O pirata de maior êxito de todos os tempos — Dian Murray

Vejam a lição completa em: https://ed.ted.com/lessons/the-most-successful-pirate-of-all-time-dian-murray

No auge do seu poder, os infames piratas das Caraíbas, como Barba Negra e Henry Morgan comandaram 10 barcos e várias centenas de homens. Mas as histórias deles nada são ao pé do maior pirata de todos os tempos. que comandava 1800 navios, fez inimigos em diversos impérios e viveu até uma idade avançada. Dian Murray conta pormenores da vida da terrível Madame Zheng.

Lição de Dian Murray, animação de Steff Lee.

No apogeu do seu poder,

os infames piratas das Caraíbas,
como Barba Negra e Henry Morgan

comandaram 10 barcos
e várias centenas de homens.

Mas as histórias deles nada são
ao pé do maior pirata de todos os tempos.

Madame Zheng comandava 1800 navios,

fez inimigos em diversos impérios

e viveu até uma idade avançada.

Madame Zheng começou a vida
como uma plebeia

num dos muitos bordéis
flutuantes, ou barcos-flores,

na cidade portuária de Guangzhou.

Em 1801, atraiu a atenção
de um capitão pirata local,

chamado Zheng Yi,
e em breve se casaram.

Os pescadores de Guangzhou
há muito se dedicavam à pequena pirataria

para complementar as suas magras receitas
na estação de defeso.

Mas uma revolta camponesa com êxito,
no país vizinho do Vietname,

no final do século XVIII,
fez subir a parada.

Os rebeldes Tây Sơn, vitoriosos,
tinham unificado o país,

mas sofreram uma invasão chinesa

e mantinham batalhas marítimas sem fim

com os dirigentes vietnamitas
que tinham derrubado.

Por isso, contrataram os piratas
de Guangzhou para atacarem a costa

e aderirem ao combate
contra os seus inimigos.

Ao serviço dos patronos vietnamitas,
os Zhengs e outros piratas

passaram de grupos desorganizados,
a bordo de barcos isolados

a frotas profissionais de corsários,

com dezenas de barcos
autónomos no mar.

Em 1802, os Tây Sơn foram derrubados

e os piratas perderam
o seu porto de abrigo no Vietname.

Mas, em vez de se dispersarem,

os Zhengs enfrentaram a crise
unindo os grupos piratas rivais cantoneses

numa aliança formidável.

No seu apogeu, a confederação
incluía 70 000 marinheiros,

com 800 grandes juncos

e quase 1000 barcos mais pequenos.

Estavam organizados em seis frotas
marcadas por bandeiras de diferentes cores.

Os Zhengs eram diferentes
dos outros corsários históricos,

como Henry Morgan ou Barba Negra,

que atuavam por conta
de diversas potências navais.

Pelo contrário, os Zhengs
eram verdadeiros fora-de-lei,

funcionando sem apoio
nem aprovação de nenhum governo.

Zheng Yi morreu precocemente em 1897

mas a viúva não hesitou
em assegurar os seus ganhos.

Através duma diplomacia habilidosa,

Madame Zheng assumiu
a chefia da confederação,

convencendo os capitães do interesse
duma colaboração continuada.

Entretanto, nomeou Zhang Bao,
o jovem protegido do seu falecido marido,

comandante da esquadrilha mais poderosa,
a Frota da Bandeira Vermelha.

Zhang, o seu braço direito e seu amante,
em breve se tornou o seu novo marido.

Madame Zheng consolidou o seu poder
com uma rigorosa disciplina militar,

aliada a um surpreendente
código de leis progressista.

As mulheres cativas eram teoricamente
protegidas contra ataques sexuais

e, embora os piratas
pudessem casar com elas,

os maus tratamentos ou a infidelidade
para com elas eram punidos com a morte.

Sob a liderança de Madame Zheng,

os piratas aumentaram imenso o seu poder,

com 200 canhões e 1300 espingardas
apenas na Frota da Bandeira Vermelha.

Em poucos anos, destruíram
63 dos 135 navios militares

da Província de Guangdong,

forçando os seus comandantes
a contratar mais de 30 juncos privados.

Madame Zheng era tão temida

que os comandantes chineses
encarregados de a capturar

passavam a maior parte do tempo em terra,

por vezes sabotando os próprios barcos
para fugir a uma batalha no mar.

Perante tanta impunidade,

os piratas assaltavam com êxito
— e por vezes de modo brutal —

guarnições, aldeias
e mercados ao longo da costa.

Usando os seus talentos de administração,

Madame Zheng instalou centros
financeiros em cidades e aldeias,

permitindo aos seus piratas
pagamentos de proteção regulares

tanto no mar como em terra.

Isso criou um verdadeiro
estado dentro do estado

cuja influência se fazia sentir
muito para além do Mar do Sul da China.

No auge do seu poder,

a confederação de Madame Zheng
guiou cinco escunas americanas

para um porto seguro, perto de Macau,

aprisionou um brigue português

e bloqueou uma missão
de tributo vinda da Tailândia,

tudo isto num só dia.

Mas o maior êxito de Madame Zheng
talvez tenha sido saber quando parar.

Em 1810, a tensão crescente

entre as frotas das Bandeiras
Vermelha e Negra

enfraqueceu a confederação no seu seio

e tornou-a mais vulnerável
aos ataques do exterior.

Quando o governo chinês,
desesperado para acabar com os ataques,

prometeu uma amnistia em troca
da rendição dos piratas,

Madame Zheng e Zhang Bao aceitaram,
mas segundo as suas condições.

A confederação foi desmantelada
com êxito e pacificamente em abril de 1810.

Zhang Bao teve permissão para manter
120 juncos para seu uso pessoal

e veio a ser oficial da marinha chinesa.

Lutando agora contra os piratas,

Zhang Bao ascendeu rapidamente
nas fileiras do comando militar

e Madame Zheng gozou todos os privilégios
do estatuto do marido.

Depois de Zhang Bao ter morrido, em 1822,

Madame Zheng voltou para Guangzhou
com o filho de 11 anos,

onde abriu uma casa de jogo
e viveu tranquilamente dos seus ganhos.

Morreu aos 69 anos — um fim de vida
pacífico e invulgar para um pirata.

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