As seis aplicações incríveis da prosperidade
-
0:01 - 0:03Vamos falar de milhares de milhões.
-
0:04 - 0:05Vamos falar de
-
0:05 - 0:09milhares de milhões
do passado e do futuro. -
0:10 - 0:11Nós sabemos
-
0:11 - 0:12que já viveram
-
0:12 - 0:16cerca de 106 mil milhões de pessoas.
-
0:16 - 0:19E sabemos que a maior
parte delas está morta. -
0:19 - 0:21E também sabemos
-
0:21 - 0:23que a maioria delas vive ou viveu na Ásia.
-
0:24 - 0:25E também sabemos
-
0:25 - 0:29que a maioria delas era ou é muito pobre,
-
0:29 - 0:32não viveu muito tempo.
-
0:33 - 0:35Vamos falar de milhares de milhões.
-
0:36 - 0:37Vamos falar
-
0:37 - 0:42dos 195 biliões de dólares de riqueza
-
0:42 - 0:44que existem no mundo de hoje.
-
0:44 - 0:47Nós sabemos que a maior parte dessa riqueza
-
0:47 - 0:51foi criada depois do ano 1800.
-
0:51 - 0:53E sabemos que a maior parte dela
-
0:53 - 0:55pertence atualmente
-
0:55 - 0:59a pessoas a que podemos chamar ocidentais:
-
1:00 - 1:04europeus, norte-americanos, australásios.
-
1:04 - 1:07Constituindo 19%
da população mundial atual, -
1:07 - 1:10os ocidentais detêm
dois terços da riqueza total. -
1:11 - 1:12Os historiadores da Economia
-
1:12 - 1:15chamam a isto "A Grande Divergência."
-
1:15 - 1:17E este slide aqui
-
1:17 - 1:19é a melhor simplificação
-
1:19 - 1:21da história da "Grande Divergência"
-
1:21 - 1:23que vos posso oferecer.
-
1:23 - 1:26Retrata, essencialmente, dois rácios
-
1:26 - 1:28de PIB per capita,
-
1:28 - 1:30isto é, produto interno bruto per capita,
-
1:30 - 1:32portanto, rendimento médio.
-
1:32 - 1:34Um, identificado pela linha a vermelho,
-
1:34 - 1:37é o rácio entre os rendimentos per capita
-
1:37 - 1:39britânico e indiano.
-
1:39 - 1:40E a linha a azul
-
1:40 - 1:44é o rácio entre os rendimentos per capita
americano e chinês. -
1:44 - 1:46O gráfico apresenta dados desde 1500.
-
1:46 - 1:48Podemos ver aqui
-
1:48 - 1:51que há uma "Grande Divergência"
que cresce exponencialmente. -
1:51 - 1:53Estes países, no início,
quase não divergem. -
1:53 - 1:55De facto, em 1500,
-
1:55 - 1:58o chinês médio era mais rico
do que o norte-americano médio. -
1:58 - 2:02Quando chegamos aos anos 70,
-
2:02 - 2:03que é onde este gráfico termina,
-
2:03 - 2:06o britânico médio
é mais de 10 vezes mais rico -
2:06 - 2:08do que o indiano médio.
-
2:08 - 2:09E isso contando
-
2:09 - 2:12com as diferenças do custo de vida,
-
2:12 - 2:14com base na paridade do poder de compra.
-
2:14 - 2:16O norte-americano médio
-
2:16 - 2:19é praticamente 20 vezes mais rico
-
2:19 - 2:20do que o chinês médio
-
2:20 - 2:22nos anos 70.
-
2:23 - 2:25E porquê?
-
2:25 - 2:28Não se tratou apenas
de uma questão económica. -
2:29 - 2:31Se considerarmos os 10 países
-
2:31 - 2:33que vieram a tornar-se
-
2:33 - 2:35nos impérios ocidentais,
-
2:35 - 2:39em 1500 eles eram,
na verdade, muito pequenos -
2:39 - 2:41— detinham 5% da superfície
terrestre do mundo, -
2:41 - 2:4216% da sua população,
-
2:42 - 2:45talvez 20% do seu rendimento.
