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Empty Yourself! Creating Space Inside | Thich Nhat Hanh (EN subtitles)

  • 0:03 - 0:06
    Quando ouvimos algo,
  • 0:08 - 0:12
    devemos aplicar o método da...
  • 0:12 - 0:14
    escuta profunda.
  • 0:18 - 0:24
    Ouvir de uma forma que
    o que os outros dizem possa realmente absorver.
  • 0:24 - 0:28
    Porque, entre nós, muito poucos...
  • 0:28 - 0:32
    são capazes de receber o que os outros dizem.
  • 0:33 - 0:37
    Porque já temos opiniões preconcebidas,
  • 0:38 - 0:42
    estamos preocupados
    com pontos de vista fixos.
  • 0:43 - 0:50
    Essas opiniões, essas ideias,
    esses pontos de vista, essas perceções,
  • 0:50 - 0:53
    têm-nos preocupado.
  • 0:53 - 0:59
    Por essa razão, ao ouvir, geralmente
    trazemos essas opiniões e pontos de vista
  • 0:59 - 1:04
    para os comparar
    com o que estamos a ouvir.
  • 1:05 - 1:09
    Estamos cheios de opiniões.
    Estamos cheios de pontos de vista.
  • 1:09 - 1:14
    E, ao ouvir, trazemos
    essas opiniões, esses pontos de vista para...
  • 1:14 - 1:18
    saudar aquilo que estamos a ouvir.
  • 1:22 - 1:26
    Quase toda a gente faz isso.
  • 1:27 - 1:31
    E quando vemos
    que o que os outros dizem não corresponde
  • 1:31 - 1:34
    às nossas opiniões ou pontos de vista,
  • 1:34 - 1:36
    tendemos a descartá-los,
  • 1:36 - 1:37
    considerando-os
  • 1:37 - 1:40
    falsos.
  • 1:44 - 1:48
    Quase toda a gente ouve dessa forma.
  • 1:48 - 1:51
    E é por isso que
  • 1:54 - 1:58
    o que ouvimos simplesmente não consegue absorver.
  • 2:00 - 2:04
    "Đế thính", "escuta sem julgamento",
    significa ouvir sem trazer
  • 2:04 - 2:09
    as nossas opiniões e pontos de vista para comparação.
  • 2:10 - 2:12
    Porque essas opiniões e esses pontos de vista
  • 2:12 - 2:15
    são como um muro
  • 2:15 - 2:17
    que impede
  • 2:18 - 2:20
    uma bola de avançar.
  • 2:20 - 2:26
    Como quando alguém atira uma bola contra um muro,
    e o muro a devolve.
  • 2:26 - 2:30
    O muro é incapaz
    de receber a bola.
  • 2:36 - 2:40
    Então, dentro de nós, há um muro.
  • 2:40 - 2:43
    Um muro de opiniões.
    Um muro de pontos de vista.
  • 2:43 - 2:48
    Está sempre ali.
    E sempre que há...
  • 2:48 - 2:51
    algo que os outros nos querem dizer,
  • 2:51 - 2:55
    erguemos esse muro para nos defendermos.
  • 2:55 - 3:00
    E por essa razão,
    não conseguimos absorver o que os outros dizem.
  • 3:01 - 3:04
    Se o que os outros dizem corresponde às nossas opiniões
  • 3:04 - 3:08
    ou aos nossos pontos de vista, dizemos: "Tens razão!"
  • 3:08 - 3:10
    "Tens razão!"
  • 3:12 - 3:16
    Essa frase significa "Eu também tenho razão!"
  • 3:17 - 3:19
    "Tens razão" significa "Eu também estou certo."
  • 3:19 - 3:22
    Eu e tu estamos ambos certos.
  • 3:22 - 3:26
    Mas o facto é que ambos podemos estar completamente errados.
  • 3:27 - 3:32
    E se o que os outros dizem
    não corresponde às nossas opiniões e pontos de vista,
  • 3:32 - 3:37
    imediatamente descartamos,
    dizendo: "Não tens razão. Estás errado!"
  • 3:38 - 3:42
    Porque já erguemos um muro,
    já fizemos uma comparação.
  • 3:43 - 3:47
    E assim, em ambos os casos,
  • 3:47 - 3:50
    não conseguimos absorver nada.
  • 3:50 - 3:53
    Seja ao dizer "Tens razão!"
    ou ao dizer "Estás errado!",
  • 3:53 - 3:58
    em ambos os casos, não conseguimos absorver
    nada do outro.
