Podemos parar de envelhecer? | Andrei Gudkov | TEDxMorristown
-
0:13 - 0:15Hoje, neste país,
-
0:15 - 0:20não há pessoas nascidas no século 19.
-
0:21 - 0:23Já não existem tais pessoas,
-
0:23 - 0:27não apenas aqui, mas provavelmente
em todo o planeta. -
0:28 - 0:31A razão é óbvia, todas morreram.
-
0:32 - 0:34As que morreram de doença,
-
0:34 - 0:38costumamos dizer que se foram
de forma prematura. -
0:38 - 0:42Ou seja, as que faleceram
de envelhecimento -
0:44 - 0:46se foram na hora certa.
-
0:46 - 0:47(Risos)
-
0:48 - 0:53Aqui vocês veem
a programação normal da vida, -
0:53 - 0:56que consiste em dois períodos
-
0:56 - 0:59nos quais nos desenvolvemos
e atingimos a idade reprodutiva, -
0:59 - 1:03e então inevitavelmente começa
o declínio de todas as nossas funções, -
1:04 - 1:06nos debilitamos e, finalmente, morremos.
-
1:06 - 1:11Esse é o melhor cenário hoje em dia.
-
1:11 - 1:13Não sei quanto a vocês,
-
1:13 - 1:17mas acho esse cenário muito deprimente.
-
1:20 - 1:22O mistério do envelhecimento,
-
1:22 - 1:25da morte por envelhecimento
e a limitação de nossa longevidade -
1:27 - 1:29está em nossos pensamentos desde sempre.
-
1:29 - 1:32Os contos de fada do passado
-
1:32 - 1:38estão cheios de receitas
de rejuvenescimento. -
1:38 - 1:42Esta é uma pintura famosa
-
1:42 - 1:47de Lucas Cranach, o Velho,
"A Fonte da Juventude", -
1:47 - 1:50na qual se vê uma dessas receitas.
-
1:50 - 1:52O interessante é que essa imagem,
-
1:52 - 1:58do século 16, foi pintada numa época
em que a grande maioria das pessoas -
1:58 - 2:02nunca chegava a envelhecer
porque morria de doenças infecciosas: -
2:02 - 2:05cólera, peste, varíola, sífilis.
-
2:06 - 2:11Entretanto, o envelhecimento
já era reconhecido como um mistério. -
2:14 - 2:17O que podemos fazer hoje em dia?
-
2:17 - 2:19Será que a medicina,
-
2:19 - 2:24que encontrou a cura para várias doenças
nos últimos 100 anos, -
2:24 - 2:27também fez algo pelo envelhecimento?
-
2:27 - 2:30É evidente que na época de Lucas Cranach,
-
2:30 - 2:34envelhecimento e doenças infecciosas
estavam claramente separados -
2:34 - 2:37porque a peste atacava a todos,
-
2:37 - 2:42sem diferenciar crianças ou idosos.
-
2:42 - 2:48Porém, depois que passamos a tratar
doenças infecciosas com antibióticos, -
2:48 - 2:49chegamos a uma época
-
2:49 - 2:52em que as pessoas começaram a morrer
de câncer e doenças cardiovasculares, -
2:52 - 2:55doenças claramente relacionadas à idade.
-
2:56 - 2:59Portanto, seria de se esperar...
-
2:59 - 3:02Há 100 anos, quando ainda
não tínhamos antibióticos, -
3:03 - 3:07e nesse caminho do nascimento à morte
-
3:07 - 3:11perdíamos muitas pessoas
para doenças infecciosas, -
3:11 - 3:14esperava-se que 100 anos mais tarde,
a situação mudaria. -
3:14 - 3:16E mudou mesmo.
-
3:16 - 3:18Sabemos que existem enormes
diferenças demográficas -
3:18 - 3:21entre nossa sociedade e a daquela época.
