Mark Roth: A animação suspensa está ao nosso alcance
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0:01 - 0:04Hoje vou falar a vocês sobre meu trabalho na área de animação suspensa.
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0:04 - 0:07Ora, geralmente, quando menciono animação suspensa,
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0:07 - 0:10as pessoas fazem a saudação dos habitantes de Vulcano para mim e riem.
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0:10 - 0:14Mas acontece que não estou falando de apagar as pessoas
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0:14 - 0:17para viajar a Marte ou mesmo Pandora,
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0:17 - 0:19por mais que isso possa ser divertido.
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0:19 - 0:22Estou falando sobre
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0:22 - 0:25o conceito de utilizar a animação suspensa
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0:25 - 0:28para ajudar as pessoas a superar traumatismos.
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0:28 - 0:30Assim, o que tenho em vista
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0:30 - 0:33quando digo "animação suspensa"?
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0:33 - 0:36É o processo pelo qual
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0:36 - 0:39os animais des-animam,
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0:40 - 0:42parecem mortos,
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0:42 - 0:45e então podem acordar novamente sem sofrer danos.
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0:45 - 0:49Muito bem, então esta é a grande idéia.
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0:49 - 0:52Se vocês observarem a natureza,
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0:52 - 0:54descobrirão que
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0:54 - 0:57quando vocês tendem a encontrar animação suspensa,
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0:57 - 1:01vocês tendem a encontrar imortalidade.
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1:01 - 1:04E assim, aquilo de que vou falar a vocês
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1:04 - 1:09é uma maneira de perceber uma pessoa que está em uma situação de trauma --
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1:09 - 1:12achar uma maneira de des-animá-las um pouco
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1:12 - 1:14de modo que elas fiquem um pouco mais imortais
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1:14 - 1:16quando elas tiverem aquele ataque cardíaco.
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1:16 - 1:19Um exemplo de um ou dois organismos,
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1:19 - 1:22que são praticamente imortais
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1:22 - 1:24seriam sementes de plantas
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1:24 - 1:26ou esporos de bactérias.
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1:26 - 1:28Essas criaturas são
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1:28 - 1:31algumas das formas de vida mais imortais em nosso planeta,
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1:31 - 1:34e elas tendem a ficar a maior parte do seu tempo
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1:34 - 1:37em animação suspensa.
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1:37 - 1:40Esporos de bactérias são agora considerados pelos cientistas
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1:40 - 1:42como existindo na forma de células individuais
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1:42 - 1:45que estão vivas, mas em animação suspensa
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1:45 - 1:48por até 250 milhões de anos.
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1:48 - 1:53Para sugerir que todas estas, tipo, pequenas, minúsculas criaturas
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1:53 - 1:55eu quero trazer isso para perto de nós.
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1:55 - 1:58Na linha germinativa imortal
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1:58 - 2:00dos seres humanos,
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2:00 - 2:03a saber os óvulos que permanecem nos ovário,
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2:03 - 2:07eles realmente ficam lá em um estado de animação suspensa
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2:07 - 2:10por até 50 anos na vida de cada mulher.
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2:11 - 2:14E então há também meu exemplo favorito
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2:14 - 2:16de animação suspensa.
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2:16 - 2:18São os kikos marinhos.
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2:18 - 2:20Aqueles de vocês que têm filhos,
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2:20 - 2:22vocês os conhecem.
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2:22 - 2:24Se vocês forem a uma pet-shop ou loja de brinquedos,
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2:24 - 2:26vocês podem comprar essas coisas.
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2:26 - 2:28Vocês simplesmente abrem o saquinho e despejá-los
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2:28 - 2:30no aquário de plástico,
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2:30 - 2:33e depois de uma semana, vocês terão pequenos camarões nadando ali.
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2:33 - 2:36Bem, eu não estava interessado por eles nadarem.
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2:36 - 2:39Meu interesse era no que acontecia naquele saquinho,
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2:39 - 2:41o saquinho na prateleira da loja de brinquedos
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2:41 - 2:43onde aqueles camarões ficavam
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2:43 - 2:46em animação suspensa, indefinidamente.
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2:46 - 2:51Assim, essas idéias de animação suspensa
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2:51 - 2:54não se limitam a células e pequenos organismos estranhos.