  • 4:01 - 4:03
    Quase todos nós ouvimos assim.
  • 4:03 - 4:05
    E é por isso que toda a escuta
    não leva a nada.
  • 4:05 - 4:09
    Toda a conversa não leva a nada.
  • 4:15 - 4:20
    "Escuta sem julgamento" significa
    dar ao outro uma oportunidade,
  • 4:20 - 4:25
    dar ao que ouvimos uma oportunidade
    de penetrar no nosso ser.
  • 4:25 - 4:31
    E, por essa razão, criar um espaço
    no nosso coração e na nossa mente — faire le vide.
  • 4:33 - 4:37
    Criar um espaço dentro de nós
  • 4:37 - 4:41
    onde não há opiniões nem pontos de vista,
  • 4:41 - 4:45
    para que o que os outros dizem possa entrar.
  • 4:45 - 4:48
    É como quando se remove um muro,
    de repente há espaço.
  • 4:48 - 4:50
    E a bola
  • 4:50 - 4:52
    pode passar.
  • 4:58 - 5:01
    Quando nos sentamos para ouvir os sutras,
    é a mesma coisa.
  • 5:01 - 5:07
    Devemos permitir que as nossas opiniões e pontos de vista
  • 5:08 - 5:09
    façam uma pausa,
  • 5:09 - 5:11
    tirem férias,
  • 5:15 - 5:19
    para que possamos absorver o verdadeiro significado
    dos sutras.
  • 5:19 - 5:21
    Ouvir os sutras é uma arte.
  • 5:21 - 5:26
    E ouvir os outros quando falam
    também é uma arte.
  • 5:32 - 5:35
    Esvazia-te
  • 5:35 - 5:37
    quando ouves.
  • 5:37 - 5:40
    Faire le vide.
  • 5:42 - 5:44
    É a arte da escuta profunda.
  • 5:44 - 5:50
    Porque cada um de nós
    está cheio de opiniões e pontos de vista.
  • 5:51 - 5:56
    E talvez essas opiniões e
    esses pontos de vista estejam cheios de erros,
  • 5:56 - 5:59
    preconceitos ou estereótipos.
  • 6:04 - 6:09
    Quando o nosso professor nos ensina algo,
  • 6:13 - 6:16
    ou quando o nosso irmão mais velho
    tem algo para partilhar connosco,
  • 6:17 - 6:21
    ou quando a nossa irmã mais velha
    tem algo para partilhar connosco,
  • 6:21 - 6:25
    devemos permitir que isso nos penetre.
  • 6:25 - 6:27
    Mas se nós
  • 6:27 - 6:29
    reagimos imediatamente,
  • 6:29 - 6:34
    isto é, trazemos as nossas perceções
    e experiências passadas para comparação,
  • 6:34 - 6:38
    significa que estamos...
  • 6:39 - 6:41
    a rejeitar bruscamente
  • 6:41 - 6:43
    o que os outros estão a partilhar connosco.
  • 6:43 - 6:46
    Provavelmente porque, por compaixão,
  • 6:46 - 6:50
    eles estão a oferecer-nos isso.
  • 6:54 - 6:59
    Se não tivessem compaixão por nós,
    nunca se dariam ao trabalho de nos dizer isso.
  • 6:59 - 7:02
    Mas porque já estávamos
    preocupados com a nossa própria opinião,
  • 7:02 - 7:08
    trazemos a nossa opinião
    e afastamos o outro.
  • 7:08 - 7:10
    E isso é...
  • 7:10 - 7:12
    uma rejeição brusca.
  • 7:12 - 7:14
    Uma rejeição.
  • 7:14 - 7:17
    Isso...
  • 7:18 - 7:21
    coloca-nos numa grande desvantagem.
  • 7:25 - 7:28
    Uma grande desvantagem.
  • 7:28 - 7:32
    E o outro não pode desempenhar
    o seu papel como professor,
  • 7:32 - 7:36
    como irmão mais velho, como irmã mais velha,
    ou como co-praticante
  • 7:36 - 7:37
    nosso.
  • 7:37 - 7:41
    Porque, qualquer coisa que digam,
    nós sempre a rejeitaremos.
  • 7:41 - 7:42
    Pensamos que já sabemos tudo.
  • 7:42 - 7:44
    Que já temos
    as nossas próprias opiniões sobre isso.
  • 7:44 - 7:47
    Que já estamos certos.
  • 7:52 - 7:56
    Por isso, criar espaço dentro de nós
    é uma grande arte.