-
3:21 - 3:25Mais pessoas vivem
até uma idade muito avançada -
3:25 - 3:28devido ao sucesso de nossos tratamentos,
-
3:28 - 3:30primeiro, contra doenças infecciosas,
-
3:30 - 3:32e depois, contra câncer
e doenças cardiovasculares. -
3:32 - 3:36Agora, quando celebramos
esse triunfo da medicina, -
3:37 - 3:41também podemos comemorar o triunfo
sobre o envelhecimento? -
3:41 - 3:46Intuitivamente pensamos
que se a vida média da população -
3:46 - 3:48em países civilizados,
durante os últimos 100 anos, -
3:48 - 3:54aumentou mais de 25 anos
em relação à geração anterior, -
3:55 - 3:56espera-se intuitivamente
-
3:56 - 4:00que isso afete também
a longevidade máxima. -
4:00 - 4:03Infelizmente a resposta
parece ser bem diferente. -
4:03 - 4:05Porque se observarmos o que aconteceria
-
4:05 - 4:10com as pessoas que chegam
aos 90 ou 100 anos hoje, -
4:10 - 4:14nenhuma atingiria 120 anos.
-
4:15 - 4:21Recentemente, a pessoa mais idosa
deste país morreu com 114 anos -
4:21 - 4:27e a pessoa mais idosa já registrada
no planeta morreu aos 122 anos. -
4:28 - 4:31Isso significa que algo misterioso
está acontecendo -
4:31 - 4:34na última parte de nossa vida.
-
4:35 - 4:39E por mais saudáveis que estejamos
ao chegarmos nesse ponto, -
4:39 - 4:42nosso destino, na verdade,
já está predeterminado: -
4:42 - 4:45vamos morrer de crescente debilidade.
-
4:45 - 4:48E todas as conquistas da medicina,
-
4:48 - 4:53toda nossa capacidade de tratar doenças
e nos recuperamos delas -
4:53 - 4:55não mudaram isso em nada.
-
4:56 - 4:58Na verdade, isso é muito importante:
-
4:58 - 5:03há algo que chamei
de "precipício do envelhecimento", -
5:03 - 5:06um declínio muito acentuado da nossa saúde
-
5:06 - 5:12que ocorre depois dos 90 anos
e conduz à morte inevitável, -
5:12 - 5:15mesmo nas pessoas mais saudáveis,
com poucas doenças. -
5:16 - 5:20Portanto, aquela parada
brusca em nossa vida, -
5:20 - 5:24que nunca poderia durar mais de 120 anos,
-
5:25 - 5:27e tudo isso quer dizer
-
5:27 - 5:31que existe algum mecanismo misterioso
fazendo tique-taque dentro de nós, -
5:31 - 5:33que podemos chamar de "relógio da vida",
-
5:33 - 5:39que determina nossa real capacidade
de viver o maior tempo possível. -
5:39 - 5:41E parece ser um mecanismo
específico da espécie -
5:41 - 5:43porque, como sabemos,
-
5:43 - 5:48toda espécie, além dos humanos,
-
5:48 - 5:54tem um tempo de vida muito claro
que ela nunca pode ultrapassar. -
5:55 - 5:58Sabemos disso principalmente por causa
de nossos animais de estimação. -
5:58 - 6:00Então, podemos ter esperanças?
-
6:01 - 6:03Nosso senso comum diz que não,
-
6:03 - 6:07porque durante nossa vida,
não vimos um único exemplo -
6:07 - 6:11de alguém que não envelhecesse
e vivesse o dobro do tempo, -
6:11 - 6:15pelo menos duas vezes mais que os outros.
-
6:15 - 6:17Não vemos isso em humanos,
nem animais de estimação. -
6:18 - 6:21Vemos em não mamíferos apenas.
-
6:21 - 6:23Mas há esperança.
-
6:23 - 6:27E ela vem dessas criaturas interessantes.
-
6:28 - 6:30Não as vemos todo dia
-
6:30 - 6:32porque vivem nos subterrâneos
de países quentes. -
6:33 - 6:35São roedores típicos.
-
6:35 - 6:40Têm o tamanho de ratos ou camundongos,
e genética muito similar, -
6:40 - 6:45mas a diferença fundamental
é que vivem até dez vezes mais -
6:45 - 6:48que seus vizinhos de gênero.
-
6:48 - 6:52Por exemplo, esta criatura no alto
vive dez vezes mais que um camundongo -
6:52 - 6:54e morre sem debilidades.
-
6:54 - 6:57Essas criaturas também
nunca desenvolvem câncer. -
6:57 - 6:59São os animais dos sonhos.
-
7:00 - 7:03Frequentemente ouço o comentário:
-
7:03 - 7:08"Se o preço pela longevidade
for ter uma aparência tão feia, -
7:08 - 7:09(Risos)
-
7:09 - 7:12não tenho certeza se quero".
