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Linguagem Limpa e Modelos de Metáfora | Caitlin Walker | TEDxMerseyside

  • 0:04 - 0:06
    Obrigada.
  • 0:06 - 0:09
    Foi ótimo ver esta última palestra,
  • 0:09 - 0:12
    porque quero apresentar a vocês
  • 0:13 - 0:15
    uma linguagem de investigação
  • 0:15 - 0:18
    para que possamos questionar
    nossa própria experiência e a do outro
  • 0:18 - 0:22
    de uma maneira completamente diferente
    da que eu vivenciei quando criança.
  • 0:23 - 0:26
    Nessa palestra,
  • 0:28 - 0:31
    contarei um pouquinho sobre o meu passado
  • 0:31 - 0:34
    e por que ele foi tão importante para mim,
  • 0:34 - 0:37
    um pouco sobre David Grove,
    que originou a Linguagem Limpa;
  • 0:37 - 0:38
    esta ferramenta não é minha.
  • 0:38 - 0:40
    O que fiz com ela é meu trabalho.
  • 0:40 - 0:42
    E aquele homem a cedeu gratuitamente.
  • 0:42 - 0:45
    Ele disse: "Faça o que quiser com ela"
  • 0:45 - 0:46
    e nós fizemos.
  • 0:46 - 0:50
    Oferecerei a mesma coisa para vocês aqui.
  • 0:50 - 0:53
    Vou falar sobre alguns estudos de caso.
  • 0:53 - 0:55
    Um deles, curiosamente,
    é no Liverpool John Moores,
  • 0:55 - 0:59
    e tem sido um grande projeto
    aqui na Universidade,
  • 0:59 - 1:01
    usando linguagem limpa e metáforas.
  • 1:01 - 1:02
    Falarei sobre isso.
  • 1:02 - 1:05
    E então finalizaremos com:
    "O que gostariam que acontecesse?"
  • 1:07 - 1:09
    Um pouquinho sobre o meu passado.
  • 1:09 - 1:12
    Sou norte-americana por nacionalidade,
  • 1:12 - 1:15
    mas meu pai é britânico e nasci na África,
  • 1:15 - 1:18
    o que significa que aos nove anos,
  • 1:18 - 1:22
    nasci na África, fui para Newcastle,
  • 1:22 - 1:25
    morei lá por um tempo,
    era muito frio e cinza,
  • 1:25 - 1:28
    me mudei para a Califórnia
    e morei lá um pouco.
  • 1:28 - 1:30
    Quando se viveu em três continentes,
  • 1:30 - 1:34
    você entende rapidamente
    que as regras não são verdadeiras.
  • 1:34 - 1:36
    Quando se muda para uma nova sociedade,
  • 1:36 - 1:41
    ela é regida por toda uma carga de regras
    sobre a maneira como fazem as coisas,
  • 1:41 - 1:44
    você as aprende e faz coisas que afetam
  • 1:44 - 1:46
    a maneira como pensa,
    o que faz, o que fala,
  • 1:46 - 1:48
    com quem sai e conversa,
  • 1:48 - 1:52
    e então você se muda de novo e tudo muda.
  • 1:52 - 1:53
    Com nove anos,
  • 1:53 - 1:57
    eu morava na Califórnia e me disseram
    que não podia ser amiga de Tui,
  • 1:57 - 1:58
    o único garoto com quem me conectei,
  • 1:58 - 2:00
    porque ele era negro.
  • 2:00 - 2:04
    Eu disse: "Mas isso não é certo.
    É só uma regra que inventaram.
  • 2:04 - 2:08
    Podíamos criar regras novas
    e isso não importar mais",
  • 2:09 - 2:13
    mas não podemos, porque estando nessa
    sociedade, essas regras são verdadeiras,
  • 2:13 - 2:16
    estão tão profundamente embutidas
    que não são facilmente contrariadas,
  • 2:16 - 2:20
    certamente não por uma garota
    muito séria de nove anos.
  • 2:21 - 2:23
    Então, parti numa missão
  • 2:23 - 2:27
    de descobrir alguma ferramenta
  • 2:27 - 2:32
    que permitisse ver minhas próprias regras,
    ajudar outras pessoas a verem as delas,
  • 2:32 - 2:35
    sem envolver julgamento
    e que nos levaria a dizer:
  • 2:35 - 2:39
    "Quais regras funcionam e quais não?
    O que gostaríamos que acontecesse?"
  • 2:39 - 2:41
    Então estudei antropologia e linguística
  • 2:41 - 2:44
    na Escola de Estudos
    Orientais e Africanos.
