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Niall Ferguson: Os 6 “aplicativos matadores” da prosperidade

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    Falemos sobre bilhões.
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    Falemos sobre
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    bilhões, passado e futuro.
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    Sabemos
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    que cerca de 106 bilhões de pessoas
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    já viveram.
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    E sabemos que a maior parte delas estão mortas.
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    E também sabemos
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    que a maior parte delas viveram ou vivem na Ásia.
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    E também sabemos
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    que a maior parte delas eram ou são muito pobres –
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    não viveram muito tempo.
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    Falemos sobre bilhões.
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    Falemos sobre
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    os 195.000 bilhões de dólares de riqueza
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    no mundo hoje.
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    Sabemos que a maior parte dessa riqueza
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    foi criada após o ano de 1800.
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    E sabemos que a maior parte dessa riqueza
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    atualmente pertence
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    às pessoas que poderíamos chamar de ocidentais:
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    europeus, norte-americanos, australasianos.
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    Os 19% da população mundial atual,
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    os ocidentais, possuem dois terços dessa riqueza.
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    Os historiadores da economia
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    chamam isso de “A Grande Divergência”.
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    Neste slide aqui
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    está a melhor simplificação
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    da história da Grande Divergência
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    que posso lhes oferecer.
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    Basicamente são duas proporções
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    do PIB per capita,
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    per capita do produto interno bruto,
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    então, renda média.
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    Um, a linha vermelha,
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    é a proporção entre britânicos e indianos
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    de renda per capita.
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    E a linha azul
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    é a proporção entre americanos e chineses.
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    E este gráfico vem desde 1500.
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    Vocês podem ver aqui
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    que a Grande Divergência tem um exponencial.
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    Eles começam bem perto um do outro.
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    De fato, em 1500,
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    o chinês comum era mais rico do que o norte-americano comum.
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    Quando chegamos na década de 1970,
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    que é onde este gráfico termina,
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    o britânico comum é dez vezes mais rico
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    do que o indiano comum.
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    E isto é levando em conta
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    as diferenças do custo de vida.
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    Isto está baseado na paridade do poder aquisitivo.
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    O americano comum
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    era quase 20 vezes mais rico
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    do que o chinês comum
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    por volta dos anos 70.
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    Então por quê?
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    Isto não é simplesmente uma história da economia.
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    Se considerarmos os 10 países
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    que passaram a ser
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    os impérios ocidentais,
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    em 1500 eles eram realmente pequenos –
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    5% da superfície terrestre mundial,
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    16% da sua população,
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    talvez 20% da sua renda.
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    Em 1913,
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    esses 10 países, mais os Estados Unidos,
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    controlavam vastos impérios globais –
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    58% do território mundial,
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    aproximadamente a mesma percentagem da sua população,
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    e uma parte muito grande, quase três quartos
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    da produção econômica global.
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    E notem, a maior parte disso ia para a sede do império,
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    para as metrópoles imperiais e
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    não para as suas possessões coloniais.
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    Agora, não podemos colocar a culpa no imperialismo –
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    embora muitos tenham tentado fazer isso –
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    por duas razões.
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    Primeiro, o império foi a coisa menos original
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    que o Ocidente fez após 1500.
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    Todos tinham impérios.
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    Eles superaram impérios orientais preexistentes
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    como os Mongóis e os Otomanos.
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    Então impérios realmente não parecem ser a grande explicação
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    para a Grande Divergência.
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    De qualquer maneira, como devem lembrar,
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    A Grande Divergência alcança o seu apogeu nos anos 70,
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    um tempo considerável pós descolonização.
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    Esta não é uma questão recente.
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    Samuel Johnson,
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    o grande lexicógrafo,
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    se opôs a isso através do seu personagem Rasselas
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    no seu romance “História de Rasselas: Príncipe da Abissínia”,
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    publicado em 1759,
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    “De que maneira são os europeus tão poderosos;
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    ou por que, já que eles podem tão facilmente visitar a Ásia e a África
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    para comercializar ou conquistar,
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    então asiáticos e africanos não podem
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    invadir seu litoral,
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    plantar colônias em seus portos,
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    e dar leis aos seus príncipes naturais?
