Porque é que os capacetes não evitam traumatismos cerebrais — e o que poderá evitá-los
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0:00 - 0:05A palavra "traumatismo" suscita hoje
mais medo do que alguma vez suscitou, -
0:05 - 0:07e eu sei isto por experiência própria.
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0:08 - 0:10Joguei futebol americano durante 10 anos,
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0:10 - 0:13fui atingido na cabeça milhares de vezes.
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0:13 - 0:16No entanto, posso dizer
que, muito pior do que isso, -
0:16 - 0:21foram dois acidentes de bicicleta,
nos quais tive traumatismos cerebrais, -
0:21 - 0:24e ainda hoje estou a sofrer
os efeitos do mais recente -
0:24 - 0:26enquanto estou aqui.
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0:28 - 0:30Há muito medo à volta
do traumatismo cerebral -
0:30 - 0:32que é fundamentado.
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0:34 - 0:37Há informações de que um historial
de traumatismos cerebrais repetidos -
0:37 - 0:40pode conduzir à demência precoce,
como a doença de Alzheimer, -
0:40 - 0:42e à encefalopatia traumática crónica.
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0:43 - 0:46Foi este o tema do filme de Will Smith
"A Força da Verdade". -
0:47 - 0:50As pessoas estão obcecadas no futebol
americano e no que veem no exército, -
0:50 - 0:52mas podem não saber
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0:52 - 0:56que andar de bicicleta é a principal causa
dos traumatismos cerebrais em crianças, -
0:56 - 0:59ou seja, traumatismos
cerebrais desportivos. -
0:59 - 1:02Outra coisa que vos devo dizer,
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1:02 - 1:03e que talvez não saibam,
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1:03 - 1:06é que os capacetes usados
no ciclismo e no futebol americano -
1:06 - 1:08e em muitas atividades,
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1:08 - 1:10não foram concebidos nem testados
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1:10 - 1:14para proteção contra
traumatismos cerebrais nas crianças. -
1:14 - 1:16De facto, eles são concebidos e testados
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1:16 - 1:19para proteção contra fraturas cranianas.
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1:20 - 1:24Muitas vezes, recebo esta questão
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1:24 - 1:27de pais que me perguntam:
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1:27 - 1:30"Deixaria o seu filho
jogar futebol americano?" -
1:30 - 1:33Ou: "Devo deixar o meu filho
jogar futebol?" -
1:33 - 1:36Acho que, nesta área,
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1:36 - 1:40estamos longe de poder
responder com confiança. -
1:41 - 1:45Por isso, vejo a pergunta
por um prisma diferente, -
1:45 - 1:49e quero saber como podemos
evitar os traumatismos cerebrais. -
1:49 - 1:51Será que é possível?
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1:51 - 1:54Muitos peritos pensam que não,
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1:55 - 1:57mas o trabalho que fazemos
no meu laboratório -
1:57 - 2:01começa a revelar mais detalhes
sobre o traumatismo cerebral -
2:01 - 2:04para o compreendermos melhor.
-
2:04 - 2:07A razão pela qual podemos impedir
as fraturas cranianas com capacetes -
2:07 - 2:10é porque é muito simples impedi-las,
sabemos como funcionam. -
2:10 - 2:12O traumatismo cerebral é um mistério.
-
2:13 - 2:16Para vos dar uma ideia do que pode estar
a acontecer durante um traumatismo, -
2:17 - 2:19quero mostrar-vos este vídeo
-
2:19 - 2:22que se vê quando se escreve no Google:
-
2:22 - 2:23"O que é um traumatismo?"
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2:23 - 2:26No "site" dos Centros de Controlo
e Prevenção de Doenças (CPD) -
2:26 - 2:28este vídeo conta a história toda.
-
2:28 - 2:31Vemos a cabeça
a deslocar-se para a frente, -
2:31 - 2:33o cérebro fica para trás,
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2:33 - 2:34depois avança
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2:34 - 2:37e esmaga-se contra o crânio,
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2:37 - 2:39ressalta,
-
2:39 - 2:43e vai embater no lado oposto do crânio.
