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As seis aplicações incríveis da prosperidade

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    Vamos falar de milhares de milhões.
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    Vamos falar de
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    milhares de milhões do passado e do futuro.
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    Nós sabemos
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    que cerca de 106 mil milhões de pessoas
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    já viveram.
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    E sabemos que a maior parte delas está morta.
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    E também sabemos
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    que a maioria delas vive ou viveu na Ásia.
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    E também sabemos
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    que a maioria delas era ou é muito pobre --
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    não viveu muito tempo.
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    Vamos falar de milhares de milhões.
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    Vamos falar
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    dos 195.000 mil milhões de dólares de riqueza
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    que existem no mundo de hoje.
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    Nós sabemos que a maior parte dessa riqueza
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    foi criada depois do ano 1800.
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    E sabemos que a maior parte dela
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    pertence actualmente
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    a pessoas a que podemos chamar ocidentais:
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    europeus, norte americanos, australásios.
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    Constituindo 19 por cento da população mundial actual,
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    os ocidentais detêm dois terços da riqueza total.
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    Os historiadores da Economia
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    chamam a isto "A Grande Divergência."
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    E este slide aqui
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    é a melhor simplificação
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    da história da "Grande Divergência"
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    que vos posso oferecer.
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    Retrata, essencialmente, dois rácios
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    de PIB per capita,
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    isto é, produto interno bruto (PIB) per capita,
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    portanto, rendimento médio.
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    Um, identificado pela linha a vermelho,
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    é o rácio entre os rendimentos per capita
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    britânico e indiano.
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    E a linha a azul
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    é o rácio entre os rendimentos per capita americano e o chinês.
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    E o gráfico apresenta dados desde 1500 D.C.
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    E podem ver aqui
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    que há uma "Grande Divergência" que cresce exponencialmente.
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    Estes países, no início, quase não divergem.
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    De facto, em 1500,
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    o chinês médio era mais rico do que o norte americano médio.
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    Quando chegamos à década de 1970,
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    que é onde este gráfico termina,
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    o britânico médio é mais de 10 vezes mais rico
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    do que o indiano médio.
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    E isso contando
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    com as diferenças do custo de vida.
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    Com base na paridade do poder de compra.
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    O americano médio
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    é praticamente 20 vezes mais rico
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    do que o chinês médio
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    na década de 1970.
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    E porquê?
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    Não se tratou apenas de uma questão económica.
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    Se considerarem os 10 países
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    que vieram a tornar-se
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    nos impérios ocidentais,
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    em 1500 eles eram, na verdade, muito pequenos --
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    detinham cinco por cento da superfície terrestre do mundo,
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    16 por cento da sua população,
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    talvez 20 por cento do seu rendimento.
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    Em 1913,
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    estes 10 países, mais os Estados Unidos,
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    controlavam vastos impérios globais --
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    detinham 58 por cento do território mundial,
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    praticamente a mesma percentagem da sua população,
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    e uma enorme parcela - perto de três quartos --
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    da produção económica global.
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    E, notem, a maior parte dela foi para a terra-mãe,
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    para as metrópoles imperiais,
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    não para as suas colónias.
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    Não podemos apenas responsabilizar o imperialismo por isto --
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    apesar de muitas pessoas terem tentado fazê-lo --
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    por duas razões.
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    Primeira, o império foi a coisa menos original
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    que o Ocidente fez após 1500.
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    Todos tiveram impérios.
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    Eles venceram os impérios Orientais pré-existentes,
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    como os Mongóis e os Otomanos.
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    Portanto, não parece que o império seja uma grande explicação
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    para a "Grande Divergência".
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    De qualquer modo, como se devem recordar,
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    a "Grande Divergência" atinge o seu máximo na década de 1970,
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    bastante depois da descolonização.
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    Esta questão não é nova.
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    Samuel Johnson,
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    o grande lexicógrafo,
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    opôs-se a isto através da sua personagem Rasselas
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    na sua novela "Rasselas, Príncipe da Abissínia,"
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    publicada em 1759.
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    "Por que meios são os Europeus tão poderosos;
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    ou por que, uma vez que eles podem tão facilmente visitar a Ásia e a África
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    para o comércio ou a conquista,
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    não podem os asiáticos e africanos
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    invadir as suas costas,
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    plantar colónias nos seus portos,
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    e impor leis aos seus príncipes naturais?