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    O mesmo vento que os carrega de volta
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    nos traria para lá?
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    Esta é uma grande pergunta.
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    E sabem o que mais,
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    aproximadamente na mesma época isto estava sendo perguntado
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    pelos “Resterners” – pelas pessoas no resto do mundo –
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    como Ibrahim Muteferrika,
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    um oficial Otomano,
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    o homem que introduziu a imprensa, muito atrasadamente,
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    ao Império Otomano –
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    que disse em um livro publicado em 1731,
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    “Por que as nações cristãs que eram tão fracas no passado
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    em comparação com as muçulmanas
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    começaram a dominar tantas terras nos tempos modernos
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    e até derrotaram o antes vitorioso exército otomano?”
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    O oposto de Rasselas,
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    Muteferrika tinha uma resposta para esta pergunta,
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    a qual estava correta.
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    Disse que era “porque eles têm leis e regras
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    inventadas pela razão.”
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    Isto não é geografia.
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    Vocês poderiam pensar que podemos explicar a Grande Divergência
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    em termos de geografia.
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    Sabemos que isto não é o certo,
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    porque conduzimos dois grandes experimentos naturais no século XX
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    para verificar se geografia era mais importante do que instituições.
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    Pegamos todos os alemães,
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    e os dividimos aproximadamente em dois,
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    nós demos para os do leste o comunismo,
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    e vocês veem o resultado.
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    Dentro de um período incrivelmente curto,
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    as pessoas da República Democrática Alemã,
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    produziram os Trabants, o Trabbi,
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    um dos piores carros de todos os tempos,
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    enquanto as pessoas no oeste produziram o Mercedes Benz.
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    Se ainda assim vocês não acreditam,
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    também conduzimos um experimento na Península Coreana.
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    E decidimos que pegaríamos coreanos
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    aproximadamente no mesmo local geográfico
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    com, notem, a mesma cultura tradicional básica,
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    e os dividimos em dois e demos comunismo aos do norte.
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    E o resultado foi uma divergência maior ainda –
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    em um curto período –
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    do que a ocorrida na Alemanha.
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    Não uma divergência grande em termos de estilo de uniformes paras os guardas de fronteira,
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    mas em quase todos os outros aspectos,
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    é uma divergência enorme.
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    O que me leva a pensar
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    que nem geografia ou caráter nacional e nem
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    explicações populares para este tipo de coisa,
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    são realmente significativos.
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    São as ideias.
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    São as instituições.
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    O que deve ser verdade
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    porque um escocês assim declarou.
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    E eu acho que sou o único escocês aqui no Edimburgo TED.
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    Então deixem-me explicar para vocês
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    que o homem mais esperto que já existiu era escocês.
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    Foi Adam Smith –
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    não Billy Connolly, não Sean Connery –
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    embora ele seja, de fato, muito esperto.
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    (Risos)
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    Smith – e quero ir
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    e prostrar-me perante a sua estátua na Milha Real (Royal Mile)
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    é uma estátua maravilhosa –
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    Smith, na “Riqueza das Nações” '
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    publicado em 1776 –
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    isto foi o evento mais importante que aconteceu naquele ano ...
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    (Risos)
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    Podem crer!
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    Houve um pequeno problema em uma das colônias menos importante, mas ...
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    (Risos)
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    “A China parece ter ficado muito tempo parada,
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    e provavelmente há muito recebeu aquele grande elogio dos ricos,
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    consistente com a natureza das suas leis e instituições.
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    Mas este elogios talvez seja muito inferior
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    ao que, com outras leis e instituições,
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    a natureza do seu solo, o clima e sua situação
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    pudessem admitir.”
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    Isto é muito correto e muito legal.
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    E ele disse isso há tanto tempo.
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    Mas vocês sabem, este é um público TED,
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    e se eu ficar falando sobre instituições,
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    vocês vão acabar dormindo.
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    Então vou traduzir isto em um linguajar que vocês possam entender.
