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Eu sou Matthew Postal
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que foi um historiador de arquitetura.
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Estamos na Park Avenue na rua 53
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de frente para um dos prédios mais
importantes
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da história da arquitetura dos Estados
Unidos.
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O prédio Seagram de Ludwig Mies
van der Rohe.
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Foi construído entre 56 e 58.
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Você pode me dar uma rápida opinião
do por quê ele é tão importante?
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É importante de várias maneiras.
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Mies faz designs desse tipo desde 1920,
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mas nunca teve a chance de fazer
um prédio comercial.
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É a primeira oportunidade para
ver suas ideias.
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Houveram muitas coisas que interviram.
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Mies estava desenvolvendo suas ideias
no papel no final da década de 10.
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depois na década de 20 como você disse.
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Então, ocorreu a revolução na Alemanha,
a guerra,
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o fim da grande depressão
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Ele se muda para os Estados Unidos,
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Faz o modelo do campus do instituto
da armadura.
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Então, ele tem essa comissão,
o prédio Seagram.
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Seagram era uma companhia canadense,
de bebidas.
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Talvez, a maior do mundo nessa época.
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Acho que eles se deram muito bem
por causa da Lei seca,
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se me lembro bem.
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Pois sua sede era no Canadá.
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Pois sua sede era no Canadá
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e toda a bebida podia ser contrabandeada
para Chicago,
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pelos grandes lagos.
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Então, um deles tinha a central em Nova
York.
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Como isso ocorreu?
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O histórico do prédio Seagram é,
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que eles decidiram construir a central
no meio da década de 50.
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Olharam para a rua.
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Ficaram impressionados com toda a
notoriedade que Lever House tinha atraído.
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Que era o primeiro ícone moderno
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para expor na Park Avenue.
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O primeiro prédio de parede de cortina
em Manhattan.
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Ok.
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Charles Luckman,
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que fora um dos executivos chefes
na Lever,
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foi treinado como arquiteto
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e deixou a Lever para abrir sua
própria firma.
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Bronfman, que dirigia a Seagram
recorreu a Luckman?
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Como isso...
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Ele contrata Luckman
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e Luckman vai bem mais além
dos desenhos iniciais.
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Existe um modelo grande.
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O modelos estava em sua sala
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quando sua filha vem visitá-lo,
Phyllis Lambert.
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O que ela tem a ver com isso?
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Ela estudava na Harvard,
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na escola de arquitetura e design.
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Ele disse, "Pai, isso é a coisa mais feia
que eu já vi.
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Espero que Luckman não esteja ouvindo.
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O que ela faz?
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Ela diz, "Pai, teremos de ir ao Museu de
Arte Moderna"
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"e você irá falar com Arthur Drexler,"
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"o curado chefe de arquitetura."
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O Museu é apenas a alguns quarteirões
daqui,
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também na 53, então será rápido.
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O que Drexler disse a Bronfman?
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Drexler disse que existiam três escolhas.
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Le Corbusier.
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O arquiteto francês.
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Isso, muito difícil de trabalhar com ele.
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Ok.
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Tinha Frank Llyod Wright.
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A escolha óbvia, o americano.
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Mas, muito velho.
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ahh.
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Ele tinha quase 90 anos.
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Ele sugeriu que fossem com Ludwig Mies
van der Rohe.
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Isso foi o que eles fizeram.
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O que Mies fez aqui?
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Ele construiu uma forma relativamente
simples,
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Uma torre com a laje folheada
em bronze.
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Espere um pouco.
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Bronze?
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É bronze.
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Esculturas são feitas de bronze.
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Por isso que sempre digo
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que isso não é apenas um dos ícones
da arquitetura moderna em Nova York,
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mas também um dos prédios mais clássicos
da cidade.
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Interessante.
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Você está pensando no classicismo da
antigas esculturas gregas.
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Esse prédio tem o que se espera de
uma escultura.
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Não é apenas um marrom escuro.
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Tem uma sutileza com a cor
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de uma forma bem sofisticada.
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É um pouco mais escuro do que
originalmente era,
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mas imagine que cada ano, ao menos
uma vez,
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eles esfreguem com olho, para que
não oxide.
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Isso é ótimo.
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Para que não fique verde ou vermelho.
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Sim.
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Qualquer das reações químicas que o bronze
possa ter.
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Mies amava a arquitetura grega
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acima de tudo, então ele fez o prédio
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muito simétrico, é uma estética bem
disciplinada.
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Se você olhar para os pilares que ficam
na frente,
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Parecem colunas caneladas.
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Isso é bem interessante,
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pois eles têm essas estrias verticais,
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então é um tipo de canelamento.
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Todo o prédio está dessa forma.
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Parece um estilo grego,
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como se estivéssemos olhando para
o Parthenon.
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Absolutamente.
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Existe uma proporção aqui
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que parece muito clássico e é incrível
poder dizer que
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apesar da altura do prédio,
pois este é um grande prédio.
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Os gregos estavam trabalhando
em uma escala muito menor.
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Os Romanos em uma escala um pouco
maior.
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mas nada como isso.
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Esse é o desafio.
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como você refina as lições dos antigos
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em um prédio de metal e vidro.
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É mesmo um projeto absurdo,
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tentar pegar uma cultura e material
industrial
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e fazê-la lembrar construções de
2500 anos de idade?