  • 7:56 - 7:59
    Esvazia-te.
  • 8:01 - 8:04
    Faire le vide
  • 8:04 - 8:06
    é o que devemos praticar.
  • 8:06 - 8:09
    Quando outra pessoa fala,
    devemos saber ouvir.
  • 8:09 - 8:12
    A "outra pessoa" pode ser o nosso pai,
  • 8:12 - 8:15
    o nosso marido ou companheiro,
  • 8:16 - 8:19
    a nossa esposa ou companheira,
  • 8:19 - 8:21
    pode ser a nossa filha ou filho,
  • 8:21 - 8:23
    o nosso professor ou mentor,
  • 8:23 - 8:26
    o nosso irmão mais novo ou irmã mais nova.
  • 8:26 - 8:30
    E quando essa pessoa fala,
    devemos ter uma atitude muito respeitosa.
  • 8:30 - 8:35
    Devemos criar um espaço
  • 8:39 - 8:43
    para que aquilo que dizem
    tenha a oportunidade de penetrar.
  • 8:43 - 8:46
    O compositor Phạm Duy tem
    uma canção muito engraçada. Ele diz:
  • 8:46 - 8:51
    "Querida, és um espaço vazio
    para o amor preencher.
  • 8:55 - 8:57
    Eu sou um lugar vazio
    para o amor renovar."
  • 8:57 - 9:00
    Porque, se não for "um espaço vazio"
    nem "um lugar vazio",
  • 9:00 - 9:04
    se já estiver completamente ocupado,
    como é possível que algo mais entre?
  • 9:04 - 9:09
    Como uma chávena de chá já cheia,
    como podemos deitar mais chá dentro?
  • 9:09 - 9:10
    Por isso,
  • 9:10 - 9:12
    a chávena de chá precisa de espaço.
  • 9:12 - 9:16
    O mesmo acontece connosco —
    devemos criar espaço dentro de nós
  • 9:16 - 9:20
    quando ouvimos,
    quando vivemos o nosso dia a dia.
  • 9:28 - 9:30
    Portanto, todos nós devemos...
  • 9:30 - 9:34
    devemos aprender e treinar-nos
  • 9:34 - 9:37
    para conseguir alcançar esta atitude,
    para sermos bem-sucedidos na prática deste método.
  • 9:37 - 9:40
    Quando nos sentamos a ouvir,
  • 9:40 - 9:45
    devemos ser capazes de ouvir profundamente.
  • 9:50 - 9:54
    Não devemos trazer logo
    as nossas opiniões...
  • 9:54 - 9:56
    ou os nossos pontos de vista
  • 9:56 - 9:57
    para responder imediatamente.
  • 9:57 - 10:00
    Se o fizermos, nós...
  • 10:00 - 10:04
    rejeitamos aquilo que está a ser dito,
    dito com bondade e compaixão.
  • 10:04 - 10:06
    Ficar em silêncio...
  • 10:06 - 10:12
    Ficar em silêncio e criar espaço,
    para que o que a outra pessoa diz possa penetrar.
  • 10:12 - 10:17
    Mesmo que sintamos fortemente
    que o que ela diz não está correto.
  • 10:18 - 10:19
    Porque, como já temos uma opinião,
  • 10:19 - 10:25
    é claro que sentimos
    que o que ela diz não está correto.
  • 10:32 - 10:37
    Este método, num mosteiro Zen,
    é frequentemente aplicado.
  • 10:38 - 10:43
    Especialmente nas sessões
    de perguntas e respostas entre professores e alunos.
  • 10:45 - 10:47
    Digamos que havia um discípulo
  • 10:47 - 10:51
    que estava muito...
  • 10:51 - 10:55
    muito satisfeito com os seus conhecimentos
    sobre a prática,
  • 10:55 - 10:58
    acreditando que tudo tem
  • 10:58 - 11:00
    natureza de Buda.
  • 11:00 - 11:02
    Uma pessoa tem natureza de Buda.
  • 11:02 - 11:04
    Uma montanha também tem natureza de Buda.
  • 11:04 - 11:07
    Um pássaro também tem natureza de Buda.
  • 11:07 - 11:10
    Um peixe também tem natureza de Buda.
  • 11:11 - 11:16
    Então, um dia, ele foi ao seu professor
    e perguntou:
  • 11:16 - 11:20
    "Querido Thay, um cão tem natureza de Buda?"
  • 11:22 - 11:27
    Esse discípulo tinha tanta certeza
    de que a resposta seria "Sim".