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    O mesmo vento que os leva de volta
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    levar-nos-ia até lá?"
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    Essa é uma grande questão.
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    E -- vocês sabem que mais? --
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    estava também a ser colocada, aproximadamente pela mesma altura,
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    pelos "Resterners" -- pelas pessoas do resto do mundo --
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    como Ibrahim Muteferrika,
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    um oficial otomano,
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    o homem que introduziu a imprensa, muito tardiamente,
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    no Império Otomano --
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    que disse, num livro publicado em 1731,
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    "Porque é que as nações cristãs, que foram tão fracas no passado,
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    quando comparadas com as nações muçulmanas,
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    começam a dominar tantas terras nos tempos modernos
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    e até derrotam os, antes vitoriosos, exércitos Otomanos?"
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    Ao contrário de Rasselas,
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    Muteferrika tinha uma resposta para essa pergunta,
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    que estava correcta.
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    Ele disse que era "porque eles têm leis e regras
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    inventadas pela razão."
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    Não é uma questão de geografia.
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    Vocês podem pensar que é possível explicar a "Grande Divergência"
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    em termos de geografia.
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    Nós sabemos que isso está errado,
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    porque conduzimos duas grandes experiências naturais no século XX,
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    para ver se a geografia importava mais do que as instituições.
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    Pegámos em todos os alemães,
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    dividimo-los aproximadamente em duas partes,
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    e entregámos uns ao comunismo de Leste,
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    e vocês vêem o resultado.
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    Dentro de um período de tempo incrivelmente curto,
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    as pessoas que viviam na República Democrática Alemã
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    produziram Trabants, o Trabbi,
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    um dos piores carros do mundo de todos os tempos,
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    enquanto as pessoas do Ocidente produziam o Mercedes Benz.
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    Se vocês ainda não acreditam em mim,
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    nós conduzimos uma experiência também na Península da Coreia.
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    E decidimos pegar em coreanos
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    oriundos praticamente da mesma localização geográfica
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    com, notem, a mesma cultura tradicional básica,
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    e dividimo-los em dois, e aos do Norte demos o comunismo.
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    E o resultado foi uma divergência,
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    num espaço de tempo muito curto,
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    ainda maior do que a ocorrida na Alemanha.
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    Não uma grande divergência em termos de estilo do uniforme dos guardas fronteiriços,
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    mas em quase todos os outros aspectos
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    há uma enorme divergência.
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    O que me leva a pensar
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    que, nem a geografia, nem as características nacionais,
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    que são explicações populares para este tipo de coisas,
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    são realmente importantes.
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    São as ideias.
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    São as instituições.
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    Isto deve ser verdade
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    porque foi dito por um Escocês.
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    E eu penso que sou o único escocês aqui no TED de Edimburgo.
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    Por isso, deixem-me explicar-vos
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    que o homem mais inteligente de todos os tempos foi um escocês.
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    Ele foi Adam Smith --
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    não Billy Connolly, nem Sean Connery --
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    embora ele seja muito inteligente, de facto.
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    (Risos)
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    Smith -- e quero que vocês vão
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    e se curvem perante a sua estátua no Royal Mile;
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    é uma estátua maravilhosa --
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    Smith, na "A Riqueza das Nações"
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    publicada em 1776 --
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    foi a coisa mais importante que aconteceu naquele ano...
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    (Risos)
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    Podem crer.
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    Houve uma pequena dificuldade local nalgumas das nossas colónias mais pequenas, mas...
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    (Risos)
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    "A China parece estar há muito estacionária,
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    e, provavelmente, há muito tempo adquiriu aquele complemento total de riquezas
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    que é consistente com a natureza das suas leis e instituições.
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    Mas este complemento pode ser muito inferior
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    ao que, com outras leis e instituições,
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    a natureza do seu solo, clima e situação,
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    poderia admitir."
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    Isso é tão certo e tão fixe.
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    E ele disse-o há tanto tempo.
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    Mas, vocês sabem, esta é uma audiência TED,
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    e se eu continuar a falar de instituições
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    vocês vão desligar.