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2:54 - 2:56Ocasionalmente, seres humanos
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2:56 - 2:58são des-animados por um tempo curto,
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2:58 - 3:01a as histórias de pessoas que são momentaneamente des-animadas
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3:01 - 3:03que mais me interessaram
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3:03 - 3:05são aquelas que têm a ver com o frio.
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3:05 - 3:08Há 10 anos, houve uma esquiadora na Noruega
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3:08 - 3:11que ficou presa numa queda dágua gelada.
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3:11 - 3:14E ela ficou lá por duas horas, antes de ser retirada.
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3:14 - 3:16Ela estava muito fria,
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3:16 - 3:18e não tinha batida cardíaca.
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3:18 - 3:20Para todos efeitos e propósitos ela estava morta, congelada.
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3:20 - 3:23Sete horas mais tarde,
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3:23 - 3:25ainda sem batida cardíaca,
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3:25 - 3:27eles a trouxeram de volta à vida, e ela veio a tornar-se
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3:27 - 3:29a radiologista chefe
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3:29 - 3:31do hospital onde foi tratada.
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3:31 - 3:33Alguns anos mais tarde --
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3:33 - 3:35e eu fico mesmo muito entusiasmado com essas coisas --
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3:35 - 3:37alguns anos mais tarde,
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3:37 - 3:40houve uma garotinha de 13 meses de idade, ela era do Canadá.
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3:40 - 3:42O pai dela tinha saído no inverno, ele estava trabalhando no turno da noite,
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3:42 - 3:45e ela o seguiu fora de casa usando apenas uma fralda.
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3:45 - 3:47E ela foi encontrada horas mais tarde
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3:47 - 3:49congelada, sem vida.
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3:49 - 3:51E eles a trouxeram de volta à vida.
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3:51 - 3:53Houve uma mulher de 65 anos
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3:53 - 3:55em Duluth, Minnesota, no ano passado
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3:55 - 3:57que foi encontrada congelada e sem pulso
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3:57 - 4:00no seu jardim, numa manhã de inverno,
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4:00 - 4:02e eles a trouxeram de volta à vida.
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4:02 - 4:04No dia seguinte, ela se sentia tão bem que quiseram fazer testes nela.
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4:04 - 4:06Ela implicou e simplesmente voltou para casa.
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4:06 - 4:08(Risos)
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4:08 - 4:10Então, esses são milagres, certo.
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4:10 - 4:13Essas são coisas verdadeiramente milagrosas que acontecem.
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4:13 - 4:15Os médicos dizem uma coisa
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4:15 - 4:18que, de fato, você não está morto enquanto não estiver quente e morto.
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4:18 - 4:21E isso é verdade. É verdade.
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4:21 - 4:23No New England Journal of Medicine,
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4:23 - 4:25foi publicado um estudo mostrando
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4:25 - 4:27que com reaquecimento adequado,
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4:27 - 4:30pessoas que sofreram ficando sem batida cardíaca por três horas,
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4:30 - 4:33poderiam ser trazidas de volta à vida sem quaisquer problemas neurológicos.
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4:33 - 4:35E isso com mais de 50 por cento de chance.
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4:35 - 4:38Então, o que eu estava tentando fazer era pensar como
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4:38 - 4:40poderíamos estudar
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4:40 - 4:42a animação suspensa
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4:42 - 4:44pensar numa maneira
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4:44 - 4:46de reproduzir, talvez,
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4:46 - 4:48o que aconteceu com a esquiadora.
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4:48 - 4:50Bem, preciso dizer uma coisa muito estranha a vocês,
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4:50 - 4:53é que ser exposto a uma baixa concentração de oxigênio
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4:53 - 4:56nem sempre mata.
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4:56 - 4:59Assim, nesta sala, há 20 por cento de oxigênio ou coisa assim.
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4:59 - 5:01E, se reduzirmos a concentração de oxigênio,
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5:01 - 5:03todos nós morreremos.
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5:03 - 5:06E, de fato os animais com os quais trabalhamos no laboratório,
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5:06 - 5:08essas pequenas minhocas de jardim, nematóides,
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5:08 - 5:11elas também morreram quando as submetemos a baixo oxigênio.
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5:11 - 5:13E aqui está a coisa que vai deixar vocês desorientados.
