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Sejamos honestos quanto aos nossos problemas com dinheiro

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    Vocês já tiveram que quebrar
    as regras da sua família?
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    Hoje estou quebrando as minhas
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    no que diz respeito a dinheiro,
    sigilo e vergonha.
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    Em 2006, no 40º aniversário
    do meu irmão Keith, ele me ligou.
  • 0:17 - 0:20
    "Tam, estou encrencado.
  • 0:21 - 0:24
    Não pediria se não estivesse precisando.
  • 0:24 - 0:27
    Você pode me emprestar US$ 7.5 mil?"
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    Não era a primeira vez que ele
    precisava de dinheiro rápido,
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    mas, desta vez, a voz dele me assustou.
  • 0:36 - 0:40
    Eu nunca o tinha sentido
    tão abatido e envergonhado
  • 0:42 - 0:44
    e era o 40º aniversário dele.
  • 0:50 - 0:53
    Após algumas perguntas básicas,
    que todos nós perguntaríamos,
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    concordei em emprestar o dinheiro,
    mas sob uma condição:
  • 0:58 - 1:01
    que, como a profissional
    financeira da família,
  • 1:01 - 1:05
    eu queria me encontrar com ele e a esposa
    para saber o que estava acontecendo mesmo.
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    Semanas depois,
    nos encontramos no Starbucks,
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    e logo comecei com a conversa
    difícil sobre orçamento.
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    "Vocês deveriam vender a casa,
    ir pra um lugar menor que possam pagar,
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    vender os "brinquedos".
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    E o Starbucks?
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    Nada de café de US$ 5 todo dia."
  • 1:25 - 1:30
    Todas as armadilhas em que caímos
    pra manter a aparência pros vizinhos.
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    De imediato, meu irmão e a esposa
    entraram num sentimento de culpa temível,
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    e a coisa ficou confusa.
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    Hesitei entre atuar
    como terapeuta ou irmã chateada.
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    Queria que eles fossem melhores que isso.
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    "Deixem disso. Vocês têm que se organizar!
  • 1:50 - 1:52
    Vocês são pais.
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    Cresçam e ganhem dinheiro."
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    Depois que fomos embora,
    liguei para minha mãe,
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    mas Keith já havia ligado pra ela
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    e dito que eu não tinha ajudado.
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    Na verdade, ele ficou magoado
    e sentiu que estávamos contra ele.
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    Claro que sentiu. Eu o envergonhei
    com a conversa sobre orçamento restrito.
  • 2:21 - 2:24
    Dois meses se passaram,
    então recebi uma ligação.
  • 2:25 - 2:27
    "Tam? Eu tenho más notícias.
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    Keith cometeu suicídio ontem à noite."
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    Dias depois, na casa dele,
    fui procurar respostas
  • 2:41 - 2:43
    no "escritório" dele, a garagem.
  • 2:44 - 2:49
    Lá encontrei uma pilha de faturas
    do cartão de crédito em atraso
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    e um aviso de execução hipotecária
    que ele recebeu no dia em que se matou.
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    Meu irmão deixou
    uma filha linda de 10 anos,
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    o filho genial de 18, a algumas semanas
    da formatura dele do ensino médio,
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    e a esposa, casados há 20 anos.
  • 3:26 - 3:28
    Como isso aconteceu?
  • 3:30 - 3:35
    Meu irmão foi pego no ciclo
    da vergonha financeira da nossa família
  • 3:35 - 3:37
    e, definitivamente,
    não estava sozinho nisso.
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    A taxa de suicídio entre adultos
    de 40 a 64 anos
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    aumentou quase 40% desde 1999.
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    Perda de emprego, falências
    e execuções hipotecárias
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    estavam presentes em quase 40% das mortes
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    de homens brancos de meia-idade,
    representando sete de dez suicídios.
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    O que descobri
  • 4:04 - 4:11
    é que nossos comportamentos financeiros
    autodestrutivos e derrotistas
  • 4:11 - 4:15
    não são conduzidos
    por nossa mente racional e lógica.
  • 4:15 - 4:22
    Pelo contrário, eles são um produto dos
    nossos sistemas de crença subconsciente
  • 4:22 - 4:24
    enraizados em nossas infâncias
  • 4:24 - 4:26
    e tão profundamente gravados em nós,
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    que moldam como lidamos com dinheiro
    em toda a nossa vida adulta,
  • 4:31 - 4:38
    e muitos de vocês ficam acreditando
    que são preguiçosos,
  • 4:38 - 4:42
    loucos, burros ou simplesmente
    ruins com dinheiro.
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    É o que chamo de vergonha do dinheiro.
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    A Dra. Brené Brown, uma pesquisadora
    bem-conhecida que fala sobre a vergonha,
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    a define como: "Uma sensação
    ou experiência intensamente dolorosa
  • 4:57 - 5:01
    de acreditar que somos inúteis
  • 5:01 - 5:04
    e, portanto, indignos
    de amor e pertencimento".