  • 2:44 - 2:46
    Mas enquanto fazia isso,
  • 2:46 - 2:50
    havia um homem na Nova Zelândia
    chamado David Grove.
  • 2:50 - 2:55
    Ele tinha mãe maori e pai britânico
  • 2:55 - 3:00
    e foi criado no Exército
    da Salvação, para servir.
  • 3:00 - 3:04
    David estudava psicoterapeutas reflexivos,
  • 3:04 - 3:08
    pessoas como Virginia Satir,
    Milton Erickson, Carl Rogers,
  • 3:08 - 3:10
    examinando as transcrições deles.
  • 3:10 - 3:14
    Pessoas que escutavam outras pessoas;
  • 3:14 - 3:18
    eram psicoterapeutas muito geniais;
  • 3:18 - 3:24
    e refletiam de volta a sua experiência
    pra que construíssem um senso de si mesmos
  • 3:24 - 3:27
    sem a interferência dos psicoterapeutas.
  • 3:27 - 3:28
    David disse:
  • 3:28 - 3:31
    "Se observarmos os padrões
    nas transcrições deles,
  • 3:31 - 3:34
    podemos ver como começam
    a moldar as perguntas
  • 3:34 - 3:37
    com base nos padrões,
    regras e ideias deles,
  • 3:37 - 3:39
    e se examinarmos uma série delas,
  • 3:39 - 3:42
    podemos sentir os padrões internos
    do psicoterapeuta
  • 3:42 - 3:45
    que não têm a ver com a outra pessoa,
  • 3:45 - 3:46
    e sim com eles mesmos".
  • 3:46 - 3:52
    E ele disse: "E se fizéssemos
    perguntas que não tivessem conteúdo?
  • 3:52 - 3:55
    Apenas fizéssemos perguntas
  • 3:56 - 4:00
    sobre localização, atributo
    e o que acontece a seguir?
  • 4:01 - 4:03
    Que tipo de coisa é essa?
  • 4:03 - 4:05
    O que é isso? Cadê?
  • 4:05 - 4:06
    De onde isso vem?
  • 4:06 - 4:07
    O que acontece depois?
  • 4:07 - 4:09
    Como é?
  • 4:09 - 4:11
    E se isso foi tudo o que você fez,
  • 4:11 - 4:14
    o que acontece com as pessoas
    com quem está trabalhando?"
  • 4:14 - 4:18
    Essa era a missão dele,
    estava procurando especialmente pessoas
  • 4:18 - 4:23
    que sofreram abuso sexual infantil;
    ele trabalhou com veteranos do Vietnã;
  • 4:23 - 4:29
    pessoas que tiveram experiências difíceis
    de várias maneiras até pra se expressarem.
  • 4:29 - 4:33
    David ajudou a construir um panorama
    em torno de seus sistemas.
  • 4:33 - 4:34
    Não vou explicar isso.
  • 4:34 - 4:37
    É mais fácil apenas contar uma história.
  • 4:38 - 4:42
    Ele desenvolvia isso há 15 anos,
    eu estava na minha pequena missão
  • 4:42 - 4:44
    e algumas pessoas
    que nos conheciam disseram:
  • 4:44 - 4:48
    "Você deve conhecer esse homem,
    ele é incrivelmente bom", então eu fui.
  • 4:48 - 4:52
    Tinha voltado de Gana, onde fiz
    um doutorado em inteligência artificial.
  • 4:52 - 4:55
    Eu fazia muita programação
    de computadores na época.
  • 4:57 - 4:58
    Fui até ele.
  • 4:58 - 5:01
    Ele estava no palco
    e um cliente havia aparecido.
  • 5:01 - 5:03
    Ele disse: "Alguém quer trabalhar comigo?"
  • 5:03 - 5:04
    Alguém disse que sim.
  • 5:04 - 5:07
    Ele disse: "O que gostaria
    que acontecesse?"
  • 5:07 - 5:08
    Vejam o que ele disse.
  • 5:08 - 5:10
    "O que você gostaria que acontecesse?"
  • 5:10 - 5:14
    Ela disse: "Sempre que falo em público,
    simplesmente perco a voz".
  • 5:15 - 5:17
    Ele disse: "Simplesmente perde a voz.
  • 5:17 - 5:20
    E quando a perde, como é essa perda?"
  • 5:20 - 5:21
    Ela disse: "Ela desaparece".
  • 5:21 - 5:27
    "E quando desaparece,
    para onde essa voz vai?"
  • 5:27 - 5:28
    Ela disse: "Entra em um buraco".
  • 5:28 - 5:31
    "Há mais alguma coisa sobre esse buraco?"