-
2:44 - 2:47Vemos iluminado
neste vídeo do CPD -
2:47 - 2:49— que sublinho foi financiado pela NFL —
-
2:49 - 2:53que a superfície exterior do cérebro,
-
2:53 - 2:56onde este terá embatido no crânio,
-
2:56 - 3:00parece ter sido danificada ou magoada,
na superfície exterior do cérebro. -
3:00 - 3:02O que pretendo fazer com este vídeo
-
3:02 - 3:05é dizer-vos que alguns aspetos
estão provavelmente certos, -
3:05 - 3:08refletem o que os cientistas acham
que ocorre no traumatismo cerebral, -
3:09 - 3:11mas provavelmente há mais
aspetos errados neste vídeo. -
3:11 - 3:14Uma coisa com a qual concordo,
e a maioria dos peritos também, -
3:15 - 3:17é que o cérebro tem esta dinâmica.
-
3:17 - 3:19Fica para trás no crânio
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3:19 - 3:22depois alcança-o e oscila
para a frente e para trás. -
3:22 - 3:23Achamos que isso é verdade.
-
3:23 - 3:27No entanto, o número de movimentos
do cérebro que vemos neste vídeo -
3:27 - 3:29provavelmente está completamente errado.
-
3:29 - 3:32Há muito pouco espaço
na caixa craniana, -
3:32 - 3:34só alguns milímetros,
-
3:34 - 3:37que está preenchido
pelo líquido cefalorraquidiano, -
3:37 - 3:39que age como uma camada protetora.
-
3:39 - 3:44Provavelmente, o cérebro move-se
muito pouco, dentro do crânio. -
3:45 - 3:47O outro problema deste vídeo
-
3:47 - 3:48é que o cérebro é mostrado
-
3:48 - 3:52como um todo rígido,
à medida que se desloca -
3:52 - 3:54e isso também não é verdade.
-
3:54 - 3:57O cérebro é uma das substâncias
mais moles do corpo, -
3:57 - 3:59e podem pensar nele
como uma espécie de gelatina. -
3:59 - 4:02À medida que a cabeça oscila
para a frente e para trás, -
4:02 - 4:04o cérebro roda,
torce-se e contorce-se, -
4:04 - 4:06e o tecido cerebral é esticado.
-
4:07 - 4:10Penso que a maioria
dos peritos concordaria -
4:10 - 4:13que o traumatismo cerebral
não deve estar a acontecer -
4:13 - 4:15nesta superfície exterior do cérebro,
-
4:15 - 4:17mas sim muito mais para o interior,
-
4:17 - 4:19no centro do cérebro.
-
4:19 - 4:21A forma como estamos
a abordar este problema, -
4:22 - 4:24para tentar compreender os mecanismos
do traumatismo cerebral -
4:24 - 4:26e descobrir como podemos impedi-lo,
-
4:26 - 4:29é usar um dispositivo como este.
-
4:29 - 4:31É um protetor bucal.
-
4:31 - 4:34Tem sensores que são semelhantes
-
4:34 - 4:35aos dos vossos telemóveis:
-
4:35 - 4:38acelerómetros, giroscópios,
-
4:38 - 4:40e quando alguém é atingido na cabeça,
-
4:40 - 4:42pode dizer-nos como a cabeça se moveu
-
4:42 - 4:46com mil amostragens por segundo.
-
4:47 - 4:49O princípio por detrás
do protetor bucal é este: -
4:49 - 4:51encaixa-se nos dentes.
-
4:51 - 4:54Os dentes são uma das matérias
mais duras do corpo. -
4:54 - 4:56Fica rigidamente acoplada ao crânio
-
4:56 - 4:58e dá-nos a medida
mais precisa possível -
4:58 - 5:00do movimento do crânio.
-
5:00 - 5:03Foram tentadas outras abordagens,
com capacetes. -
5:03 - 5:06Analisámos outros sensores
que são colocados na pele, -
5:06 - 5:09e todos ele se movimentam demasiado,
-
5:09 - 5:12portanto, concluímos que esta
é a única forma fiável -
5:12 - 5:13de obter medições precisas.