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    Portanto, vou traduzir isto para uma linguagem que possam entender.
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    Vamos chamar-lhes as "aplicações incríveis".
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    Quero explicar-vos que houve 6 aplicações incríveis
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    que separaram o Ocidente do resto.
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    E elas são parecidas com as aplicações do vosso telemóvel,
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    no sentido em que parecem muito simples.
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    São apenas ícones; vocês carregam neles.
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    Mas, por detrás do ícone, há um código complexo.
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    Passa-se o mesmo com as instituições.
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    Há seis
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    que eu penso que explicam a "Grande Divergência".
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    Primeira: A Competição
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    Segunda: A Revolução Científica
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    Terceira: Os Direitos de Propriedade
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    Quarta: A Medicina Moderna
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    Quinta: A Sociedade de Consumo
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    E sexta: A Ética do Trabalho.
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    Vocês podem jogar um jogo e tentar pensar numa que eu tenha falhado,
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    ou tentar reduzi-las para apenas quatro,
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    mas vocês vão perder.
  • 8:43 - 8:45
    (Risos)
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    Deixem-me dizer-vos muito rapidamente o que quero dizer com isto,
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    sintetizando o trabalho de muitos historiadores da Economia
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    pelo caminho.
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    Competição significa,
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    não apenas que havia cem unidades políticas diferentes na Europa de 1500,
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    mas que, dentro de cada uma dessas unidades,
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    existia competição entre corporações, tal como entre os soberanos.
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    O antepassado da moderna corporação "City of London Corporation",
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    existia no séc. XII.
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    Na China, não existia nada assim.
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    Havia um Estado monolítico
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    que abrangia um quinto da humanidade,
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    e qualquer pessoa que tivesse alguma ambição
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    tinha que passar um exame estandardizado,
  • 9:18 - 9:20
    que levava três dias e era muito difícil
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    e envolvia a memorização de elevados números de caracteres
  • 9:23 - 9:27
    e uma composição muito complexa ao estilo de Confúcio.
  • 9:27 - 9:30
    A revolução científica foi diferente
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    da ciência que tinha sido alcançada no mundo oriental,
  • 9:33 - 9:35
    em vários aspectos cruciais,
  • 9:35 - 9:37
    dos quais, o mais importante
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    foi que, através do método experimental,
  • 9:39 - 9:42
    proporcionou aos homens controlo sobre a Natureza, de um modo que não tinha sido possível anteriormente.
  • 9:42 - 9:46
    Exemplo: a extraordinária aplicação, por Benjamin Robin,
  • 9:46 - 9:49
    da física de Newton à balística.
  • 9:49 - 9:51
    Ao fazer-se isto,
  • 9:51 - 9:54
    a artilharia torna-se precisa.
  • 9:54 - 9:56
    Pensem no que isso significa.
  • 9:56 - 9:58
    Tratou-se, realmente, de uma aplicação "de arrasar" (killer).
  • 9:58 - 10:01
    (Risos)
  • 10:01 - 10:04
    Entretanto, não existe revolução científica em mais lugar nenhum.
  • 10:04 - 10:06
    O Império Otomano não fica assim tão longe da Europa,
  • 10:06 - 10:08
    mas ali não há revolução científica.
  • 10:08 - 10:11
    De facto, eles destroem o observatório Taqi al-Din,
  • 10:11 - 10:13
    porque consideram blasfémia
  • 10:13 - 10:16
    investigar a mente de Deus.
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    Direitos de propriedade: não é a democracia, é ter um
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    estado de direito baseado nos direitos de propriedade privada.
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    É isso que faz a diferença
  • 10:24 - 10:26
    entre a América do Norte e a América do Sul.
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    Podíamos chegar à América do Norte,
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    tendo assinado uma escritura
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    que dizia: "Trabalharei durante cinco anos sem receber nada.
  • 10:32 - 10:34
    Vocês apenas são obrigados a alimentar-me."
  • 10:34 - 10:37
    Mas, no final desse prazo, recebíamos cem acres de terra (aproximadamente 500.000 m2)
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    Essa é a concessão de terras
  • 10:39 - 10:41
    identificada na metade inferior do slide.