  • 5:33 - 5:35
    "Meu pai".
  • 5:35 - 5:36
    "Seu pai.
  • 5:36 - 5:39
    E além de seu pai, há mais alguma coisa?"
  • 5:40 - 5:41
    Ela disse: "Fico presa".
  • 5:42 - 5:45
    Dava para ver que o que quer
    que fosse falar em público,
  • 5:45 - 5:48
    ela travava e dizia: "Estou presa".
  • 5:48 - 5:51
    "E você fica presa. E que tipo
    de "eu" está preso desse jeito?"
  • 5:51 - 5:53
    "Estou prendendo a respiração".
  • 5:53 - 5:57
    "E eu estou prendendo a respiração.
    Há algo mais sobre essa respiração?"
  • 5:57 - 6:01
    Enquanto o assistia trabalhar
    e ela estava lá no palco,
  • 6:01 - 6:05
    eu a vi travar, a fisiologia do sintoma.
  • 6:05 - 6:09
    E com a linguagem limpa,
    ele, de maneira lenta e segura,
  • 6:09 - 6:12
    construiu o panorama em torno do sintoma,
  • 6:12 - 6:14
    o que induz metáforas.
  • 6:15 - 6:18
    Não sei o que vocês acharam.
  • 6:18 - 6:20
    Todos estremecemos
    com o que assistimos.
  • 6:20 - 6:21
    E os ritos de passagem
  • 6:21 - 6:25
    foram que uma coisa é
    expressa em termos de outra.
  • 6:26 - 6:30
    Aquela mulher de 40 anos,
  • 6:30 - 6:33
    quando era criança,
  • 6:33 - 6:37
    entrou em um quarto e viu o pai se matar.
  • 6:39 - 6:40
    Por ter internalizado tudo
  • 6:40 - 6:45
    e não ter tido uma comunidade
    para se lamentar, compartilhar
  • 6:45 - 6:49
    e se desprender daquilo,
    isso se instalou na psique dela.
  • 6:50 - 6:54
    Simplesmente, toda vez que ela saía
    para algum lugar ou fazia alguma coisa,
  • 6:54 - 6:57
    especialmente quando havia
    algo grande e importante,
  • 6:57 - 7:02
    ela travava daquele jeito,
    prendia a respiração para parar o tempo.
  • 7:03 - 7:05
    Enquanto assistia, pensava:
    "Isso é fenomenal!"
  • 7:05 - 7:10
    Realmente gostei do fato de ele pegar
    o negativo como um sintoma,
  • 7:10 - 7:11
    mas quando está no contexto certo,
  • 7:11 - 7:15
    quando vemos como, por que e de onde vem,
  • 7:15 - 7:17
    particularmente na esfera da metáfora,
  • 7:19 - 7:20
    isso reduz suas forças,
  • 7:20 - 7:22
    dá para ver como isso funciona.
  • 7:22 - 7:24
    E eu a observei no palco,
  • 7:24 - 7:28
    reintegrando o poder
    e a vontade de uma garotinha
  • 7:28 - 7:30
    que não conseguiu parar o tempo,
  • 7:31 - 7:33
    mas pôde segurar esse poder
    e essa vontade no corpo dela,
  • 7:33 - 7:37
    vê-los serem reabsorvidos,
    e então ela foi embora.
  • 7:37 - 7:40
    E eu pensando: "Isso foi fenomenal!"
  • 7:40 - 7:44
    Mas é psicoterapia, não é o que faço,
    ou o que me interessa.
  • 7:44 - 7:45
    Mas foi: "Uau!
  • 7:45 - 7:48
    Não sei o que esse cara faz,
    mas é fenomenal".
  • 7:48 - 7:50
    E ele disse: "Vamos fazer um exercício".
  • 7:50 - 7:53
    São quatro perguntas.
  • 7:53 - 7:55
    Encontrem alguém na plateia e perguntem:
  • 7:55 - 7:58
    "O que você gostaria que acontecesse?
  • 7:58 - 7:59
    Mais alguma coisa?
  • 7:59 - 8:01
    Onde?
  • 8:01 - 8:04
    De que tipo?"
  • 8:05 - 8:07
    Achei que tudo bem.
  • 8:07 - 8:11
    Olhei em volta e havia
    um homem muito sem graça.
  • 8:11 - 8:13
    E pensei: "Por favor, eu não".
  • 8:13 - 8:17
    E ele veio direto. Pensei: "Tudo bem".
  • 8:17 - 8:18
    Olhei para todo mundo.