-
2:45 - 2:47Em 1913,
-
2:47 - 2:50esses 10 países, mais os EUA,
-
2:50 - 2:53controlavam vastos impérios globais
-
2:53 - 2:56— detinham 58% do território mundial,
-
2:56 - 2:58praticamente a mesma percentagem
da sua população, -
2:58 - 3:01e uma enorme parcela,
-
3:01 - 3:04perto de 3/4 da produção económica global.
-
3:04 - 3:08E, notem, a maior parte dela
ia para a terra-mãe, -
3:08 - 3:10para as metrópoles imperiais,
-
3:10 - 3:12não para as suas colónias.
-
3:14 - 3:16Não podemos responsabilizar só
o imperialismo -
3:16 - 3:19— apesar de muitas pessoas
terem tentado fazê-lo — -
3:19 - 3:21por duas razões.
-
3:21 - 3:25Primeira, o império
foi a coisa menos original -
3:25 - 3:27que o Ocidente fez após 1500.
-
3:27 - 3:30Todos tiveram impérios.
-
3:30 - 3:33Venceram os impérios
orientais pré-existentes, -
3:33 - 3:36como os mongóis e os otomanos.
-
3:36 - 3:39Portanto, não parece que o império
seja uma grande explicação -
3:39 - 3:41para a "Grande Divergência".
-
3:41 - 3:43De qualquer modo, como se devem recordar,
-
3:43 - 3:46a "Grande Divergência" atinge
o seu auge nos anos, -
3:46 - 3:49bastante depois da descolonização.
-
3:49 - 3:51Esta questão não é nova.
-
3:52 - 3:53Samuel Johnson,
-
3:53 - 3:55o grande lexicógrafo,
-
3:55 - 3:59opôs-se a isto através
da sua personagem Rasselas -
3:59 - 4:02no seu romance
"Rasselas, Príncipe da Abissínia," -
4:02 - 4:04publicada em 1759.
-
4:04 - 4:08"Por que meios
são os europeus tão poderosos -
4:08 - 4:12"ou porque é que, uma vez que eles podem
tão facilmente visitar a Ásia e a África -
4:12 - 4:14"para o comércio ou a conquista,
-
4:14 - 4:15"não podem os asiáticos e africanos
-
4:15 - 4:17"invadir as suas costas,
-
4:17 - 4:20"plantar colónias nos seus portos,
-
4:20 - 4:23"e impor leis aos seus príncipes naturais?
-
4:23 - 4:25"O mesmo vento que os leva de volta
-
4:25 - 4:27"levar-nos-ia até lá."
-
4:28 - 4:30Essa é uma grande questão.
-
4:30 - 4:31E, sabem que mais?
-
4:31 - 4:34Estava também a ser colocada,
pela mesma altura, -
4:34 - 4:36pelos "resterners" — pelas pessoas
do resto do mundo -- -
4:36 - 4:39como Ibrahim Muteferrika,
-
4:39 - 4:42um funcionário otomano,
-
4:42 - 4:44o homem que introduziu a imprensa,
muito tardiamente, -
4:44 - 4:46no Império Otomano
-
4:46 - 4:49e que disse, num livro publicado em 1731,
-
4:49 - 4:52"Porque é que as nações cristãs,
tão fracas no passado, -
4:52 - 4:54"quando comparadas
com as nações muçulmanas, -
4:54 - 4:57"começam a dominar tantas terras
nos tempos modernos -
4:57 - 5:01"e até derrotam os exércitos otomanos,
antes vitoriosos, ?" -
5:01 - 5:03Ao contrário de Rasselas,
-
5:03 - 5:06Muteferrika tinha uma resposta
para essa pergunta, -
5:06 - 5:08que estava correta.
-
5:08 - 5:13Ele disse que era
"porque eles têm leis e regras -
5:13 - 5:15"inventadas pela razão."
-
5:17 - 5:19Não é uma questão de geografia.
-
5:19 - 5:22Pensam que é possível
explicar a "Grande Divergência" -
5:22 - 5:23em termos de geografia?