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5:13 - 5:16É que, quando reduzimos a concentração de oxigênio ainda mais
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5:16 - 5:20de 100 vezes, a 10 partes por milhão,
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5:20 - 5:22elas não morreram,
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5:22 - 5:24elas ficaram em animação suspensa,
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5:24 - 5:27e fomos capazes de trazê-las de volta à vida sem qualquer dano.
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5:28 - 5:30E essa concentração específica de oxigênio,
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5:30 - 5:3210 partes por milhão,
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5:32 - 5:34que causou a animação suspensa,
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5:34 - 5:36é mantida.
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5:36 - 5:38Podemos observá-las numa variedade de organismos diferentes.
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5:38 - 5:40Uma das criaturas em que a observamos
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5:40 - 5:42é um peixe.
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5:42 - 5:45E somos capazes de ligar e desligar suas batidas cardíacas entrando e saindo
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5:45 - 5:48da animação suspensa, como vocês fariam com um interruptor de luz.
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5:48 - 5:51Assim, foi bastante chocante para mim
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5:53 - 5:55que fossemos capazes de fazer isso.
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5:55 - 5:57E assim fiquei imaginando, quando estávamos tentando
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5:57 - 5:59reproduzir o trabalho com a esquiadora,
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5:59 - 6:02que nós percebemos, é claro,
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6:02 - 6:04que ela não tinha consumo de oxigênio,
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6:04 - 6:07e assim talvez ela estivesse num estado de animação suspensa semelhante.
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6:07 - 6:09Mas, é claro, ela também estava extremamente fria.
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6:09 - 6:11Assim, ficamos imaginando o que aconteceria
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6:11 - 6:13se pegássemos nossos animais suspensos e os expuséssemos ao frio.
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6:13 - 6:15E assim, o que descobrimos
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6:15 - 6:17foi que, se pegarmos animais
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6:17 - 6:19que estão animados como vocês e eu,
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6:19 - 6:22e os colocarmos no frio -- quer dizer, isso foi com as minhocas de jardim --
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6:22 - 6:24então eles morreram.
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6:24 - 6:26Mas se eles estiverem em animação suspensa,
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6:26 - 6:29e então forem colocados no frio, eles permanecem vivos.
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6:29 - 6:31E aqui está a coisa mais importante:
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6:31 - 6:33se vocês querem sobreviver ao frio,
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6:33 - 6:35vocês precisam estar em suspensão. Certo?
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6:35 - 6:37Isso é uma coisa realmente boa.
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6:38 - 6:40E assim, estávamos pensando nisso,
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6:40 - 6:42nessa relação entre essas coisas,
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6:42 - 6:45e pensando se isso tinha ou não acontecido com a esquiadora.
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6:45 - 6:48E daí imaginamos: poderia existir algum agente
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6:48 - 6:50que existe em nós, algo que nós mesmos produzimos
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6:50 - 6:53que nos permita regular nossa própria flexibilidade metabólica
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6:53 - 6:55de tal modo que sejamos capazes de sobreviver
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6:55 - 6:58quando ficamos extremamente frios, e sem isso morreríamos.
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6:59 - 7:02Achei que poderia ser interessante sair à caça de coisas assim.
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7:02 - 7:04Vocês sabem?
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7:04 - 7:07Devo mencionar aqui brevemente
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7:07 - 7:10que os livros-texto de fisiologia nos quais vocês podem ler sobre isso
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7:10 - 7:13vão dizer-lhes que é uma espécie de heresia sugerir isso.
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7:13 - 7:16Nós sabemos, desde o momento em que recebemos uma palmada no traseiro
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7:16 - 7:18até exalarmos nosso último suspiro --
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7:18 - 7:20quer dizer, desde que somos recém-nascidos até quando estamos mortos --
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7:20 - 7:22não somos capazes de reduzir nossa taxa metabólica
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7:22 - 7:24abaixo do que é chamado de padrão,
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7:24 - 7:26ou taxa metabólica basal.
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7:27 - 7:29Mas eu sabia que houveram exemplos
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7:29 - 7:31de criaturas, inclusive mamíferos,
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7:31 - 7:33que efetivamente reduzem suas taxas metabólicas
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7:33 - 7:35como esquilos terrestres e ursos.
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7:35 - 7:37Eles reduzem suas taxas metabólicas
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7:37 - 7:39durante o inverno, quando eles hibernam.
