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Porque é que os capacetes não evitam traumatismos cerebrais — e o que poderá evitá-los

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    A palavra "traumatismo" suscita hoje
    mais medo do que alguma vez suscitou,
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    e eu sei isto por experiência própria.
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    Joguei futebol americano durante 10 anos,
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    fui atingido na cabeça milhares de vezes.
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    No entanto, posso dizer
    que, muito pior do que isso,
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    foram dois acidentes de bicicleta,
    nos quais tive traumatismos cerebrais,
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    e ainda hoje estou a sofrer
    os efeitos do mais recente
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    enquanto estou aqui.
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    Há muito medo à volta
    do traumatismo cerebral
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    que é fundamentado.
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    Há informações de que um historial
    de traumatismos cerebrais repetidos
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    pode conduzir à demência precoce,
    como a doença de Alzheimer,
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    e à encefalopatia traumática crónica.
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    Foi este o tema do filme de Will Smith
    "A Força da Verdade".
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    As pessoas estão obcecadas no futebol
    americano e no que veem no exército,
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    mas podem não saber
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    que andar de bicicleta é a principal causa
    dos traumatismos cerebrais em crianças,
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    ou seja, traumatismos
    cerebrais desportivos.
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    Outra coisa que vos devo dizer,
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    e que talvez não saibam,
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    é que os capacetes usados
    no ciclismo e no futebol americano
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    e em muitas atividades,
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    não foram concebidos nem testados
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    para proteção contra
    traumatismos cerebrais nas crianças.
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    De facto, eles são concebidos e testados
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    para proteção contra fraturas cranianas.
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    Muitas vezes, recebo esta questão
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    de pais que me perguntam:
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    "Deixaria o seu filho
    jogar futebol americano?"
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    Ou: "Devo deixar o meu filho
    jogar futebol?"
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    Acho que, nesta área,
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    estamos longe de poder
    responder com confiança.
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    Por isso, vejo a pergunta
    por um prisma diferente,
  • 1:45 - 1:49
    e quero saber como podemos
    evitar os traumatismos cerebrais.
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    Será que é possível?
  • 1:51 - 1:54
    Muitos peritos pensam que não,
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    mas o trabalho que fazemos
    no meu laboratório
  • 1:57 - 2:01
    começa a revelar mais detalhes
    sobre o traumatismo cerebral
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    para o compreendermos melhor.
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    A razão pela qual podemos impedir
    as fraturas cranianas com capacetes
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    é porque é muito simples impedi-las,
    sabemos como funcionam.
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    O traumatismo cerebral é um mistério.
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    Para vos dar uma ideia do que pode estar
    a acontecer durante um traumatismo,
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    quero mostrar-vos este vídeo
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    que se vê quando se escreve no Google:
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    "O que é um traumatismo?"
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    No "site" dos Centros de Controlo
    e Prevenção de Doenças (CPD)
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    este vídeo conta a história toda.
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    Vemos a cabeça
    a deslocar-se para a frente,
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    o cérebro fica para trás,
  • 2:33 - 2:34
    depois avança
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    e esmaga-se contra o crânio,
  • 2:37 - 2:39
    ressalta,
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    e vai embater no lado oposto do crânio.
  • 2:44 - 2:47
    Vemos iluminado
    neste vídeo do CPD
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    — que sublinho foi financiado pela NFL —
  • 2:49 - 2:53
    que a superfície exterior do cérebro,
  • 2:53 - 2:56
    onde este terá embatido no crânio,
  • 2:56 - 3:00
    parece ter sido danificada ou magoada,
    na superfície exterior do cérebro.
  • 3:00 - 3:02
    O que pretendo fazer com este vídeo
  • 3:02 - 3:05
    é dizer-vos que alguns aspetos
    estão provavelmente certos,
  • 3:05 - 3:08
    refletem o que os cientistas acham
    que ocorre no traumatismo cerebral,
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    mas provavelmente há mais
    aspetos errados neste vídeo.
  • 3:11 - 3:14
    Uma coisa com a qual concordo,
    e a maioria dos peritos também,
  • 3:15 - 3:17
    é que o cérebro tem esta dinâmica.
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    Fica para trás no crânio
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    depois alcança-o e oscila
    para a frente e para trás.
  • 3:22 - 3:23
    Achamos que isso é verdade.
  • 3:23 - 3:27
    No entanto, o número de movimentos
    do cérebro que vemos neste vídeo
  • 3:27 - 3:29
    provavelmente está completamente errado.
