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Representação e Abstração: Olhando Millais e Newman

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    Uma das minhas pinturas favoritas é "Ophelia" de John Everett MiIlais, uma pintura Pré-Rafaelita.
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    O que você quer dizer com Pré-Rafaelita?
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    Bem, os Pré-Rafaelitas foram um grupo de artistas nos anos de 1850 na Inglaterra. De fato, formaram um grupo em 1848.
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    O objetivo era desafiar as ideias oficiais sobre arte e sobre o que a arte deveria ser.
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    Rafael era um artista da Renascença que realmente fez as coisas de forma
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    exata e muito técnica.
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    Rafael foi um artista da Renascença que era reverenciado
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    na era Vitoriana. Mas, eles estavam tão acostumados
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    em olhar para Rafael e pintar como Rafael
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    eles o admiravam tanto, que isso se tornou uma espécie de fórmula para pintura.
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    Os Pré-Rafaelitas disseram: "Nós queremos voltar a olhar para arte antes de Rafael, pois descendemos
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    em uma formula e perdemos nossa real conexão
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    com o olhar e observar o mundo.
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    Então eles pintaram diretamente da observação rigorosa da natureza.
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    Eles realmente se encaixam com essas ideias que estamos conversando
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    sobre como valorizamos a arte que desafia o padrão.
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    Eu definitivamente aprecio isso. O que esta peça faz ainda é esteticamente bonito no sentido tradicional
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    e também, você olha para ela e pensa: Realmente há uma habilidade minuciosa nisso
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    Eu não consigo simplesmente pegar uma tela e fazer algo assim.
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    Sim, a pintura é incrivelmente atratativa. Pessoalmente é
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    espantosamente bonita. As cores são ricas e profundas
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    você pode ver como o artista pintou cada flor, cada lâmina de grama, cada junco. É a ideia de habilidade técnica
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    Acho que até a escolha do tema é muito bonita
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    Linda. Sim, o tema e a maneira como é feita a pintura são belos
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    a maneira como é feita também demonstra grande habilidade técnica.
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    Então, consigo perceber essa pintura em uma variedade de níveis.
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    Ela desafia as pessoas, é um tipo de arte essencial, e
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    é bonita e tecnicamente sofisticada.
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    Para o que nós estamos olhando do lado direito?
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    "Vir Heroicus Sublimis" de Barnett Newman.
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    Este é o tipo clássico em que as pessoas olham para ela e dizem: "Bem, isso é bonito, talvez fique bom acima do meu sofá".
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    mas há uma grande diferença aqui onde a maioria das pessoas iria
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    olhar para a pintura da esquerda e dizer " Nossa, isso é essencial, desafiador, e tecnicamente belo"
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    enquanto na pintura da direita eles dizem, "Bem, eu posso fazer isso".
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    De fato, você vê nesses programas de reforma da casa, as pessoas dizerem que precisamos de trabalhos de arte, e literalmente produzem
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    algo que se parece com isso em pouco tempo.
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    Com certeza. Então não se trata de habilidade técnica.
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    Mas para mim, o que Newman propõe é algo que eu valorizo na minha experiência com arte.
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    O que isso faz é concentrar minha atenção.
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    Primeiro, é realmente grande. Então, quando você está no mesmo local que ela voce se sente envolto por ela.
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    Você quase a sente te chamando, então é atraído para ela, e você se aproxima
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    e quase começa a se tornar o seu mundo.
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    A cor é realmente intensa. O que acontece comigo, quando estou na presença dessa pintura é que eu começo a notar a cor
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    e seu efeito em mim e como as cores me lembram sensações.
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    Eu acho que o cínico, e há pessoas que olham para isso e dizem
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    "Eu posso apreciar isso. É uma coisa grande e vermelha esteticamente bela com algumas linhas.
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    Mas qualquer um poderia ter feito isso, ou qualquer um pode fazer isso agora.
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    Mas isso não é porque --- bem, o que voce descreveu, voce está apreciando a estética disso e realmente é uma grande pintura e eu posso perceber isso
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    porém é mais do que parece no primeiro momento
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    Realmente é bem mais complicado do que parece. Então nos atrai para ele.
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    Então, quando começamos a olhar as linhas, notamos que elas vão do topo a parte mais baixa, e que ele criou as linhas
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    de maneiras diferente, notamos que elas tem características diferentes.
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    Essas são coisas difíceis de se notar quando você está olhando para uma reprodução.
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    Isso nos atrai e eu me vejo prestando atenção de maneira que eu não faço normalmente no meu dia a dia.
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    E eu relamente aprecio isso, aquele momento no museu.
