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A ciência climática por detrás dos incêndios florestais: porque é que os incêndios estão a piorar?

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    Estamos numa crise.
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    Se estivéssemos num avião.
    acho que o painel de controlo do piloto
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    teria disparado vários sinais de alarme.
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    A Sibéria, os EUA, a Turquia, a Grécia,
    a Itália e Portugal, nos últimos anos.
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    Áreas enormes a arder em chamas.
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    Tudo reduzido a cinzas.
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    Cena após cena de encostas a arder.
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    [O que é exatamente
    um incêndio florestal?]
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    Os incêndios florestais,
    em certo sentido, são muito simples.
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    Basta uma fagulha, em condições de seca,
    para deflagrarem.
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    Mas, por outro lado,
    também são muito complexos,
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    porque a extensão a que se propagam
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    depende muito das condições
    no ecossistema.
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    Que percentagem de humidade
    há no terreno, no ar?
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    Há quanto tempo é que não chove?
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    Que tipo de árvores é que ali há?
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    Qual a densidade da biodiversidade?
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    Os fogos têm a tendência para arder
    mais depressa quando numa plantação
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    e só haja um tipo de árvores,
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    e não haja muita vegetação
    rasteira, tipo musgo,
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    coisas desse tipo
    que podem absorver água.
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    Temos assim aquilo que os cientistas
    descrevem
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    como uma situação de "barril de pólvora",
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    em que não é preciso muito
    para pegar fogo.
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    E, depois de o fogo começar,
    avança muito, muito rapidamente.
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    [O que é que pode iniciar
    um incêndio florestal?]
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    Pode ser provocado por fogos de artifício,
    por churrascos, por cigarros abandonados,
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    ou por agricultores que fazem queimadas
    para limpar o terreno e perdem o controlo.
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    Sempre houve incêndios florestais.
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    São naturais e desempenham um processo
    na gestão da floresta.
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    Mas quando só temos culturas
    ou quando tudo está seco,
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    os incêndios florestais podem
    alastrar em distâncias enormes
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    muito rapidamente.
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    A mistura de muitas
    plantas e musgos diferentes,
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    os animais, os cursos de água,
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    e todas essas coisas
    que criam um ecossistema,
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    são na verdade, muito fortes e resistentes
    quando se juntam.
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    Quando eliminamos todas essas coisas,
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    se acabamos com a biodiversidade,
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    estamos a tornar a floresta
    mais vulnerável.
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    Quando um incêndio se apodera
    duma monocultura,
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    se queimou um troço de cinco árvores,
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    as hipóteses são de poder queimar
    5000 árvores
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    porque estão todas plantadas em linhas
    praticamente à mesma distância.
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    [Há mais incêndios florestais
    hoje do que antigamente?]
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    Contrariament ao que parece
    há menos incêndios florestais
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    do que havia no passado.
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    Mas o que está a acontecer é que
    é hoje um tipo diferente de incêndio.
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    Vemos menos incêndios,
    mas incêndios mais intensos.
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    Porque os incêndios
    estão a espalhar-se por áreas
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    onde há mais combustível, mais árvores.
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    Quando as árvores ardem,
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    obviamente, liberta-se muito mais carbono.
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    E ardem durante muito mais tempo
    e muito mais intensamente.
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    [Como é que a crise climática
    está a afetar os incêndios florestais?]
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    Já temos um aquecimento
    de mais de um grau Celsius
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    desde a era industrial,
    em resultado das emissões humanas,
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    como os gases de escape,
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    os fumos industriais,
    a partir das chaminés
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    e a desflorestação.
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    E a libertação de todos estes gases
    na atmosfera
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    forma uma carapaça no planeta.
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    Assim, tudo o que fica por baixo, aquece.
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    Assistimos à mudança do ciclo da água.
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    Assistimos à seca mais frequente
    dos terrenos
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    e a períodos mais prolongados
    de temperaturas altas.
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    É uma espécie de reforço
    do mecanismo de feedback climático,
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    porque, como mais incêndios
    queimam mais combustível,
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    libertam mais carbono
    para a atmosfera.,
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    o que significa um aquecimento
    mais global
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    o que significa mais incêndios.
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    [O que é possível fazer?]
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    Vamos ter de pensar mais
    em defesas naturais
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    porque as plantações e as monoculturas
    são muito mais vulneráveis a incêndios.
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    Portanto, precisamos de pensar
    como plantar as coisas
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    para que a Natureza tenha a hipótese
    de se defender.
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    Ao mesmo tempo, a melhor coisa,
    a principal coisa que podemos fazer,
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    é reduzir as emissões de carbono
    o mais depressa possível.
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    No mínimo, isso fornece-nos mais tempo
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    para procurarmos soluções
    e alargarmos o seu impacto.
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    É evidente que os incêndios
    estão a piorar
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    por causa da alteração climática.
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    Vivemos uma emergência.
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    E se não a tratarmos como emergência,
    vai piorar.
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    Temos de fazer muito mais do que isso,
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    muito mais rapidamente.
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    Tradução de Margarida Ferreira (2024)
Title:
A ciência climática por detrás dos incêndios florestais: porque é que os incêndios estão a piorar?
Description:

Estamos numa situação de emergência. Os incêndios florestais estão a deflagrar em todo o mundo, à medida que as temperaturas escaldantes e as condições de seca alimentam os incêndios que têm custado vidas e destruído meios de subsistência.

A combinação de calor extremo, das alterações no nosso ecossistema e de uma seca prolongada conduziu, em muitas regiões, aos piores incêndios em quase uma década, e surge depois de o IPCC ter apresentado um relatório de referência sobre a crise climática.

Mas, tecnicamente, há menos incêndios florestais do que no passado - o problema agora é que estão piores do que nunca e estamos a ficar sem tempo para agir, como explica o editor de ambiente global do Guardian, Jonathan Watts

Calor, seca e fogo: como os perigos climáticos se combinam para uma “tempestade perfeita” catastrófica

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Video Language:
English
Team:
Amplifying Voices
Project:
Wildfires
Duration:
04:34

Portuguese subtitles

Incomplete

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