-
7:13 - 7:15Geralmente penso:
-
7:15 - 7:17"Se ficarmos nus,
-
7:17 - 7:20não seremos muito atraentes também".
-
7:20 - 7:22(Risos)
-
7:24 - 7:27O que é importante sobre essas criaturas?
-
7:27 - 7:30Elas são exemplos inspiradores
-
7:30 - 7:34de que, tecnicamente, mamíferos
podem viver muito mais -
7:34 - 7:37e sem debilidades.
-
7:37 - 7:41Elas nos inspiram a pensar
-
7:41 - 7:46que o envelhecimento
não é uma lei inquebrável da natureza -
7:46 - 7:51e não é mais um exemplo
de "perpetuum mobile", -
7:51 - 7:53que, como sabemos, é impossível construir.
-
7:54 - 7:58Porque essas duas criaturas
são, até certo ponto, "perpetuum mobile". -
7:58 - 8:01O que a ciência nos mostra
-
8:01 - 8:06sobre esse período de declínio,
de envelhecimento? -
8:06 - 8:09O que sabemos hoje sobre esse processo,
-
8:09 - 8:12e o que podemos fazer
com esse conhecimento? -
8:13 - 8:15Cerca de 100 anos atrás,
-
8:16 - 8:19um dos primeiros ganhadores
do Prêmio Nobel de Medicina, -
8:19 - 8:22Ilya Mechnikov, em 1903,
-
8:22 - 8:27teve a ideia de que o envelhecimento
se assemelhava ao envenenamento. -
8:27 - 8:30Acho que podemos
aceitar isso intuitivamente, -
8:30 - 8:33porque todos conhecemos
exemplos deprimentes -
8:33 - 8:36de pessoas que estão envelhecendo
prematuramente e morrendo, -
8:36 - 8:40que são viciadas em drogas
ou estão se envenenando com álcool. -
8:42 - 8:46Ele pensava na possível origem
desse envenenamento -
8:46 - 8:51e tinha a ideia de que vinha
da microflora natural, -
8:52 - 8:56que muda com a idade
e ganha algum microrganismo tóxico -
8:56 - 9:00que começa a nos envenenar
com produtos de sua secreção. -
9:00 - 9:02Infelizmente ele estava errado,
-
9:02 - 9:07mas a ciência atual não foi
muito além conceitualmente, -
9:07 - 9:12porque hoje, a esperança
nessa teoria de envenenamento -
9:12 - 9:18está nestas células que aparecem aqui,
por trás de outras células, em azul. -
9:18 - 9:20Demos a elas o nome
de "células senescentes". -
9:20 - 9:26Elas não existem em nosso corpo
ou no de animais na juventude, -
9:26 - 9:31mas se acumulam em grande número
nos tecidos à medida que envelhecemos. -
9:32 - 9:36Células senescentes têm uma série
de diferenças em relação às normais. -
9:36 - 9:38Sua aparência é diferente
sob o microscópio, -
9:38 - 9:44mas o mais importante, elas secretam
uma série de fatores bioativos -
9:44 - 9:47que criam inflamação em torno delas.
-
9:48 - 9:52Como o envelhecimento no nível fisiológico
-
9:52 - 9:57está associado à inflamação sistêmica
de origem desconhecida, -
9:58 - 10:00surgiu a ideia de que talvez
devêssemos vincular -
10:00 - 10:03a aquisição e acúmulo dessas células
-
10:03 - 10:08ao envenenamento
pelos fatores secretados por elas. -
10:08 - 10:12Essa ideia foi apoiada
por vários trabalhos acadêmicos -
10:12 - 10:17e recentemente tornou-se a teoria
mais popular sobre envelhecimento. -
10:17 - 10:24Há vários laboratórios no mundo
tentando criar drogas -
10:24 - 10:30que matem apenas células senescentes,
sem tocar nas outras -
10:30 - 10:35e, com isso, interromper
o processo de fragilização, -
10:35 - 10:40agregando rejuvenescimento
e uma boa perspectiva de vida. -
10:40 - 10:43Posso dizer que já existem vários artigos
-
10:43 - 10:46publicados em revistas
de grande visibilidade -
10:46 - 10:50descrevendo a pesquisa
de diferentes compostos senolíticos -
10:50 - 10:52que dividiram opiniões.
