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Kevin Kelly conta a história épica da tecnologia

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    Eu quero falar sobre minhas investigações
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    sobre o que a tecnologia significa em nossas vidas,
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    não apenas nossa vida imediata, mas num sentido cósmico,
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    no contexto da longa história do mundo
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    e de nosso lugar no mundo,
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    o que é isso?
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    O que ela significa?
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    E desse modo, quero passar pela minha
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    pequena história do que descobri.
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    E uma das primeiras coisas que comecei a investigar foi
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    a história do nome da tecnologia.
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    E nos Estados Unidos existe um discurso sobre o estado da União
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    que vem sendo feito por cada presidente desde 1970.
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    E cada um deles é realmente uma espécie de
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    resumo das coisas mais importantes
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    para os Estados Unidos naquela época.
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    Se vocês fizerem uma busca pela palavra "tecnologia"
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    ela não foi usada até 1952.
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    Assim, a tecnologia estava ausente
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    do pensamento das pessoas até 1952, que por acaso é o ano de meu nascimento.
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    E obviamente, a tecnologia
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    já existia antes disso, mas nós não estávamos prestando atenção nela.
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    E assim foi uma espécie de despertar
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    dessa força em nossas vidas.
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    Eu efetivamente pesquisei para encontrar a primeira
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    utilização da palavra "tecnologia",
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    e vi que foi em 1829.
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    E ela foi inventada por um indivíduo que estava dando início a um currículo,
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    um curso, reunindo todos os tipos
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    de artes e ofícios, e indústrias.
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    E ele chamou isso de tecnologia.
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    E essa foi a primeira vez que essa palavra foi usada.
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    Assim, o que é essa coisa
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    pela qual somos todos consumidos,
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    e incomodados?
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    Alan Kay a define, "Tecnologia é qualquer coisa
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    que foi inventada depois que você nasceu."
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    (Risos)
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    Que é o tipo de idéia que normalmente temos sobre o que é tecnologia.
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    São todas essas coisas novas.
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    Não são as estradas e a penicilina,
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    ou pneus manufaturados. São as coisas novas.
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    Meu amigo Danny Hilis disse uma coisa meio parecida,
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    ele disse, "Tecnologia é qualquer coisa que ainda não funciona."
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    (Risos)
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    O que é, novamente, um senso de que são as novidades.
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    Mas nós sabemos que ela simplesmente não é nova.
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    Ela na verdade começou antes. E o que eu quero sugerir
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    é que ela começou muito antes.
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    Então, outra maneira de pensar sobre tecnologia, o que ela significa,
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    é imaginar um mundo sem tecnologia.
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    Se nós pudéssemos eliminar cada pequeno item de tecnologia no mundo de hoje,
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    e quero dizer tudo,
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    desde lâminas a raspadores e a tecidos,
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    nós como espécie não viveríamos muito.
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    Nós morreríamos aos bilhões, e muito depressa.
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    Os lobos nos pegariam. Nós seríamos indefesos.
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    Nós seríamos incapazes de cultivar comida suficiente, ou de encontrar comida suficiente.
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    Mesmo os caçadores-coletadores usavam algumas ferramentas elementares.
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    E assim, eles tinham uma tecnologia mínima,
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    mas eles que já era alguma tecnologia.
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    E ao estudarmos essas tribos de caçadores-coletadores
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    e os Neandertais, que eram muito semelhantes aos humanos primitivos,
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    nós encontramos uma coisa muito curiosa sobre esse mundo sem tecnologia,
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    e esta é uma espécie de curva da média de idade deles.
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    Não existem fósseis Neandertais que tenham mais de 40 anos de idade
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    que já tenham sido encontrados.
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    E a idade média da maioria dessas
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    tribos de caçadores catadores é de 20 a 30 anos.
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    Há muito poucas crianças
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    porque elas morrem, alta taxa de mortalidade, e existem muito poucas pessoas velhas.
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    E assim o perfil é algo como a média da sua vizinhança de São Francisco.
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    Muitas pessoas jovens.
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    E se você for lá, você vai dizer, "Ha, todos são realmente muito saudáveis."
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    Bem, isso é porque eles são todos jovens.
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    E a mesma coisa com as tribos de caçadores-coletadores e humanos primitivos
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    é que não se vive além da idade de 30 anos.