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    Vamos chamá-las de aplicativos matadores.
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    Quero lhes explicar que existem 6 aplicativos matadores
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    que separam o Ocidente do resto do mundo.
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    E eles são parecidos com os aplicativos no seu celular,
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    no sentido que eles parecem ser bem simples.
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    Eles são apenas ícones; vocês cliquam neles.
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    Mas atrás do ícone existem códigos complexos.
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    É o mesmo com as instituições.
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    Há seis
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    que acho que explicam a Grande Divergência.
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    Um: a competição.
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    Dois: a revolução científica.
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    Três: o direito à propriedade.
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    Quatro: a medicina moderna.
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    Cinco: a sociedade de consumo.
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    Seis: a ética do trabalho.
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    Vocês podem começar um jogo e pensar qual que deixei de incluir,
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    ou tentar reduzi-las a apenas quatro,
  • 8:41 - 8:43
    mas vocês vão perder.
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    (Risos)
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    Permitam-me lhes contar bem rápido o que quero dizer,
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    sintetizando o trabalho de muitos historiadores de economia
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    no processo.
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    Competição significa,
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    não apenas existiam uma centena de unidades políticas diferentes na Europa em 1500,
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    mas dentro de cada uma delas,
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    havia competição entre as corporações e também entre os soberanos.
  • 9:03 - 9:06
    O predecessor da corporação moderna, a Corporação de Londres,
  • 9:06 - 9:08
    já existia no século XII.
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    Nada disto existiu na China,
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    onde havia um estado monolítico
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    cobrindo um quinto da humanidade,
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    e qualquer um com o mínimo de ambição
  • 9:16 - 9:18
    tinha que passar em um exame padronizado,
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    que durava três dias e era muito difícil
  • 9:20 - 9:23
    que incluía memorizar vasto número de caracteres
  • 9:23 - 9:27
    e escrever ensaios confucianos muito complexos.
  • 9:27 - 9:30
    A revolução científica foi diferente
  • 9:30 - 9:33
    da ciência que tinha sido alcançada no mundo oriental
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    de várias formas cruciais,
  • 9:35 - 9:37
    sendo que a mais importante
  • 9:37 - 9:39
    foi que, através de métodos experimentais,
  • 9:39 - 9:42
    o homem alcança controle sobre a natureza de uma maneira nunca vista.
  • 9:42 - 9:46
    Exemplo: o extraordinário aplicativo de Benjamin Robins
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    da física newtoniana à balística.
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    Uma vez feito isto
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    a artilharia torna-se precisa
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    Pensem o que isto significa.
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    Este era realmente um aplicativo matador.
  • 9:58 - 10:01
    (Risos)
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    Nesse ínterim não há revolução científica em nenhum outro lugar.
  • 10:04 - 10:06
    O Império Otomano não ficava tão distante da Europa,
  • 10:06 - 10:08
    mas não houve revolução científica lá.
  • 10:08 - 10:11
    De fato, eles demoliram o observatório de Taqi al-Din,
  • 10:11 - 10:13
    porque era considerado uma blasfêmia
  • 10:13 - 10:16
    investigar a mente de Deus.
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    Direitos à propriedade: Não é a democracia, minha gente;
  • 10:19 - 10:22
    é se ter a regra da lei baseada nos direitos à propriedade privada.
  • 10:22 - 10:24
    É isso que faz a diferença
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    entre a América do Norte e a América do Sul.
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    Vocês podiam chegar na América do Norte
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    após ter assinado um contrato de propriedade
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    dizendo, “Trabalharei por nada durante 5 anos.
  • 10:32 - 10:34
    Você apenas precisa me dar comida.”
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    Mas no final desse tempo vocês adquirem 40 hectares de terra.
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    Essa é a concessão de terras
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    na parte de baixo do slide.
  • 10:41 - 10:44
    Isto não é possível na América Latina
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    onde as terras são propriedades
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    de uma pequena elite descendente dos conquistadores.
  • 10:48 - 10:50
    E vocês podem ver aqui uma enorme divergência
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    que ocorre na posse de propriedade entre o Norte e o Sul.