  • 8:18 - 8:21
    Perguntei para ele primeiro:
    "O que gostaria que acontecesse?"
  • 8:21 - 8:23
    Ele disse algo. E eu: "Que tipo?"
  • 8:23 - 8:25
    Ele disse algo. Eu disse: "Onde?"
  • 8:25 - 8:27
    E ele disse. E eu: "Mais alguma coisa?"
  • 8:27 - 8:29
    Na verdade foi bem legal.
  • 8:29 - 8:31
    Me senti um pouco estranha,
    eram perguntas estranhas,
  • 8:31 - 8:32
    mas foi tudo bem.
  • 8:32 - 8:36
    Ele se virou para mim e disse:
    "O que gostaria que acontecesse?"
  • 8:36 - 8:39
    E eu disse: "Gostaria
    de encontrar meu caminho".
  • 8:39 - 8:41
    Ele disse: "Que tipo de caminho?"
  • 8:41 - 8:44
    Eu disse: "Um que saiba
    que tenho que seguir".
  • 8:44 - 8:46
    E ele: "Onde é esse caminho?"
  • 8:46 - 8:47
    E eu...
  • 8:52 - 8:53
    "É ali".
  • 8:54 - 8:56
    E ele disse: "Existe mais
    alguma coisa nesse caminho?"
  • 8:56 - 8:59
    E eu disse: "Não, é para onde estou indo".
  • 9:01 - 9:03
    E foi tudo, todos foram pra casa.
  • 9:03 - 9:07
    Fui a um bar e pensei: "Caramba!
  • 9:07 - 9:10
    Um homem de quem não gosto,
    com quem eu não queria falar,
  • 9:10 - 9:13
    com quatro perguntas limpas
    me deu mais informações
  • 9:13 - 9:15
    sobre por que geralmente
    estou deprimida, infeliz, triste
  • 9:15 - 9:17
    e bebendo demais.
  • 9:18 - 9:23
    Porque estou me formando
    em inteligência artificial,
  • 9:23 - 9:26
    passo todo o meu tempo na frente de telas,
  • 9:26 - 9:29
    tenho um parceiro que não amo mais há anos
  • 9:29 - 9:31
    e preciso mudar tudo isso".
  • 9:32 - 9:38
    Se ele fez isso com quatro perguntas,
    eu posso ensinar qualquer um a fazer.
  • 9:40 - 9:42
    Isso mudou completamente minha vida.
  • 9:42 - 9:44
    Sentei-me no bar e não bebi,
  • 9:44 - 9:46
    fiquei lá com um copo de água.
  • 9:46 - 9:49
    E uma semana depois,
    deixei meu parceiro de 12 anos,
  • 9:49 - 9:50
    deixei meu doutorado,
  • 9:50 - 9:52
    deixei muitas pessoas descontentes,
  • 9:52 - 9:57
    eu o procurei e disse: "Você precisa
    me ensinar o que está fazendo.
  • 9:57 - 9:59
    Preciso entender como fazer,
  • 9:59 - 10:03
    porque acho que, com uma ferramenta
    como essa, você pode mudar o mundo".
  • 10:04 - 10:05
    Tive que arrumar um trabalho,
  • 10:05 - 10:11
    porque claramente perdi
    minha bolsa da "ESRC".
  • 10:11 - 10:13
    E consegui trabalho no "Home Office".
  • 10:13 - 10:15
    Eu já era uma Jovem trabalhadora.
  • 10:15 - 10:17
    Uma maneira que paguei a faculdade
  • 10:17 - 10:20
    foi com esse trabalho em Kings Cross.
  • 10:22 - 10:24
    Então, arrumei trabalho no Home Office,
  • 10:24 - 10:27
    com dez dos piores jovens
    da pior escola de Hackney.
  • 10:27 - 10:30
    Pensei: "É a ferramenta dele".
  • 10:31 - 10:33
    Existem regras para a ferramenta.
  • 10:33 - 10:37
    O que quer que digam, aceite
    e crie uma pergunta relacionada,
  • 10:37 - 10:39
    você não tem resultado,
  • 10:40 - 10:42
    e não decide o que
    eles querem ou não fazer,
  • 10:42 - 10:44
    nem o que é bom para eles.
  • 10:45 - 10:48
    Eram os dez piores jovens
    das piores escolas de Hackney,
  • 10:48 - 10:51
    estão fora do sistema escolar,
    são jovens criminosos.
  • 10:51 - 10:53
    Decidi violar as regras.
  • 10:53 - 10:59
    Eu devia fazer avaliações básicas deles
    e dar pacotes de aprendizagem individuais,
  • 10:59 - 11:00
    mas não fiz isso.