-
5:23 - 5:24Sabemos que isso está errado,
-
5:24 - 5:28porque realizámos duas grandes
experiências naturais no século XX, -
5:28 - 5:31para ver se a geografia importava
mais do que as instituições. -
5:31 - 5:32Pegámos em todos os alemães,
-
5:32 - 5:35dividimo-los aproximadamente
em duas partes, -
5:35 - 5:38e entregámos uma parte
ao comunismo de Leste, -
5:38 - 5:40e vocês veem o resultado.
-
5:40 - 5:43Num período de tempo incrivelmente curto,
-
5:43 - 5:45as pessoas que viviam
na República Democrática Alemã -
5:45 - 5:48produziram Trabants, o Trabbi,
-
5:48 - 5:50um dos piores carros do mundo
de todos os tempos, -
5:50 - 5:53enquanto as pessoas do Ocidente
produziam o Mercedes Benz. -
5:53 - 5:55Se vocês ainda não acreditam em mim,
-
5:55 - 5:58nós realizámos também uma experiência
na Península da Coreia. -
5:58 - 6:00Decidimos pegar em coreanos
-
6:00 - 6:02oriundos praticamente
do mesmo local geográfico -
6:02 - 6:06com, notem, a mesma
cultura tradicional básica, -
6:06 - 6:08dividimo-los em dois,
e demos o comunismo aos do norte. -
6:08 - 6:11E o resultado foi uma divergência,
-
6:11 - 6:13num espaço de tempo muito curto,
-
6:13 - 6:15ainda maior do que a ocorrida na Alemanha.
-
6:15 - 6:19Não uma grande divergência em termos
do uniforme dos guardas fronteiriços, -
6:19 - 6:21mas em quase todos os outros aspetos
-
6:21 - 6:23há uma enorme divergência.
-
6:23 - 6:25O que me leva a pensar
-
6:25 - 6:28que, nem a geografia,
nem as características nacionais, -
6:28 - 6:30que são explicações populares
para este tipo de coisas, -
6:30 - 6:32são realmente significativas.
-
6:32 - 6:34São as ideias.
-
6:34 - 6:36São as instituições.
-
6:37 - 6:38Isto deve ser verdade
-
6:38 - 6:40porque foi dito por um escocês.
-
6:40 - 6:44E eu penso que sou o único escocês
aqui no TED de Edimburgo, -
6:44 - 6:45por isso, passo a explicar-vos
-
6:45 - 6:49que o homem mais inteligente
de todos os tempos foi um escocês. -
6:49 - 6:51Foi Adam Smith
-
6:51 - 6:53— não Billy Connolly, nem Sean Connery —
-
6:53 - 6:55(Risos)
-
6:55 - 6:57embora ele seja
muito inteligente, de facto. -
6:57 - 6:59(Risos)
-
7:00 - 7:02Smith — e quero que vocês se curvem
-
7:02 - 7:05perante a sua estátua no Royal Mile
-
7:05 - 7:06— é uma estátua maravilhosa —
-
7:06 - 7:09Smith, em "A Riqueza das Nações"
-
7:09 - 7:11publicada em 1776
-
7:11 - 7:14— foi a coisa mais importante
que aconteceu naquele ano... -
7:14 - 7:16(Risos)
-
7:17 - 7:19Podem crer.
-
7:19 - 7:21Houve uma pequena dificuldade local
-
7:21 - 7:24nalgumas das nossas colónias
mais pequenas, mas... -
7:24 - 7:27"A China parece estar
há muito estacionária, -
7:27 - 7:30"e, provavelmente, já adquiriu há muito
aquele complemento total de riquezas -
7:30 - 7:33"que é consistente com a natureza
das suas leis e instituições. -
7:34 - 7:36"Mas este complemento
pode ser muito inferior -
7:36 - 7:39"ao que, com outras leis e instituições,
-
7:39 - 7:41"a natureza do seu solo, clima e situação,
-
7:41 - 7:43"poderia admitir."
-
7:43 - 7:45Isto é tão certo e tão fixe.
-
7:45 - 7:47E ele disse-o há tanto tempo.