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    Assim, é um mundo sem avôs.
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    E avôs são muito importantes,
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    porque eles são os transmissores da evolução cultural e das informações.
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    Imaginem um mundo em que basicamente todos tivessem 20 a 30 anos de idade,
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    quanto vocês conseguiriam aprender?
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    Não se pode aprender muito ao longo da própria vida,
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    ela é tão curta.
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    E não existe ninguém para transferir o que você venha a aprender.
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    Assim, esse é um aspecto.
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    Era uma vida muito curta. Mas ao mesmo tempo
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    os antropólogos sabem
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    que a maioria das tribos de caçadores coletores do mundo
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    com muito pouca tecnologia, realmente não despendiam
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    um tempo muito longo para coletar o alimento de que eles precisavam.
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    Três a seis horas por dia.
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    Alguns antropólogos chamam isso de sociedade afluente original.
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    Porque eles basicamente tinham um horário de bancários.
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    Assim, era possível conseguir alimentos suficientes.
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    Mas quando a escassez chegava
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    quando os altos e baixos e as secas vinham,
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    então as pessoas sofriam de inanição.
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    E era por isso que elas não viviam muito.
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    Assim, o que a tecnologia proporcionou,
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    através de ferramentas muito simples como estas ferramentas de pedra aqui,
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    mesmo coisas pequenas como esta,
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    os bandos primitivos de humanos foram efetivamente capazes
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    de eliminar, de extinguir
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    cerca de 250 animais da megafauna
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    na América do Norte quando eles chegaram pela primeira vez, há 10.000 anos atrás.
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    Assim, muito antes da era industrial
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    estivemos afetando o planeta numa escala global,
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    mesmo com uma quantidade muito pequena de tecnologia.
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    A outra coisa que os humanos primitivos inventaram foi o fogo.
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    E o fogo foi usado para desmatar, e novamente,
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    afetou a ecologia da relva de continentes inteiros,
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    e foi usado para cozinhar.
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    Ele nos permitiu comer efetivamente todos os tipos de coisas.
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    Isso foi, num certo sentido, no sentido de McLuhan,
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    um estômago externo.
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    No sentido de que estavam cozinhando comida que não poderia ser comida de outro modo.
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    E se nós não tivéssemos fogo, nós atualmente não conseguiríamos viver.
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    Nossos corpos se adaptaram a essas novas dietas.
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    Nossos corpos mudaram nos últimos 10.000 anos.
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    Assim, com aquele pouquinho de tecnologia,
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    os humanos passaram de um pequeno bando de mais ou menos 10.000,
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    o mesmo número de todos os Neandertais em todas partes,
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    e subitamente explodimos, com a invenção da linguagem,
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    há uns 50.000 anos atrás
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    o número de humanos explodiu,
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    e muito depressa tornou-se a espécie dominante no planeta.
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    E eles migraram pelo resto do mundo à razão de dois quilômetros por ano
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    até que em várias dezenas de milhares de anos
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    nós ocupamos cada uma das bacias hidrográficas do planeta
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    e nos tornamos a mais dominante das espécies,
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    com uma quantidade muito pequena de tecnologia.
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    E mesmo nessa época, com a introdução da agricultura,
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    há 8.000 - 10.000 anos atrás
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    começamos a ver as mudanças climáticas.
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    Assim, as mudanças climáticas não são coisas novas.
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    O que é novo é apenas o grau delas. Mesmo durante
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    a era agrícola, havia mudanças climáticas.
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    E assim, pequenas quantidades de tecnologia já
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    estavam transformando o mundo.
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    E o significado disso, e o ponto ao qual quero chegar é que
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    a tecnologia tornou-se a mais poderosa força no mundo.
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    Todas as coisas que vemos hoje
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    que estão mudando nossas vidas, podemos encontrar suas origens
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    na introdução de alguma tecnologia nova.
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    Assim, é uma força, quer dizer, a mais poderosa das forças
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    que foi desencadeada em nosso planeta.
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    E em tal grau que acredito
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    que ela tornou-se nossa, o que nós somos.
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    De fato, nossa humanidade, e tudo que pensamos sobre nós mesmos
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    é algo que inventamos.
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    Assim, nós inventamos a nós mesmos. De todos os animais que nós domesticamos
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    o animal mais importante que domesticamos
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    fomos nós mesmos. Confere?