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    A maioria das pessoas nas zona rurais da América do Norte
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    era dona de terras em 1900.
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    Quase ninguém possuía terras na América do Sul.
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    Este é um outro aplicativo matador.
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    A medicina moderna no final do século XIX
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    começou a fazer grandes avanços
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    contra as doenças infecciosas que mataram muita gente.
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    E este foi um outro aplicativo matador –
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    exatamente o oposto de um matador,
  • 11:13 - 11:16
    porque ele dobrou, e depois mais do que dobrou, a expectativa de vida dos humanos.
  • 11:16 - 11:18
    Isto aconteceu até
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    nos impérios europeus.
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    Até em lugares como o Senegal,
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    começando no início do século XX,
  • 11:24 - 11:26
    houve grandes avanços na saúde pública,
  • 11:26 - 11:28
    e a expectativa de vida começou a subir.
  • 11:28 - 11:30
    Não sobe mais rapidamente
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    depois que esses países tornaram-se independentes.
  • 11:32 - 11:34
    Os impérios não eram de todo ruins.
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    A sociedade de consumo é o que precisamos
  • 11:36 - 11:39
    para a Revolução Industrial ter um propósito.
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    Precisamos de pessoas que queiram vestir toneladas de roupas.
  • 11:41 - 11:43
    Todos vocês compraram uma roupa no mês passado;
  • 11:43 - 11:45
    Isto eu garanto.
  • 11:45 - 11:47
    Esta é a sociedade de consumo,
  • 11:47 - 11:49
    e isto impulsiona crescimento econômico
  • 11:49 - 11:52
    mais ainda do que a própria mudança tecnológica
  • 11:52 - 11:54
    O Japão foi a primeira sociedade não ocidental
  • 11:54 - 11:56
    a adotar isto.
  • 11:56 - 11:58
    A alternativa
  • 11:58 - 12:00
    que Mahatma Gandhi propôs
  • 12:00 - 12:03
    foi institucionalizar e fazer a pobreza permanente.
  • 12:03 - 12:05
    Poucos indianos hoje em dia
  • 12:05 - 12:07
    desejam que a Índia tivesse seguido
  • 12:07 - 12:10
    o caminho de Mahatma Gandhi.
  • 12:10 - 12:12
    Finalmente, a ética do trabalho.
  • 12:12 - 12:15
    Max Weber pensava isto ser peculiarmente protestante.
  • 12:15 - 12:17
    Ele estava errado.
  • 12:17 - 12:19
    Qualquer cultura pode ter a ética do trabalho
  • 12:19 - 12:21
    se as instituições lá existirem
  • 12:21 - 12:23
    para criar o incentivo ao trabalho.
  • 12:23 - 12:25
    Nós sabemos disso
  • 12:25 - 12:27
    porque hoje a ética do trabalho
  • 12:27 - 12:30
    não é mais um fenômeno protestante ou ocidental.
  • 12:30 - 12:33
    De fato, o Ocidente perdeu muito da sua ética do trabalho
  • 12:33 - 12:36
    Atualmente, o coreano comum
  • 12:36 - 12:40
    trabalha mil horas a mais por ano
  • 12:40 - 12:42
    do que o alemão comum –
  • 12:42 - 12:44
    um mil.
  • 12:44 - 12:46
    E isto faz parte
  • 12:46 - 12:49
    de um fenômeno realmente extraordinário,
  • 12:49 - 12:52
    isto é o fim da Grande Divergência.
  • 12:52 - 12:54
    Quem tem a a ética do trabalho hoje em dia?
  • 12:54 - 12:57
    Observem o conhecimento da matemática
  • 12:57 - 12:59
    dos jovens de 15 anos.
  • 12:59 - 13:01
    No topo da tabela de classificação internacional
  • 13:01 - 13:04
    de acordo com o último estudo do PISA,
  • 13:04 - 13:06
    está o distrito de Xangai na China.