-
7:47 - 7:50Mas, vocês sabem,
esta é uma audiência TED, -
7:50 - 7:53e se eu continuar a falar de instituições
-
7:53 - 7:55vocês vão desligar.
-
7:55 - 7:58Portanto, vou traduzir isto
para uma linguagem que possam entender. -
7:58 - 7:59(Risos)
-
7:59 - 8:03Vamos chamar-lhes
as "aplicações incríveis". -
8:03 - 8:06Quero explicar-vos que houve
seis aplicações incríveis -
8:06 - 8:09que separaram o Ocidente do resto.
-
8:09 - 8:11São parecidas com as aplicações
do vosso telemóvel, -
8:11 - 8:13no sentido em que parecem muito simples.
-
8:13 - 8:15São apenas ícones onde nós carregamos.
-
8:15 - 8:18Mas, por detrás do ícone,
há um código complexo. -
8:18 - 8:20Passa-se o mesmo com as instituições.
-
8:20 - 8:22Há seis
-
8:22 - 8:24que eu penso que explicam
a "Grande Divergência". -
8:24 - 8:26Primeira: A Competição
-
8:26 - 8:28Segunda: A Revolução Científica
-
8:29 - 8:31Terceira: Os Direitos de Propriedade
-
8:31 - 8:33Quarta: A Medicina Moderna
-
8:33 - 8:34Quinta: A Sociedade de Consumo
-
8:35 - 8:36E sexta: A Ética do Trabalho.
-
8:36 - 8:39Podem jogar um jogo e tentar pensar
numa que eu tenha falhado, -
8:39 - 8:42ou tentar reduzi-las para apenas quatro,
-
8:42 - 8:43mas vocês vão perder.
-
8:43 - 8:45(Risos)
-
8:46 - 8:49Deixem-me dizer-vos muito rapidamente
o que quero dizer com isto, -
8:49 - 8:52sintetizando o trabalho
de muitos historiadores da Economia -
8:52 - 8:53pelo caminho.
-
8:53 - 8:55Competição significa,
-
8:55 - 8:58não só que havia cem unidades políticas
diferentes na Europa de 1500, -
8:58 - 9:01mas que, dentro de cada uma
dessas unidades, -
9:01 - 9:04havia competição entre corporações,
tal como entre os soberanos. -
9:04 - 9:07O antepassado da moderna corporação
"City of London Corporation", -
9:07 - 9:09existia no séc. XII.
-
9:09 - 9:11Na China, não existia nada assim.
-
9:11 - 9:13Havia um Estado monolítico
-
9:13 - 9:14que abrangia um quinto da humanidade,
-
9:14 - 9:16e qualquer pessoa que tivesse ambições
-
9:16 - 9:19tinha que passar um exame estandardizado,
-
9:19 - 9:21que levava três dias, era muito difícil
-
9:21 - 9:24e envolvia a memorização
de um elevado número de caracteres -
9:24 - 9:27e uma composição muito complexa
ao estilo de Confúcio. -
9:28 - 9:31A revolução científica foi diferente
-
9:31 - 9:34da ciência que tinha sido alcançada
no mundo oriental, -
9:34 - 9:36em vários aspetos cruciais,
-
9:36 - 9:37dos quais, o mais importante
-
9:37 - 9:39foi que, através do método experimental,
-
9:39 - 9:43deu aos homens controlo sobre a Natureza,
como não fora possível anteriormente. -
9:43 - 9:47Exemplo: a extraordinária aplicação,
por Benjamin Robin, -
9:47 - 9:49da física de Newton à balística.
-
9:49 - 9:51Ao fazer-se isto,
-
9:51 - 9:54a artilharia torna-se rigorosa.
-
9:54 - 9:56Pensem no que isso significa.
-
9:56 - 9:59Tratou-se, realmente,
de uma aplicação "de morte". -
9:59 - 10:01(Risos)
-
10:02 - 10:05Entretanto, não há revolução científica
em mais lugar nenhum. -
10:05 - 10:07O Império otomano não fica
muito longe da Europa, -
10:07 - 10:09mas ali não há revolução científica.
