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Biologia sintética para os sentidos| Ani Liu | TEDxBeaconStreet

  • 0:13 - 0:15
    E se as plantas
  • 0:15 - 0:18
    pudessem sentir os níveis
    de toxicidade do solo
  • 0:18 - 0:21
    e expressar essa toxicidade
    pela cor das suas folhas?
  • 0:22 - 0:26
    E se essas plantas também
    pudessem tirar as toxinas do solo?
  • 0:27 - 0:29
    E se essas plantas
  • 0:29 - 0:31
    cultivassem sua própria embalagem
  • 0:33 - 0:35
    ou fossem feitas para serem colhidas
  • 0:35 - 0:38
    só pelas máquinas patenteadas
    pelos próprios donos?
  • 0:39 - 0:41
    O que acontece quando um design biológico
  • 0:41 - 0:45
    é motivado por mercadorias
    produzidas em série?
  • 0:45 - 0:47
    Que tipo de mundo seria esse?
  • 0:48 - 0:51
    Meu nome é Ani,
    eu sou designer e pesquisadora
  • 0:51 - 0:52
    no Laboratório de Mídia do MIT,
  • 0:52 - 0:57
    onde participo da equipe relativamente
    nova e única chamada Design Fiction,
  • 0:57 - 1:01
    na qual trabalhamos na divisa entre
    ficção científica e fatos científicos.
  • 1:01 - 1:05
    No MIT, tenho a sorte
    de estar próxima a cientistas
  • 1:05 - 1:07
    que estudam diversas áreas inovadoras
  • 1:07 - 1:12
    como a neurobiologia sintética,
    inteligência e vida artificial,
  • 1:12 - 1:13
    e muito mais.
  • 1:14 - 1:18
    Do outro lado do campus,
    há cientistas brilhantes
  • 1:18 - 1:22
    perguntando-se questões como:
    "Como posso fazer nosso mundo melhor?"
  • 1:22 - 1:25
    Algo que a minha equipe gosta
    de perguntar é: "O que é melhor?"
  • 1:26 - 1:28
    O que é melhor para você, para mim,
  • 1:28 - 1:30
    para uma mulher branca, um homem gay,
  • 1:30 - 1:33
    um veterano de guerra,
    uma criança com prósteses?
  • 1:34 - 1:36
    A tecnologia nunca é neutra.
  • 1:36 - 1:39
    Concebe uma realidade
    e reflete um contexto.
  • 1:39 - 1:43
    Imaginem o que pensar do equilíbrio
    entre trabalho e vida no seu emprego
  • 1:43 - 1:45
    se este fosse um padrão
    no seu primeiro dia?
  • 1:45 - 1:47
    (Risos)
  • 1:47 - 1:52
    Creio ser o papel de artistas e designers
    levantar questões críticas.
  • 1:52 - 1:55
    Arte é como podemos ver e sentir o futuro,
  • 1:56 - 1:59
    e essa é uma época empolgante
    para ser designer,
  • 1:59 - 2:01
    pelo acesso a tantas ferramentas novas.
  • 2:01 - 2:02
    Por exemplo, a biologia sintética
  • 2:03 - 2:05
    tenta descrever a biologia
    como um problema de design.
  • 2:06 - 2:08
    Através desses desenvolvimentos,
  • 2:08 - 2:11
    meu laboratório pergunta
    qual o papel e as responsabilidades
  • 2:11 - 2:15
    de um artista, designer,
    cientista ou empresário?
  • 2:15 - 2:17
    Quais são as implicações
  • 2:17 - 2:19
    da biologia sintética,
    engenharia genética,
  • 2:19 - 2:24
    e como elas definem nossas noções
    do que significa ser humano?
  • 2:25 - 2:28
    Quais as implicações delas
    na sociedade, na evolução
  • 2:28 - 2:31
    e quais os desafios deste jogo?
  • 2:32 - 2:35
    A minha pesquisa especulativa
    sobre design neste momento
  • 2:35 - 2:37
    mexe com biologia sintética,
  • 2:37 - 2:39
    mas direcionada para
    um resultado mais emocional.
  • 2:39 - 2:42
    Sou obcecada pelo olfato
    como um espaço de design,
  • 2:42 - 2:45
    e este projeto começou com a ideia
  • 2:45 - 2:49
    da possibilidade de tirar uma selfie
    do nosso cheiro, uma "smelfie"?
  • 2:49 - 2:50
    (Risos)
  • 2:50 - 2:53
    E se pudéssemos pegar
    nosso odor natural do corpo
  • 2:53 - 2:55
    e mandá-lo para um amado?
  • 2:55 - 2:59
    O engraçado é que eu descobri que era
    uma tradição austríaca do século 19,
  • 2:59 - 3:02
    em que casais em cortejo
    guardavam uma fatia de maçã