  • 13:06 - 13:08
    A diferença entre Xangai
  • 13:08 - 13:11
    o Reino Unido e os Estados Unidos
  • 13:11 - 13:14
    é tão grande quanto a diferença entre a GB e os EUA
  • 13:14 - 13:17
    e a Albânia e a Tunísia
  • 13:17 - 13:19
    Vocês provavelmente presumem
  • 13:19 - 13:21
    que porque o iPhone foi projetado na Califórnia
  • 13:21 - 13:23
    mas montado na China
  • 13:23 - 13:26
    que o Ocidente lidera em termos de inovação tecnológica.
  • 13:26 - 13:28
    Estão errados.
  • 13:28 - 13:30
    Em termos de patentes,
  • 13:30 - 13:32
    sem dúvida nenhuma é o Oriente que lidera.
  • 13:32 - 13:35
    Não só o Japão está na liderança já faz algum tempo,
  • 13:35 - 13:38
    a Coréia do Sul está em terceiro lugar,
  • 13:38 - 13:41
    e a China está quase passando a Alemanha.
  • 13:41 - 13:43
    Por que?
  • 13:43 - 13:45
    Porque podemos baixar o aplicativo matador.
  • 13:45 - 13:47
    É código aberto (‘open source’).
  • 13:47 - 13:49
    Qualquer sociedade pode adotar essas instituições,
  • 13:49 - 13:51
    e quando elas o fazem,
  • 13:51 - 13:55
    elas realizam o que o Ocidente realizou após 1500 –
  • 13:55 - 13:57
    só que mais rápido.
  • 13:57 - 13:59
    Esta é a Grande Reconvergência,
  • 13:59 - 14:03
    e é a maior história de suas vidas.
  • 14:03 - 14:06
    Porque estamos vendo isto acontecer.
  • 14:06 - 14:08
    É nossa geração
  • 14:08 - 14:10
    que testemunha o fim da predominância ocidental.
  • 14:10 - 14:12
    O americano comum costumava ser 20 vezes mais rico
  • 14:12 - 14:14
    do que o chinês comum.
  • 14:14 - 14:16
    Mas atualmente são somente 5 vezes,
  • 14:16 - 14:18
    e em breve será 2,5 vezes.
  • 14:18 - 14:21
    Assim que gostaria de finalizar com 3 perguntas
  • 14:21 - 14:23
    para os futuros bilhões de pessoas,
  • 14:23 - 14:26
    logo à frente de 2016,
  • 14:26 - 14:28
    quando os EUA perderem a sua posição
  • 14:28 - 14:31
    da economia maior do mundo para a China.
  • 14:31 - 14:35
    A primeira: será que podemos deletar estes aplicativos,
  • 14:35 - 14:37
    e estamos nós no processo de fazer isto
  • 14:37 - 14:39
    no mundo ocidental?
  • 14:39 - 14:41
    A segunda pergunta:
  • 14:41 - 14:45
    a sequência do download faz alguma diferença?
  • 14:45 - 14:50
    E poderia a África não acertar esta sequência?
  • 14:50 - 14:52
    Uma implicação óbvia da história da economia moderna
  • 14:52 - 14:55
    é que é a transição para democracia é bastante difícil
  • 14:55 - 14:57
    antes de estabelecermos
  • 14:57 - 15:00
    os direitos da propriedade privada garantidos.
  • 15:00 - 15:03
    Aviso: isso pode não funcionar.
  • 15:03 - 15:05
    E a terceira pergunta: pode a China ficar
  • 15:05 - 15:07
    sem o aplicativo matador número 3?
  • 15:07 - 15:11
    Esta foi a que John Locke sistematizou
  • 15:11 - 15:15
    quando disse que a liberdade está enraizada no direito à propriedade privada
  • 15:15 - 15:17
    e a proteção da lei.
  • 15:17 - 15:19
    Esta é a base
  • 15:19 - 15:21
    para o modelo ocidental
  • 15:21 - 15:24
    de governo representativo.
  • 15:24 - 15:26
    Agora, esta imagem mostra a demolição
  • 15:26 - 15:29
    do estúdio do artista chinês Ai Weiwei
  • 15:29 - 15:31
    em Xangai no começo deste ano.