  • 10:41 - 10:44
    Isso não é possível na América Latina,
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    onde a terra é detida
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    por uma pequena elite descendente dos conquistadores.
  • 10:48 - 10:50
    E podem ver aqui a enorme divergência
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    entre o Norte e o Sul, quanto à titularidade da propriedade.
  • 10:53 - 10:55
    A maior parte das pessoas, na zona rural da América do Norte,
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    possuía alguns terrenos por volta do ano 1900.
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    Na América do Sul, isso dificilmente acontecia.
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    Trata-se de outra aplicação incrível.
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    A medicina moderna, nos finais do séc. XIX,
  • 11:05 - 11:07
    começou a realizar grandes avanços
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    contra as doenças infecciosas que matavam imensa gente.
  • 11:09 - 11:11
    E esta foi outra aplicação incrível --
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    precisamente o contrário de "de arrasar" (killer),
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    porque duplicou, e depois mais do que duplicou, a esperança de vida humana.
  • 11:16 - 11:18
    E conseguiu isso
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    mesmo nos impérios europeus.
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    Mesmo em locais como o Senegal,
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    com início nos primeiros anos do século XX,
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    houve grandes avanços na saúde pública,
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    e a esperança de vida começou a aumentar.
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    Não aumenta mais rapidamente
  • 11:30 - 11:32
    depois de estes países se tornarem independentes.
  • 11:32 - 11:34
    Os impérios não foram completamente maus.
  • 11:34 - 11:36
    A sociedade de consumo é aquilo de que precisamos
  • 11:36 - 11:39
    para que a Revolução Industrial faça sentido.
  • 11:39 - 11:41
    É necessário que as pessoas queiram usar toneladas de roupas.
  • 11:41 - 11:43
    Todos vocês compraram uma peça de roupa no último mês;
  • 11:43 - 11:45
    garanto-vos.
  • 11:45 - 11:47
    É a sociedade de consumo,
  • 11:47 - 11:49
    e ela impulsiona o crescimento económico
  • 11:49 - 11:52
    mais até do que a própria mudança tecnológica.
  • 11:52 - 11:54
    O Japão foi a primeira sociedade não-Ocidental
  • 11:54 - 11:56
    a aderir a isto.
  • 11:56 - 11:58
    A alternativa,
  • 11:58 - 12:00
    que foi proposta por Mahatma Gandhi,
  • 12:00 - 12:03
    era institucionalizar a pobreza e torná-la permanente.
  • 12:03 - 12:05
    Hoje, muito poucos indianos
  • 12:05 - 12:07
    preferiam que a Índia tivesse seguido
  • 12:07 - 12:10
    a via de Mahatma Gandhi.
  • 12:10 - 12:12
    Finalmente, a ética do trabalho.
  • 12:12 - 12:15
    Max Weber pensou que isso era caracteristicamente Protestante.
  • 12:15 - 12:17
    Ele estava errado.
  • 12:17 - 12:19
    Qualquer cultura pode adquirir a ética do trabalho
  • 12:19 - 12:21
    se as instituições estiverem lá
  • 12:21 - 12:23
    para criar o incentivo ao trabalho.
  • 12:23 - 12:25
    Nós sabemos isto
  • 12:25 - 12:27
    porque hoje a ética do trabalho
  • 12:27 - 12:30
    já não é mais um fenómeno Protestante, Ocidental.
  • 12:30 - 12:33
    De facto, o Ocidente perdeu a sua ética do trabalho.
  • 12:33 - 12:36
    Hoje, o coreano médio
  • 12:36 - 12:40
    trabalha mais mil horas por ano
  • 12:40 - 12:42
    do que o alemão médio --
  • 12:42 - 12:44
    mil.
  • 12:44 - 12:46
    E isto é parte
  • 12:46 - 12:49
    de um fenómeno realmente extraordinário,
  • 12:49 - 12:52
    e que é o fim da "Grande Divergência".
  • 12:52 - 12:54
    Quem é que tem agora a ética do trabalho?
  • 12:54 - 12:57
    Vejam o aproveitamento a Matemática
  • 12:57 - 12:59
    entre os jovens de 15 anos.
  • 12:59 - 13:01
    No topo da tabela internacional,
  • 13:01 - 13:04
    de acordo com o último estudo PISA,
  • 13:04 - 13:06
    está Xangai, distrito da China.
