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Quando entramos em discussões centradas na dieta não vegana e vegana as coisas
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tendem a aquecer facilmente. Desde lideranças académicas até à mais recente pesquisa,
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passando pela troca frenética de memes sarcásticos e comentários caseiros no YouTube,
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é seguro dizer: "as palavras são difíceis"
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Bem, uma equipa de cientistas internacionais decidiu analisar os argumentos da
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parte de quem come carne e decidiram trazer as grandes armas: as palavras "N"
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Olá, sou a Emily do Bite Size Vegan e bem-vindo a outra pérola vegana.
Os Humanos apresentam uma grande diversidade
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de razões para comer animais. Do gosto à tradição, da nutrição à afirmação absurda
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de que os animais querem ser comidos—sim isso é uma coisa e é bem mais comum
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do que poderíamos pensar.
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Mas o que está por detrás da necessidade de justificar, explicar e racionalizar o consumo de animais?
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Porque é que os omnívoros com frequência e sem serem solicitados, defendem apaixonadamente as suas práticas dietéticas
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quando sabem que alguém é vegano—quer seja através de desculpas passivas por comerem carne
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na sua presença, seja por completos ataques e provocações?
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Bem, nada nos faz mais jogar à defesa ou faz sobressair a nossa capacidade humana
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para racionalizações e justificações intempestivas, como a percepção de julgamento implícito
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de comportamentos sobre os quais já nos sentíamos inseguros.
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Apesar das intermináveis repetições defendidas por aqueles que comem carne, um refrão similar
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é discorrido há milhares de anos. (Sim, milhares).
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Em 2015, uma equipa internacional de investigadores produziu o primeiro estudo sistemático empírico
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do consumo de carne, estabelecendo mais ou menos a multitude das correlações e justificações
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em quatro categorias principais designadas de 4 N's:
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que são Natural, Normal, Necessário e Agradável ("Nice" em Inglês)
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Construindo sobre os 3 N's apresentados pela Dra. Melanie Joy no livro
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"Porque amamos os cães, comemos os porcos e vestimos as vacas" a equipa acrescentou um 4º N de Agradável ("Nice")
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que captasse o prazer que as pessoas têm de comer carne e que segundo as mesmas constitui "um grande obstáculo" para reduzir
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o consumo de carne e/ou adoptar uma dieta vegetariana, também descobriram que quem come carne...frequentemente
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sente-se atraído pelo sabor da carne, pelo prazer hedonista daí resultante, usando-o como uma justificação
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pelo seu consumo continuado. Uma racionalização não constante do livro de Joy nos seus 3 estratos.
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Neste vídeo, irei apresentar uma visão geral deste estudo em particular, a intenção subjacente
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à necessidade humana de racionalização, assim como iremos abordar as implicações maiores dos
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4 N's — cujo alcance está muito além da dissonância alimentar
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"Muitas práticas históricas, desde a escravatura ao sexismo"
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Talvez a mais controversa, o estudo pretendeu responder à questão: são os omnívoros inerentemente
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mais tolerantes à iniquidade social dentro das suas próprias espécies?
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Vamos começar por dar uma vista geral aos 4 N's dentro dos parâmetros do estudo,
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novamente dentro dos primeiros três, inspirados nos 3 N's da Justificação da Dra. Joy
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1º N: Comer carne é natural
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O primeiro N "Apela à biologia, à hierarquia biológica, à selecção natural, a evolução humana
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ou à naturalidade de comer carne".
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Exemplos incluídos: É natural para nós Humanos comermos carne; os Humanos são carnívoros; Nós
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sempre comemos carne e/ou evoluímos para o fazermos; Nós temos dentes caninos; Os animais comem-se
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uns aos outros; Os Animais estão cá para nós os comermos
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2º N: Comer carne é necessário
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O 2º N apela à necessidade da carne para a nossa sobrevivência, força, desenvolvimento, saúde,
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controle da população animal ou estabilidade económica
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Os exemplos incluem: Os Humanos precisam de carne para sobreviverem; A carne fornece bons nutrientes; Os nossos corpos precisam
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da proteína; A proteína é necessária enquanto parte da nossa dieta; e, uma da minhas preferidas:
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Porque se não o fizéssemos, haveria uma superabundância de certos animais.
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Eu fiz um vídeo sobre isto. Uns tempos atrás. Eu danço nele.
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O 3º N: Comer carne é Normal.
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O 3º N "Apela às normas sociais dominantes, ao comportamento normativo,
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ao comportamento histórico humano, ou pirâmides alimentares construídas socialmente."
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Os exemplos incluem: A sociedade diz que não tem mal; Eu fui criado a comer carne; A carne é culturalmente
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aceite ou é uma importante parte da tradição; Muitas outras pessoas comem carne;
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É anormal NÃO comer carne, etc.
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E finalmente o 4º N adicional: Comer carne é agradável
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Este novo N foi introduzido para captar "Os apelos saborosos da carne,
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ou aquilo que é completo e satisfatório."
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Exemplos incluídos: Sabe bem; É delicioso; sabe óptimo (quer dizer, presunto...vá lá)
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[sim, isso está mesmo no estudo oficial Tabela 1];
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A carne dá tanto sabor a uma refeição que não faz sentido deixá-la de fora", A comida mais saborosa
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é normalmente baseada num prato de carne; Refeições sem carne seriam sem graça e aborrecidas; etc.
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É importante notar que um número de objecções e tácticas de diversão caem um pouco
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fora do âmbito dos 4 N's. Nos primeiros dois estudos os inquiridos deram justificações espontâneas,
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categorias como Abate humano, Religião, Sustentabilidade, Miscelânea vária
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e a rejeição pura e simples da premissa do estudo foi registada.