  • 5:06 - 5:10
    Com base nessa definição, aqui está
    como defino vergonha do dinheiro:
  • 5:11 - 5:14
    "O sentimento ou experiência
    intensamente dolorosos
  • 5:14 - 5:17
    de acreditar que somos inúteis
  • 5:17 - 5:20
    e, portanto, indignos
    de amor e pertencimento,
  • 5:20 - 5:23
    com base em nosso saldo bancário,
  • 5:24 - 5:28
    nossas dívidas, nossa casa, nosso carro
  • 5:28 - 5:30
    e nossa posição profissional".
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    Permitam-me dar alguns
    exemplos do que quero dizer.
  • 5:36 - 5:38
    Acredito que todos nós tenhamos
    vergonha de dinheiro,
  • 5:38 - 5:42
    mesmo que ganhemos US$ 10 mil
    ou US$ 10 milhões ao ano,
  • 5:42 - 5:46
    e isso porque damos ao dinheiro
    todo o nosso poder.
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    Vejam como ficaria se alguém
    que vocês amam, ou vocês,
  • 5:52 - 5:54
    tivessem vergonha do dinheiro.
  • 5:54 - 5:57
    Eles fazem o papel do chefão,
    sempre pagando a conta,
  • 5:57 - 6:00
    resgatando familiares
    e amigos financeiramente.
  • 6:00 - 6:03
    Eles são financeiramente seguros,
  • 6:03 - 6:07
    mas vivem num estado
    de não-suficiência crônica.
  • 6:08 - 6:15
    Eles dirigem um Mercedes, mas o orçamento
    lhes permite pagar por um Honda.
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    E eles aparentam estar bem a todo custo.
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    Eu sei que podemos nos libertar
    das garras da vergonha do dinheiro,
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    porque eu me libertei.
  • 6:27 - 6:31
    Logo após a morte do meu irmão
    veio a recessão.
  • 6:32 - 6:35
    Perdi o meu negócio e enfrentei falência.
  • 6:36 - 6:40
    Secretamente, eu estava apavorada.
  • 6:41 - 6:47
    Passei um ano em casa achando
    que tinha feito algo errado,
  • 6:47 - 6:51
    e me perguntava:
    "O que você fez? O que houve?"
  • 6:52 - 6:57
    Fiquei em silêncio, enquanto,
    o tempo todo, eu saía e sorria.
  • 6:58 - 6:59
    Ninguém sabia.
  • 7:00 - 7:02
    Isso é vergonha do dinheiro.
  • 7:03 - 7:08
    Então tive que me desapegar
    do controle que eu tinha
  • 7:08 - 7:10
    de saber todas as respostas.
  • 7:10 - 7:13
    Eu era a sabe-tudo na minha família
  • 7:14 - 7:18
    e tive que desistir da ideia
    de que um novo plano financeiro
  • 7:18 - 7:20
    era a solução.
  • 7:21 - 7:24
    E assim, como tudo na minha vida,
  • 7:25 - 7:26
    para mim,
  • 7:26 - 7:30
    me encaminharam uma pessoa pra me ajudar,
  • 7:31 - 7:33
    e aceitei a ajuda,
  • 7:34 - 7:37
    mas tive que me fazer sérias perguntas
  • 7:37 - 7:41
    sobre a história do dinheiro
    na minha família
  • 7:41 - 7:43
    e minhas crenças sobre o dinheiro.
  • 7:45 - 7:49
    Temos que começar a ter essa conversa.
  • 7:49 - 7:52
    Dinheiro não pode mais ser um tópico tabu.
  • 7:52 - 7:58
    Precisamos ser honestos uns com os outros
    de que sofremos com problemas financeiros
  • 7:58 - 8:03
    e vamos cair na real, precisamos
    parar de atenuar a nossa dor.
  • 8:04 - 8:08
    Para descobrir as partes dolorosas
  • 8:08 - 8:11
    da sua história e histórico com dinheiro
  • 8:11 - 8:14
    você não pode ficar desnorteado.
  • 8:14 - 8:19
    Temos que nos desapegar
    do nosso passado para sermos livres.
  • 8:21 - 8:25
    O abandono do passado
    acontece pela rendição,
  • 8:25 - 8:27
    fé e perdão.
  • 8:27 - 8:32
    Dívida é a manifestação tangível
    da falta de perdão.
  • 8:33 - 8:37
    Se você tem dívidas, significa que não
    perdoou completamente o seu passado,
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    então depende de nós
    perdoar a nós mesmos e aos outros
  • 8:41 - 8:43
    para que possamos viver livremente.
  • 8:43 - 8:46
    Caso contrário, nossa história
    continuará a se repetir.
  • 8:48 - 8:52
    Esta não é uma solução rápida,
    e sei que todos queremos uma,
  • 8:52 - 8:54
    mas é um despertar lento.
  • 8:54 - 8:56
    Este é outro nível de atuação.
  • 8:56 - 9:01
    Temos que ir mais alto para conseguirmos,
    para chegarmos até lá.
  • 9:02 - 9:05
    Então, tentem isso: sigam o seu dinheiro.
  • 9:05 - 9:09
    Ele mostrará a vocês de imediato
    o que vocês valorizam.