  • 3:29 - 3:32
    Há muito pouco espaço
    na caixa craniana,
  • 3:32 - 3:34
    só alguns milímetros,
  • 3:34 - 3:37
    que está preenchido
    pelo líquido cefalorraquidiano,
  • 3:37 - 3:39
    que age como uma camada protetora.
  • 3:39 - 3:44
    Provavelmente, o cérebro move-se
    muito pouco, dentro do crânio.
  • 3:45 - 3:47
    O outro problema deste vídeo
  • 3:47 - 3:48
    é que o cérebro é mostrado
  • 3:48 - 3:52
    como um todo rígido,
    à medida que se desloca
  • 3:52 - 3:54
    e isso também não é verdade.
  • 3:54 - 3:57
    O cérebro é uma das substâncias
    mais moles do corpo,
  • 3:57 - 3:59
    e podem pensar nele
    como uma espécie de gelatina.
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    À medida que a cabeça oscila
    para a frente e para trás,
  • 4:02 - 4:04
    o cérebro roda,
    torce-se e contorce-se,
  • 4:04 - 4:06
    e o tecido cerebral é esticado.
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    Penso que a maioria
    dos peritos concordaria
  • 4:10 - 4:13
    que o traumatismo cerebral
    não deve estar a acontecer
  • 4:13 - 4:15
    nesta superfície exterior do cérebro,
  • 4:15 - 4:17
    mas sim muito mais para o interior,
  • 4:17 - 4:19
    no centro do cérebro.
  • 4:19 - 4:21
    A forma como estamos
    a abordar este problema,
  • 4:22 - 4:24
    para tentar compreender os mecanismos
    do traumatismo cerebral
  • 4:24 - 4:26
    e descobrir como podemos impedi-lo,
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    é usar um dispositivo como este.
  • 4:29 - 4:31
    É um protetor bucal.
  • 4:31 - 4:34
    Tem sensores que são semelhantes
  • 4:34 - 4:35
    aos dos vossos telemóveis:
  • 4:35 - 4:38
    acelerómetros, giroscópios,
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    e quando alguém é atingido na cabeça,
  • 4:40 - 4:42
    pode dizer-nos como a cabeça se moveu
  • 4:42 - 4:46
    com mil amostragens por segundo.
  • 4:47 - 4:49
    O princípio por detrás
    do protetor bucal é este:
  • 4:49 - 4:51
    encaixa-se nos dentes.
  • 4:51 - 4:54
    Os dentes são uma das matérias
    mais duras do corpo.
  • 4:54 - 4:56
    Fica rigidamente acoplada ao crânio
  • 4:56 - 4:58
    e dá-nos a medida
    mais precisa possível
  • 4:58 - 5:00
    do movimento do crânio.
  • 5:00 - 5:03
    Foram tentadas outras abordagens,
    com capacetes.
  • 5:03 - 5:06
    Analisámos outros sensores
    que são colocados na pele,
  • 5:06 - 5:09
    e todos ele se movimentam demasiado,
  • 5:09 - 5:12
    portanto, concluímos que esta
    é a única forma fiável
  • 5:12 - 5:13
    de obter medições precisas.
  • 5:15 - 5:19
    Agora que temos este dispositivo
    podemos estudar mais do que cadáveres,
  • 5:19 - 5:22
    porque há limites para o que se
    pode aprender sobre traumatismo cerebral
  • 5:22 - 5:24
    estudando um cadáver,
  • 5:24 - 5:26
    e queremos estudar
    pessoas vivas.
  • 5:26 - 5:30
    Então, onde é que podemos
    encontrar um grupo de voluntários
  • 5:30 - 5:34
    para andarem frequentemente às cabeçadas
  • 5:34 - 5:36
    e sofrerem traumatismos cerebrais?
  • 5:36 - 5:38
    Bem, eu fui um deles.
  • 5:38 - 5:41
    É a equipa local de futebol
    americano de Stanford.
  • 5:42 - 5:43
    Este é o nosso laboratório,
  • 5:43 - 5:45
    e quero mostrar-vos
  • 5:45 - 5:48
    o primeiro traumatismo cerebral
    que medimos com este dispositivo.
  • 5:49 - 5:52
    Uma coisa que devo salientar
    é que o dispositivo tem um giroscópio,
  • 5:52 - 5:55
    que permite medir
    a rotação da cabeça.