  • 13:06 - 13:08
    A distância entre Xangai
  • 13:08 - 13:11
    e o Reino Unido e os Estados Unidos
  • 13:11 - 13:14
    é tão grande como a distância entre o Reino Unido e os E.U.A.
  • 13:14 - 13:17
    e a Albânia e a Tunísia.
  • 13:17 - 13:19
    Vocês provavelmente partem do princípio
  • 13:19 - 13:21
    de que, porque o iPhone foi concebido na Califórnia,
  • 13:21 - 13:23
    mas montado na China,
  • 13:23 - 13:26
    o Ocidente ainda lidera em termos de inovação tecnológica.
  • 13:26 - 13:28
    Vocês estão errados.
  • 13:28 - 13:30
    Em termos de patentes,
  • 13:30 - 13:32
    não há dúvida de que o Oriente está à frente.
  • 13:32 - 13:35
    Não é só o Japão que tem estado à frente há algum tempo,
  • 13:35 - 13:38
    a Coreia do Sul avançou para o terceiro lugar,
  • 13:38 - 13:41
    e a China está praticamente a ultrapassar a Alemanha.
  • 13:41 - 13:43
    Porquê?
  • 13:43 - 13:45
    Porque as "aplicações incríveis" podem ser descarregadas.
  • 13:45 - 13:47
    Estão em código aberto.
  • 13:47 - 13:49
    Qualquer sociedade pode adoptar estas instituições,
  • 13:49 - 13:51
    e quando o faz,
  • 13:51 - 13:55
    alcança o que o Ocidente alcançou após 1500 --
  • 13:55 - 13:57
    só que mais depressa.
  • 13:57 - 13:59
    Esta é a "Grande Reconvergência",
  • 13:59 - 14:03
    e é a maior história da vossa vida.
  • 14:03 - 14:06
    Porque isto está a acontecer à vossa vista.
  • 14:06 - 14:08
    É a nossa geração
  • 14:08 - 14:10
    que está a testemunhar o fim da predominância Ocidental.
  • 14:10 - 14:12
    O americano médio costumava ser mais de 20 vezes mais rico
  • 14:12 - 14:14
    do que o chinês médio.
  • 14:14 - 14:16
    Agora é apenas cinco vezes,
  • 14:16 - 14:18
    e em breve será 2,5 vezes.
  • 14:18 - 14:21
    Assim, quero terminar com três questões
  • 14:21 - 14:23
    para os futuros milhares de milhões,
  • 14:23 - 14:26
    já a partir de 2016,
  • 14:26 - 14:28
    quando os Estados Unidos perderem, para a China,
  • 14:28 - 14:31
    o seu lugar como economia número um.
  • 14:31 - 14:35
    A primeira é: estas aplicações podem ser apagadas,
  • 14:35 - 14:37
    e é isso que estamos a fazer
  • 14:37 - 14:39
    no mundo ocidental?
  • 14:39 - 14:41
    A segunda questão é:
  • 14:41 - 14:45
    será que a ordem de descarregamento é relevante?
  • 14:45 - 14:50
    E poderá a África ter essa ordem, errada?
  • 14:50 - 14:52
    Uma implicação óbvia da história da economia moderna
  • 14:52 - 14:55
    é que é bastante difícil a transição para a democracia
  • 14:55 - 14:57
    antes de se terem assegurado
  • 14:57 - 15:00
    os direitos de propriedade privada.
  • 15:00 - 15:03
    Atenção: isso pode não funcionar.
  • 15:03 - 15:05
    E, terceiro: conseguirá a China passar
  • 15:05 - 15:07
    sem a aplicação incrível número três?
  • 15:07 - 15:11
    É a que John Locke sistematizou
  • 15:11 - 15:15
    quando disse que a liberdade tinha raízes nos direitos de propriedade privada
  • 15:15 - 15:17
    e na protecção da lei.
  • 15:17 - 15:19
    Essa é a base
  • 15:19 - 15:21
    do modelo ocidental
  • 15:21 - 15:24
    de governo representativo.
  • 15:24 - 15:26
    Agora, esta imagem mostra a demolição
  • 15:26 - 15:29
    do estúdio do artista chinês Ai Weiwei,
  • 15:29 - 15:31
    em Xangai, no início deste ano.