-
10:52 - 10:54Por um lado, vemos claramente
-
10:54 - 10:57que animais tratados
contra células senescentes -
10:57 - 11:00tiveram sua qualidade de vida melhorada.
-
11:00 - 11:05No entanto, sua longevidade
não se estendeu muito, -
11:05 - 11:07não mais do que cerca de 20%.
-
11:07 - 11:09Não é uma revolução,
-
11:09 - 11:13embora sintamos que estamos
no caminho certo, -
11:13 - 11:16mas algo não está certo.
-
11:16 - 11:18E, de fato,
-
11:18 - 11:23suspeitamos que no momento
em que pararmos o tratamento, -
11:23 - 11:30as células senescentes voltarão
e continuarão sua atividade danosa, -
11:30 - 11:34e voltaremos a caminhar
para a zona cinzenta. -
11:37 - 11:40O que pode ser feito se realmente
estivermos no caminho certo -
11:40 - 11:44e já tivermos um bom intermediário
como alvo potencial -
11:44 - 11:46para intervenção terapêutica?
-
11:46 - 11:49Talvez precisemos só pensar um pouco mais.
-
11:49 - 11:55Quando lidamos com, por exemplo,
terrorismo internacional, -
11:55 - 12:01podemos impedir que terroristas explodam
seus cinturões com dinamites, por exemplo. -
12:01 - 12:03Mas isso acabaria com o terrorismo?
-
12:03 - 12:07Não, é preciso lidar
com o sistema que os cria, -
12:07 - 12:11treina, recruta e equipa.
-
12:12 - 12:14Células senescentes
surgem de alguma coisa. -
12:14 - 12:18A esperança é que quando
encontrarmos essa "coisa" -
12:18 - 12:20que cria células senescentes
em nosso corpo, -
12:20 - 12:25isso nos dará o conhecimento
de como lidar com elas. -
12:25 - 12:28Essa não é a caixa preta, mas azul,
-
12:28 - 12:32que até recentemente
era um mistério para mim. -
12:32 - 12:35Agora vou compartilhar
o que encontramos nela -
12:35 - 12:40e espero que, com isso,
possamos nos aproximar da solução, -
12:40 - 12:44porque células senescentes,
conforme aprendemos em nossos estudos, -
12:44 - 12:50são apenas a ponta do iceberg,
apenas um dos tipos de células -
12:50 - 12:55que são danificadas durante a vida,
se acumulam e começam a nos envenenar. -
12:55 - 13:00Elas são melhores vistas como
biomarcadores de envelhecimento -
13:00 - 13:03e não como alvos finais.
-
13:03 - 13:09Isso significa que precisamos encontrar
esse "mecanismo de produção de lixo" -
13:09 - 13:11e fazê-lo parar de produzir.
-
13:11 - 13:14O que sabemos sobre esse mecanismo?
-
13:15 - 13:19A esperança é que ao encontrá-lo,
decifraremos a origem -
13:19 - 13:24do precipício do envelhecimento
e poderemos fazer algo a respeito. -
13:24 - 13:28Acreditamos que o relógio
possa estar escondido nessa caixa. -
13:28 - 13:30Como chegar até esse relógio?
-
13:30 - 13:35Vocês podem perguntar: "O que
transforma as células em senescentes?" -
13:35 - 13:41Hoje sabemos que é o dano em seu DNA.
-
13:42 - 13:45Então dizemos: "Ah, é muito simples".
-
13:45 - 13:47Como o DNA é danificado?
-
13:47 - 13:50Pela luz ultravioleta?
-
13:50 - 13:52Radiação gama?
-
13:52 - 13:55Carcinógenos do cigarro?
-
13:55 - 13:56Álcool?
-
13:56 - 13:59Porque isso tudo cria espécies reativas
de oxigênio e assim por diante. -
13:59 - 14:03Então vamos mudar os hábitos
e estaremos seguros. -
14:04 - 14:07Mas sabemos que o que quer
que façamos com nossos hábitos, -
14:07 - 14:12só aumentaremos a chance de chegar
ao precipício relativamente saudáveis, -
14:12 - 14:15mas não conseguiremos movê-lo.
-
14:15 - 14:17A prova está nos ratos.