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    Desse modo, a humanidade foi nossa maior invenção.
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    Mas é claro que ainda não terminamos.
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    Ainda estamos inventando. E isso é o que a tecnologia está permitindo que façamos.
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    É nos reinventarmos continuamente.
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    É uma força muito, muito forte.
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    Eu chamo essa coisa inteira, nós humanos e nossa tecnologia,
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    tudo que fizemos, artifícios em nossas vidas,
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    chamamos isso o Technium. Isso é este mundo.
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    Minha definição funcional de tecnologia
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    é qualquer coisa útil que uma mente humana faz.
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    Não é apenas martelos e dispositivos como notebooks.
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    Mas também a Lei. E, é claro, cidades são meios para fazer
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    as coisas mais úteis para nós.
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    Ao mesmo tempo que isso é algo que se origina em nossas mentes,
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    isso também tem raízes profundas
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    no cosmo.
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    Isso vem do passado. As origens e raízes da tecnologia
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    vão até o Big Bang,
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    deste modo, por serem parte dessa
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    sucessão auto-organizada
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    que começou no Big Bang
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    e continua através das galáxias e estrelas
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    até a vida e até nós.
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    E as três fases principais do universo primitivo
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    foram, primeiro a energia, quando a força dominante era energia.
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    Então ela se tornou, a força dominante, quando ela resfriou-se, tornou-se matéria.
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    E então, com a invenção da vida, há quatro bilhões de anos,
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    a força dominante em nossa vizinhança tornou-se a informação.
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    Isso é o que a vida é. É um processo de informação
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    que foi reestruturando e produzindo uma nova ordem.
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    Assim, aquela energia e aquela matéria que Einstein mostrou
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    serem equivalentes, e agora as novas ciências
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    da computação quântica mostram que entropia
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    e informação e matéria e energia
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    estão todas interrelacionadas, assim isso é um longo contínuo.
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    Você coloca energia no tipo certo de sistema,
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    e sai daí a entropia do calor desperdiçado,
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    e exotropia, que é ordem.
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    É o aumento da ordem.
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    E então, de onde vem essa ordem? Suas raízes vêm de longe.
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    Nós realmente não sabemos.
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    Mas sabemos que toda tendência auto-organizadora
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    através do universo é longa,
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    e começou com coisas como galáxias.
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    Elas mantiveram sua ordem por bilhões de anos.
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    Estrelas são basicamente máquinas de fissão nuclear
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    que se auto-organizam e se auto-sustentam por bilhões de anos.
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    Essa ordem contra a exotropia do mundo.
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    E flores e plantas são a mesma coisa, extendida.
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    E a tecnologia é basicamente uma extensão da vida.
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    Assim, uma tendência que notamos em todas essas coisas é que
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    a quantidade de energia por grama, por segundo
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    que flui através disso, está efetivamente aumentando.
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    A quantidade de energia está aumentando através desta pequena sequência.
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    E a quantidade de energia por grama, por segundo, que flui através da vida
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    é atualmente maior que uma estrela,
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    por causa do longo período de vida da estrela,
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    a densidade de energia na vida é realmente maior que uma estrela.
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    E a maior densidade de energia que vemos,
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    que vemos em qualquer lugar do universo encontra-se atualmente num circuito integrado de computador pessoal.
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    Existe ali mais energia fluindo, por grama por segundo,
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    do que qualquer coisa com a qual tenhamos qualquer tipo de experiência.
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    Assim, minha sugestão seria, se vocês querem ver
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    para onde vai a tecnologia, nós continuamos nessa trajetória,
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    e dizemos, bem, o que vai tornar-se mais denso em energia,
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    é para lá que estamos indo. E assim o que eu fiz
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    foi, tomei as mesmas espécies de coisas
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    e examinei outros aspectos
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    da vida evolutiva e disse
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    quais são as tendências gerais da vida evolutiva.
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    E existem coisas movendo-se em direção a
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    maior complexidade, movendo-se em direção a maior diversidade,
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    movendo-se em direção a maior especialização,
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    consciência, ubiquidade e, mais importante, capacidade de evoluir.
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    Exatamente essas mesmas coisas estão também presentes na tecnologia.
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    É para lá que a tecnologia está indo.