  • 11:28 - 11:31
    Mas afinal, o professor respondeu:
    "Como é que isso é possível?
  • 11:31 - 11:34
    Como pode um cão ter natureza de Buda?"
  • 11:38 - 11:40
    Ele ficou furioso.
  • 11:40 - 11:43
    Mas porque foi o seu professor quem disse isso,
  • 11:43 - 11:45
    ele aceitou por fora,
    mas por dentro sentia-se ressentido.
  • 11:45 - 11:49
    Se fosse outra pessoa a dizê-lo,
    ele teria discutido.
  • 11:49 - 11:52
    Citaria este sutra, aquele sutra,
  • 11:52 - 11:57
    este mestre Zen, aquele mestre Zen,
    para provar que um cão tem natureza de Buda.
  • 11:57 - 12:01
    Mas porque o professor sabia
    que ele estava preso a noções...
  • 12:01 - 12:03
    e teorias, sem realmente praticar,
  • 12:03 - 12:08
    o professor disse: "Não tem natureza de Buda,"
    para o despertar,
  • 12:08 - 12:09
    e...
  • 12:09 - 12:14
    para o fazer refletir sobre
    a sua forma de aprender e praticar.
  • 12:15 - 12:19
    Quando lemos o Sutra do Coração
    (Prajñāpāramitā),
  • 12:19 - 12:21
    e ouvimos o Bodhisattva Avalokiteshvara dizer:
  • 12:21 - 12:25
    "Não há olhos, ouvidos, nariz,
    língua, corpo ou mente."
  • 12:25 - 12:28
    Aceitamos o que foi dito.
  • 12:28 - 12:30
    Mas, no fundo, perguntamos:
    "Como assim, não há olhos?
  • 12:30 - 12:32
    Se não há olhos, como posso ver o meu irmão mais velho?"
  • 12:32 - 12:34
    "Não há nariz?
  • 12:34 - 12:39
    Se não há nariz, como pude sentir, esta manhã,
  • 12:41 - 12:43
    o cheiro do mel?"
  • 12:44 - 12:49
    "Não há língua? Como então,
    esta manhã, soube que o meu muesli era delicioso?"
  • 12:50 - 12:55
    Mas Avalokiteshvara disse:
    "Não há olhos, não há nariz, não há língua, etc."
  • 12:55 - 12:59
    Por isso, no fundo,
    temos uma opinião.
  • 12:59 - 13:04
    E quando alguém expressa
    uma opinião diferente da nossa,
  • 13:04 - 13:06
    pensamos que, de alguma forma,
    ainda não está certa.
  • 13:06 - 13:09
    Mas aqui, como Avalokiteshvara
    tem uma credibilidade imensa,
  • 13:09 - 13:11
    não ousamos levantar-nos
    e discutir com ela.
  • 13:11 - 13:18
    Mas se fosse um irmão ou irmã mais novos
    a dizer o mesmo, não deixaríamos passar.
  • 13:18 - 13:21
    "Nem olhos, ouvidos, nariz, língua, nem iluminação.
  • 13:21 - 13:26
    Nem sofrimento, nem causas do sofrimento,
    nem cessação do sofrimento, nem caminho." É o que está escrito.
  • 13:26 - 13:31
    Então, quando ouvimos algo,
  • 13:33 - 13:37
    devemos dar-lhe uma oportunidade
  • 13:37 - 13:38
    de ser compreendido,
  • 13:38 - 13:42
    de nos darmos a nós próprios
    uma oportunidade de compreendê-lo.
  • 13:47 - 13:51
    Um dia, a Sư Bà (Venerável Monja)
    Đức Viên disse a algumas monjas:
  • 13:51 - 13:57
    "Vocês, monjas, têm um hábito.
    Quando alguém diz algo, vocês..."
  • 13:57 - 13:58
    "vocês..."
  • 13:59 - 14:01
    "vocês arranjam sempre
    uma resposta a condizer."
  • 14:01 - 14:03
    Por exemplo, quando a Sư Bà disse:
  • 14:03 - 14:08
    "Porque é que o arroz que cozeste hoje
    ficou tão empapado, minha querida?"
  • 14:08 - 14:10
    E uma monja respondeu logo:
  • 14:10 - 14:14
    "Querida Sư Bà, porque pus água a mais."
  • 14:14 - 14:17
    Simplesmente arranjaram
    algo para dizer.
  • 14:17 - 14:22
    Toda a gente sabe que
    demasiada água no arroz faz com que fique empapado.
  • 14:22 - 14:23
    Mas é um hábito.