  • 3:02 - 3:04
    e a deixavam debaixo da axila
    durante o baile,
  • 3:04 - 3:06
    e no final da noite,
  • 3:06 - 3:09
    a moça dava a fruta usada
    ao rapaz que ela mais admirava,
  • 3:09 - 3:14
    e se o sentimento fosse mútuo,
    ele comia a maçã catinguenta.
  • 3:14 - 3:15
    (Risos)
  • 3:20 - 3:23
    Napoleão escreveu muitas
    cartas à Josefina,
  • 3:23 - 3:27
    mas talvez dentre as mais memoráveis
    esteja esta nota breve e urgente:
  • 3:27 - 3:30
    "Em casa em três dias. Não se lave".
  • 3:30 - 3:32
    (Risos)
  • 3:33 - 3:36
    Napoleão e Josefina adoravam violetas.
  • 3:37 - 3:39
    Josefina usava perfume
    com aroma de violeta,
  • 3:39 - 3:41
    carregou violetas no seu casamento,
  • 3:41 - 3:43
    e Napoleão lhe mandava
    um buquê de violetas
  • 3:43 - 3:44
    nos aniversários de casamento.
  • 3:45 - 3:48
    Quando Josefina morreu,
    ele plantou violetas na sepultura dela,
  • 3:48 - 3:50
    e antes de ser exilado,
  • 3:50 - 3:52
    ele voltou à sepultura,
  • 3:52 - 3:55
    colheu algumas flores,
    colocou-as num medalhão
  • 3:55 - 3:57
    e usou-o até morrer.
  • 3:57 - 3:58
    Achei isso tão comovente,
  • 3:58 - 4:02
    que pensei: "Será que eu poderia criar
    uma violeta para cheirar como a Josefina?"
  • 4:03 - 4:06
    E se, para o resto da eternidade,
    quando visitássemos sua sepultura,
  • 4:06 - 4:09
    pudéssemos cheirar Josefina
    assim como Napoleão a amava?
  • 4:09 - 4:12
    Podemos criar formas novas
    de lamentar a morte,
  • 4:12 - 4:14
    novos rituais de recordação?
  • 4:14 - 4:17
    Afinal de contas,
    já criamos safras transgênicas
  • 4:17 - 4:19
    para maximizar os lucros,
  • 4:19 - 4:23
    safras que suportam o transporte,
    que têm uma vida longa na prateleira,
  • 4:24 - 4:26
    com gosto doce açucarado,
    mas que resistem a pragas,
  • 4:26 - 4:29
    às vezes às custas do valor nutricional.
  • 4:29 - 4:34
    Podemos aproveitar as mesmas tecnologias
    para um resultado emocionalmente sensível?
  • 4:35 - 4:36
    No meu laboratório,
  • 4:36 - 4:40
    estou pesquisando questões como:
    "O que faz um humano cheirar como tal?"
  • 4:40 - 4:42
    Acontece que é bem complicado.
  • 4:42 - 4:45
    Fatores como dieta,
    medicações, estilo de vida,
  • 4:45 - 4:47
    tudo contribui para a forma
    como cheiramos.
  • 4:48 - 4:51
    Eu descobri que nosso suor
    é quase sem cheiro,
  • 4:51 - 4:53
    mas que são nossas bactérias e microbioma
  • 4:53 - 4:58
    os responsáveis pelo nosso cheiro,
    humor, identidade e muito mais.
  • 4:58 - 5:04
    Há vários tipos de moléculas que emitimos,
    mas que só percebemos no subconsciente.
  • 5:04 - 5:07
    Tenho catalogado e coletado
  • 5:07 - 5:09
    bactéria de partes
    diferentes do meu corpo.
  • 5:09 - 5:11
    Conversando com um cientista, concluímos:
  • 5:11 - 5:13
    talvez a mistura perfeita de Ani
  • 5:13 - 5:17
    seja de 10% clavícula, 30% axilas,
  • 5:17 - 5:19
    40% da linha do biquíni,
    e assim por diante,
  • 5:19 - 5:22
    e esporadicamente eu deixo
    os pesquisadores de outros laboratórios
  • 5:22 - 5:23
    cheirarem minhas amostras.
  • 5:23 - 5:27
    É interessante ouvir
    como o cheiro do corpo
  • 5:27 - 5:29
    é interpretado fora do contexto do corpo.
  • 5:30 - 5:32
    Já tive reações do tipo:
  • 5:32 - 5:37
    tem cheiro de flor, de frango,
    de cereais, de carne bovina.
  • 5:37 - 5:39
    (Risos)
  • 5:39 - 5:43
    Ao mesmo tempo, eu cultivo
    um grupo de plantas carnívoras
  • 5:43 - 5:46
    pela capacidade delas de emitir
    odores como o de carne para atrair presas,
  • 5:46 - 5:52
    para tentar criar uma relação simbiótica
    entre a minha bactéria e este organismo.
  • 5:53 - 5:56
    Uma vez, estava no MIT, num bar,