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    De fato, a tecnologia está acelerando
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    todos os aspectos da vida.
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    E nós podemos ver isso acontecendo. Do mesmo modo como existe diversidade na vida,
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    existe mais diversidade nas coisas que fazemos.
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    As coisas na vida começam sendo uma célula genérica,
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    e elas tornam-se especializadas. Vocês têm células de tecidos.
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    Vocês têm células musculares, cerebrais. E as mesmas coisas acontecem com
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    digamos, um martelo, que inicialmente é de uso geral
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    e então torna-se mais específico.
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    Assim, eu gostaria de dizer que enquanto existem seis reinos da vida,
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    podemos pensar na tecnologia basicamente
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    como um sétimo reino da vida.
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    É uma ramificação da forma humana.
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    Mas a tecnologia tem sua própria agenda,
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    como tudo, como a própria vida.
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    Por exemplo, agora mesmo, três quartos da energia que usamos
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    está sendo efetivamente usada para alimentar o próprio technium.
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    No transporte, não é para mover a nós, é para mover
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    as coisas que fazemos ou compramos.
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    Uso a palavra "querer". A tecnologia quer.
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    Este é um robô que quer plugar-se para obter mais energia.
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    O gato de vocês quer mais comida.
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    Uma bactéria, que não tem nenhuma espécie de consciência
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    quer mover-se em direção à luz.
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    Ela tem um impulso. E a tecnologia tem um impulso.
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    Ao mesmo tempo, ela quer nos oferecer coisas.
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    E o que ela nos oferece é basicamente progresso.
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    Vocês podem pegar todos os tipos de curvas, e todas elas estão apontando para cima.
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    Realmente não existe polêmica em relação ao progresso,
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    se descontarmos o custo disso.
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    E isso é o que incomoda a maioria das pessoas,
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    é que o progresso é mesmo real,
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    mas nos preocupamos e indagamos quais são os custos ambientais disso.
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    Eu fiz um levantamento dos tipos de artefatos que se encontram em minha casa.
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    E existem 6.000. Outras pessoas chegaram a 10.000.
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    Quando o Rei Henrique da Inglaterra morreu,
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    ele tinha 18.000 coisas em sua casa.
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    Mas isso era toda a fortuna da Inglaterra.
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    E com toda aquela fortuna da Inglaterra,
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    o Rei Henrique não podia comprar antibióticos.
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    Ele não podia comprar refrigeração. Ele não podia comprar uma viagem de mil milhas.
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    Enquanto este puxador de riquixá na Índia
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    pode economizar e comprar antibióticos.
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    E ele poderia comprar refrigeração.
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    Ele poderia comprar coisas que o Rei Henrique, com toda sua riqueza, jamais poderia comprar.
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    É para isso que o progresso serve.
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    Portanto, a tecnologia é egoísta. A tecnologia é generosa.
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    Esse conflito, essa tensão vai estar conosco para sempre.
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    Pois algumas vezes ela vai querer fazer o que ela quiser.
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    E algumas vezes ela vai fazer coisas para nós.
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    Ficamos confusos sobre o que pensar sobre uma nova tecnologia.
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    Agora mesmo, a posição normal quando
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    uma nova tecnologia aparece, é nós --
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    as pessoas falam sobre o princípio da precaução.
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    O que é muito comum na Europa.
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    Que diz, basicamente, "Não faça nada." Quando você encontrar uma nova
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    tecnologia, pare,
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    até que se consiga provar que não há mal.
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    E creio que isso não leva a lugar nenhum.
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    Mas creio que o melhor caminho é, como eu o chamo, o princípio proativo.
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    A saber, você se envolve com a tecnologia.
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    Você a experimenta.
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    Você obviamente faz o que o princípio da precaução sugere,
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    você tenta antecipar. Mas depois de antecipar,
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    você a avalia constantemente,
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    não apenas uma vez, mas eternamente.
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    E quando ela diverge do que você quer,
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    nós priorizamos o risco, nós avaliamos não apenas
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    as coisas novas, mas também as coisas antigas.
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    Nós corrigimos. Mas o mais importante, nós a relocamos.
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    E com isso quero dizer que
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    encontramos uma nova finalidade para ela.
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    Energia nuclear, fissão, é mesmo uma má idéia
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    para bombas.