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Embora tenham sido subsequentemente incluídos conceitos de religião, hierarquia e destino dentro da
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categoria "Natural" e argumentos da ordem da saúde dentro do "Necessário" no estudo
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inicial, a equipa clarificou que apesar "de haver numerosas estratégias disponíveis para os omnívoros
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mostrarem as suas crenças e comportamentos, incluíndo negarem que os animais usados para alimento
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sofrem ou que os mesmos são dignos de preocupações morais" o seu objectivo estava centrado
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no "comum, e no entanto pouco estudado mecanismo de racionalização.”
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Ao invés de negarem de imediato acerca da senciência, da ignorância intencional ou evitação passiva acerca daquilo que
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nós fazemos aos animais—essencialmente a mentalidade de "Se eu não vejo é porque não está a acontecer"—
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a racionalização envolve fornecer justificações razoáveis para o comportamento de alguém quando
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se encontra sob escrutínio ou crítica, ou quando esse comportamento é percepcionado como discrepante
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do aspecto global do seu carácter.
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Então, quais foram os resultados? Para verem em detalhe, por favor vejam a publicação no blog para este vídeo
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na descrição (onde tem a ligação), mas algumas das principais conclusões foram as seguintes:
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No geral, conforme esperado, " os omnívoros tiveram as pontuações mais altas nos 4 N's, seguidos dos semi-vegetarianos."
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(que aparentemente... são as pessoas que só comem alguns animais)
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"Vegetarianos e dietéticos e estilos de vida vegana obtiveram as mais baixas pontuações nos 4 N's.
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Os homens apoiaram os 4 N's mais significativamente do que as mulheres.
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Os homens também encetaram estratégias de justificação mais directas, enquanto as mulheres tendiam para
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estratégias de dissociação de forma a evitarem pensamentos acerca do sofrimento dos animais.
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No que respeita a se "os indivíduos...que consomem maiores quantidades de carne...tendem a
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ser mais compreensivos acerca da injustiça nas relações de grupo" e a "apoiarem valores desiguais,"
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foi descoberto, tal como na pesquisa anterior, que "a justificação da carne parece estar relacionada
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com a justificação da iniquidade."
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Os investigadores evocam os 3 N's da Dra. Joy e como se cruzam com outros assuntos,
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desde a escravatura ao sufrágio das mulheres...apelando à necessidade
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de negarem o voto das mulheres para se evitar "danos irreparáveis" à nação, desde a superioridade natural
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da inteligência dos homens, à normalidade histórica de só os homens votarem
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designado pelos nossos antepassados.
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No fim, são as razões por detrás das racionalizações, essa necessidade das mesmas
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que são o aspecto mais profundo de toda esta questão. É algo que eu entro em detalhe
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em muitos dos meus vídeos, incluindo no discurso relevador, também
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listado na descrição do vídeo infra.
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Viver num estado de dissonância cognitiva onde as nossas acções entram em
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conflito directo com as nossas pretensões morais e valores, causa um desconforto extremo em nós mesmos.
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Comer animais é, na sua essência, viver uma vida dupla. Tentar amar animais e ser o seu assassino.
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Vermo-nos a nós mesmos como boas pessoas enquanto pagamos a outros para realizarem actos bárbaros de crueldade
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que nós seríamos incapazes de infligir directamente a outro ser.
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É por isso que os criadores do estudo usam o termo "paradoxo da carne."
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Resta aos omnívoros a escolha de ou alterarem os seus comportamentos de forma a estarem alinhados com os seus valores,
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deixando de comer animais e os seus derivados; ou manipular a sua percepção da realidade de tal forma
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que parece que esta se alinha com os seus valores.
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Não surpreendentemente, a maioria do mundo escolhe esta última. Porque, tratando-se de alterar o comportamento
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no que se refere a comer animais, significa confrontar a nossa própria cumplicidade na sua escravidão,
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tortura e assassínio. Significa enfrentar os horrores que nós apoiámos e defendemos com veemência.
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Significa olhar-nos ao espelho com total honestidade.
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E falar da proteína, das ilhas desertas, dos caninos, das tradições, da sabedoria das massas e toda
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a ladainha das racionalizações, justificações e evasivas, são de longe a escolha mais fácil e segura.
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Existe bênção na ignorância. Para os ignorantes.
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Espero que este vídeo tenha sido útil e talvez induza um breve momento de reflexão
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acerca dos aspectos do nosso comportamento que nós procuramos justificar tão ardentemente.
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Por favor partilha para iniciar a discussão e eu gostaria ouvir os teus pensamentos nos
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comentários infra. Dá um Gosto se gostaste e subscreve para mais conteúdos
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veganos, todas as Segundas, Quartas e algumas Sextas. Para apoiar mensagens como esta, vê as ligações de apoio
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infra ou junta-te ao Nugget Army no Patreon através da ligação na barra lateral.
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Agora vai viver vegano, de acordo com as tuas acções e vêmo-nos em breve.
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Há um insecto a insistir em voar. Ele está perto da luz neste momento.
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Ooops! Ai está ele!
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Ah!
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Meu, estás-me a assustar!
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Estás-me a fazer sentir muito anti-vegana. Quando voas junto de mim, assustas-me
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porque é suposto eu amar todas as criaturas e tu estás a assustar-me um pouco quando fazes isso.
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Está bem pá, vou-te pôr lá fora.
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Legendagem para Português de seni.