-
10:09 - 10:11Eles destroem o observatório Taqi al-Din,
-
10:11 - 10:14porque consideram blasfémia
-
10:14 - 10:16investigar a mente de Deus.
-
10:17 - 10:19Direitos de propriedade:
não é a democracia, -
10:19 - 10:22é ter um estado de direito baseado
nos direitos de propriedade privada. -
10:22 - 10:24É isso que faz a diferença
-
10:24 - 10:27entre a América do Norte
e a América do Sul. -
10:27 - 10:29Podíamos chegar à América do Norte,
-
10:29 - 10:31tendo assinado uma escritura que dizia:
-
10:31 - 10:33"Trabalharei durante cinco anos
sem receber nada. -
10:33 - 10:35"Vocês só são obrigados a alimentar-me."
-
10:35 - 10:38Mas, no final desse prazo,
recebíamos 40 hectares de terra -
10:38 - 10:40Essa é a concessão de terras
-
10:40 - 10:42identificada na metade inferior do slide.
-
10:42 - 10:44Isso não é possível na América Latina,
-
10:44 - 10:46onde a terra é detida
-
10:46 - 10:49por uma pequena elite
descendente dos conquistadores. -
10:49 - 10:51Podemos ver aqui a enorme divergência
-
10:51 - 10:54entre o Norte e o Sul,
quanto à titularidade da propriedade. -
10:54 - 10:56A maior parte das pessoas,
na zona rural dos EUA, -
10:56 - 10:59possuía alguns terrenos em 1900.
-
10:59 - 11:01Na América do Sul,
isso dificilmente acontecia. -
11:01 - 11:03Trata-se de outra aplicação "de morte".
-
11:03 - 11:06A medicina moderna,
nos finais do séc. XIX, -
11:06 - 11:07começou a realizar grandes avanços
-
11:07 - 11:10contra as doenças infecciosas
que matavam muita gente. -
11:10 - 11:12E esta foi outra aplicação "de morte",
-
11:12 - 11:14precisamente o contrário de "matar",
-
11:14 - 11:17porque duplicou, mais que duplicou,
a esperança de vida humana. -
11:17 - 11:18E conseguiu isso
-
11:18 - 11:20mesmo nos impérios europeus.
-
11:20 - 11:22Mesmo em locais como o Senegal,
-
11:22 - 11:25com início nos primeiros anos
do século XX, -
11:25 - 11:27houve grandes avanços na saúde pública,
-
11:27 - 11:29e a esperança de vida começou a aumentar.
-
11:29 - 11:30Não aumenta mais rapidamente
-
11:30 - 11:33depois de estes países
se tornarem independentes. -
11:33 - 11:35Os impérios não foram completamente maus.
-
11:35 - 11:37A sociedade de consume
é aquilo de que precisamos -
11:37 - 11:39para que a Revolução Industrial
faça sentido. -
11:39 - 11:42É necessário que as pessoas
queiram usar toneladas de roupas. -
11:42 - 11:45Garanto que todos vocês compraram
uma peça de roupa no último mês; -
11:46 - 11:47É a sociedade de consumo,
-
11:47 - 11:50e ela impulsiona o crescimento económico
-
11:50 - 11:52mais até do que a própria
mudança tecnológica. -
11:52 - 11:55O Japão foi a primeira
sociedade não-ocidental -
11:55 - 11:56a aderir a isto.
-
11:56 - 11:58A alternativa,
-
11:58 - 12:00que foi proposta por Mahatma Gandhi,
-
12:00 - 12:04era institucionalizar a pobreza
e torná-la permanente. -
12:04 - 12:06Hoje, muito poucos indianos
-
12:06 - 12:08preferem que a Índia tivesse seguido
-
12:08 - 12:10a via de Mahatma Gandhi.
-
12:10 - 12:12Finalmente, a ética do trabalho.
-
12:12 - 12:15Max Weber pensou que isso
era caracteristicamente protestante. -
12:15 - 12:17Ele estava errado.
-
12:17 - 12:20Qualquer cultura pode adquirir
a ética do trabalho -
12:20 - 12:22se as instituições estiverem lá
-
12:22 - 12:24para criar o incentivo ao trabalho.