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7:39 - 7:42Então eu imaginei: seríamos capazes de encontrar algum agente ou gatilho
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7:42 - 7:45que fosse capaz de induzir um estado assim em nós?
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7:45 - 7:48E assim, saímos em busca dessas coisas.
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7:48 - 7:51E esse foi um período em que fracassamos tremendamente.
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7:51 - 7:53Ken Robinson está aqui. Ele falou sobre as glórias do fracasso.
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7:53 - 7:55Bem, nós tivemos muitas destas.
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7:55 - 7:57Tentamos muitas substâncias e agentes químicos,
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7:57 - 8:00e falhamos uma vez depois da outra.
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8:00 - 8:02Então, numa ocasião, eu estava em casa
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8:02 - 8:04vendo televisão,
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8:04 - 8:08enquanto minha mulher estava colocando as crianças na cama,
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8:08 - 8:10e eu estava vendo um programa de televisão.
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8:10 - 8:12Era um programa de televisão --
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8:12 - 8:15era o NOVA na PBS --
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8:15 - 8:17sobre cavernas no Novo México.
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8:17 - 8:19E aquela caverna particular era a Lechuguilla,
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8:19 - 8:22e aquela caverna era extremamente tóxica para seres humanos.
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8:22 - 8:24Os pesquisadores tinham que vestir trajes só para entrar nela.
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8:24 - 8:26Ela é cheia desse gás tóxico,
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8:26 - 8:28sulfeto de hidrogênio.
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8:28 - 8:32Pois bem, o sulfeto de hidrogênio, curiosamente, está presente em nós.
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8:32 - 8:34Nós o produzimos.
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8:34 - 8:37A maior concentração é nos nossos cérebros.
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8:37 - 8:39No entanto, ele era usado
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8:39 - 8:42como um agente de guerra química na Primeira Guerra Mundial.
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8:44 - 8:46É uma coisa extremamente tóxica.
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8:46 - 8:48Na verdade, em acidentes químicos,
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8:48 - 8:52sabe-se que o sulfeto de hidrogênio é capaz de --
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8:52 - 8:55se vocês respiram uma quantidade muito grande, vocês desabam no chão,
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8:56 - 8:58vocês parecem mortos,
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8:58 - 9:01mas se vocês forem trazidos a uma atmosfera normal, vocês podem ser reanimados sem danos,
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9:01 - 9:03se fizerem isso bem depressa.
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9:03 - 9:07Então pensei, caramba, preciso arranjar um pouco disso.
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9:07 - 9:09(Risos)
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9:09 - 9:15Acontece que estamos na América pós-11 de setembro,
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9:15 - 9:18e quando vocês vão a um instituto de pesquisas
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9:18 - 9:20e dizem, "Alô,
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9:20 - 9:22eu gostaria de comprar alguns
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9:22 - 9:24cilindros de gás comprimido
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9:24 - 9:26de um gás letal concentrado
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9:26 - 9:28porque eu tenho umas idéias, vejam só,
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9:28 - 9:30de pretender colocar pessoas em estado de suspensão.
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9:30 - 9:32Vai ficar realmente tudo bem."
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9:32 - 9:34Então esse é um momento difícil,
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9:34 - 9:37mas eu disse, existe mesmo
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9:37 - 9:41alguma base para pensar porque a gente gostaria de fazer isso.
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9:41 - 9:43Como eu disse, esse agente existe em nós,
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9:43 - 9:45e, de fato, aqui está uma coisa curiosa,
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9:45 - 9:48ele se liga ao mesmo lugar dentro de nossas células
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9:48 - 9:50ao qual o oxigênio se liga, e onde ele é queimado,
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9:50 - 9:52e que a gente faz isso para viver.
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9:52 - 9:55E então nós pensamos, como no jogo da dança das cadeiras,
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9:55 - 10:00se conseguiríamos dar a uma pessoa
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10:00 - 10:02um pouco de sulfeto de hidrogênio,
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10:02 - 10:04e se ele seria capaz de ocupar aquele lugar,
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10:04 - 10:07como num jogo de dança das cadeiras, onde o oxigênio se ligaria,
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10:07 - 10:09e como não dá mais para o oxigênio se ligar,
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10:09 - 10:11talvez a pessoa pare de consumi-lo,
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10:11 - 10:14e então talvez isso reduza a demanda de oxigênio.