  • 14:23 - 14:26
    Um hábito de querer encontrar
  • 14:26 - 14:29
    imediatamente uma justificação.
  • 14:31 - 14:35
    É 100% culpa nossa, mas
    mesmo assim tentamos defender-nos.
  • 14:35 - 14:37
    E, no entanto,
  • 14:37 - 14:39
    sentimos fortemente que
    não temos culpa,
  • 14:39 - 14:42
    temos muita experiência,
  • 14:42 - 14:43
    temos muitas ideias,
  • 14:43 - 14:47
    temos muitas opiniões
    que adquirimos dos livros.
  • 14:47 - 14:49
    Sempre prontos para...
  • 14:49 - 14:52
    responder.
  • 14:56 - 14:59
    Por isso, na...
  • 15:01 - 15:03
    na formação de boas maneiras,
  • 15:03 - 15:07
    aprendemos que, quando o nosso professor
    nos ensina algo,
  • 15:07 - 15:11
    devemos unir as palmas das mãos,
    ficar em silêncio e absorver.
  • 15:11 - 15:18
    Mesmo quando o que o professor diz
    não condiz com as nossas perceções.
  • 15:19 - 15:21
    Isto...
  • 15:21 - 15:24
    como noviço, antigamente,
    foi algo que aprendi de cor.
  • 15:24 - 15:27
    Neste momento, talvez não achemos
    que o nosso professor tem razão.
  • 15:27 - 15:30
    Mas, passados três ou quatro dias,
    podemos perceber:
  • 15:30 - 15:34
    "Bem, afinal, havia verdade
    no que ele/a disse."
  • 15:34 - 15:36
    Às vezes, não são dois ou três dias.
  • 15:36 - 15:41
    Às vezes, podem ser dois ou três anos
    até percebermos que o professor tem razão.
  • 15:42 - 15:45
    Se usarmos as nossas visões e noções
  • 15:45 - 15:48
    para confrontar diretamente
    o que o professor está a dizer,
  • 15:48 - 15:49
    como...
  • 15:49 - 15:52
    como é que isso vai funcionar?
  • 15:52 - 15:55
    Não precisamos do professor.
  • 15:55 - 15:57
    Não precisamos da sangha.
  • 15:57 - 15:59
    O professor está ali
    e a sangha está ali
  • 15:59 - 16:04
    para iluminar os nossos pontos fortes
    e fracos, e para nos orientar.
  • 16:04 - 16:07
    Mas se confiamos tanto
    na nossa inteligência,
  • 16:07 - 16:10
    se temos tanta certeza
    sobre as nossas perceções,
  • 16:10 - 16:14
    então já não precisamos do professor,
    já não precisamos da sangha.
  • 16:14 - 16:18
    E, por essa razão, devemos aprender
  • 16:18 - 16:21
    a criar um espaço dentro de nós.
  • 16:21 - 16:25
    Fazemo-lo para nosso próprio bem.
  • 16:26 - 16:31
    Para que não nos tornemos ingratos
    pela compaixão do nosso professor e da nossa sangha.
  • 16:31 - 16:34
    Treinemo-nos para não responder de imediato.
  • 16:34 - 16:37
    Não falar logo de volta.
  • 16:38 - 16:45
    Encontrar formas de "empurrar"
    as nossas opiniões pessoais para baixo,
  • 16:45 - 16:49
    para que o que o professor
    e a sangha dizem possa entrar.
  • 16:49 - 16:52
    Depois, caminhar em meditação,
  • 16:52 - 16:57
    ou sentar-se em meditação, ou fazer
    o que for necessário para ver...
  • 17:01 - 17:04
    as perceções
  • 17:04 - 17:06
    e a experiência prática
  • 17:07 - 17:09
    contidas no que ouvimos...
  • 17:09 - 17:12
    no que acabámos de ouvir.
  • 17:21 - 17:23
    Quando estudamos os sutras,
    acontece o mesmo.
  • 17:25 - 17:30
    Também temos as nossas próprias opiniões,
    também temos as nossas próprias ideias sobre os ensinamentos.
  • 17:30 - 17:34
    Se lermos os sutras
    com uma mente comparativa,
  • 17:34 - 17:37
    não conseguiremos absorver
    os verdadeiros significados dos sutras.
  • 17:37 - 17:41
    Devemos reservar um espaço dentro de nós
    para que...
  • 17:41 - 17:44
    os verdadeiros significados dos sutras
    possam...
  • 17:44 - 17:47
    vir à luz.