  • 5:55 - 5:58
    A maioria dos peritos pensa
    que é este o fator crítico
  • 5:58 - 6:00
    para sabermos o que se passa
    durante um traumatismo.
  • 6:01 - 6:02
    Vejam este vídeo, por favor.
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    Comentador: Os Cougars atrasam-se
    a meter mais gente, mas Luck tem tempo,
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    e Winslow foi esmagado.
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    Espero que ele esteja bem.
  • 6:12 - 6:14
    (Aplausos dos espetadores)
  • 6:19 - 6:20
    No topo do ecrã,
  • 6:20 - 6:22
    podem vê-lo após esta rotação,
  • 6:22 - 6:25
    separam-se, em segurança.
  • 6:28 - 6:31
    Agora em velocidade real.
    Vão ouvir a pancada.
  • 6:33 - 6:35
    A interseção foi de...
  • 6:36 - 6:39
    David Camarillo: Peço desculpa,
    três vezes é um pouco excessivo.
  • 6:39 - 6:41
    Mas percebem a ideia.
  • 6:41 - 6:43
    Quando se vê este filme
  • 6:43 - 6:47
    a única coisa que se vê, é que ele
    levou uma pancada e magoou-se.
  • 6:47 - 6:49
    Mas quando extraímos os dados
  • 6:49 - 6:51
    da proteção bucal que ele estava a usar,
  • 6:51 - 6:54
    vemos muito mais detalhes,
    uma informação muito mais rica.
  • 6:54 - 6:56
    Uma das coisas em que reparámos
  • 6:56 - 7:00
    é que ele foi atingido
    no lado inferior esquerdo do capacete.
  • 7:00 - 7:03
    Isso causou uma reação
    um pouco contrária à que se esperava.
  • 7:03 - 7:05
    A cabeça não foi para a direita.
  • 7:05 - 7:07
    De facto, rodou primeiro para a esquerda.
  • 7:07 - 7:10
    À medida que o pescoço
    entrou em compressão,
  • 7:10 - 7:13
    a força do impacto fê-la
    ressaltar para a direita.
  • 7:13 - 7:19
    Este movimento esquerda-direita
    é uma espécie de efeito chicote,
  • 7:19 - 7:23
    e nós achamos que foi provavelmente
    isso que causou a lesão cerebral.
  • 7:23 - 7:27
    O único limite deste dispositivo
    é que mede o movimento do crânio,
  • 7:27 - 7:31
    mas o que realmente nos interessa
    é saber o que acontece dentro do cérebro.
  • 7:31 - 7:34
    Portanto, colaboramos com o grupo
    do Svein Kleiven na Suécia.
  • 7:34 - 7:38
    Eles desenvolveram um modelo
    de elementos finitos para o cérebro.
  • 7:38 - 7:40
    Isto é uma simulação
  • 7:40 - 7:43
    usando os dados do protetor bucal
    na lesão que acabei de mostrar,
  • 7:43 - 7:45
    e o que vemos é o cérebro.
  • 7:45 - 7:48
    Isto é uma secção transversal
    da parte frontal
  • 7:48 - 7:50
    do cérebro a rodar e contorcer-se
    como eu mencionei.
  • 7:50 - 7:53
    Podem ver que isto não se parece
    muito com o vídeo dos CPD.
  • 7:53 - 7:55
    As cores que estão a ver
  • 7:55 - 7:59
    mostram quão o tecido cerebral
    está a ser esticado.
  • 7:59 - 8:01
    Vermelho é 50%.
  • 8:01 - 8:04
    Significa que o tecido do cérebro,
    nesta área específica,
  • 8:04 - 8:07
    foi esticado em mais 50%
    do comprimento original,
  • 8:07 - 8:09
    Chamo a vossa atenção
    para aquela parte vermelha.
  • 8:10 - 8:13
    A parte vermelha está muito perto
    do centro do cérebro,
  • 8:13 - 8:15
    e, em termos relativos,
  • 8:15 - 8:19
    não se vê muito dessa cor
    na superfície exterior
  • 8:19 - 8:22
    como o vídeo dos CPD mostrava.
  • 8:23 - 8:25
    Agora, para explicar um pouco melhor
  • 8:25 - 8:28
    como achamos que acontece
    o traumatismo cerebral,
  • 8:28 - 8:30
    uma coisa que devo mencionar
  • 8:30 - 8:33
    é que observámos que é mais provável
    um traumatismo cerebral
  • 8:33 - 8:37
    quando somos atingidos e a cabeça
    se desloca nesta direção.