  • 11:00 - 11:03
    Eu os reuni num grupo e disse:
    "O que vocês gostariam que acontecesse?"
  • 11:03 - 11:07
    E eles disseram muitas coisas diferentes.
  • 11:07 - 11:10
    Uma das principais coisas
    que a maioria deles disse foi:
  • 11:10 - 11:12
    "Eu sempre perco a paciência".
  • 11:12 - 11:13
    "Vocês perdem a paciência
  • 11:13 - 11:17
    e como é quando isso acontece?"
  • 11:18 - 11:19
    E vocês podem responder.
  • 11:19 - 11:22
    Não costumo me apresentar,
    não sei se vocês costumam ajudar.
  • 11:22 - 11:25
    Gostaria que vocês
    aqui embaixo fizessem isso,
  • 11:25 - 11:26
    um de nós pode fazer as perguntas
  • 11:26 - 11:28
    e podem responder por si mesmos.
  • 11:28 - 11:32
    Eu disse: "Como é quando
    vocês perdem a paciência?"
  • 11:32 - 11:33
    "Eu fico vermelho".
  • 11:33 - 11:36
    "E que tipo de vermelho é?"
  • 11:36 - 11:37
    "Vermelho-sangue".
  • 11:37 - 11:39
    "Mas quem não fica assim?"
  • 11:39 - 11:41
    "Eu mudo". (Dedos estalando)
  • 11:41 - 11:43
    "Mais alguma coisa sobre essa mudança?"
  • 11:43 - 11:44
    "É muito rápido.
  • 11:44 - 11:47
    Estou andando. De repente,
    alguém está deitado sangrando".
  • 11:47 - 11:48
    "Certo, quem não é assim?"
  • 11:48 - 11:51
    "Eu, senhorita". "Como você é?"
    "Nunca me meto em encrencas".
  • 11:51 - 11:53
    "Nunca?" "Não, nunca".
  • 11:53 - 11:56
    "Ele está certo. Nunca se mete
    em encrencas, nem em brigas".
  • 11:56 - 12:00
    "Tudo bem. Então, o que acontece
    logo antes de você ficar vermelho?"
  • 12:00 - 12:04
    Ele não fala inglês muito bem
    e aponta para algo marrom.
  • 12:04 - 12:05
    Ele disse: "É assim".
  • 12:05 - 12:08
    Eu disse: "Onde está quando fica marrom?"
    Ele disse: "Está aqui".
  • 12:10 - 12:12
    Eu disse: "Sempre
    que fica marrom, está aqui".
  • 12:12 - 12:14
    "Com uma mudança? O que acontece
    logo antes de mudar?"
  • 12:14 - 12:19
    "Oh, não sei. Estou andando pela rua
    e de repente já aconteceu".
  • 12:19 - 12:21
    "Quem não é assim?"
    "Eu, senhorita. Sou tranquilo".
  • 12:21 - 12:24
    Estamos fazendo, muito gentilmente,
  • 12:25 - 12:28
    duas ou três perguntas
    de qualquer pessoa ao mesmo tempo
  • 12:29 - 12:31
    e eles começam a desenvolver modelos.
  • 12:31 - 12:35
    Com o garoto que fica vermelho,
    faço algumas rodadas.
  • 12:35 - 12:40
    Não sabia que isso seria crucial
    nos processos que desenvolvemos depois.
  • 12:40 - 12:42
    Como eles eram adolescentes,
  • 12:42 - 12:46
    não podia passar muito tempo com cada um,
  • 12:46 - 12:49
    porque seria muito intenso
    e o resto ficaria entediado,
  • 12:49 - 12:51
    e eles eram jovens incontroláveis.
  • 12:51 - 12:55
    Então, duas ou três perguntas
    com o garoto que fica vermelho.
  • 12:55 - 12:58
    Antes disso, eu disse:
    "Como é antes de ficar marrom?"
  • 12:58 - 13:03
    Ele disse: "Azul, como o céu,
    como minha mãe".
  • 13:04 - 13:06
    Pensei que os outros jovens
    fossem tirar o maior sarro dele.
  • 13:06 - 13:08
    Mas não tiraram.
  • 13:08 - 13:10
    Sempre que fizemos essa modelagem limpa,
  • 13:10 - 13:14
    notei que os jovens raramente
    zombavam uns dos outros;
  • 13:14 - 13:16
    era como a criação de um espaço sagrado.
  • 13:16 - 13:19
    Nós fazemos isso, todos eles vão para casa
  • 13:19 - 13:22
    e penso: "Poxa, vou ser demitida".