  • 9:09 - 9:11
    Aonde ele está indo?
  • 9:11 - 9:15
    E então perguntem-se:
    "Eu realmente valorizo tudo isso?"
  • 9:16 - 9:19
    E fiquem curiosos quanto
    ao que sentem quando estão gastando.
  • 9:19 - 9:21
    Você está sozinho?
  • 9:21 - 9:22
    Está entediado?
  • 9:23 - 9:25
    Ou apenas empolgado?
  • 9:27 - 9:30
    Mas há algo mais profundo
    que precisa acontecer.
  • 9:30 - 9:33
    Como vocês conseguiram
    todas essas crenças sobre dinheiro?
  • 9:35 - 9:37
    Chamo isso de autobiografia
    do seu dinheiro,
  • 9:37 - 9:42
    e como treinadora de dinheiro, este é o
    primeiro passo que dou com meus clientes.
  • 9:43 - 9:46
    Pensem na primeira lembrança
    do dinheiro na sua infância.
  • 9:47 - 9:49
    Como se sentiram quando ganharam dinheiro?
  • 9:49 - 9:53
    Animados, orgulhosos ou confusos?
  • 9:54 - 9:56
    E o que fizeram com o dinheiro?
  • 9:56 - 10:00
    Correram pra loja de doces ou pro banco?
  • 10:01 - 10:03
    E o que ouviram dos seus pais,
  • 10:03 - 10:06
    e o que viram seus pais
    fazendo com o dinheiro?
  • 10:08 - 10:10
    Meu irmão e eu ouvíamos:
  • 10:10 - 10:12
    "Mais dinheiro nos fará felizes".
  • 10:13 - 10:14
    Todo santo dia.
  • 10:14 - 10:16
    "Mais dinheiro nos fará felizes."
  • 10:16 - 10:19
    E internalizamos isso
    na crença do dinheiro,
  • 10:19 - 10:23
    que a nossa autoestima
    era igual ao nosso patrimônio,
  • 10:23 - 10:29
    enquanto víamos nossa mãe viver
    num estado de não-suficiência crônica.
  • 10:29 - 10:33
    E ela aliviava a dor com doces e compras.
  • 10:34 - 10:36
    Então, o que nós fizemos?
  • 10:37 - 10:40
    O Keith viveu a vida da minha mãe.
  • 10:40 - 10:44
    Sempre ganhou pouco, esperava
    ser resgatado financeiramente,
  • 10:44 - 10:46
    e aliviava a dor com a bebida.
  • 10:47 - 10:48
    Eu fiz o oposto.
  • 10:49 - 10:52
    Sempre ganhei muito bem,
  • 10:52 - 10:55
    era a que resgatava,
  • 10:55 - 10:58
    e aliviava a minha dor
    com livros de autoajuda.
  • 11:00 - 11:02
    Mas o que tínhamos em comum
    era a nossa crença do dinheiro.
  • 11:02 - 11:05
    Nós dois acreditávamos
    que o saldo da nossa conta bancária
  • 11:05 - 11:08
    era o mesmo da nossa autoestima.
  • 11:09 - 11:12
    Relembrando o encontro
    com meu irmão no Starbucks...
  • 11:14 - 11:17
    ele não precisava de orçamento
    e do meu julgamento.
  • 11:18 - 11:21
    Ele precisava se livrar de seu sofrimento,
  • 11:21 - 11:23
    e precisava da minha compaixão.
  • 11:24 - 11:27
    O Keith não conseguiu falar
  • 11:27 - 11:30
    e quebrar o ciclo de vergonha
    do dinheiro da nossa família,
  • 11:30 - 11:33
    então ele me deixou para cuidar disso
    e compartilhar o legado dele.
  • 11:35 - 11:36
    Mudar é difícil,
  • 11:38 - 11:41
    mas na minha família, não mudar é fatal.
  • 11:43 - 11:44
    Então, eu cuidei disso
  • 11:44 - 11:49
    e vivenciei o perdão profundamente,
  • 11:51 - 11:53
    e estou aqui hoje
  • 11:54 - 11:56
    vivendo com um propósito:
  • 11:57 - 12:01
    eu sirvo e o dinheiro me serve.
  • 12:02 - 12:06
    Basta uma pessoa na sua família
  • 12:06 - 12:09
    para romper o ciclo
    da vergonha do dinheiro.
  • 12:09 - 12:12
    Quero que você seja essa pessoa.
  • 12:13 - 12:14
    Obrigada.
  • 12:14 - 12:16
    (Aplausos)
Title:
Sejamos honestos quanto aos nossos problemas com dinheiro
Speaker:
Tammy Lally
Description:

Lutar pelo orçamento e gerenciar as finanças é comum, mas falar honestamente e abertamente sobre isso não. Por que escondemos nossos problemas quando o assunto é dinheiro? Nessa palestra refletida e pessoal, a autora Tammy Lally nos encoraja a nos libertarmos da "vergonha do dinheiro" e nos mostra como parar de comparar nossas contas bancárias com nossa autoestima.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
12:30

Portuguese, Brazilian subtitles

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