  • 8:37 - 8:39
    Isto é mais comum no futebol americano,
  • 8:39 - 8:41
    mas este parece ser mais perigoso.
  • 8:41 - 8:43
    O que poderá estar a acontecer?
  • 8:43 - 8:46
    Uma coisa que vemos no cérebro humano
  • 8:46 - 8:47
    que é diferente dos outros animais,
  • 8:47 - 8:50
    é que temos dois lóbulos muito grandes.
  • 8:50 - 8:52
    Temos o hemisfério direito e esquerdo.
  • 8:52 - 8:55
    O aspeto-chave a reparar nesta imagem
  • 8:55 - 8:58
    é que, mesmo no meio
    dos dois hemisférios,
  • 8:58 - 9:01
    temos uma fissura grande
    e profunda no cérebro.
  • 9:01 - 9:04
    Nessa fissura, que não
    é visível nesta imagem,
  • 9:04 - 9:05
    — terão de acreditar em mim —
  • 9:06 - 9:07
    há uma placa de tecido fibroso,
  • 9:07 - 9:09
    chamada foice cerebral.
  • 9:09 - 9:12
    Estende-se desde a frente até
    à parte de trás da cabeça,
  • 9:12 - 9:14
    e é bastante dura.
  • 9:14 - 9:17
    Faz com que, quando somos atingidos,
  • 9:17 - 9:20
    e a cabeça roda
    nesta direção esquerda-direita,
  • 9:20 - 9:24
    as forças podem-se transmitir rapidamente
    ao centro do cérebro.
  • 9:24 - 9:27
    O que é que existe
    no fundo desta fissura?
  • 9:27 - 9:30
    São as ligações do cérebro.
  • 9:30 - 9:34
    De facto este feixe vermelho
    aqui ao fundo da fissura
  • 9:34 - 9:37
    é o maior feixe de fibras
  • 9:37 - 9:41
    que liga os dois hemisférios do cérebro.
  • 9:41 - 9:43
    Chama-se o corpo caloso.
  • 9:43 - 9:46
    Nós achamos que este pode ser
  • 9:46 - 9:49
    um dos mecanismos mais comuns
    dos traumatismos cerebrais.
  • 9:49 - 9:54
    À medida que as forças se deslocam
    para baixo, atingem o corpo caloso,
  • 9:54 - 9:57
    causando uma dissociação
    entre os dois hemisférios
  • 9:57 - 10:00
    e pode explicar alguns sintomas
    do traumatismo cerebral.
  • 10:01 - 10:04
    Este resultado também é compatível
    com o que observámos
  • 10:04 - 10:08
    na doença cerebral que mencionei,
    a encefalopatia traumática crónica.
  • 10:08 - 10:13
    Esta imagem é de um antigo jogador
    de futebol americano de meia idade,
  • 10:13 - 10:17
    e o que pretendo salientar é que,
    se olharmos para o corpo caloso
  • 10:17 - 10:21
    — vou retroceder para verem
    o tamanho normal do corpo caloso
  • 10:21 - 10:25
    e o seu tamanho nesta pessoa
    que tem encefalopatia traumática crónica —
  • 10:26 - 10:28
    ele está muito atrofiado.
  • 10:28 - 10:31
    O mesmo se aplica a todo
    o espaço nos ventrículos.
  • 10:31 - 10:33
    Estes ventrículos são muito maiores.
  • 10:33 - 10:36
    Portanto, todo este tecido
    perto do centro do cérebro
  • 10:36 - 10:37
    morreu ao longo do tempo.
  • 10:37 - 10:41
    Aquilo que temos aprendido é,
    de facto, consistente.
  • 10:42 - 10:44
    Há aqui algumas boas notícias
  • 10:44 - 10:48
    e espero dar-vos esperança
    com esta palestra.
  • 10:48 - 10:50
    Uma das coisas que notámos,
  • 10:50 - 10:52
    acerca deste mecanismo
    de lesão, em particular,
  • 10:52 - 10:56
    é que, embora exista uma transmissão
    rápida de forças por esta fissura abaixo,
  • 10:56 - 10:59
    ela tem uma duração definida.
