
-
mas em pouco tempo as pessoas vão
perceber que há inflação,
-
e que ela deixa de ser eficaz
-
na hora de estimular a economia.
-
Num lado da balança
-
está o perigo de que a oferta
monetária seja baixa demais
-
e isso significa que os índices de
inflação vão ficar muito baixos,
-
ou que até haja deflação.
-
E, nesse cenário,
segundo os monetaristas,
-
a demanda agregada também vai
ser baixa demais.
-
Nesse caso, as doutrinas
monetarista e keynesiana
-
são bastante semelhantes.
-
Os monetaristas, assim como
os keynesianos,
-
acreditam que muitos salários
nominais são fixos,
-
ou seja, não podem ser reajustados
ou renegociados o tempo todo.
-
Pode ser uma questão contratual,
ou jurídica, como o salário mínimo,
-
ou só para manter o humor
no local de trabalho.
-
Mas, quando você tem salários fixos,
-
esse fluxo nominal de poder de compra,
-
esse fluxo de dinheiro na economia...
-
Quando ele cai, os salários não
podem cair na mesma proporção
-
e os empregadores acabam tendo que
demitir funcionários
-
e aí sobrevém uma queda no
ciclo econômico.
-
Assim, para os monetaristas,
existe uma espécie de regra de ouro.
-
Deseja-se que haja uma taxa constante
de crescimento na oferta monetária.
-
Normalmente, considera-se que ela
deva ser de 2 a 3%.
-
Nem muito alta, nem muito baixa.
-
Em geral, os monetaristas acreditam
-
que se devam restringir legalmente
os poderes do Banco Central.
-
Não acreditam que o BC deva ter
muita latitude
-
de mexer numa variável e criar um
monte de decisões complexas e precisas.
-
Os monetaristas enfatizam que as
baixas são longas e variáveis,
-
a informação dos donos do poder
pode não ser confiável,
-
por isso preferem ter uma regra estável,
que elimina os dois extremos
-
de inflação alta demais, ou
inflação baixa demais.
-
Até aqui, tudo bem.
-
O monetarismo exerceu um grande impacto
-
e, por causa de Milton Friedman e
outros monetaristas,
-
os economistas hoje prestam muito
mais atenção na oferta monetária
-
e nas políticas dos bancos centrais.
-
Dito isto, o monetarismo ainda tem
alguns problemas importantes.
-
Primeiro, o monetarismo faz uma
narrativa um tanto incompleta
-
dos ciclos econômicos.
-
Muitos desses ciclos podem se
esgotar por conta, digamos,
-
da explosão de bolhas, ou
problemas no mercado de crédito,
-
ou choques reais negativos,
entre outros fatores.
-
E o monetarismo não explica
muito bem esses casos.
-
Em segundo lugar, o monetarismo
parte do princípio de que
-
a "oferta monetária" seja uma coisa
única e bem definida.
-
Mas o fato é que, empiricamente,
-
há medidas diferentes de
oferta monetária.
-
Existem medidas mais restritas,
-
como o papel moeda e as reservas
bancárias no Banco Central,
-
mas também podem-se acrescentar os
depósitos nas contas corrente e poupança,
-
e diferentes tipos de crédito.
-
Qual delas é a verdadeira medida da
oferta monetária?
-
Qual delas deve ser estabilizada?
-
O que se vê é que as diferentes
medidas da oferta monetária
-
nem sempre se movem exatamente
na mesma direção.
-
E, se estabilizarmos uma delas,
-
outras medidas de oferta monetária
podem não se manter estáveis.
-
Finalmente, o monetarismo tem mais
um problema.
-
Se o Banco Central realmente fixar
uma taxa de crescimento
-
da oferta monetária,
-
pode ficar mais difícil de responder a
outros tipos de choques.
-
E se houver um choque real negativo,
-
como um súbito aumento nos
preços do petróleo?
-
Alguns economistas acham que o
Banco Central
-
deve ser mais expansionista nessas horas.
-
E se as taxas de juros ficarem
mais voláteis?
-
Talvez nesse caso o BC deva
expandir o crédito um pouco mais.
-
Pode haver um choque na velocidade.
-
A velocidade pela qual o dinheiro
circula
-
na economia pode mudar.
-
E, pelo menos nas formas mais
simples de monetarismo,
-
o BC também não consegue se
ajustar facilmente.
-
É o caso, inclusive agora,
-
que há uma reemergência da
doutrina do monetarismo,
-
às vezes chamada de monetarismo de
mercado ou meta nominal do PIB,
-
que diz que, sim, começamos
com o monetarismo,
-
mas queremos permitir que o
Banco Central
-
tenha a capacidade de responder a
essas mudanças de velocidade.
-
E assim os monetaristas, que desconfiam
da margem de manobra do BC
-
até podem aceitar esses choques,
-
mas no mundo real há um
grande debate.
-
Muita gente acredita que o BC
deva ir além
-
das restrições de regras
muito rígidas
-
e tentar combater alguns
desses choques
-
que atingem a economia.
-
Então, para resumir, o monetarismo
é mesmo muito importante,
-
mas ainda é considerado
-
uma doutrina um tanto incompleta
dos ciclos econômicos.
-
Você está prestes a dominar
a economia.
-
Fixe bem o conteúdo desse vídeo
com alguns exercícios práticos.
-
Ou, se já estiver pronto para
mais macroeconomia,
-
clique no próximo vídeo.
-
Ainda está aí?
-
Confira outros vídeos populares
da Marginal Revolution University.
-
Tradução
Gabriel Zide Neto