  • 17:51 - 17:54
    Muitos leem sutras contigo.
  • 17:54 - 17:58
    Mas alguns continuam a lê-los e relê-los,
    sem verem nada de novo neles.
  • 17:58 - 18:01
    Sem verem nada...
  • 18:01 - 18:02
    Sem verem nada...
  • 18:02 - 18:05
    estranho neles.
  • 18:05 - 18:07
    Sem verem nada...
  • 18:07 - 18:08
    especial neles.
  • 18:08 - 18:10
    Mas para alguns, ao lerem os sutras,
  • 18:10 - 18:13
    essas coisas novas, estranhas, especiais
  • 18:13 - 18:17
    explodem como flores a abrir, porque
    os leem com os olhos da...
  • 18:17 - 18:20
    liberdade.
  • 18:20 - 18:24
    Com o coração da liberdade.
  • 18:24 - 18:26
    Sem...
  • 18:26 - 18:27
    sem estarem transbordantes
  • 18:27 - 18:32
    de experiências passadas ou
    de preconceitos e estereótipos.
  • 18:32 - 18:35
    Por isso, esvazia-te.
  • 18:37 - 18:40
    Faire le vide.
  • 18:40 - 18:42
    Bem,
  • 18:42 - 18:44
    cria um espaço.
  • 18:44 - 18:47
    É uma grande arte.
  • 18:47 - 18:49
    Quando vamos...
  • 18:49 - 18:54
    Quando vamos à bomba da Essence
  • 18:56 - 19:01
    para comprar gasolina, costumamos dizer:
    "Faire le plein."
  • 19:02 - 19:06
    Mas agora temos de dizer o contrário.
    Devemos dizer: "Faire le vide."
  • 19:09 - 19:11
    Em vez de dizermos: "Encha até cima,"
  • 19:11 - 19:14
    dizemos: "Esvazie."
  • 19:14 - 19:17
    Essa é a arte que estamos a dominar.
  • 19:21 - 19:23
    Temos de garantir que conseguimos fazê-lo.
  • 19:23 - 19:28
    Só o Budismo ensina este tema
    até ao último detalhe.
  • 19:28 - 19:30
    Porque nós...
  • 19:30 - 19:31
    travamos guerras uns contra os outros,
  • 19:31 - 19:34
    matamo-nos uns aos outros, lutamos uns com os outros,
    e ferimo-nos uns aos outros,...
  • 19:34 - 19:37
    tudo por causa disto.
  • 19:37 - 19:40
    Se soubermos ouvir profundamente,
    se soubermos criar espaço dentro de nós,
  • 19:40 - 19:42
    teremos uma boa oportunidade
  • 19:42 - 19:46
    de construir paz e humanidade
  • 19:46 - 19:51
    entre nós, e entre diferentes povos.
  • 19:54 - 19:57
    Isto deve ser posto em prática
    no nosso dia a dia.
  • 19:57 - 20:01
    Devemos aprender a ouvir e a falar.
  • 20:01 - 20:04
    Falar apenas quando...
  • 20:04 - 20:08
    sentirmos que é absolutamente necessário falar.
  • 20:09 - 20:12
    Sempre que abrimos a boca,
    deve haver uma razão muito válida
  • 20:12 - 20:14
    para falar.
  • 20:14 - 20:16
    Por exemplo, porque ajuda
    a outra pessoa.
  • 20:16 - 20:18
    E quando a outra pessoa fala,
    devemos aprender a ouvir
  • 20:18 - 20:20
    com o máximo...
  • 20:20 - 20:22
    cuidado e respeito.
  • 20:40 - 20:43
    Temos o termo "thanh văn,"
  • 20:43 - 20:46
    que significa "ouvir...
  • 20:47 - 20:49
    ouvir sons."
  • 20:49 - 20:52
    Em sânscrito, é "Śrāvaka."
  • 20:55 - 20:58
    "Śrāvaka" significa "discípulos" do Buda.
  • 20:58 - 20:59
    Eles seguem o Buda
  • 20:59 - 21:05
    para ouvir os ensinamentos
    e instruções do Buda, e para aprender.
  • 21:05 - 21:07
    Isso é "thanh văn."
  • 21:07 - 21:10
    Podemos traduzi-lo como "estudantes."
  • 21:11 - 21:14
    "Ouvintes." "Estudantes."
  • 21:14 - 21:16
    "Aprendizes."
  • 21:23 - 21:25
    Para que serve a escuta?