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    Mas pode ser uma idéia muito boa, re-alocada
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    relocada como energia nuclear sustentável
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    para eletricidade, em vez de queimar carvão.
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    Quando temos uma idéia ruim, a reação a uma idéia ruim
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    não é nenhuma idéia, é não parar de pensar.
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    A resposta a uma má idéia,
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    como, digamos, uma lâmpada incandescente,
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    é uma idéia melhor. Confere?
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    Assim, idéias melhores realmente são sempre as melhores respostas
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    a tecnologias das quais não gostamos
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    são basicamente tecnologias melhores.
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    Na verdade, de certo modo, a tecnologia
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    é uma espécie de método para gerar idéias melhores,
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    se vocês podem pensar sobre ela desse modo.
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    Assim, talvez pulverizar DDT sobre colheitas seja realmente uma idéia ruim.
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    Mas o DDT pulverizado localmente nas casas,
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    não há nada melhor para eliminar a malária,
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    ao lado dos mosquiteiros impregnados de DDT.
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    Mas essa é uma ideia realmente boa. Essa é uma boa tarefa para a tecnologia.
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    Assim, nossa tarefa, como humanos, é
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    cuidar da prole de nossas mentes,
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    encontrando bons amigos para elas,
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    encontrando bons trabalhos para elas.
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    E assim, cada tecnologia é uma espécie de força criativa
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    em busca da melhor tarefa.
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    Esse é realmente o meu filho, aqui mesmo.
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    (Risos)
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    Não existem tecnologias ruins.
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    Assim como não existem crianças ruins.
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    Nós não dizemos que as crianças são neutras, ou crianças são positivas.
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    Só precisamos encontrar o lugar certo para elas.
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    E assim, o que a tecnologia nos dá,
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    ao longo de um longo prazo, ao longo de uma espécie de
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    evolução estendida, a partir do início dos tempos,
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    através da invenção das plantas e dos animais,
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    e da evolução da vida, a evolução dos cérebros,
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    o que isso está nos dando constantemente,
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    são diferenças crescentes.
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    É diversidade crescente. São opções crescentes.
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    São escolhas crescentes, oportunidades,
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    possibilidades e liberdades.
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    Isso é o que obtemos da tecnologia
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    o tempo todo. É por isso que as pessoas deixam o interior
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    e vão para as cidades, é porque elas estão sempre
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    gravitando em direção a mais escolhas e possibilidades.
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    E estamos atentos ao preço.
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    Nós pagamos um preço por isso, mas estamos atentos a isso e, de modo geral,
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    teremos de pagar o preço pelos aumentos das liberdades,
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    escolhas e oportunidades.
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    Mesmo a tecnologia quer água limpa.
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    Será que a tecnologia é diametralmente oposta
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    à natureza?
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    Como a tecnologia é uma extensão da vida,
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    ela é paralela, e alinhada com as mesmas coisas
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    que a vida quer.
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    Assim, creio que a tecnologia ama a biologia,
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    se permitirmos isso, também.
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    Grande movimento que começou há milhões de anos no passado,
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    está se movendo através de nós, e continua avançando.
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    E nossa escolha, por assim dizer,
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    na tecnologia, é mesmo nos alinharmos
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    com essa força muito maior do que nós mesmos.
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    Assim, a tecnologia é mais do que uma coisa no bolso de vocês.
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    É mais do que dispositivos. É mais do que simplesmente as coisas que as pessoas inventam.
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    É efetivamente parte de uma história muito longa,
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    uma grande história, que começou há bilhões de anos atrás,
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    e moveu-se através de nós, esta auto-organização.
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    E nós a estamos estendendo e acelerando.
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    E podemos fazer parte dela alinhando a tecnologia,
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    que é feita por nós, com ela.
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    E eu realmente aprecio a atenção de vocês hoje. Obrigado.
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    (Aplausos)
Title:
Kevin Kelly conta a história épica da tecnologia
Speaker:
Kevin Kelly
Description:

Nesta palestra abrangente e provocadora durante a TEDx em Amsterdam, Kevin Kelly tece considerações sobre o significado da tecnologia em nossas vidas -- desde o impacto a nível pessoal até o seu lugar no cosmo.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
16:12
Durval Castro added a translation

Portuguese, Brazilian subtitles

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