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10:14 - 10:16Quero dizer, quem sabe?
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10:16 - 10:19Então -- (Risos)
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10:19 - 10:22Então, aí está o pedacinho sobre a dopamina
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10:22 - 10:25e sendo um pouco, como se diz, delirante
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10:25 - 10:27e vocês poderiam sugerir que foi isto.
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10:27 - 10:29E então queríamos verificar
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10:29 - 10:32se seríamos capazes de usar
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10:32 - 10:35sulfeto de hidrogênio na presença do frio,
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10:35 - 10:37e queríamos observar se poderíamos
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10:37 - 10:39reproduzir essa esquiadora num mamífero.
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10:40 - 10:44Acontece que mamíferos são criaturas de sangue quente,
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10:44 - 10:47e quando ficamos frios, nos agitamos e trememos, certo.
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10:47 - 10:50Tentamos manter nossa temperatura interna a 37 graus
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10:50 - 10:53efetivamente queimando mais oxigênio.
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10:55 - 10:57Assim, foi interessante para nós
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10:57 - 11:00quando aplicamos sulfeto de hidrogênio
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11:00 - 11:04a um rato, quando também estava frio
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11:04 - 11:06porque aconteceu que a temperatura interna
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11:06 - 11:08do rato ficou fria.
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11:08 - 11:10Ele parou de se mexer.
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11:10 - 11:12Ele parecia morto.
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11:12 - 11:14Sua taxa de consumo de oxigênio
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11:14 - 11:16caiu a um décimo.
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11:16 - 11:19E aqui está o ponto realmente importante.
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11:19 - 11:22Eu disse a vocês que o sulfeto de hidrogênio existe em nós.
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11:22 - 11:24Ele é metabolizado rapidamente,
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11:24 - 11:26e tudo que precisa ser feito depois de ficar seis horas
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11:26 - 11:28nesse estado de animação suspensa
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11:28 - 11:30é simplesmente colocar a coisa no ar ambiente,
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11:30 - 11:33e ela se aquece, e não fica com nenhum estrago.
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11:33 - 11:35Bem, isso foi cósmico.
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11:36 - 11:40Realmente. Porque tínhamos encontrado um meio
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11:40 - 11:43de des-animar um mamífero.
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11:43 - 11:46E isso não causou nenhum mal a ele.
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11:46 - 11:49Assim, tínhamos achado uma maneira de reduzir
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11:49 - 11:51o consumo de oxigênio
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11:51 - 11:54a níveis muito baixos, e tudo estava bem.
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11:54 - 11:57Agora, nesse estado de des-animação,
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11:57 - 11:59ele não poderia sair dançando,
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11:59 - 12:01mas ele não estava morto,
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12:01 - 12:03e ele não sofreu nenhum mal.
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12:03 - 12:06Então começamos a pensar: Será que foi esse o agente
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12:06 - 12:08que poderia estar presente naquela esquiadora,
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12:08 - 12:11e ela poderia tê-lo em maior quantidade que outras pessoas
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12:11 - 12:14e poderia ter sido capaz de reduzir
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12:14 - 12:16a demanda dela por oxigênio
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12:16 - 12:18antes que ela ficasse tão fria que
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12:18 - 12:20de outra forma, tivesse morrido,
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12:20 - 12:23como constatamos em nossos experimentos com minhocas?
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12:24 - 12:27Então, ficamos imaginando:
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12:27 - 12:29Será que podemos fazer alguma coisa útil
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12:29 - 12:31com essa capacidade de
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12:31 - 12:33controlar a flexibilidade metabólica?
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12:33 - 12:36E uma das coisas que nos intrigou --
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12:36 - 12:38estou certo de que alguns de vocês são economistas,
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12:38 - 12:40e sabem tudo sobre oferta e demanda.
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12:40 - 12:42E quando a oferta é igual à demanda,
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12:42 - 12:44tudo vai bem,
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12:44 - 12:46mas quando a oferta cai --
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12:46 - 12:48neste caso, de oxigênio --
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12:48 - 12:51e a demanda continua alta, você morre.
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12:51 - 12:53Então, o que acabei de dizer a vocês
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12:53 - 12:55é que agora somos capazes de reduzir a demanda.
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12:55 - 12:57Nós devemos reduzir a oferta
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12:57 - 13:00a níveis sem precedentes sem matar o animal.