  • 21:25 - 21:28
    Em primeiro lugar, ouvimos para ver claramente
  • 21:28 - 21:32
    os estados do nosso corpo e da nossa mente.
  • 21:32 - 21:35
    No nosso corpo, que...
  • 21:35 - 21:37
    doenças temos?
  • 21:37 - 21:39
    E na nossa mente,
    que doenças temos?
  • 21:39 - 21:41
    Que fraquezas
  • 21:41 - 21:42
    temos
  • 21:42 - 21:46
    que precisamos compreender
    e treinar para transformar?
  • 21:47 - 21:49
    E quando ouvimos,
    devemos fazê-lo com...
  • 21:49 - 21:52
    uma mente humilde e curiosa.
  • 21:52 - 21:55
    Devemos unir as palmas
    das mãos assim ao ouvir.
  • 21:55 - 21:58
    Mas, depois de muito tempo,
    cansamo-nos e não temos escolha senão baixá-las.
  • 21:58 - 22:02
    Mas o nosso coração e a nossa mente
    devem estar "reunidos" enquanto escutamos.
  • 22:04 - 22:07
    Digamos que vamos ao médico
  • 22:07 - 22:11
    para que ele ouça o nosso corpo,
    para que ele nos examine e avalie.
  • 22:11 - 22:16
    Para que ele nos diga
    o que está anormal no nosso corpo.
  • 22:18 - 22:20
    Afinal, vamos a ele e pagamos-lhe
  • 22:20 - 22:23
    para que nos ouça, certo?
    Para que nos ouça e responda à pergunta:
  • 22:23 - 22:26
    "O que está errado no seu corpo?"
  • 22:26 - 22:29
    Precisamos realmente que o médico nos diga
  • 22:29 - 22:31
    como está o nosso coração,
  • 22:31 - 22:32
    como estão os nossos pulmões,
  • 22:32 - 22:33
    como está o nosso estômago,
  • 22:33 - 22:36
    como está o nosso sangue,
  • 22:39 - 22:41
    e como estão os nossos intestinos,
    delgado e grosso.
  • 22:41 - 22:44
    Queremos saber as verdades.
  • 22:44 - 22:50
    E o médico pode dizer: "O seu intestino grosso
  • 22:50 - 22:51
    está inflamado.
  • 22:51 - 22:54
    E os seus pulmões têm bactérias de tuberculose."
  • 22:54 - 22:57
    Ao ouvir isso,
  • 22:57 - 22:58
    bem...
  • 22:59 - 23:00
    bem...
  • 23:02 - 23:03
    ficamos a conhecer a verdade.
  • 23:03 - 23:06
    E dizemos a nós mesmos:
    "Quanto ao intestino grosso, tenho de garantir
  • 23:06 - 23:09
    que receba tratamento para que a inflamação passe.
  • 23:09 - 23:13
    E quanto às bactérias de tuberculose nos pulmões,
  • 23:13 - 23:15
    tenho de garantir que elas deixem de estar lá."
  • 23:15 - 23:17
    Não ficamos zangados, dizendo:
  • 23:17 - 23:20
    "Os meus pulmões não têm nada de errado.
    Como ousa dizer que têm tuberculose?"
  • 23:20 - 23:25
    "O meu intestino grosso não tem nada de errado.
    Como ousa dizer que está inflamado?"
  • 23:25 - 23:28
    "Está a gozar comigo?"
  • 23:31 - 23:33
    O médico, literalmente,
    não tem intenção alguma de nos ridicularizar.
  • 23:33 - 23:35
    O médico apenas quer
  • 23:35 - 23:39
    mostrar-nos a verdade sobre o nosso corpo.
  • 23:39 - 23:43
    Para que, juntos, possamos focar-nos
    no tratamento e cura dessas doenças.
  • 23:43 - 23:46
    Duas pessoas a cuidar da mesma questão.
  • 23:52 - 23:54
    O mesmo acontece num centro
    de prática de mindfulness ou num mosteiro.
  • 23:54 - 23:57
    Lá, o professor e a sangha
  • 23:57 - 24:00
    ajudam-nos a ver
  • 24:00 - 24:03
    o que ainda não está perfeito na nossa mente.
  • 24:03 - 24:07
    Por exemplo, temos apego,
  • 24:07 - 24:11
    temos desejo cego e um estado
    de nos afundarmos nele, temos raiva,
  • 24:11 - 24:13
    ou temos ressentimento acumulado.
  • 24:13 - 24:15
    O nosso professor e os irmãos mais velhos
    na sangha podem dizer:
  • 24:15 - 24:17
    "Querido/a, tens raiva.