  • 13:22 - 13:25
    Não fiz nada que deveria fazer,
    é tudo muito estranho.
  • 13:25 - 13:29
    E se eles contarem aos pais
    e eu nem sei o que estou fazendo?
  • 13:29 - 13:33
    Mas eles voltaram na quarta-feira
    seguinte, era uma aula voluntária,
  • 13:34 - 13:39
    e o garoto que ficou vermelho disse:
    "Eu estive pensando no que fizemos.
  • 13:39 - 13:42
    Quando acordo de manhã,
    meu pai está bêbado; vermelho.
  • 13:42 - 13:45
    Pego minhas roupas e elas cheiram a suor,
  • 13:45 - 13:47
    porque meu pai não as lavou;
  • 13:47 - 13:48
    vermelho.
  • 13:48 - 13:52
    Não tenho o suficiente para comer
    e nem dinheiro para o ônibus.
  • 13:52 - 13:54
    Quando chego à escola,
    meu vermelho está bem aqui.
  • 13:54 - 13:57
    É por isso que eu bato nas pessoas?"
  • 13:57 - 14:00
    E eu disse: "Não sei por quê".
  • 14:00 - 14:01
    Ele disse: "Estava pensando,
  • 14:01 - 14:05
    se meu vermelho estiver aqui em cima
    e for me atrasar mesmo pra escola,
  • 14:05 - 14:07
    vou para o lago dos patos de Clapton
  • 14:07 - 14:10
    olhar a água e respirar o azul,
  • 14:10 - 14:12
    me tornarei roxo
  • 14:12 - 14:14
    e acho que posso controlar
    meu temperamento".
  • 14:15 - 14:16
    Eu disse: "Tudo bem".
  • 14:18 - 14:20
    Então todos eles quiseram participar.
  • 14:20 - 14:23
    Aquele que mudava disse:
    "Não é justo, o meu foi muito rápido".
  • 14:23 - 14:27
    Eu disse: "Certo, vamos descobrir.
    O que acontece pouco antes de mudar?"
  • 14:27 - 14:30
    "Você está andando,
    alguém te olha e aí já era".
  • 14:30 - 14:32
    "Que tipo de olhar é esse?"
  • 14:32 - 14:34
    "Um que atinge você".
  • 14:34 - 14:36
    "E o que esse olhar vê dentro de você?"
  • 14:37 - 14:39
    E todos eles têm uma metáfora.
  • 14:39 - 14:41
    Eu tenho uma metáfora para temperamentos,
  • 14:41 - 14:44
    mas eles também começaram a controlá-los.
  • 14:44 - 14:47
    E no dia seguinte, Jamie entra e diz:
  • 14:47 - 14:49
    "Essa coisa que você fez.
    Poderia fazer com matemática?"
  • 14:49 - 14:51
    "Matemática? Como assim?"
  • 14:51 - 14:52
    Ele é um rapaz grande.
  • 14:52 - 14:56
    Ele disse: "Quando penso
    em números, eles ficam rodando".
  • 14:56 - 14:58
    "Certo, vamos descobrir.
  • 14:58 - 15:00
    Vamos, rapazes. Juntem-se.
    Vamos fazer matemática".
  • 15:00 - 15:02
    "Ah, não...!" "Não, me escutem.
  • 15:02 - 15:04
    Farei algumas perguntas,
  • 15:04 - 15:07
    não quero saber as respostas,
    quero saber como vocês sabem.
  • 15:07 - 15:10
    Quanto é dois mais três?"
    "São cinco, senhorita".
  • 15:10 - 15:11
    "Que tipo de cinco é esse?"
  • 15:11 - 15:14
    "O resultado apenas vem".
  • 15:14 - 15:15
    "Quem não faz isso?" "Eu".
  • 15:15 - 15:16
    "O que você faz?"
  • 15:16 - 15:22
    "É como dois mais três e depois cinco.
    Como se pudesse vê-lo em giz na lousa".
  • 15:22 - 15:24
    Eu disse: "Tudo bem, quem não é assim?"
  • 15:24 - 15:26
    E começamos a modelar.
  • 15:26 - 15:32
    Quando terminamos o temperamento,
    a matemática, a ortografia
  • 15:32 - 15:36
    e "Como você é quando dá o seu melhor?"
    "Quando aprende da melhor maneira?",
  • 15:36 - 15:39
    algo fenomenal começou a acontecer,
    eles aprenderam a linguagem,
  • 15:40 - 15:44
    assumiram o controle
    e a capacidade de se modelarem.
