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O Panama Papers expôs um enorme problema global. E agora?

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    [Em 3 de abril de 2016, vimos o maior
    vazamento de dados da história.]
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    [O Panama Papers expôs
    pessoas ricas e poderosas]
  • 0:09 - 0:12
    [com grandes quantias de dinheiro
    em contas no exterior.]
  • 0:12 - 0:14
    [O que isso significa?]
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    [Chamamos Robert Palmer
    da Global Witness para explicar.]
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    Esta semana, houve
    uma enxurrada de histórias
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    que surgiram do vazamento
    de 11 milhões de documentos
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    de um escritório de advocacia panamenho
    chamado Mossack Fonseca.
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    O vazamento desses documentos do Panamá
    revela uma minúscula parte
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    dos segredos do mundo "offshore".
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    Tivemos uma ideia de como clientes,
    bancos e advogados
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    procuram escritórios
    como o Mossack Fonseca
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    dizendo: "Queremos uma empresa anônima.
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    Podem nos dar uma?"
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    Então, é possível até ver os e-mails,
    é possível ver a troca de mensagens,
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    é possível ver como isso funciona,
    como essas operações acontecem.
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    Isso imediatamente causou repercussões.
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    O primeiro-ministro da Islândia renunciou.
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    Também ficamos sabendo que um aliado
    do brutal ditador sírio Bashar Al-Assad
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    também possui empresas offshore.
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    Há alegações de um rastro de US$ 2 bilhões
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    ligado ao presidente russo Vladimir Putin,
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    passando por seu achegado
    amigo de infância,
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    que por acaso é um grande violoncelista.
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    E haverá muitos ricos por aí
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    e outros que ficarão tensos
    sobre a próxima leva de histórias
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    e a próxima leva de documentos vazados.
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    Bom, isso parece um roteiro
    de suspense de espionagem,
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    ou uma história de John Grisham.
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    Parece distante de vocês,
    de mim, de gente comum.
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    Por que nos importaríamos com isso?
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    A verdade é que,
    se pessoas ricas e poderosas
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    conseguem manter dinheiro no exterior
    sem pagar os impostos que deveriam pagar,
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    isso significa menos dinheiro disponível
    para serviços públicos vitais,
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    como saúde, educação, sistema rodoviário,
    e isso afeta todos nós.
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    Para a minha organização,
    a Global Witness,
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    essa exposição foi fenomenal.
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    A mídia mundial e líderes políticos
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    estão discutindo sobre como indivíduos
    podem usar negócios secretos no exterior
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    para esconder e disfarçar seu patrimônio,
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    algo sobre o qual temos falado
    e que temos exposto há uma década.
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    Acho que muita gente acha
    todo esse mundo confuso
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    e acha difícil entender
    como esse mundo offshore funciona.
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    Gosto de pensá-lo mais ou menos
    como uma boneca russa.
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    É possível ter uma empresa
    escondida dentro de outra empresa,
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    que está escondida dentro de outra,
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    tornando quase impossível
    realmente entender
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    quem está por trás de toda a estrutura.
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    Pode ser bem difícil para as autoridades
    policiais ou fazendárias,
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    jornalistas e sociedade civil
    realmente entenderem o que acontece.
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    Também acho interessante
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    que esteja havendo menos cobertura
    sobre isso nos Estados Unidos,
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    talvez porque americanos influentes
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    não apareceram nessa exposição,
    nesse escândalo;
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    não que não haja americanos ricos
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    que estejam escondendo
    seu patrimônio no exterior,
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    mas simplesmente porque, por causa
    da forma como as offshores funcionam,
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    o Mossack Fonseca tem menos
    clientes americanos.
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    Acho que se víssemos vazamentos
    sobre as Ilhas Cayman,
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    ou até de Delaware, Wyoming ou Nevada,
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    veríamos muito mais casos
    e exemplos envolvendo americanos.
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    Na verdade, em alguns estados americanos,
    menos informação é necessária,
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    é necessário fornecer menos
    informação para abrir uma empresa
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    do que para obter um cartão