  • 15:31 - 15:33
    Agora ele está livre de novo,
  • 15:33 - 15:35
    depois de ser detido, como sabem, por algum tempo.
  • 15:35 - 15:38
    Mas não acho que seu estúdio foi reconstruído.
  • 15:40 - 15:44
    Winston Churchill uma vez definiu civilização
  • 15:44 - 15:48
    em uma palestra no ano fatal de 1938.
  • 15:48 - 15:51
    E penso que essas palavras realmente a descrevem com perfeição:
  • 15:51 - 15:55
    “Civilização significa uma sociedade baseada na opinião dos civis.
  • 15:55 - 15:58
    Significa que aquela violência, a regra dos guerreiros e chefes despóticos,
  • 15:58 - 16:01
    e as condições dos campos e guerra das rebeliões e da tirania,
  • 16:01 - 16:04
    dão lugar aos parlamentos nos quais leis são feitas,
  • 16:04 - 16:06
    e as cortes judiciais independentes
  • 16:06 - 16:09
    nas quais, durante longos períodos, essas leis são mantidas.
  • 16:09 - 16:11
    Isto é civilização –
  • 16:11 - 16:13
    e no seu solo cresce continuamente
  • 16:13 - 16:16
    a liberdade, o conforto e a cultura”,
  • 16:16 - 16:20
    o que todos os ‘TEDsters’ mais prezam.
  • 16:20 - 16:23
    “Onde a civilização reina em qualquer país,
  • 16:23 - 16:26
    uma vida mais ampla e menos estressada
  • 16:26 - 16:29
    é conferida às massas do povo.”
  • 16:29 - 16:32
    Isto é tão verdadeiro.
  • 16:33 - 16:36
    Não acho que o declínio da civilização ocidental
  • 16:36 - 16:38
    é inevitável,
  • 16:38 - 16:41
    porque não acho que a história opera
  • 16:41 - 16:43
    com este tipo de modelo de ciclo de vida,
  • 16:43 - 16:45
    lindamente ilustrado no quadro de
  • 16:45 - 16:48
    Thomas Cole, o “Curso de Império”.
  • 16:48 - 16:51
    Não é assim que a história funciona.
  • 16:51 - 16:53
    A ascendência do Ocidente não ocorreu assim,
  • 16:53 - 16:56
    e não acho que esta é a maneira como o Ocidente irá quedar.
  • 16:56 - 16:59
    O Ocidente poderá desmoronar repentinamente.
  • 16:59 - 17:02
    Isto acontece com civilizações complexas,
  • 17:02 - 17:04
    porque elas operam, na maior parte,
  • 17:04 - 17:06
    à beira do caos.
  • 17:06 - 17:09
    Este é um dos insights mais profundos
  • 17:09 - 17:12
    a vir do estudo histórico de instituições complexas
  • 17:12 - 17:15
    como as civilizações.
  • 17:15 - 17:17
    Não, poderíamos esperar,
  • 17:17 - 17:21
    apesar da grandes cargas de débito que nós acumulamos,
  • 17:21 - 17:24
    apesar da evidência que perdemos nossa ética do trabalho
  • 17:24 - 17:27
    e outras partes do nosso entusiasmo histórico.
  • 17:27 - 17:29
    Mas uma coisa é certa,
  • 17:29 - 17:31
    a Grande Divergência
  • 17:31 - 17:33
    acabou, minha gente.
  • 17:33 - 17:35
    Muito obrigado.
  • 17:35 - 18:00
    (Aplausos)
  • 18:00 - 18:02
    Bruno Giussani: Niall,
  • 18:02 - 18:04
    Simplesmente estou curioso,
  • 18:04 - 18:07
    quero saber o que pensa sobre a outra parte do mundo que está sucedendo,
  • 18:07 - 18:10
    a América Latina.
  • 18:10 - 18:13
    O que pensa a respeito disso?
  • 18:13 - 18:15
    Niall Ferguson: Bom, não estou realmente apenas falando
  • 18:15 - 18:17
    sobre a ascendência do Oriente;
  • 18:17 - 18:19
    estou falando sobre o crescimento do Resto,
  • 18:19 - 18:21
    e isto inclui a América do Sul.