  • 15:44 - 15:47
    Começaram a dizer coisas como:
    "Você precisa desacelerar, senhorita.
  • 15:49 - 15:52
    Porque você fala rápido demais".
  • 15:52 - 15:56
    Eu sou de New Castle... eu falo rápido.
  • 15:56 - 15:58
    "Por que se importa, Mary Lou?
    Você é nigeriana".
  • 15:58 - 16:00
    Ela fala muito rápido.
  • 16:00 - 16:01
    "Por que se importa?"
  • 16:01 - 16:05
    Ela disse: "Sim, mas senhorita,
    não é por mim. É pela Naomi.
  • 16:05 - 16:06
    Lembra do que ela disse?
  • 16:06 - 16:10
    Quando está aprendendo o seu melhor,
    é como se uma ideia entrasse num lago
  • 16:10 - 16:13
    e as ondulações precisassem se estabilizar
    antes da próxima ideia surgir.
  • 16:13 - 16:15
    E você está atirando pedras nela".
  • 16:16 - 16:19
    E eu disse: "Certo, então apenas checando.
  • 16:19 - 16:23
    Depois de cerca de seis sessões,
  • 16:23 - 16:26
    você vai me ensinar como ensiná-los?"
  • 16:27 - 16:28
    Agora o que temos?
  • 16:28 - 16:29
    Então,
  • 16:33 - 16:35
    eu não sabia o que fazer com isso,
  • 16:35 - 16:39
    ganhamos o "Community Safety Awards",
    os jovens voltaram para a escola,
  • 16:39 - 16:44
    mas ninguém quis entender
    o que tentávamos fazer com eles.
  • 16:44 - 16:47
    Disseram: "Tome mais garotos maus.
    Faça a mágica de novo".
  • 16:47 - 16:51
    E eu disse: "Não! Aprendam a fazer,
    porque não é difícil".
  • 16:51 - 16:53
    Disseram: "Como você os controla assim?"
  • 16:53 - 16:54
    Eu disse: "Não controlo.
  • 16:54 - 16:57
    Dou a eles a capacidade de refletir
    sobre si mesmos de modo que não julguem
  • 16:57 - 17:00
    para que, de algum jeito,
    se tornem treinadores de pares.
  • 17:00 - 17:03
    Eu realmente não sei,
    mas é um tipo de mágica".
  • 17:03 - 17:06
    Então tentei e passei 15 anos
    com a cabeça baixa,
  • 17:06 - 17:08
    tentando aqui e lá,
  • 17:08 - 17:09
    e Liverpool John Moores
  • 17:09 - 17:12
    foi um dos primeiros grandes
    momentos abrangentes
  • 17:12 - 17:16
    que realmente tivemos que testar.
  • 17:16 - 17:17
    Então, o que eles fizeram aqui...
  • 17:20 - 17:25
    Eles juntaram os alunos
    e desenvolveram algumas apostilas.
  • 17:26 - 17:30
    Pegaram alguns heróis no mundo
    do desenvolvimento esportivo;
  • 17:30 - 17:35
    Beth Tweddle e Kate Walsh,
    que são atletas de elite fantásticas;
  • 17:35 - 17:38
    e usaram a linguagem limpa
    para modelá-las:
  • 17:38 - 17:41
    "Então Beth, como você é
    quando está no seu melhor?"
  • 17:41 - 17:44
    Eles usavam linguagem limpa pra descobrir
  • 17:44 - 17:46
    ou perguntavam: "Kate Walsh,
  • 17:46 - 17:51
    em que momento algo terrível aconteceu
  • 17:51 - 17:54
    e você se reergueu e seguiu
    em frente novamente?"
  • 17:54 - 17:57
    Ela pensou um pouco e eles:
    "Como foi quando aconteceu?"
  • 17:57 - 18:01
    E eles desenvolveram modelos de metáforas
  • 18:04 - 18:07
    para esses temas para esses heróis.
  • 18:07 - 18:13
    Mas os alunos, a cada dois meses,
    desenvolvem isso para si mesmos.
  • 18:13 - 18:16
    E o interessante sobre esses modelos é
  • 18:16 - 18:18
    que quando você desenvolve um,
  • 18:18 - 18:21
    você se conhece e consegue
    entender outra pessoa;
  • 18:21 - 18:23
    quando desenvolve dois,
  • 18:23 - 18:26
    isso se torna uma espécie
    de trama, é um pouco assim.
  • 18:26 - 18:29
    Quando você tem três,
    começa a desenvolver um padrão,
  • 18:29 - 18:33
    uma compreensão de si
    e dos outros membros do grupo,
  • 18:34 - 18:36
    esse é um nível completamente diferente.