-
12:24 - 12:25Nós sabemos isto
-
12:25 - 12:27porque hoje a ética do trabalho
-
12:27 - 12:30já não é mais um fenómeno
protestante, ocidental. -
12:30 - 12:33De facto, o Ocidente perdeu
a sua ética do trabalho. -
12:34 - 12:37Hoje, o coreano médio
-
12:37 - 12:40trabalha mais mil horas por ano
-
12:40 - 12:42do que o alemão médio
-
12:42 - 12:44— mil horas.
-
12:44 - 12:46E isto faz parte
-
12:46 - 12:49de um fenómeno realmente extraordinário,
-
12:49 - 12:52e que é o fim da "Grande Divergência".
-
12:53 - 12:55Quem é que tem agora a ética do trabalho?
-
12:55 - 12:57Vejam o aproveitamento a matemática
-
12:57 - 13:00entre os jovens de 15 anos.
-
13:00 - 13:02No topo da tabela internacional,
-
13:02 - 13:04de acordo com o último estudo PISA,
-
13:04 - 13:07está Xangai, distrito da China.
-
13:07 - 13:09A distância entre Xangai
-
13:09 - 13:12e o Reino Unido e os EUA
-
13:12 - 13:15é tão grande como a distância
entre o Reino Unido e os EUA -
13:15 - 13:17e a Albânia e a Tunísia.
-
13:18 - 13:20Vocês provavelmente partem do princípio
-
13:20 - 13:22de que, porque o iPhone
foi concebido na Califórnia, -
13:22 - 13:24mas montado na China,
-
13:24 - 13:27o Ocidente ainda lidera em termos
de inovação tecnológica. -
13:27 - 13:28Estão enganados.
-
13:28 - 13:30Em termos de patentes,
-
13:30 - 13:33não há dúvida de que
o Oriente está à frente. -
13:33 - 13:35Não é só o Japão que tem estado
à frente há algum tempo, -
13:35 - 13:38a Coreia do Sul avançou
para o terceiro lugar, -
13:38 - 13:41e a China está praticamente
a ultrapassar a Alemanha. -
13:42 - 13:43Porquê?
-
13:43 - 13:46Porque as aplicações "de morte"
podem ser descarregadas. -
13:46 - 13:48Estão em código aberto.
-
13:48 - 13:50Qualquer sociedade pode adotar
estas instituições, -
13:50 - 13:52e quando o faz,
-
13:52 - 13:55alcança o que o Ocidente
alcançou após 1500, -
13:55 - 13:57só que mais depressa.
-
13:57 - 14:00Esta é a "Grande Reconvergência",
-
14:00 - 14:03e é a maior história da nossa vida.
-
14:03 - 14:06Porque isto está a acontecer
à nossa vista. -
14:06 - 14:08É a nossa geração
-
14:08 - 14:11que está a testemunhar o fim
do predomínio ocidental. -
14:11 - 14:13O americano médio era
mais de 20 vezes mais rico -
14:13 - 14:15do que o chinês médio.
-
14:15 - 14:16Agora é só cinco vezes,
-
14:16 - 14:18e em breve será 2,5 vezes.
-
14:19 - 14:21Assim, quero terminar com três perguntas
-
14:21 - 14:24para os futuros milhares de milhões,
-
14:24 - 14:26já a partir de 2016,
-
14:26 - 14:29quando os EUA perderem, para a China,
-
14:29 - 14:31o seu lugar como economia número um.
-
14:32 - 14:35A primeira é: "Estas aplicações
poderão ser apagadas, -
14:35 - 14:37"e é isso que estamos a fazer
-
14:37 - 14:39"no mundo ocidental?".
-
14:40 - 14:42A segunda pergunta é:
-
14:42 - 14:45"Será que a ordem de descarregamento
é relevante? -
14:46 - 14:50"E poderá a África
ter essa ordem, errada?" -
14:51 - 14:53Uma implicação óbvia da história
da economia moderna -
14:53 - 14:56é que é bastante difícil a transição
para a democracia -
14:56 - 14:58antes de se terem assegurado
-
14:58 - 15:00os direitos de propriedade privada.