  • 18:21 - 18:23
    Uma vez eu perguntei a um colega meu de Harvard,
  • 18:23 - 18:25
    “a América do Sul faz parte do Ocidente?”
  • 18:25 - 18:27
    Ele era especialista em história da America Latina.
  • 18:27 - 18:29
    Ele disse, “Não sei; preciso pensar nisso.”
  • 18:29 - 18:31
    Isto realmente nos diz algo importante.
  • 18:31 - 18:33
    Penso que se observarmos o que particularmente acontece no Brasil,
  • 18:33 - 18:35
    e também no Chile,
  • 18:35 - 18:38
    o que foi, em muitos aspectos, o país que liderou
  • 18:38 - 18:41
    a transformação da vida econômica das instituições,
  • 18:41 - 18:44
    há, de fato, um futuro muito brilhante.
  • 18:44 - 18:46
    Então, meu relato realmente é
  • 18:46 - 18:49
    tanto sobre a convergência nas Américas
  • 18:49 - 18:51
    quanto é um relato da convergência na Eurasia.
  • 18:51 - 18:53
    BG: E também há essa impressão
  • 18:53 - 18:55
    que a América do Norte e a Europa
  • 18:55 - 18:57
    não estão na verdade prestando atenção
  • 18:57 - 18:59
    à essas tendências.
  • 18:59 - 19:02
    Quase sempre estão preocupados uma com a outra.
  • 19:02 - 19:05
    Os americanos pensam que o modelo europeu vai desmoronar amanhã.
  • 19:05 - 19:08
    Os europeus acham que os partidos americanos vão explodir amanhã.
  • 19:08 - 19:11
    E, recentemente, parece que é só com isso que nos preocupamos.
  • 19:11 - 19:13
    NF: Eu acho que a crise fiscal
  • 19:13 - 19:16
    que vemos no Mundo desenvolvido na atualidade – nos dois lados do Atlântico –
  • 19:16 - 19:18
    é essencialmente a mesma coisa
  • 19:18 - 19:20
    tomando diferentes formatos
  • 19:20 - 19:22
    em termos de cultura política.
  • 19:22 - 19:26
    E é uma crise que tem sua faceta estrutural –
  • 19:26 - 19:28
    Em parte tem a ver com a demografia.
  • 19:28 - 19:31
    Mas tem a ver também, claro, com a enorme crise
  • 19:31 - 19:33
    após o uso em excesso de alavancagem,
  • 19:33 - 19:35
    excesso de empréstimos no setor privado.
  • 19:35 - 19:37
    Esta crise,
  • 19:37 - 19:40
    que tem sido o foco de tanta atenção, inclusive minha,
  • 19:40 - 19:42
    eu penso ser um epifenômeno.
  • 19:42 - 19:45
    A crise financeira é realmente um fenômeno histórico relativamente pequeno,
  • 19:45 - 19:47
    que simplesmente acelerou
  • 19:47 - 19:49
    esta mudança enorme,
  • 19:49 - 19:51
    que pôs fim a um meio milênio de ascensão ocidental.
  • 19:51 - 19:53
    Eu penso que esta seja a sua verdadeira importância.
  • 19:53 - 19:55
    BG: Niall, obrigado. (NF: Muito obrigado, Bruno.)
  • 19:55 - 19:58
    (Aplausos)
Title:
Niall Ferguson: Os 6 “aplicativos matadores” da prosperidade
Speaker:
Niall Ferguson
Description:

Nos últimos séculos, as culturas ocidentais têm sido muito boas em criar prosperidade geral para si mesmas. O historiador Niall Ferguson pergunta: Por que o Ocidente, e não o resto? Ele sugere seis grandes idéias da cultura ocidental – chame-as de 6 aplicativos matadores – que promovem riqueza, estabilidade e inovação. E neste novo século, diz ele, esses aplicativos são todos partilháveis.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
19:59
Nadja Nathan added a translation

Portuguese, Brazilian subtitles

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