    de sócio de uma biblioteca.
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    Esse tipo de sigilo nos EUA permitiu
    que funcionários de distritos escolares
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    tirassem vantagem de jovens alunos.
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    Permitiu que golpistas tirassem
    vantagem de investidores vulneráveis.
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    Esse tipo de comportamento
    afeta todos nós.
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    Bem, na Global Witness,
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    queríamos ver como isso
    acontece na prática,
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    como de fato isso funciona.
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    Então,
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    enviamos um investigador disfarçado
    a 13 escritórios em Manhattan.
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    Nosso investigador se passou
    por um ministro africano
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    que queria movimentar fundos suspeitos
    para os Estados Unidos
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    para comprar uma casa, um iate, um jato.
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    O mais chocante foi que todos
    os advogados, com exceção de um,
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    deram sugestões ao nosso investigador
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    sobre como movimentar
    esses fundos suspeitos.
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    Isso ocorreu em reuniões preliminares,
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    nenhum dos advogados
    nos aceitou como cliente
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    e, claro, não aceitaram dinheiro,
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    mas isso realmente mostra
    o problema do sistema.
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    Também é impotante
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    não pensar nesses casos
    apenas como casos isolados.
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    Não se trata de apenas um advogado
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    que falou com nosso investigador
    disfarçado e lhe deu sugestões.
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    Não se trata apenas de um político
    experiente específico
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    que foi pego em um escândalo.
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    Trata-se da forma como o sistema funciona,
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    estimulando a corrupção, a sonegação
    de impostos, a pobreza e a instabilidade.
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    Para enfrentar isso,
    precisamos mudar o jogo.
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    Precisamos mudar as regras do jogo
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    para deixar isso
    mais difícil de acontecer.
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    Pode parecer desanimador,
    que não há nada que possamos fazer,
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    que nada mudou, que sempre
    haverá gente rica e poderosa,
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    mas, como otimista por natureza,
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    realmente vejo que estamos
    começando a ver mudanças.
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    Ao longo dos últimos dois anos,
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    vimos uma verdadeira
    pressão por transparência
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    no que se refere a ter empresas.
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    Esse problema foi posto em pauta política
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    pelo primeiro-ministro
    do Reino Unido, David Cameron,
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    num grande encontro do G8 que aconteceu
    no norte da Irlanda em 2013.
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    Desde então, a União Europeia criará
    registros centrais, em nível nacional,
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    de quem realmente detém e controla
    empresas em toda a Europa.
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    Uma coisa triste, na verdade,
    é que os EUA não estão fazendo o mesmo.
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    Foi apresentada e acordada legislação,
    na Câmara e no Senado americanos,
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    mas ela não está tendo tanto progresso
    quanto gostaríamos de ver.
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    Então, realmente gostaríamos de ver
    os vazamentos do Panamá,
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    essa enorme "espiada"
    no mundo do offshore,
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    ser usado como forma de criar
    transparência nos EUA e no mundo.
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    Para nós da Global Witness,
    este é o momento de mudar.
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    Precisamos que cidadãos
    comuns se manifestem
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    contra a forma como algumas pessoas
    podem esconder sua identidade
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    atrás de empresas secretas.
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    Precisamos que líderes do mundo
    corporativo se manifestem e digam:
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    "Esse tipo de sigilo
    não é bom para os negócios".
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    Precisamos que líderes políticos
    reconheçam o problema
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    e se comprometam a mudar a legislação
    para acabar com esse tipo de sigilo.
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    Juntos, podemos acabar com o sigilo
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    que atualmente possibilita
    que a sonegação de impostos,
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    a corrupção e a lavagem
    de dinheiro se propaguem.
Title:
O Panama Papers expôs um enorme problema global. E agora?
Speaker:
Robert Palmer
Description:

Em 3 de abril de 2016, vimos o maior vazamento de dados da história. A Panama Papers expôs pessoas ricas e poderosas que escondiam grandes quantias de dinheiro em contas no exterior. Mas o que tudo isso significa? Nós chamamos Robert Palmer, da Global Witness, para descobrirmos.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
07:49

Portuguese, Brazilian subtitles

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