-
5:15 - 5:19Agora que temos este dispositivo
podemos estudar mais do que cadáveres, -
5:19 - 5:22porque há limites para o que se
pode aprender sobre traumatismo cerebral -
5:22 - 5:24estudando um cadáver,
-
5:24 - 5:26e queremos estudar
pessoas vivas. -
5:26 - 5:30Então, onde é que podemos
encontrar um grupo de voluntários -
5:30 - 5:34para andarem frequentemente às cabeçadas
-
5:34 - 5:36e sofrerem traumatismos cerebrais?
-
5:36 - 5:38Bem, eu fui um deles.
-
5:38 - 5:41É a equipa local de futebol
americano de Stanford. -
5:42 - 5:43Este é o nosso laboratório,
-
5:43 - 5:45e quero mostrar-vos
-
5:45 - 5:48o primeiro traumatismo cerebral
que medimos com este dispositivo. -
5:49 - 5:52Uma coisa que devo salientar
é que o dispositivo tem um giroscópio, -
5:52 - 5:55que permite medir
a rotação da cabeça. -
5:55 - 5:58A maioria dos peritos pensa
que é este o fator crítico -
5:58 - 6:00para sabermos o que se passa
durante um traumatismo. -
6:01 - 6:02Vejam este vídeo, por favor.
-
6:03 - 6:07Comentador: Os Cougars atrasam-se
a meter mais gente, mas Luck tem tempo, -
6:07 - 6:09e Winslow foi esmagado.
-
6:10 - 6:12Espero que ele esteja bem.
-
6:12 - 6:14(Aplausos dos espetadores)
-
6:19 - 6:20No topo do ecrã,
-
6:20 - 6:22podem vê-lo após esta rotação,
-
6:22 - 6:25separam-se, em segurança.
-
6:28 - 6:31Agora em velocidade real.
Vão ouvir a pancada. -
6:33 - 6:35A interseção foi de...
-
6:36 - 6:39David Camarillo: Peço desculpa,
três vezes é um pouco excessivo. -
6:39 - 6:41Mas percebem a ideia.
-
6:41 - 6:43Quando se vê este filme
-
6:43 - 6:47a única coisa que se vê, é que ele
levou uma pancada e magoou-se. -
6:47 - 6:49Mas quando extraímos os dados
-
6:49 - 6:51da proteção bucal que ele estava a usar,
-
6:51 - 6:54vemos muito mais detalhes,
uma informação muito mais rica. -
6:54 - 6:56Uma das coisas em que reparámos
-
6:56 - 7:00é que ele foi atingido
no lado inferior esquerdo do capacete. -
7:00 - 7:03Isso causou uma reação
um pouco contrária à que se esperava. -
7:03 - 7:05A cabeça não foi para a direita.
-
7:05 - 7:07De facto, rodou primeiro para a esquerda.
-
7:07 - 7:10À medida que o pescoço
entrou em compressão, -
7:10 - 7:13a força do impacto fê-la
ressaltar para a direita. -
7:13 - 7:19Este movimento esquerda-direita
é uma espécie de efeito chicote, -
7:19 - 7:23e nós achamos que foi provavelmente
isso que causou a lesão cerebral. -
7:23 - 7:27O único limite deste dispositivo
é que mede o movimento do crânio, -
7:27 - 7:31mas o que realmente nos interessa
é saber o que acontece dentro do cérebro. -
7:31 - 7:34Portanto, colaboramos com o grupo
do Svein Kleiven na Suécia. -
7:34 - 7:38Eles desenvolveram um modelo
de elementos finitos para o cérebro. -
7:38 - 7:40Isto é uma simulação
-
7:40 - 7:43usando os dados do protetor bucal
na lesão que acabei de mostrar, -
7:43 - 7:45e o que vemos é o cérebro.
-
7:45 - 7:48Isto é uma secção transversal
da parte frontal -
7:48 - 7:50do cérebro a rodar e contorcer-se
como eu mencionei. -
7:50 - 7:53Podem ver que isto não se parece
muito com o vídeo dos CPD. -
7:53 - 7:55As cores que estão a ver
-
7:55 - 7:59mostram quão o tecido cerebral
está a ser esticado. -
7:59 - 8:01Vermelho é 50%.