  • 15:31 - 15:33
    Agora ele está novamente livre,
  • 15:33 - 15:35
    tendo estado detido, como sabem, durante algum tempo.
  • 15:35 - 15:38
    Mas penso que o seu estúdio não foi reconstruído.
  • 15:40 - 15:44
    Winston Churchill definiu "civilização"
  • 15:44 - 15:48
    numa palestra que deu no fatídico ano de 1938.
  • 15:48 - 15:51
    E eu penso que estas palavras realmente captam a essência:
  • 15:51 - 15:55
    "Significa uma sociedade baseada na opinião da população civil.
  • 15:55 - 15:58
    Significa que a violência, a lei dos guerreiros e dos chefes despóticos,
  • 15:58 - 16:01
    as condições dos campos e da guerra, da rebelião e da tirania,
  • 16:01 - 16:04
    dão lugar a parlamentos onde se fazem leis,
  • 16:04 - 16:06
    e a tribunais judiciais independentes
  • 16:06 - 16:09
    nos quais, durante longos períodos, essas leis são aplicadas.
  • 16:09 - 16:11
    Isso é a civilização --
  • 16:11 - 16:13
    e no seu solo crescem continuamente
  • 16:13 - 16:16
    a liberdade, o conforto e a cultura,"
  • 16:16 - 16:20
    aquilo que todos os membros TED mais prezam.
  • 16:20 - 16:23
    "Quando a civilização reina num país,
  • 16:23 - 16:26
    uma vida mais ampla e menos atormentada
  • 16:26 - 16:29
    é permitida às massas do povo."
  • 16:29 - 16:32
    Isso é tão verdadeiro.
  • 16:33 - 16:36
    Eu não penso que o declínio da civilização ocidental
  • 16:36 - 16:38
    seja inevitável,
  • 16:38 - 16:41
    porque não penso que a história funcione
  • 16:41 - 16:43
    nesta espécie de modelo de ciclo de vida,
  • 16:43 - 16:45
    belamente ilustrado por Thomas Cole
  • 16:45 - 16:48
    nos seus quadros "Caminho do Império".
  • 16:48 - 16:51
    Não é assim que a história funciona.
  • 16:51 - 16:53
    Não foi dessa maneira que o Ocidente se ergueu,
  • 16:53 - 16:56
    e não penso que seja dessa maneira que o Ocidente vá cair.
  • 16:56 - 16:59
    O Ocidente pode entrar em colapso muito rapidamente.
  • 16:59 - 17:02
    Isso acontece com civilizações complexas,
  • 17:02 - 17:04
    porque elas operam, na maior parte do tempo,
  • 17:04 - 17:06
    à beira do caos.
  • 17:06 - 17:09
    Essa é uma das percepções mais profundas
  • 17:09 - 17:12
    que emergem do estudo histórico de instituições complexas
  • 17:12 - 17:15
    como as civilizações.
  • 17:15 - 17:17
    Não, podemos aguentar-nos,
  • 17:17 - 17:21
    apesar do enorme encargo de dívidas que acumulámos,
  • 17:21 - 17:24
    apesar da prova de que perdemos a nossa ética do trabalho
  • 17:24 - 17:27
    e outras partes do nosso carisma histórico.
  • 17:27 - 17:29
    Mas uma coisa é certa,
  • 17:29 - 17:31
    a "Grande Divergência"
  • 17:31 - 17:33
    acabou, amigos.
  • 17:33 - 17:35
    Muito obrigado.
  • 17:35 - 18:00
    (Aplausos)
  • 18:00 - 18:02
    Bruno Giussani: Niall,
  • 18:02 - 18:04
    eu estou curioso relativamente
  • 18:04 - 18:07
    à sua perspectiva sobre a outra região do mundo,
  • 18:07 - 18:10
    que está em expansão, a América Latina.
  • 18:10 - 18:13
    Qual é a sua visão sobre isto?
  • 18:13 - 18:15
    Niall Ferguson: Bem, na realidade eu não estou a falar apenas
  • 18:15 - 18:17
    da ascensão do Oriente;
  • 18:17 - 18:19
    estou a referir-me à ascensão do "Resto",
  • 18:19 - 18:21
    e isso inclui a América do Sul.