-
14:17 - 14:20Hoje, os ratos neste país
vivem em condições -
14:20 - 14:23muito mais saudáveis que as nossas,
-
14:23 - 14:25porque os estamos forçando a fazer isso,
-
14:25 - 14:28embora seja provável
que não o fizessem sozinhos. -
14:28 - 14:31Vocês acham que eles vivem mais?
-
14:31 - 14:32Na verdade, não.
-
14:32 - 14:34Claro, eles não morrem
de doenças infecciosas, -
14:34 - 14:37mas passam pelo mesmo processo,
-
14:37 - 14:43ou seja, levar uma vida saudável
é algo bom a se fazer, -
14:43 - 14:46mas não pensem que isso
vai nos permitir uma vida longa, -
14:46 - 14:49só vai nos fazer morrer mais saudáveis.
-
14:49 - 14:50(Risos)
-
14:50 - 14:53(Aplausos)
-
14:55 - 14:58Qual é a origem desse misterioso relógio?
-
14:58 - 14:59Qual é sua natureza?
-
14:59 - 15:02Vocês se lembram
que Mechnikov teve a ideia -
15:02 - 15:03de que parasitas são os culpados?
-
15:03 - 15:05Uma ideia brilhante.
-
15:05 - 15:07Diria que ele estava absolutamente certo.
-
15:07 - 15:09O problema é que naquela época,
-
15:09 - 15:11ele conhecia apenas
uma fonte de parasitas: -
15:11 - 15:12as bactérias em nossos intestinos.
-
15:12 - 15:15Mas não sabia que os parasitas
são muito mais abundantes -
15:15 - 15:19e intimamente envolvidos
em nossa estrutura e vida -
15:19 - 15:22porque fazem parte do nosso próprio DNA.
-
15:23 - 15:25Sabemos disso há 50 anos,
-
15:25 - 15:29mas só hoje começamos a entender
o que esses parasitas fazem. -
15:30 - 15:36O problema é que entre 65
e 100 milhões de anos atrás, -
15:36 - 15:41época em que os dinossauros morreram
repentinamente, foram extintos, -
15:41 - 15:47e a era dos dinossauros mudou
para a nossa era, dos mamíferos, -
15:48 - 15:53foi o período em que apareceram os vírus
-
15:53 - 15:57de certos tipos, não registrados antes,
-
15:57 - 16:00que na verdade eram pedaços de DNA
-
16:00 - 16:05que começaram a invadir
o DNA de nossos ancestrais -
16:05 - 16:09e a se multiplicar, criando
inúmeras cópias novas, -
16:09 - 16:14destruindo genes,
mudando seu nível de atividade -
16:15 - 16:19e matando muitos indivíduos,
-
16:19 - 16:21provavelmente levando
a extinções em massa. -
16:21 - 16:23Não ficaria surpreso se um dia provarmos
-
16:23 - 16:26que os dinossauros morreram
de alguma doença em particular. -
16:26 - 16:29Sabemos disso porque, pensem nisso:
-
16:29 - 16:34quase 50% do comprimento
do nosso DNA consiste nesses vírus. -
16:34 - 16:36A maioria está morta.
-
16:36 - 16:41O DNA é tão antigo que sofreu
mutações que os mataram. -
16:42 - 16:46Até recentemente achávamos
que nosso genoma -
16:46 - 16:52era um cemitério de vírus
que, há cerca de 65 milhões de anos, -
16:52 - 16:58foram a principal fonte de extinção
de mamíferos e vertebrados deste planeta. -
16:59 - 17:02Somos os sobreviventes sortudos
-
17:02 - 17:06que mantiveram esses vírus
em um lugar seguro, no nosso genoma, -
17:06 - 17:09no qual felizmente não causaram mal algum.
-
17:09 - 17:13Mas parece que estávamos errados.
-
17:13 - 17:16Descobrimos que alguns deles,
-
17:16 - 17:20e se pensarmos sobre o número
de cópias desses vírus, -
17:20 - 17:23milhões delas em nosso DNA,
-
17:24 - 17:28várias dezenas desses vírus
estão na verdade vivos -
17:28 - 17:30e apenas profundamente adormecidos.