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    Eu estou sendo tirado do meu dia a dia, em que sou distraido e cercado por um milhão de coisas diferentes que eu nem mesmo noto
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    e estou sendo compelida a realmente me concentrar.
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    Eu também aprecio isso de maneira semelhante. Nunca a visitei pessoalmente mas posso imaginá-la em grande escala
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    especialmente se me aproximar e ver os detalhes.
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    Parece haver uma divisão fundamental entre --- quero dizer, ambas são esteticamente cativantes e interessantes.
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    Com a pintura a esquerda, você pode ir em qualquer cultura e praticamente em qualquer período da história, que as pessoas apreciarão isso.
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    Enquanto na pintura a direita, eles também diriam: "Bem, essa é uma maneira interessante de pintar uma parede", ou algo assim, mas
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    eles não as colocariam na mesma categoria. É justo dizer isso?
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    Acho que o que você está dizendo é justo. Há realmente uma ruptura aqui.
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    A imagem a esquerda é uma parte da história da arte que está ligada a representação.
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    Acredito que o que estamos olhando a direita é uma ruptura fundamental.
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    A pintura a esquerda foi uma ruptura fundamental no seu período, a concepção Pré-Rafaelita.
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    Foi mais uma ruptura no estilo, não atingindo " O que é arte? "
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    Correto. É pura abstração. Barnett Newman era um expressionista abstrato.
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    Ele pertencia a um grupo de artistas que estavam pensando sobre a pintura em muitas diferentes maneiras.
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    Eles estavam questionando se a arte tinha ou não que ser algo além do que ela mesma.
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    Em outras palavras, se você olhar para "Ophelia", verá uma mulher que está se afogando, que está submergida nesse córrego
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    e é belíssimo. Mas de certo modo, é uma mentira.
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    Isto é cor, pintada em uma tela que está tentando representar algo que não é.
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    É uma inverdade, uma ilusão.
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    A imagem a esquerda está dizendo: "Nós podemos ser verdadeiros com a materialidade da nossa arte e ainda criar algo que é profundo?"
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    Pense sobre música um pouco. Na música, nós não precisamos de uma sinfonia para representar uma paisagem. Ela pode,
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    e algumas sinfonias farão isso, mas a música é tomada por ela mesma
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    Ou a voz humana, certo
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    Mas a música é medida por seus próprios termos. Música é sobre tons, é sobre ritmo, é sobre sua própria lógica interna.
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    A pintura nunca foi isso.
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    Assim, você pode dizer, de fato, que Millais nos distrai,
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    das coisas que Steven está se referindo. Nos distrai da cor, da forma, das linhas
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    Da pintura em si mesma.
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    Sim, de certa maneira, o que Newman está fazendo é concentrar isso.
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    Olha para isso, não seja distraído por essas outras coisas.
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    Sim, eu não estou tentando ser uma cena de Shakespeare.
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    Mas, eu posso ainda ser profundo, posso ainda ser emocionalmente poderoso?
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    Aqui um artista está dizendo que uma tela é bidimensional. Vou criar algo que parece a primeira vista
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    ser absolutamente plano. Mas então, repare nessas linhas. Como elas ocupam o espaço?
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    Elas começam a criar uma ilusão de espaço? De forma sutil, Beth mencionou agora a pouco
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    que as linhas se movem do topo para a parte mais baixo, então elas medem o tamanho da tela, e dessa maneira, evidenciam a bidimensionalidade da tela.
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    Mas ao mesmo tempo, elas tem diferentes tons e diferentes densidades. Elas recuam ou são projetadas para frente.
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    Então deixe-me perguntar a você, alguma dessas linhas move-se para trás? Alguma delas move-se para frente?
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    É interessante, há realmente isso, podemos perceber esse núcleo primitivo de dimensionalidade
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    e você começa a perceber --- Eu nunca havia pensado sobre isso dessa maneira.
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    Você está certa, o que está a esquerda é uma mentira. É algo tentando ser alguma coisa que não é.
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    Enquanto na direita, é literalmente isso, Isso é a pintura.
    A pintura é aquilo que você está tentando ver.
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    Não está tentando ser um aparelho de TV para o resto da realidade.
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    Então, há uma espécie de verdade fundamental na pintura da direita que encerra 2000 anos de representação.
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    Ou mais, provavelmente, quero dizer, e as pinturas nas cavernas?
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    Com certeza. Alguem poderia dizer 38.000 anos de tradição.
    Quão radical é isso? Quão bravo é isso? Quão heróico é isso?
Title:
Representação e Abstração: Olhando Millais e Newman
Description:

Representação e Abstração: Olhando Millais e Newman
John Everett Millais, Ophelia, 1851-2 (Tate Britain) e Barnett Newman, Vir Heroicus Sublimus, 1950-51 (MoMA)

Uma conversa entre Sal Khan, Beth Harris e Steven Zucker

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Video Language:
English
Duration:
08:30

Portuguese, Brazilian subtitles

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