  • 11:00 - 11:04
    Acreditamos que, se pudermos
    abrandar a cabeça o suficiente,
  • 11:04 - 11:07
    para que o cérebro
    não fique para trás no crânio,
  • 11:07 - 11:11
    mas que se mova em sincronia com o crânio,
  • 11:11 - 11:14
    talvez possamos impedir
    este mecanismo de traumatismo.
  • 11:14 - 11:17
    Como é que podemos abrandar a cabeça?
  • 11:19 - 11:20
    (Risos)
  • 11:21 - 11:23
    Com um capacete gigante.
  • 11:23 - 11:26
    Com mais espaço, temos mais tempo.
  • 11:26 - 11:29
    Isto é uma espécie de piada,
    mas alguns de vocês podem já ter visto.
  • 11:29 - 11:32
    Isto é futebol numa bolha,
    e é um desporto real.
  • 11:32 - 11:34
    De facto, outro dia,
    vi alguns jovens
  • 11:34 - 11:36
    a jogar a isto ao fundo
    da rua onde moro,
  • 11:36 - 11:39
    e, tanto quanto sei, não houve
    traumatismos cerebrais.
  • 11:39 - 11:40
    (Risos)
  • 11:40 - 11:45
    Mas, falando a sério,
    este princípio resulta,
  • 11:45 - 11:46
    mas isto foi demasiado longe.
  • 11:47 - 11:51
    Isto não é algo prático quando se anda
    de bicicleta ou se joga futebol.
  • 11:52 - 11:56
    Estamos a colaborar com uma empresa
    sueca chamada Hövding.
  • 11:56 - 11:58
    Alguns de vocês já devem
    ter visto o seu trabalho.
  • 11:58 - 12:03
    Eles estão a usar o mesmo princípio
    do ar para nos dar um espaço extra
  • 12:03 - 12:05
    para impedir o traumatismos cerebrais.
  • 12:05 - 12:08
    Crianças, não tentem isto
    em casa, por favor.
  • 12:09 - 12:11
    Este duplo não tem capacete.
  • 12:12 - 12:14
    Em vez disso, tem um colar cervical,
  • 12:15 - 12:17
    que tem sensores,
  • 12:17 - 12:21
    o mesmo tipo de sensores
    que estão no protetor bucal
  • 12:21 - 12:24
    que detetam quando é provável
    que haja uma queda.
  • 12:24 - 12:26
    Há um "airbag" que explode
    e é desencadeado
  • 12:26 - 12:30
    do mesmo modo que um "airbag"
    funciona nos nossos carros.
  • 12:30 - 12:33
    Nos testes que fizemos no meu laboratório,
    com o aparelho deles,
  • 12:33 - 12:34
    descobrimos que, nalguns casos
  • 12:34 - 12:37
    há uma grande redução
    do risco de traumatismo cerebral
  • 12:37 - 12:39
    em comparação com um capacete
    de bicicleta normal.
  • 12:40 - 12:41
    É um grande avanço.
  • 12:42 - 12:46
    Mas para podermos entender
    os benefícios da tecnologia
  • 12:46 - 12:48
    que podem impedir as contusões cerebrais,
  • 12:49 - 12:51
    tem de obedecer a regras.
  • 12:51 - 12:53
    É uma realidade.
  • 12:53 - 12:56
    Este aparelho está à venda na Europa
  • 12:56 - 13:00
    mas não está nos EUA, e provavelmente
    não estará num futuro próximo.
  • 13:00 - 13:01
    Quero dizer-vos porquê.
  • 13:02 - 13:05
    Há razões boas e depois há
    razões não tão boas.
  • 13:05 - 13:07
    Os capacetes das bicicletas
    são regulados por federações.
  • 13:07 - 13:10
    A Comissão para a Segurança
    dos Produtos de Consumo dos EUA
  • 13:10 - 13:13
    é responsável por aprovar
    todos os capacetes para bicicleta
  • 13:13 - 13:15
    e este é o teste que usam.
  • 13:15 - 13:18
    Isto refere-se ao que vos disse
    no início sobre fraturas do crânio.
  • 13:18 - 13:20
    É para isso que serve este teste.
  • 13:20 - 13:21
    E é uma coisa importante a fazer.
  • 13:21 - 13:24
    Pode salvar-vos a vida,
    mas não é suficiente.
  • 13:24 - 13:27
    Por exemplo, uma coisa
    que este teste não avalia
  • 13:27 - 13:31
    é que não nos diz se o "airbag"
    vai abrir na hora certa
  • 13:31 - 13:34
    ou se vai abrir quando não é necessário.