-
8:01 - 8:04Significa que o tecido do cérebro,
nesta área específica, -
8:04 - 8:07foi esticado em mais 50%
do comprimento original, -
8:07 - 8:09Chamo a vossa atenção
para aquela parte vermelha. -
8:10 - 8:13A parte vermelha está muito perto
do centro do cérebro, -
8:13 - 8:15e, em termos relativos,
-
8:15 - 8:19não se vê muito dessa cor
na superfície exterior -
8:19 - 8:22como o vídeo dos CPD mostrava.
-
8:23 - 8:25Agora, para explicar um pouco melhor
-
8:25 - 8:28como achamos que acontece
o traumatismo cerebral, -
8:28 - 8:30uma coisa que devo mencionar
-
8:30 - 8:33é que observámos que é mais provável
um traumatismo cerebral -
8:33 - 8:37quando somos atingidos e a cabeça
se desloca nesta direção. -
8:37 - 8:39Isto é mais comum no futebol americano,
-
8:39 - 8:41mas este parece ser mais perigoso.
-
8:41 - 8:43O que poderá estar a acontecer?
-
8:43 - 8:46Uma coisa que vemos no cérebro humano
-
8:46 - 8:47que é diferente dos outros animais,
-
8:47 - 8:50é que temos dois lóbulos muito grandes.
-
8:50 - 8:52Temos o hemisfério direito e esquerdo.
-
8:52 - 8:55O aspeto-chave a reparar nesta imagem
-
8:55 - 8:58é que, mesmo no meio
dos dois hemisférios, -
8:58 - 9:01temos uma fissura grande
e profunda no cérebro. -
9:01 - 9:04Nessa fissura, que não
é visível nesta imagem, -
9:04 - 9:05— terão de acreditar em mim —
-
9:06 - 9:07há uma placa de tecido fibroso,
-
9:07 - 9:09chamada foice cerebral.
-
9:09 - 9:12Estende-se desde a frente até
à parte de trás da cabeça, -
9:12 - 9:14e é bastante dura.
-
9:14 - 9:17Faz com que, quando somos atingidos,
-
9:17 - 9:20e a cabeça roda
nesta direção esquerda-direita, -
9:20 - 9:24as forças podem-se transmitir rapidamente
ao centro do cérebro. -
9:24 - 9:27O que é que existe
no fundo desta fissura? -
9:27 - 9:30São as ligações do cérebro.
-
9:30 - 9:34De facto este feixe vermelho
aqui ao fundo da fissura -
9:34 - 9:37é o maior feixe de fibras
-
9:37 - 9:41que liga os dois hemisférios do cérebro.
-
9:41 - 9:43Chama-se o corpo caloso.
-
9:43 - 9:46Nós achamos que este pode ser
-
9:46 - 9:49um dos mecanismos mais comuns
dos traumatismos cerebrais. -
9:49 - 9:54À medida que as forças se deslocam
para baixo, atingem o corpo caloso, -
9:54 - 9:57causando uma dissociação
entre os dois hemisférios -
9:57 - 10:00e pode explicar alguns sintomas
do traumatismo cerebral. -
10:01 - 10:04Este resultado também é compatível
com o que observámos -
10:04 - 10:08na doença cerebral que mencionei,
a encefalopatia traumática crónica. -
10:08 - 10:13Esta imagem é de um antigo jogador
de futebol americano de meia idade, -
10:13 - 10:17e o que pretendo salientar é que,
se olharmos para o corpo caloso -
10:17 - 10:21— vou retroceder para verem
o tamanho normal do corpo caloso -
10:21 - 10:25e o seu tamanho nesta pessoa
que tem encefalopatia traumática crónica — -
10:26 - 10:28ele está muito atrofiado.
-
10:28 - 10:31O mesmo se aplica a todo
o espaço nos ventrículos. -
10:31 - 10:33Estes ventrículos são muito maiores.
-
10:33 - 10:36Portanto, todo este tecido
perto do centro do cérebro -
10:36 - 10:37morreu ao longo do tempo.