  • 24:17 - 24:18
    Tens ressentimento.
  • 24:18 - 24:19
    Tens apego."
  • 24:19 - 24:24
    Dizer isso não significa
    que estão a gozar connosco.
  • 24:24 - 24:26
    Ou a insultar-nos.
  • 24:26 - 24:28
    Apenas nos mostram
  • 24:28 - 24:31
    as nossas falhas...
  • 24:31 - 24:33
    em termos da mente
  • 24:33 - 24:35
    para que possamos praticar
    e treinar para as transformar.
  • 24:35 - 24:41
    Precisamos de remédios para a mente
    da mesma forma que precisamos de remédios para o corpo.
  • 24:41 - 24:43
    Devemos juntar as mãos e ouvir
    tudo o que têm a dizer
  • 24:43 - 24:46
    com toda a nossa...
  • 24:46 - 24:47
    gratidão
  • 24:47 - 24:50
    para que isto funcione.
  • 24:50 - 24:52
    Porque aqueles que nos iluminam
  • 24:52 - 24:54
    falam
  • 24:54 - 24:56
    com muito amor e compaixão
  • 24:56 - 24:58
    e realmente desejam
    que possamos ser tratados e curados.
  • 24:58 - 25:02
    Não é que queiram
    zombar ou insultar-nos.
  • 25:07 - 25:09
    É disso que se trata "iluminar".
  • 25:09 - 25:12
    Quando toda a sangha se reúne
    para nos iluminar,
  • 25:12 - 25:13
    oferecendo orientação,
  • 25:13 - 25:16
    é para que possamos...
  • 25:16 - 25:18
    praticar e transformar
  • 25:18 - 25:19
    de forma frutífera.
  • 25:19 - 25:21
    Não se reúnem
  • 25:21 - 25:25
    para desabafar mágoas,
  • 25:27 - 25:31
    para condenar ou ridicularizar-nos.
  • 25:33 - 25:36
    E devemos ir à sangha
    e ao professor
  • 25:36 - 25:40
    com a mente de um doente
    que procura a ajuda de um médico,
  • 25:40 - 25:45
    pedindo humildemente ao médico
    que lhe mostre o que está...
  • 25:45 - 25:49
    errado no corpo,
    e o que está errado na mente.
  • 25:49 - 25:53
    E pedindo humildemente
    as "portas do Dharma" ou os remédios
  • 25:53 - 25:56
    que sejam eficazes em...
  • 25:56 - 25:59
    tratá-los e curá-los.
  • 26:00 - 26:07
    E o Buda foi muitas vezes
    elogiado como um médico.
  • 26:09 - 26:14
    Foi elogiado como o rei de todos os médicos,
    "O Grande Médico."
  • 26:14 - 26:19
    Porque o Buda consegue
    ver todas as doenças
  • 26:20 - 26:22
    da humanidade.
  • 26:22 - 26:29
    E o Buda ofereceu-nos muitas
    portas do Dharma para tratar e curar essas doenças.
  • 26:30 - 26:35
    E porque ele é o melhor
    de todos os médicos
  • 26:35 - 26:36
    do mundo,
  • 26:36 - 26:39
    chamamo-lo o rei de todos os médicos.
  • 26:39 - 26:41
    O Grande Médico.
  • 26:45 - 26:50
    Como estudantes do Buda,
    também devemos obter esse diploma em medicina,
  • 26:50 - 26:52
    para que possamos tratar
    e curar a nós mesmos,
  • 26:52 - 26:56
    para que possamos tratar
    e curar aqueles que amamos.
  • 26:57 - 27:01
    Temos de ter os olhos
    de um olhar profundo para ver
  • 27:01 - 27:03
    o que está anormal
  • 27:03 - 27:06
    no corpo e na mente
    da outra pessoa.
  • 27:06 - 27:09
    Depois, apresentamos
    recomendações específicas.
  • 27:09 - 27:13
    Portanto, a porta do Dharma
    de "iluminação" da Plum Village
  • 27:15 - 27:18
    é para
  • 27:18 - 27:21
    sugerir passos muito específicos
  • 27:21 - 27:24
    para que aqueles que recebem
    a luz possam segui-los
  • 27:24 - 27:27
    e alcançar transformação e cura,
  • 27:27 - 27:30
    trazendo alegria e felicidade
    à sangha.
Title:
Empty Yourself! Creating Space Inside | Thich Nhat Hanh (EN subtitles)
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English
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27:31

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