  • 5:56 - 5:58
    conversando com um cientista,
  • 5:58 - 6:01
    que também é químico
    e cientista de plantas,
  • 6:01 - 6:03
    e eu contava a ele sobre meu projeto,
  • 6:03 - 6:06
    e ele disse: "Isso parece ser botânica
    para mulheres solitárias".
  • 6:06 - 6:08
    (Risos)
  • 6:09 - 6:11
    Imperturbada, eu disse: "Certo".
  • 6:11 - 6:13
    Eu o desafiei:
  • 6:13 - 6:15
    "Poderíamos criar uma planta
    que retribuísse o meu amor?"
  • 6:15 - 6:18
    Por alguma razão, ele disse:
    "Claro, por que não?"
  • 6:18 - 6:21
    Começamos tentando fazer
    uma planta crescer em minha direção
  • 6:21 - 6:22
    como se eu fosse o Sol.
  • 6:22 - 6:26
    Observamos mecanismos
    em plantas como o fototropismo,
  • 6:26 - 6:28
    que faz a planta crescer em direção ao Sol
  • 6:28 - 6:30
    produzindo hormônios como auxina,
  • 6:30 - 6:33
    que causa o estiramento da célula
    no lado da sombra.
  • 6:33 - 6:37
    Agora eu estou criando uma série de batons
    impregnados de substâncias químicas
  • 6:37 - 6:41
    que me permitem interagir
    com uma planta na sua própria química;
  • 6:41 - 6:44
    batons que fazem as plantas
    crescerem onde eu as beijo,
  • 6:45 - 6:47
    plantas que florescem
    onde eu beijo a flor.
  • 6:49 - 6:52
    Através destes projetos,
    eu faço perguntas como:
  • 6:52 - 6:54
    "Como definir a natureza?"
  • 6:54 - 6:58
    Como definir a natureza quando
    podemos recriar suas propriedades,
  • 6:58 - 6:59
    e quando devemos fazê-lo?
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    Devemos fazê-lo pelo lucro,
    pela utilidade, pelos fins emocionais?
  • 7:06 - 7:10
    A biotecnologia pode ser usada
    para criações comoventes como música?
  • 7:10 - 7:12
    Quais as fronteiras entre ciência
  • 7:12 - 7:15
    e sua capacidade de formar
    nossa paisagem emocional?
  • 7:15 - 7:19
    É o famoso mantra do designer
    de que a forma segue a função.
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    Agora, nos situamos
    entre ciência, design e arte
  • 7:23 - 7:26
    e eu me pergunto:
    "E se a ficção informa os fatos?
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    Como seriam os laboratórios R&D
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    e que tipo de perguntas faríamos juntos?"
  • 7:32 - 7:35
    Olhamos muito para a tecnologia
    como a resposta,
  • 7:35 - 7:36
    mas como artista e designer,
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    eu pergunto: "Qual é a pergunta?"
  • 7:39 - 7:40
    Obrigada.
  • 7:40 - 7:42
    (Aplausos)
Title:
Biologia sintética para os sentidos| Ani Liu | TEDxBeaconStreet
Description:

A biotecnologia pode ser usada para criar trabalhos comoventes como a música? Onde ficam as fronteiras entre ciência e sua capacidade de mudar nossas paisagens emocionais? Interposta entre ficção científica e fatos científicos, o trabalho de Ani explora as implicações de tecnologias emergentes.

Ani Liu é tecnóloga especulativa, artista, designer e pesquisadora do MIT. Seu trabalho explora a intersecção entre tecnologia, percepção sensorial, assim como a cultura e as implicações das tecnologias emergentes. Seu trabalho expandiu a escala de instalações construídas, protéticos "vestíveis", imersões em realidade virtual e biologia sintética, buscando por epifanias que liguem inovação tecnológica à nossa capacidade de reconhecimento emocional. Ela se qualificou como artista em Dartmouth, como arquiteta em Harvard e agora como tecnologista no MIT, e procura continuamente descobrir o inesperado através de experimentos lúdicos, intuição e por narrativas especulativas.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
07:56

Portuguese, Brazilian subtitles

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