-
10:37 - 10:41Aquilo que temos aprendido é,
de facto, consistente. -
10:42 - 10:44Há aqui algumas boas notícias
-
10:44 - 10:48e espero dar-vos esperança
com esta palestra. -
10:48 - 10:50Uma das coisas que notámos,
-
10:50 - 10:52acerca deste mecanismo
de lesão, em particular, -
10:52 - 10:56é que, embora exista uma transmissão
rápida de forças por esta fissura abaixo, -
10:56 - 10:59ela tem uma duração definida.
-
11:00 - 11:04Acreditamos que, se pudermos
abrandar a cabeça o suficiente, -
11:04 - 11:07para que o cérebro
não fique para trás no crânio, -
11:07 - 11:11mas que se mova em sincronia com o crânio,
-
11:11 - 11:14talvez possamos impedir
este mecanismo de traumatismo. -
11:14 - 11:17Como é que podemos abrandar a cabeça?
-
11:19 - 11:20(Risos)
-
11:21 - 11:23Com um capacete gigante.
-
11:23 - 11:26Com mais espaço, temos mais tempo.
-
11:26 - 11:29Isto é uma espécie de piada,
mas alguns de vocês podem já ter visto. -
11:29 - 11:32Isto é futebol numa bolha,
e é um desporto real. -
11:32 - 11:34De facto, outro dia,
vi alguns jovens -
11:34 - 11:36a jogar a isto ao fundo
da rua onde moro, -
11:36 - 11:39e, tanto quanto sei, não houve
traumatismos cerebrais. -
11:39 - 11:40(Risos)
-
11:40 - 11:45Mas, falando a sério,
este princípio resulta, -
11:45 - 11:46mas isto foi demasiado longe.
-
11:47 - 11:51Isto não é algo prático quando se anda
de bicicleta ou se joga futebol. -
11:52 - 11:56Estamos a colaborar com uma empresa
sueca chamada Hövding. -
11:56 - 11:58Alguns de vocês já devem
ter visto o seu trabalho. -
11:58 - 12:03Eles estão a usar o mesmo princípio
do ar para nos dar um espaço extra -
12:03 - 12:05para impedir o traumatismos cerebrais.
-
12:05 - 12:08Crianças, não tentem isto
em casa, por favor. -
12:09 - 12:11Este duplo não tem capacete.
-
12:12 - 12:14Em vez disso, tem um colar cervical,
-
12:15 - 12:17que tem sensores,
-
12:17 - 12:21o mesmo tipo de sensores
que estão no protetor bucal -
12:21 - 12:24que detetam quando é provável
que haja uma queda. -
12:24 - 12:26Há um "airbag" que explode
e é desencadeado -
12:26 - 12:30do mesmo modo que um "airbag"
funciona nos nossos carros. -
12:30 - 12:33Nos testes que fizemos no meu laboratório,
com o aparelho deles, -
12:33 - 12:34descobrimos que, nalguns casos
-
12:34 - 12:37há uma grande redução
do risco de traumatismo cerebral -
12:37 - 12:39em comparação com um capacete
de bicicleta normal. -
12:40 - 12:41É um grande avanço.
-
12:42 - 12:46Mas para podermos entender
os benefícios da tecnologia -
12:46 - 12:48que podem impedir as contusões cerebrais,
-
12:49 - 12:51tem de obedecer a regras.
-
12:51 - 12:53É uma realidade.
-
12:53 - 12:56Este aparelho está à venda na Europa
-
12:56 - 13:00mas não está nos EUA, e provavelmente
não estará num futuro próximo. -
13:00 - 13:01Quero dizer-vos porquê.
-
13:02 - 13:05Há razões boas e depois há
razões não tão boas. -
13:05 - 13:07Os capacetes das bicicletas
são regulados por federações. -
13:07 - 13:10A Comissão para a Segurança
dos Produtos de Consumo dos EUA -
13:10 - 13:13é responsável por aprovar
todos os capacetes para bicicleta -
13:13 - 13:15e este é o teste que usam.
-
13:15 - 13:18Isto refere-se ao que vos disse
no início sobre fraturas do crânio. -
13:18 - 13:20É para isso que serve este teste.
-
13:20 - 13:21E é uma coisa importante a fazer.