-
15:00 - 15:03Atenção: isso pode não funcionar.
-
15:04 - 15:06E terceira: "Conseguirá a China passar
-
15:06 - 15:08"sem a aplicação 'de morte' número três?"
-
15:08 - 15:11É a que John Locke sistematizou
-
15:11 - 15:15quando disse que a liberdade tinha raízes
nos direitos de propriedade privada -
15:15 - 15:18e na proteção da lei.
-
15:18 - 15:20Essa é a base
-
15:20 - 15:22do modelo ocidental
-
15:22 - 15:24de governo representativo.
-
15:24 - 15:27Esta imagem mostra a demolição
-
15:27 - 15:29do estúdio do artista chinês Ai Weiwei,
-
15:29 - 15:31em Xangai, no início deste ano.
-
15:31 - 15:33Agora ele está novamente livre,
-
15:33 - 15:36depois de ter estado detido
durante algum tempo. -
15:36 - 15:38Mas penso que o seu estúdio
não foi reconstruído. -
15:41 - 15:45Winston Churchill definiu "civilização"
-
15:45 - 15:48numa palestra que fez
no fatídico ano de 1938. -
15:48 - 15:51E eu penso que estas palavras
realmente captam a essência: -
15:51 - 15:55"Significa uma sociedade baseada
na opinião da população civil. -
15:55 - 15:59"Significa que a violência, a lei
dos guerreiros e dos chefes despóticos, -
15:59 - 16:02"as condições dos campos e da guerra,
da rebelião e da tirania, -
16:02 - 16:05"dão lugar a parlamentos
onde se fazem leis, -
16:05 - 16:07"e a tribunais judiciais independentes
-
16:07 - 16:10"onde, durante longos períodos,
essas leis são aplicadas. -
16:10 - 16:11"Isso é a Civilização
-
16:11 - 16:13"e no seu solo crescem continuamente
-
16:13 - 16:17"a liberdade, o conforto e a cultura"
-
16:17 - 16:20— aquilo que todos
os membros TED mais prezam — -
16:21 - 16:24"Quando a Civilização reina num país,
-
16:24 - 16:27uma vida mais ampla e menos atormentada
-
16:27 - 16:29é permitida às massas do povo."
-
16:30 - 16:32Isto é tão verdadeiro.
-
16:33 - 16:37Eu não penso que o declínio
da civilização ocidental -
16:37 - 16:39seja inevitável,
-
16:39 - 16:41porque penso que a história não funciona
-
16:41 - 16:44nesta espécie de modelo de ciclo de vida,
-
16:44 - 16:46belamente ilustrado por Thomas Cole
-
16:46 - 16:49nos seus quadros "Caminho do Império".
-
16:49 - 16:51Não é assim que a história funciona.
-
16:51 - 16:54Não foi dessa maneira
que o Ocidente se ergueu, -
16:54 - 16:56e penso que não é dessa maneira
que o Ocidente vai cair. -
16:56 - 17:00O Ocidente pode entrar em colapso
muito rapidamente. -
17:00 - 17:02Isso acontece com civilizações complexas,
-
17:02 - 17:05porque elas funcionam,
na maior parte do tempo, -
17:05 - 17:07à beira do caos.
-
17:07 - 17:09Essa é uma das perceções mais profundas
-
17:09 - 17:13que emergem do estudo histórico
de instituições complexas -
17:13 - 17:15como as civilizações.
-
17:16 - 17:17Não, podemos aguentar-nos,
-
17:17 - 17:21apesar do enorme encargo
de dívidas que acumulámos, -
17:21 - 17:25apesar da prova de que perdemos
a nossa ética do trabalho -
17:25 - 17:28e outras partes
do nosso carisma histórico. -
17:28 - 17:30Mas uma coisa é certa,
-
17:30 - 17:33a "Grande Divergência"
acabou, meus amigos. -
17:34 - 17:36Muito obrigado.
-
17:36 - 17:39(Aplausos)
-
18:02 - 18:04Bruno Giussani: Niall, estou curioso
-
18:04 - 18:07em relação à sua perspetiva
sobre a outra região do mundo, -
18:07 - 18:10que está em expansão, a América Latina.