-
17:30 - 17:32Mas eles podem ser despertados
-
17:32 - 17:36e a probabilidade de acordarem
e começarem a se multiplicar -
17:37 - 17:41parece ser determinada
pelo mecanismo específico da espécie. -
17:41 - 17:46Em ratos, eles dormem muito menos
profundamente do que em humanos, -
17:46 - 17:50por isso ratos vivem 2,5 anos
e humanos, cerca de 90. -
17:50 - 17:54Isto é, esses vírus
adormecidos dentro de nós -
17:54 - 17:59que, em princípio, foram capazes
de repetir o que faziam há muito tempo, -
17:59 - 18:01podem ser o misterioso relógio,
-
18:01 - 18:06porque ao multiplicar nosso genoma
com seu DNA venenoso, -
18:06 - 18:09eles o quebram, criam células senescentes
e causam outros tipos de danos -
18:09 - 18:13que mais tarde levam
a uma enxurrada de eventos, -
18:13 - 18:16provocando envenenamento e morte.
-
18:18 - 18:21Vou repetir o que acabei de falar.
-
18:21 - 18:25Há cerca de 65 milhões de anos,
não havia diversidade de mamíferos, -
18:25 - 18:27havia poucos deles.
-
18:27 - 18:32Eram universais e imperceptíveis
no meio de tantos dinossauros. -
18:32 - 18:35Então esses vírus apareceram,
sei lá de onde, -
18:35 - 18:40e começaram a invadir massivamente
o genoma desses pobres ancestrais, -
18:40 - 18:41criando diversidade,
-
18:41 - 18:44não só entre os que morreram
e os que sobreviveram, -
18:44 - 18:47mas também afetando sua aparência.
-
18:47 - 18:53Foi nessa época que surgiu
essa enorme diversidade de mamíferos. -
18:53 - 18:55Aqueles que sobreviveram,
-
18:55 - 19:00e esse foi um período muito difícil
e turbulento em nossa evolução, -
19:00 - 19:04no qual vários tipos arcaicos
de mamíferos apareceram, -
19:04 - 19:08depois disso, não aconteceu muita coisa,
somente microevolução, -
19:10 - 19:15eles não só conseguiram
impedir a multiplicação desses vírus, -
19:15 - 19:19mas também os incorporaram
como grande parte de seu genoma -
19:19 - 19:25e os fizeram adormecer,
silenciar sob certas condições. -
19:25 - 19:28Para alguns vírus, o silêncio
era total ou quase total, -
19:28 - 19:32e isso traz a expectativa
-
19:32 - 19:37de quanto tempo podem
ficar assim, sem nos matarem, -
19:37 - 19:40provavelmente formando
o relógio específico da espécie, -
19:40 - 19:43determinando a duração de nossa vida.
-
19:43 - 19:46O importante é que esse processo
está em andamento -
19:46 - 19:49em cada célula de nosso corpo,
-
19:49 - 19:52ou seja, esse mecanismo
-
19:52 - 19:55está implementado
em cada uma de nossas células -
19:55 - 20:00como uma probabilidade
de despertar vírus endógenos -
20:00 - 20:06que podem causar danos ao DNA
das células somáticas de nosso corpo, -
20:06 - 20:07criando assim aquele lixo
-
20:07 - 20:12que por fim nos matará
de debilidade e envelhecimento. -
20:14 - 20:17Esse cenário permite
que tomemos alguma providência? -
20:17 - 20:19O que esse conhecimento significa?
-
20:20 - 20:22Parece deprimente, assustador,
-
20:22 - 20:26parece que cada célula do nosso corpo
tem um pequeno pedaço de urânio -
20:27 - 20:32que faz buracos em nosso DNA
e finalmente nos mata. -
20:33 - 20:36Existe algo que podemos fazer.
-
20:36 - 20:41Ao conhecermos o mecanismo
pelo qual esses vírus se amplificam, -
20:41 - 20:44descobrimos que, em nossa história médica,
-
20:44 - 20:48lidamos com vírus remotamente semelhantes.
-
20:49 - 20:53E alguns dos medicamentos
antivirais que desenvolvemos -
20:53 - 20:56não são muito eficientes,
mas funcionam suficientemente bem -
20:56 - 21:00contra os mecanismos
de replicação desses vírus, -
21:00 - 21:04bons o suficiente para que usemos
alguns deles atualmente -
21:04 - 21:07para tratar AIDS, HIV.