  • 13:34 - 13:36
    Do mesmo modo, não nos vai dizer
  • 13:36 - 13:39
    se o capacete vai impedir
    um traumatismo cerebral ou não.
  • 13:39 - 13:43
    Se virmos os capacetes de futebol
    americano, que não são regulados,
  • 13:43 - 13:45
    têm um teste muito similar.
  • 13:45 - 13:47
    Ou seja, não são regulados pelo governo.
  • 13:47 - 13:50
    A maior parte das indústrias
    trabalha com um órgão industrial.
  • 13:50 - 13:53
    Posso dizer-vos que
    têm sido muito resistentes
  • 13:53 - 13:55
    a atualizar os seus padrões.
  • 13:55 - 13:59
    No meu laboratório, estamos a trabalhar
    não só no mecanismo do traumatismo,
  • 13:59 - 14:02
    mas também queremos saber
    como podemos ter melhores testes.
  • 14:02 - 14:07
    Esperamos que o governo possa
    usar este tipo de informação
  • 14:07 - 14:08
    para encorajar a inovação
  • 14:09 - 14:10
    dando a conhecer aos consumidores
  • 14:10 - 14:14
    o quão protegidos estão
    com um dado capacete.
  • 14:14 - 14:17
    Quero voltar à pergunta
    que fiz no início:
  • 14:17 - 14:21
    "Sentir-me-ia bem ao deixar
    o meu filho jogar futebol
  • 14:21 - 14:23
    "ou andar de bicicleta?"
  • 14:23 - 14:26
    Isto pode ser resultado
    da minha experiência traumática.
  • 14:26 - 14:30
    mas fico muito mais nervoso ao deixar
    a minha filha, Rose, andar de bicicleta.
  • 14:31 - 14:33
    Ela tem um ano e meio,
  • 14:33 - 14:38
    e já quer andar nas estradas
    de São Francisco.
  • 14:38 - 14:40
    Isto é uma dessas ruas.
  • 14:40 - 14:46
    O meu objetivo pessoal é
    — e acredito que seja possível —
  • 14:46 - 14:48
    desenvolver mais estas tecnologias.
  • 14:48 - 14:51
    No meu laboratório, estamos a trabalhar
    numa coisa em especial
  • 14:51 - 14:54
    que faz um melhor uso
    do espaço num capacete.
  • 14:54 - 14:56
    Estou confiante que conseguiremos,
  • 14:56 - 14:59
    antes de ela estar pronta
    para andar só com duas rodas,
  • 14:59 - 15:01
    ter algo disponível
  • 15:01 - 15:05
    que consiga reduzir os riscos
    de um traumatismo cerebral
  • 15:05 - 15:07
    e satisfazer os órgãos reguladores.
  • 15:07 - 15:09
    O que eu gostaria de fazer
  • 15:09 - 15:12
    — e sei que, para alguns de vocês,
    isto não é urgente,
  • 15:12 - 15:14
    eu tenho alguns anos aqui —
  • 15:14 - 15:18
    é poder dizer a pais e avós,
    quando me perguntarem,
  • 15:18 - 15:23
    que é seguro e saudável as crianças
    fazerem estas atividades.
  • 15:23 - 15:26
    Tenho muita sorte de ter uma
    ótima equipa em Stanford
  • 15:26 - 15:28
    que trabalha muito para isto.
  • 15:28 - 15:32
    Espero vir daqui a alguns anos,
    com a história final,
  • 15:32 - 15:33
    mas, por agora, digo-vos,
  • 15:33 - 15:37
    por favor, não tenham medo quando ouvem
    a palavra traumatismo cerebral.
  • 15:37 - 15:38
    Há esperança.
  • 15:38 - 15:39
    Obrigado.
  • 15:39 - 15:42
    (Aplausos)
Title:
Porque é que os capacetes não evitam traumatismos cerebrais — e o que poderá evitá-los
Speaker:
David Camarillo
Description:

O que é um traumatismo? Provavelmente, não é o que julga. Nesta palestra, com origem na investigação de ponta, o engenheiro de biologia (e antigo jogador de futebol americano) David Camarillo, mostra o que acontece realmente durante um traumatismo cerebral — e porque é que os capacetes desportivos normais não o impedem. Eis o futuro da prevenção dos traumatismos cerebrais.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
15:56

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