  • 18:36 - 18:41
    E quando chega-se aos seis, se torna o que
    chamo de sistema de autoaprendizagem,
  • 18:41 - 18:44
    em que começa a prever
    o que o outro faria,
  • 18:44 - 18:47
    o que você provavelmente
    fará em qualquer situação,
  • 18:47 - 18:50
    depois prever coisas, criar coisas juntos,
  • 18:50 - 18:53
    que você não tinha ideia
    de que seriam possíveis.
  • 18:54 - 18:57
    [Como é quando está aprendendo
    da melhor maneira possível?]
  • 18:57 - 18:58
    Esses são os temas que aprenderam.
  • 18:58 - 19:01
    [Como é quando toma boas decisões?]
  • 19:01 - 19:03
    [De onde vem sua inspiração/motivação?]
  • 19:03 - 19:05
    [O que acontece antes
    de aprender com os erros?]
  • 19:05 - 19:09
    Com linguagem limpa,
    você pode fazer qualquer coisa.
  • 19:09 - 19:12
    Pode investigar a morte.
  • 19:12 - 19:16
    Então, quando alguém morre,
    você pode usá-la para ajudar:
  • 19:16 - 19:17
    "Agora, como é isso?"
  • 19:17 - 19:19
    Você pode usá-la para expressar tristeza.
  • 19:20 - 19:22
    Eu a usei muito no parto.
  • 19:23 - 19:26
    Tive sorte de ter três partos em casa.
  • 19:26 - 19:27
    Uma das maneiras que consegui isso
  • 19:27 - 19:31
    foi explicando muito claramente
    com linguagem limpa.
  • 19:31 - 19:34
    Para descobrir o que as pessoas
    queriam fazer comigo,
  • 19:34 - 19:36
    para que pudesse dizer "sim" ou "não",
  • 19:36 - 19:39
    mas também desenvolvi um sentido
    real do tipo de parto que queria
  • 19:39 - 19:41
    para manter meus limites em torno disso.
  • 19:41 - 19:46
    Ela é usada em multinacionais, no momento.
  • 19:46 - 19:48
    Estou com um projeto tentando trabalhar
  • 19:48 - 19:51
    com economistas, filósofos e sociólogos
  • 19:51 - 19:55
    dizendo: "Como seria se fôssemos remodelar
    a maneira como fazemos negócios
  • 19:55 - 19:58
    para que não destruamos o mundo?
  • 19:59 - 20:02
    E eles pegaram os diferentes temas
    em que acham que estão envolvidos
  • 20:02 - 20:05
    e os desenvolveram juntos.
  • 20:05 - 20:09
    Então, a linguagem limpa é muito simples,
  • 20:09 - 20:11
    realmente fácil de aprender,
  • 20:11 - 20:14
    muito difícil de aplicar,
  • 20:14 - 20:18
    porque significa desistir de ser você
    mesmo e tudo o que normalmente faz,
  • 20:18 - 20:20
    mas é muito eficaz
  • 20:20 - 20:22
    e compartilhável.
  • 20:22 - 20:26
    Muitas pessoas a estão usando,
    David a cedeu gratuitamente.
  • 20:26 - 20:29
    Se pensar em coisas relacionadas
    a ela e em novos lugares para aplicar,
  • 20:29 - 20:31
    então isso será seu;
  • 20:31 - 20:32
    esse será o seu novo campo.
  • 20:32 - 20:35
    Realmente os encorajo
    a fazer algumas pesquisas
  • 20:35 - 20:36
    se gostaram da ideia
  • 20:36 - 20:40
    e pensarem: "O que gostariam
    de fazer com essa ferramenta?"
  • 20:40 - 20:41
    E isso somos nós.
  • 20:41 - 20:42
    Obrigada.
  • 20:42 - 20:44
    (Aplausos)
Title:
Linguagem Limpa e Modelos de Metáfora | Caitlin Walker | TEDxMerseyside
Description:

Caitlin se formou em Linguística na Escola de Estudos Orientais e Africanos e fez quatro anos de pesquisa de pós-graduação em Estratégias para acesso Lexical, incluindo trabalho de campo em Gana. Desde então, ela desenvolveu suas habilidades de modelagem linguística e não verbal, desde o desenvolvimento de grupos em pequena escala até programas de mudança de cultura organizacional em escala global, abordando diversidade, conflito, liderança, gerenciamento de fusões e criação de organizações de aprendizagem. Ela é apaixonada por confiar na sabedoria dos grupos.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
20:53

Portuguese, Brazilian subtitles

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