-
21:07 - 21:09Eles poderiam ser usados
como prova de conceito -
21:09 - 21:13para prolongar a vida de ratos
nos quais esse processo está em andamento. -
21:13 - 21:16Hoje, com alguns
dos medicamentos antivirais, -
21:16 - 21:21podemos impedir o processo
de amplificação desses vírus -
21:21 - 21:26e esperamos que isso tenha
um impacto positivo dramático -
21:26 - 21:29em nossa capacidade de estender
a longevidade significativamente, -
21:29 - 21:31interromper a fragilização
e assim por diante. -
21:31 - 21:34Portanto, é um medicamento a ser buscado,
-
21:34 - 21:38que atinge o que hoje acreditamos ser
aquele misterioso relógio da vida, -
21:38 - 21:43que é o conteúdo do nosso DNA
-
21:43 - 21:48adquirido como parasita
65 a 100 milhões de anos atrás. -
21:50 - 21:55Esse conteúdo está nos matando
ao não ser reprimido o suficiente. -
21:56 - 21:58Como resultado,
o relógio pode ser quebrado -
21:58 - 22:01e a inundação de células senescentes
-
22:01 - 22:05criada pelo funcionamento desse relógio
-
22:05 - 22:07agora será drenada,
-
22:07 - 22:12irá secar e não nos envenenará mais.
-
22:12 - 22:15Hoje, pela primeira vez,
temos esperança real. -
22:15 - 22:19Esperamos que esse precipício
-
22:19 - 22:22para o qual todos caminhamos
em etapas diferentes, -
22:22 - 22:24possa ser evitado.
-
22:24 - 22:26E que possamos criar uma ponte
-
22:26 - 22:30com a ajuda de medicamentos
nos quais trabalhamos hoje -
22:30 - 22:33para evitar o precipício
-
22:34 - 22:37e avançar rumo à próxima doença
que passará a nos matar -
22:37 - 22:39após lidarmos com o envelhecimento.
-
22:39 - 22:40(Risos)
-
22:40 - 22:41Obrigado.
-
22:41 - 22:43(Aplausos)
- Title:
- Podemos parar de envelhecer? | Andrei Gudkov | TEDxMorristown
- Description:
-
O cientista e especialista Dr. Andrei Gudkov nos conta o que realmente é envelhecer, como e por que acontece e qual pode ser nosso futuro. Qual é a solução para vidas mais longas e saudáveis? Ela está ao nosso alcance?
Ele é responsável por desenvolver os pontos principais da pesquisa básica e translacional do programa Cell Stress Biology sobre danos e reparo de DNA, terapia fotodinâmica, estresse térmico e hipóxico e modulação imunológica. Andrei trabalhou anteriormente no Lerner Research Institute, da Cleveland Clinic Foundation, onde atuou como presidente do Departamento de Genética Molecular e professor de bioquímica na Case Western Reserve University. Ele obteve seu doutorado em Oncologia Experimental no Cancer Research Center, na URSS e um doutorado em Ciências (D.Sci) em Biologia Molecular na Moscow State University, URSS. É autor ou coautor de 218 artigos científicos, detém 54 patentes e é cofundador de seis empresas de biotecnologia, incluindo a Everon Biosciences, Inc., que desenvolve medicamentos antienvelhecimento.
Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 22:56
Maricene Crus approved Portuguese, Brazilian subtitles for Can we stop aging? | Andrei Gudkov | TEDxMorristown | ||
Maricene Crus edited Portuguese, Brazilian subtitles for Can we stop aging? | Andrei Gudkov | TEDxMorristown | ||
Maricene Crus edited Portuguese, Brazilian subtitles for Can we stop aging? | Andrei Gudkov | TEDxMorristown | ||
Maricene Crus edited Portuguese, Brazilian subtitles for Can we stop aging? | Andrei Gudkov | TEDxMorristown | ||
Maricene Crus edited Portuguese, Brazilian subtitles for Can we stop aging? | Andrei Gudkov | TEDxMorristown | ||
Maricene Crus edited Portuguese, Brazilian subtitles for Can we stop aging? | Andrei Gudkov | TEDxMorristown | ||
Maricene Crus edited Portuguese, Brazilian subtitles for Can we stop aging? | Andrei Gudkov | TEDxMorristown | ||
Maricene Crus edited Portuguese, Brazilian subtitles for Can we stop aging? | Andrei Gudkov | TEDxMorristown |