  • 18:21 - 18:23
    Uma vez, perguntei a um dos meus colegas, em Harvard,
  • 18:23 - 18:25
    "Olha, a América do Sul faz parte do Ocidente?"
  • 18:25 - 18:27
    Ele era perito em história da América Latina.
  • 18:27 - 18:29
    Disse-me: "Não sei; terei que pensar no assunto."
  • 18:29 - 18:31
    Isso diz-nos algo realmente importante.
  • 18:31 - 18:33
    Penso que se olharmos para o que está a acontecer, especialmente no Brasil,
  • 18:33 - 18:35
    mas também no Chile,
  • 18:35 - 18:38
    que foi, em muitos aspectos, quem mostrou o caminho
  • 18:38 - 18:41
    da transformação das instituições da vida económica,
  • 18:41 - 18:44
    perspectiva-se um futuro muito brilhante, de facto.
  • 18:44 - 18:46
    Por isso, a minha história realmente
  • 18:46 - 18:49
    é tanto sobre a convergência nas Américas,
  • 18:49 - 18:51
    como sobre a convergência na Eurásia.
  • 18:51 - 18:53
    BG: E há esta sensação
  • 18:53 - 18:55
    de que a América do Norte e a Europa
  • 18:55 - 18:57
    não estão realmente a prestar atenção
  • 18:57 - 18:59
    a estas tendências.
  • 18:59 - 19:02
    Essencialmente, estão preocupadas uma com a outra.
  • 19:02 - 19:05
    Os americanos pensam que o modelo europeu vai ruir amanhã.
  • 19:05 - 19:08
    Os europeus pensam que o orçamento americano vai rebentar amanhã.
  • 19:08 - 19:11
    E, recentemente, parece que só nos importamos com isso.
  • 19:11 - 19:13
    NF: Eu penso que a crise orçamental
  • 19:13 - 19:16
    que agora vemos no mundo desenvolvido -- em ambos os lados do Atlântico --
  • 19:16 - 19:18
    é essencialmente a mesma coisa
  • 19:18 - 19:20
    assumindo formas diferentes
  • 19:20 - 19:22
    em termos de cultura política.
  • 19:22 - 19:26
    E é uma crise que tem a sua faceta estrutural --
  • 19:26 - 19:28
    em parte tem que ver com a demografia.
  • 19:28 - 19:31
    Mas também tem que ver, evidentemente, com a crise massiva
  • 19:31 - 19:33
    que se seguiu à alavancagem excessiva,
  • 19:33 - 19:35
    ao crédito excessivo no sector privado.
  • 19:35 - 19:37
    Essa crise,
  • 19:37 - 19:40
    que tem sido o foco de tanta atenção, incluindo a minha,
  • 19:40 - 19:42
    penso que é um epifenómeno.
  • 19:42 - 19:45
    Na realidade, a crise financeira é um fenómeno histórico relativamente pequeno,
  • 19:45 - 19:47
    que apenas acelerou
  • 19:47 - 19:49
    esta enorme mudança,
  • 19:49 - 19:51
    que acaba com meio milénio de supremacia ocidental.
  • 19:51 - 19:53
    Penso que é essa a sua importância real.
  • 19:53 - 19:55
    BG: Niall, obrigado. (NF: Muito obrigado, Bruno.)
  • 19:55 - 19:58
    (Aplausos)
Title:
As seis aplicações incríveis da prosperidade
Speaker:
Niall Ferguson
Description:

Durante os últimos séculos, as culturas ocidentais têm sido muito eficazes a criar a sua prosperidade geral. O historiador Niall Ferguson pergunta: Porquê no Ocidente, e tão menos no resto do mundo? Ele sugere meia dúzia de grandes ideias da cultura ocidental -- chama-lhes 6 aplicações incríveis -- que promovem a riqueza, a estabilidade e a inovação. E, neste novo século, diz ele, estas aplicações são todas partilháveis.

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English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
19:59
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The 6 killer apps of prosperity
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The 6 killer apps of prosperity
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The 6 killer apps of prosperity
Ilona Bastos added a translation

Portuguese subtitles

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