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Mies diria que não.
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Por que isso é legal?
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Pois eu acho que o movimento moderno
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na arquitetura sempre procurou um
pouco de disciplina.
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Sempre procurou balancear o velho
e o novo.
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Essa foi uma das soluções que ele achou.
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Vejamos o prédio.
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É bem limpo.
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Quando você olha pra cima de baixo,
ele apenas sobe.
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O termo que me vem a mente
é rapidez vertical.
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Como uma ascensão.
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Visualmente, fomos até o topo.
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Como ele fez isso?
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Olhe bem para os divisores verticais
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que estão entre as janelas.
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Eles basicamente sobem sem interrupção
da base da torre até o topo.
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estou olhando para eles
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e não são simples divisores, parecem
feixes em I.
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Eles tem vigas.
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Isso.
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O que está acontecendo?
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Eles não tem outro propósito senão
o de decoração.
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Eles tornam a superfície menos reta,
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dão uma textura.
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Uma profundidade.
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Dão um pouco de profundidade.
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Dá um jogo de luzes e sombras também.
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Acho que quando fizeram construíram
o prédio,
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falaram sobre material industrial
e sobre esse tipo de problemas,
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mas a medida em que o tempo passou,
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reconheceram que Mies sabia o que estava
fazendo
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e deixaram ter a decoração.
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É decorativo, mas também é simbólico,
não é,
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pode causa dos feixes em I são o que
sustentam o prédio?
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Eles são "desplanejados".
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Não esses feixes em I
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Isso, não esses feixes em I.
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Isso mesmo.
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Eles estão refletindo o que está dentro
do prédio,
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o interior das estrutura.
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Em uma escala menor.
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Assumo que o interior,
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é de aço e não bronze.
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Isso, e você nunca irá querer vê-los.
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Não são muito atraentes.
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Mies tem esses feixes em I
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e eles nos interessam.
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Eles funcionam em um sentido decorativo.
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Claro, estamos falando sobre um momento
clássico
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e o Parthenon por exemplo, é muito
decorado,
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então não existe proibição ali,
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mas parece ser um
pouco anátema par a forma
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que geralmente pensamos
de Mies van der Rohe
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ou achamos do movimento moderno
como
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se quisesse despir o desnecessário
e o decorativo.
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Ele está permitindo isso.
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Acho que é um estereótipo sobre
modernismo,
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pensar que não tem decoração alguma.
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Pois existe um belo uso
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não somente do exterior de bronze,
mas dos mosaicos, mármore, granito
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e temos essas belas piscinas refletoras
na frente do prédio.
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Baseado nesse orçamento fixo,
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esse é um dos prédios mais caros de
seu tempo.
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Pois não está usando todo o seu...
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Não usa todo o terreno,
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mas não, por causa dos materiais.
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Bronze é mais caro que alumínio.
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Uma fortuna.
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Sua maior parte é cobre.
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Veja o travertino que envolve os bancos
do elevador.
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Sabe o que eu acho interessante?
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quando você olha para os bancos do
elevador,
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existem quatro deles
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eles passam pela membrana de vidro
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que envolve o lobby.
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esse vidro é como uma bolha de sabão
que eles atravessaram.
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Acho que eles dão uma solidez ao prédio.
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Isso nos prende visualmente.
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Isso, e também faz referência
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aos antigos Romanos.
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Como?
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Pois esta é um travertino romano.
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É um travertino.
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Claro.
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Apesar que de novo, Mies faz referência
a antiguidade.
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Você mencionou antes, esse pátio.
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Esse prédio não está usando todo seu
terreno.
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Eles está bem ao fundo da Park Avenue.
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O mais fundo possível.
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Embora tenha pequenas edições no fundo.
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Quando Mies foi perguntado o por quê
de ter feito isso,
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ele disse que queria prestar respeito
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ao clube de tennis e raqueta do outro
lado da rua,
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que ele não queria sobrepujar
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o grande Palazzo italiano de Mckin, prado
e branco.
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É um dos maiores prédios de Nova York.
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essa é uma bela encruzilhada.
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Temos o Lever House, Tennis e raqueta
e o Seagram.
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Um grande triunvirato.
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Acho que ele queria criar o corredor
para que seus prédios fossem vistos.
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Acho que chegando perto do final
do Palazzo
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e olhando o prédio,
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ele provê uma experiência arquitetural
que não se vê com frequência em Nova York.
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Existo algo mais aqui,
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talvez um elemento clássico também,
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parece que isso é um espaço público,
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onde as pessoas se juntam.
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A medida em que estamos aqui, existem
pessoas que caminham e param e conversam,
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tinham pessoas sentadas ao redor das
piscinas.
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Se torna um tipo de espaço social.
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Isso é algo que Mies tinha interesse?
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Se você olhar criticamente,
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ele manteve os bancos no menor
número possível.
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Não parece ter nada que faça com que
as pessoas fiquem aqui.
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Isso é um assunto interessante.
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Uma das falhas no modernismo
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é essa qualidade antiséptica, essa frieza,
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a falta de humanidade em uma escala
humana.
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Você acha que Mies criou algo
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que nos permite ocupá-la confortavelmente,
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ou é algo que nos aliena de alguma forma?
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Acho que depende de onde você vem.
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[Legendado por Alef Almeida]