-
13:21 - 13:24Pode salvar-vos a vida,
mas não é suficiente. -
13:24 - 13:27Por exemplo, uma coisa
que este teste não avalia -
13:27 - 13:31é que não nos diz se o "airbag"
vai abrir na hora certa -
13:31 - 13:34ou se vai abrir quando não é necessário.
-
13:34 - 13:36Do mesmo modo, não nos vai dizer
-
13:36 - 13:39se o capacete vai impedir
um traumatismo cerebral ou não. -
13:39 - 13:43Se virmos os capacetes de futebol
americano, que não são regulados, -
13:43 - 13:45têm um teste muito similar.
-
13:45 - 13:47Ou seja, não são regulados pelo governo.
-
13:47 - 13:50A maior parte das indústrias
trabalha com um órgão industrial. -
13:50 - 13:53Posso dizer-vos que
têm sido muito resistentes -
13:53 - 13:55a atualizar os seus padrões.
-
13:55 - 13:59No meu laboratório, estamos a trabalhar
não só no mecanismo do traumatismo, -
13:59 - 14:02mas também queremos saber
como podemos ter melhores testes. -
14:02 - 14:07Esperamos que o governo possa
usar este tipo de informação -
14:07 - 14:08para encorajar a inovação
-
14:09 - 14:10dando a conhecer aos consumidores
-
14:10 - 14:14o quão protegidos estão
com um dado capacete. -
14:14 - 14:17Quero voltar à pergunta
que fiz no início: -
14:17 - 14:21"Sentir-me-ia bem ao deixar
o meu filho jogar futebol -
14:21 - 14:23"ou andar de bicicleta?"
-
14:23 - 14:26Isto pode ser resultado
da minha experiência traumática. -
14:26 - 14:30mas fico muito mais nervoso ao deixar
a minha filha, Rose, andar de bicicleta. -
14:31 - 14:33Ela tem um ano e meio,
-
14:33 - 14:38e já quer andar nas estradas
de São Francisco. -
14:38 - 14:40Isto é uma dessas ruas.
-
14:40 - 14:46O meu objetivo pessoal é
— e acredito que seja possível — -
14:46 - 14:48desenvolver mais estas tecnologias.
-
14:48 - 14:51No meu laboratório, estamos a trabalhar
numa coisa em especial -
14:51 - 14:54que faz um melhor uso
do espaço num capacete. -
14:54 - 14:56Estou confiante que conseguiremos,
-
14:56 - 14:59antes de ela estar pronta
para andar só com duas rodas, -
14:59 - 15:01ter algo disponível
-
15:01 - 15:05que consiga reduzir os riscos
de um traumatismo cerebral -
15:05 - 15:07e satisfazer os órgãos reguladores.
-
15:07 - 15:09O que eu gostaria de fazer
-
15:09 - 15:12— e sei que, para alguns de vocês,
isto não é urgente, -
15:12 - 15:14eu tenho alguns anos aqui —
-
15:14 - 15:18é poder dizer a pais e avós,
quando me perguntarem, -
15:18 - 15:23que é seguro e saudável as crianças
fazerem estas atividades. -
15:23 - 15:26Tenho muita sorte de ter uma
ótima equipa em Stanford -
15:26 - 15:28que trabalha muito para isto.
-
15:28 - 15:32Espero vir daqui a alguns anos,
com a história final, -
15:32 - 15:33mas, por agora, digo-vos,
-
15:33 - 15:37por favor, não tenham medo quando ouvem
a palavra traumatismo cerebral. -
15:37 - 15:38Há esperança.
-
15:38 - 15:39Obrigado.
-
15:39 - 15:42(Aplausos)
- Title:
- Porque é que os capacetes não evitam traumatismos cerebrais — e o que poderá evitá-los
- Speaker:
- David Camarillo
- Description:
-
O que é um traumatismo? Provavelmente, não é o que julga. Nesta palestra, com origem na investigação de ponta, o engenheiro de biologia (e antigo jogador de futebol americano) David Camarillo, mostra o que acontece realmente durante um traumatismo cerebral — e porque é que os capacetes desportivos normais não o impedem. Eis o futuro da prevenção dos traumatismos cerebrais.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 15:56
Margarida Ferreira approved Portuguese subtitles for Why helmets don't prevent concussions -- and what might | ||
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