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13:00 - 13:03E com o dinheiro que conseguimos do DARPA,
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13:03 - 13:05podemos mostrar exatamente isso.
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13:05 - 13:08Se dermos aos ratos sulfeto de hidrogênio,
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13:08 - 13:10podemos reduzir a demanda deles por oxigênio,
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13:10 - 13:13e podemos colocá-los em concentrações de oxigênio
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13:13 - 13:16tão baixas como as de 1.500 m acima do Monte Everest,
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13:16 - 13:19e eles podem ficar lá por horas, e não há problema algum.
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13:19 - 13:21Bem, isso era realmente formidável.
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13:21 - 13:23Também descobrimos que podíamos submeter animais
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13:23 - 13:26a perdas de sangue que, de outro modo, seriam letais, e podíamos salvá-los
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13:26 - 13:29se déssemos a eles sulfeto de hidrogênio.
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13:29 - 13:32Assim, esses experimentos de prova de conceito
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13:32 - 13:35me levaram a pensar que eu deveria fundar uma empresa,
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13:35 - 13:38e deveríamos levar isso a um campo de atuação mais amplo.
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13:40 - 13:42Fundei uma empresa chamada Ikaria
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13:42 - 13:44com a ajuda de outras pessoas.
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13:44 - 13:46E essa empresa, a primeira coisa que ela fez
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13:46 - 13:49foi preparar uma formulação líquida de sulfeto de hidrogênio
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13:49 - 13:51em forma injetável que podíamos embalar
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13:51 - 13:54e enviar para cientistas médicos em todo o mundo
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13:54 - 13:56que trabalham em modelos de tratamento de pacientes críticos
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13:56 - 13:58e os resultados foram incrivelmente positivos.
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13:58 - 14:00Em um modelo de ataque cardíaco,
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14:00 - 14:02animais aos quais foi aplicado sulfeto de hidrogênio
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14:02 - 14:04apresentaram uma redução de 70 por cento dos cardíacos
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14:04 - 14:06comparados àqueles que receberam o tratamento padrão
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14:06 - 14:09que eu e vocês receberíamos se tivéssemos uma ataque cardíaco aqui, hoje.
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14:09 - 14:11O mesmo é verdadeiro para falência de órgãos
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14:11 - 14:16quando se tem perda da função devido a deficiência na perfusão do rim, do fígado,
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14:16 - 14:18síndrome da angústia respiratória aguda
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14:18 - 14:21e danos sofridos em cirurgias de revascularização cardíacas
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14:23 - 14:25Assim, aí estão os líderes na medicina de trauma
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14:25 - 14:27em todo o mundo dizendo que isso é verdade,
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14:27 - 14:31assim, parece que a exposição ao sulfeto de hidrogênio
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14:31 - 14:33reduz os danos que se sofre
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14:33 - 14:36devido a exposição a baixo oxigênio que, de outro modo, seria letal.
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14:36 - 14:39E devo dizer que as concentrações de sulfeto de hidrogênio
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14:39 - 14:42necessárias para obter esse benefício
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14:43 - 14:45são baixas, incrivelmente baixas.
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14:45 - 14:48De fato, tão baixas que os médicos não precisarão reduzir ou atenuar
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14:48 - 14:50o metabolismo das pessoas significativamente
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14:50 - 14:52para observarem os benefícios que acabei de mencionar,
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14:52 - 14:54o que é uma coisa magnífica, se vocês estiverem pensando em adotar isso.
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14:54 - 14:56Vocês não querem ficar apagando as pessoas
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14:56 - 14:58só para salvá-las, é realmente perturbador.
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14:58 - 15:00(Risos)
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15:00 - 15:04Então, quero dizer que estamos nos testes humanos.
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15:04 - 15:06Agora, e assim --
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15:06 - 15:12(Aplausos)
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15:12 - 15:15Muito obrigado. A fase um dos estudos de segurança foi concluída,
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15:15 - 15:17e estamos indo muito bem, estamos agora avançando.
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15:17 - 15:20Precisamos chegar à fase dois e à fase três. Vai nos levar alguns anos.