-
18:10 - 18:13Qual é a sua visão sobre isto?
-
18:13 - 18:16Niall Ferguson: Na realidade
eu não estou a falar apenas -
18:16 - 18:18da ascensão do Oriente,
-
18:18 - 18:20estou a referir-me à ascensão do "Resto",
-
18:20 - 18:21e isso inclui a América do Sul.
-
18:21 - 18:23Uma vez, perguntei
a um colega, em Harvard: -
18:23 - 18:25"A América do Sul faz parte do Ocidente?"
-
18:25 - 18:27Ele era perito em história
da América Latina. -
18:27 - 18:29Disse-me: "Não sei,
vou pensar no assunto." -
18:29 - 18:31Isso diz-nos algo realmente importante.
-
18:31 - 18:35Se olharmos para o que se passa
no Brasil e no Chile, -
18:35 - 18:38que, em muitos aspetos,
foi quem mostrou o caminho -
18:38 - 18:41da transformação das instituições
da vida económica, -
18:41 - 18:44perspetiva-se um futuro
muito brilhante, de facto. -
18:44 - 18:46Por isso, a minha história realmente
-
18:46 - 18:50é tanto sobre a convergência nas Américas,
-
18:50 - 18:52como sobre a convergência na Eurásia.
-
18:52 - 18:54BG: E há esta sensação
-
18:54 - 18:56de que os EUA e a Europa
-
18:56 - 18:59não estão a prestar atenção
a estas tendências. -
18:59 - 19:02Essencialmente, estão preocupadas
uma com a outra. -
19:02 - 19:05Os norte-americanos pensam
que o modelo europeu vai ruir amanhã. -
19:05 - 19:09Os europeus pensam que o orçamento
americano vai rebentar amanhã. -
19:09 - 19:12E, ultimamente, parece
que só nos importamos com isso. -
19:12 - 19:14NF: Eu penso que a crise orçamental
-
19:14 - 19:17que vemos hoje no mundo desenvolvido,
de ambos os lados do Atlântico, -
19:17 - 19:19é essencialmente a mesma coisa
-
19:19 - 19:21assumindo formas diferentes
-
19:21 - 19:22em termos de cultura política.
-
19:22 - 19:26É uma crise que tem
a sua faceta estrutural. -
19:26 - 19:29em parte tem que ver com a demografia.
-
19:29 - 19:31Mas também tem que ver
com a enorme crise financeira -
19:31 - 19:34que se seguiu à alavancagem excessiva,
-
19:34 - 19:36ao crédito excessivo no sector privado.
-
19:36 - 19:41Penso que essa crise, que tem sido o foco
de tanta atenção, incluindo a minha, -
19:41 - 19:42é um epifenómeno.
-
19:42 - 19:46A crise financeira é um fenómeno
histórico relativamente pequeno, -
19:46 - 19:47que apenas acelerou
-
19:47 - 19:49esta enorme mudança,
-
19:49 - 19:52que acaba com 500 anos
de supremacia ocidental. -
19:52 - 19:54Penso que é essa a sua importância real.
-
19:54 - 19:55BG: Niall, obrigado.
-
19:55 - 19:57NF: Muito obrigado, Bruno.
-
19:57 - 19:59(Aplausos)
- Title:
- As seis aplicações incríveis da prosperidade
- Speaker:
- Niall Ferguson:
- Description:
-
Durante os últimos séculos, as culturas ocidentais têm sido muito eficazes a criar a sua prosperidade geral. O historiador Niall Ferguson pergunta: Porquê no Ocidente, e menos no resto do mundo? Ele sugere meia dúzia de grandes ideias da cultura ocidental — chama-lhes seis aplicações incríveis — que promovem a riqueza, a estabilidade e a inovação. E neste novo século, diz ele, estas aplicações são todas partilháveis.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 19:59
![]() |
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The 6 killer apps of prosperity | |
![]() |
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The 6 killer apps of prosperity | |
![]() |
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The 6 killer apps of prosperity | |
![]() |
Ilona Bastos added a translation |