A ciência da pele - Emma Bryce

Vejam a lição completa: https://ed.ted.com/lessons/the-science-of-skin-emma-bryce

Entre nós e o resto do mundo há uma interface que constitui mais de 16% do nosso peso físico. É a nossa pele, o maior órgão do corpo: estendida, cobriria cerca de 1,7 metros quadrados de terreno. Mas, para além de conter os nossos órgãos, para que é que serve? Emma Bryce leva-nos ao interior do sistema tegumentar para ficarmos a saber.

Lição de Emma Bryce, animação de Augenblick Studios.

Entre nós e o resto do mundo
há uma interface

que constitui mais de 16%
do nosso peso físico.

É a nossa pele, o maior órgão do corpo:

estendida, cobriria cerca
de 1,7 metros quadrados de terreno.

A sua finalidade parece óbvia
— conter os nossos órgãos.

Mas, um olhar por baixo da superfície

revela que ela desempenha uma série
espantosa de papéis na nossa vida.

Primeiro, o básico.

A pele é o fundamento
do sistema tegumentar

que também incorpora o cabelo, as unhas
e glândulas e nervos especializados.

Composta por três camadas.

a epiderme,

a derme

e a hipoderme,

a espessura da pele varia
entre 0,5 mm na parte mais fina

e mais de quatro milímetros
na parte mais grossa.

Também desempenha
três funções principais:

proteger,

regular

e sentir o mundo exterior.

Todos os dias, esta enorme superfície
processa centenas ou mesmo milhares

de sensações físicas,

baseando-se sobretudo
nos componentes sensíveis à pressão

chamados células de Merkel.

Só na ponta dos dedos

há 750 células de Merkel
por centímetro quadrado de pele,

aliadas a mais de 2500 recetores
que nos dão a sensação do tacto.

Esta superfície também é a primeira
linha de defesa principal do corpo.

Sem ela, seríamos uma massa amorfa
de tecidos e fluidos.

fatalmente expostos aos elementos.

A pele isola todo o nosso interior

e também absorve as pressões e os choques

com o colagénio flexível que constitui
a maior parte da camada dermal.

A epiderme é constituída sobretudo
por células chamadas queratinócitos.

que são totalmente substituídas
de quatro em quatro semanas.

Quando se formam novas células
na base da epiderme,

as mais velhas são empurradas para cima.

À medida que essas células
avançam para cima

enchem-se com uma proteína
endurecida, chamada queratina.

Quando atingem a superfície,

formam uma camada impermeável,
sobreposta apertadamente

que os micróbios invasores
têm dificuldade em ultrapassar.

Quaisquer micróbios prejudiciais
que consigam penetrar na epiderme

vão encontrar as células de Langerhans.

Este grupo de células protetoras
deteta invasores

e comunica a sua presença
às células T do sistema imunitário

que reagem, desencadeando
uma resposta imunitária.

Uma característica fundamental
desta defesa imunitária

são os vários milhares de espécies
de micro-organismos

que habitam as partes lisas,

as dobras

e as partes côncavas da pele.

Estes micróbios, que incluem
bactérias e fungos,

prosperam no sebo,

uma substância oleosa que é segregada
para a superfície da pele

pelas glândulas sebáceas
alojadas no interior da derme.

Estes micróbios da pele mantêm
o sistema imunitário

num estado de vigilância permanente,

garantindo que está preparado
para reagir, se o corpo estiver em risco.

Para além deste papel protetor,

a pele também é um órgão sensitivo
que ajuda a regular a temperatura do corpo

- dois papéis que estão
estreitamente interligados.

Os nervos detetam se a pele
está quente ou fria

e comunicam essa informação
ao cérebro.

Por sua vez, o cérebro dá instruções
a vasos sanguíneos localizados,

para se expandirem, se o corpo
está demasiado quente,

libertando o calor do sangue
através da pele,

ou para se contraírem,
se o corpo está frio, o que retém o calor.

Em qualquer altura, mais de 25% do sangue
do corpo circula através da derme,

tornando este procedimento
extremamente eficaz.

Em situações de calor,

as glândulas sudoríparas da pele
segregam suor, através de canais

transferindo o calor para fora do corpo.

Os cabelos também podem ser estimulados

para conservar ou libertar
o calor corporal.

O ser humano vulgar
tem cinco milhões de folículos pilosos

espalhados por todo o corpo,

exceto nas palmas das mãos
e nas plantas dos pés.

Noventa a cento e cinquenta mil
estão no couro cabeludo,

onde ajudam a proteger
a grande área superficial da cabeça

contra danos físicos e insolações.

Quando temos frio, pequenos músculos
chamados "arrector pilli"

fazem eriçar os cabelos
em todo o corpo.

É o fenómeno chamado "pele de galinha"
e mantém o calor corporal junto da pele.

A grande superfície da pele
não é apenas um escudo,

também nos permite interagir
e interligar com o mundo.

A camada multifuncional arrefece-nos
e mantém-nos quentes.

O sistema tegumentar
pode ser muitas coisas,

mas é certamente mais
do que pele profunda.