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15:20 - 15:22Tudo isso aconteceu muito depressa,
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15:22 - 15:24e as experiências com ratos
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15:24 - 15:27com os ratos em hibernação aconteceu em 2005,
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15:27 - 15:29os primeiros estudos com humanos foram feitos em 2008,
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15:29 - 15:31e num par de anos devemos saber
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15:31 - 15:33se funciona ou não.
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15:33 - 15:35E tudo isso aconteceu muito depressa mesmo
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15:35 - 15:37por causa de muita ajuda de muitas pessoas.
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15:37 - 15:39Quero mencionar, em primeiro lugar,
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15:39 - 15:42minha esposa, sem ela esta apresentação e meu trabalho não seriam possíveis,
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15:42 - 15:44por isso, muito obrigado.
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15:44 - 15:47Assim como os brilhantes cientistas que trabalham no meu laboratório
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15:47 - 15:49e também outros membros da equipe,
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15:49 - 15:51o Centro de Pesquisas de Câncer Fred Hutchinson em Seattle, estado de Washington,
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15:51 - 15:53um lugar maravilhoso para trabalhar.
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15:53 - 15:55E também os maravilhosos cientistas
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15:55 - 15:57e administradores de negócio do Ikaria.
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15:57 - 16:00Uma coisa que o pessoal fez lá
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16:00 - 16:03foi pegar essa tecnologia de sulfeto de hidrogênio,
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16:03 - 16:06que é essa empresa em implantação, que está queimando capital de risco bem depressa,
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16:06 - 16:08e eles fundiram com outra empresa
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16:08 - 16:10que vende outro gás tóxico
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16:10 - 16:14que é mais tóxico que o sulfeto de hidrogênio,
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16:14 - 16:17e eles o aplicam a bebês recém-nascidos que de outro modo morreriam
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16:17 - 16:20de uma incapacidade de oxigenar seus tecidos adequadamente.
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16:21 - 16:24E esse gás, que é fornecido a mais de
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16:24 - 16:26mil hospitais de tratamentos críticos em todo o mundo,
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16:26 - 16:28agora está aprovado, rotulado,
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16:28 - 16:30e salva milhares de bebês a cada ano
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16:30 - 16:32da morte certa.
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16:32 - 16:34(Aplausos)
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16:34 - 16:37Assim, é mesmo fantástico
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16:37 - 16:39para mim fazer parte disso.
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16:39 - 16:41E quero dizer que acredito estarmos no caminho
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16:41 - 16:43de entender a flexibilidade metabólica
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16:43 - 16:45de uma maneira fundamental,
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16:45 - 16:49e que num futuro não muito distante,
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16:49 - 16:52um técnico em medicina de emergência poderá dar uma injeção de sulfeto de hidrogênio,
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16:52 - 16:54ou algum composto semelhante,
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16:54 - 16:57a uma pessoa sofrendo de traumatismos severos,
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16:57 - 16:59e essa pessoa poderá ficar um pouco des-animada,
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16:59 - 17:03e elas poderão ficar um pouco mais imortais.
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17:03 - 17:05O metabolismo delas vai cair
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17:05 - 17:11como se estivéssemos diminuindo um comutador numa lâmpada de casa.
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17:11 - 17:14E então, elas terão o tempo, isso vai oferecer-lhes o tempo
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17:14 - 17:17para serem transportados ao hospital
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17:19 - 17:23para obterem o tratamento de que precisam.
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17:23 - 17:28E então, depois que elas tenham recebido o tratamento,
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17:28 - 17:30como o rato, como a esquiadora,
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17:30 - 17:32como a mulher de 65 anos,
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17:32 - 17:34elas irão acordar.
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17:34 - 17:36Um milagre?
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17:36 - 17:38Esperamos que não, ou pelo menos esperamos apenas
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17:38 - 17:40tornar os milagres um pouco mais comuns.
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17:40 - 17:42Muito obrigado a vocês.
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17:42 - 17:49(Aplausos)
- Title:
- Mark Roth: A animação suspensa está ao nosso alcance
- Speaker:
- Mark Roth
- Description:
-
Mark Roth estuda a animação suspensa: a arte de interrromper os processos da vida e então reiniciá-los novamente. É uma coisa impressionante mas não se trata de ficção científica. Induzida pelo uso cuidadoso de um gás que de outra forma seria tóxico, suspender a animação tem potencial para ajudar vítimas de traumas e ataques cardíacos a sobreviverem o suficiente para receberem tratamento.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 17:52