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Jeff Wall: Uma Fotografia Impossível | "Extended Play" | Art21

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    Tradução: Andreia Frazão
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    [Jeff Wall:
    Uma Fotografia Impossível]
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    (Entrevistadora) Deixe-me só
    fazer-lhe uma pergunta.
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    Aquele senhor ali na fotografia,
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    que está a olhar pela janela
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    e tem aquelas calças incríveis vestidas...
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    Foi o Jeff que fez aquelas calças
    ou foi ele?
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    Obrigou-o a usá-las?
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    Há ali algum artifício?
    Como descreveria o que aconteceu?
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    — Isso é uma informação confidencial.
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    (Risos)
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    — Então e quanto à fotografia
    da mulher a experimentar o vestido?
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    — Também é uma informação secreta.
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    O que vê a acontecer, aconteceu.
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    É tudo o que lhe tenho a dizer.
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    Como aconteceu não interessa,
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    o que interessa é que aconteceu.
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    Vamos imaginar
    que vi este homem no passeio
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    e o convenci a fazer
    o que ele já estava a fazer...
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    Então e se eu tivesse feito
    uma reconstrução elaborada...
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    Qual é a diferença?
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    Quer dizer, há obviamente uma diferença
    em termos factuais, históricos, etc.
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    E, na fotografia,
    essa diferença é importante.
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    Na fotografia artística,
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    não pode ter mais importância
    do que tem nas outras formas de arte.
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    Na pintura, é irrelevante.
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    Na escultura, é irrelevante.
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    No teatro, é irrelevante.
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    No cinema, é irrelevante.
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    Só importa numa forma de arte:
    a fotografia.
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    É por isso que temos de lidar com isso.
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    — Qual foi o ponto de partida?
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    — Uma memória de há 30 ou 40 anos
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    que me voltou inesperadamente à cabeça.
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    Dei-me conta de que gostava do tema,
    mas a questão era:
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    "Como posso fotografar isto?".
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    A impossibilidade de ver:
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    eis um dos fatores
    que tornaram a fotografia interessante.
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    Daquele lado do provador,
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    sabemos que há um espelho,
    porque do lado oposto há uma cortina.
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    Mas não é uma imagem espelhada.
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    Se olharmos para os cabides,
    vemos que dizem "Barneys",
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    e não está ao contrário.
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    A cortina está fechada,
    ninguém pode ver o interior do provador.
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    É proibido ter espelhos unidirecionais
    nos provadores.
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    É proibido ter lá câmaras de vigilância.
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    Tudo isto são factos.
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    Se analisarmos a fotografia,
    teremos de chegar a esta conclusão:
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    a única coisa que podemos estar a ver
    é o que o espelho vê.
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    Portanto,
    é uma fotografia impossível de tirar.
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    Isto causou
    muitas dificuldades interessantes.
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    A Barneys é uma loja onde se pode roubar.
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    Portanto, é claro que tive de ir à Barneys
    fotografar os provadores,
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    medi-los, inteirar-me de todos os detalhes
    e depois copiar tudo.
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    (Clique dos interruptores)
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    Creio que o lhe disse é algo que,
    se prestar atenção à fotografia,
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    se a apreciar, se a examinar
    e se deixar envolver...
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    há de perceber.
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    E quando perceber, vai ser emocionante.
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    A mais bela mestria artística está oculta.
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    Mas não há segredo nenhum.
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    Não é como se fosse um segredo.
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    É uma condição.
Title:
Jeff Wall: Uma Fotografia Impossível | "Extended Play" | Art21
Description:

Episódio #248: é com relutância que, no seu estúdio em Vancouver, o artista Jeff Wall discute o porquê e como criou a fotografia «Provador» (2014). Após uma análise atenta, os espectadores apercebem-se de que a perspetiva que estão a ver é a do espelho — um ângulo impossível de captar. «A impossibilidade de a ver foi um dos fatores que tornou a fotografia interessante», diz Wall, que se dedica frequentemente a criar réplicas de locais e cenas que vivenciou ou imaginou antes de utilizar a câmara para captar a fotografia.

Ao não revelar imediatamente o que a mulher está a fazer nem como criou a imagem, Wall encoraja os espectadores a examinarem a obra de perto e a tirarem as suas próprias conclusões. «Se prestarem atenção à fotografia e se se deixarem envolver, vão perceber», afirma. «E quando perceberem, será emocionante».

Atento aos encontros acidentais que podem inspirar uma fotografia, Jeff Wall recria flashes de inspiração obtidos a partir de fontes tão variadas como memórias pessoais, algo que observou na rua, imagens de instantes em que sonha acordado e ainda pinturas ou fotografias que encontra. Com uma ideia fixa em mente, Wall envida todos os esforços para produzir minuciosamente a fotografia que imaginou — o que pode incluir a construção de um cenário a partir do zero, ter em conta a posição do sol durante várias semanas e realizar ensaios improvisados com artistas. Orquestrando as suas composições com as liberdades criativas que um pintor tomaria, a curiosa magia e disciplina do trabalho de Wall reside no facto de tudo se passar num estado de realismo fotográfico em que cada ação, objeto e condição é simultaneamente artificial e completamente natural. Muitas vezes impressas à grande escala de uma pintura histórica — expostas quer como caixas de luz retroiluminadas semelhantes a expositores publicitários, quer como nítidas impressões a jato de tinta e gelatina de prata — as obras de Wall revelam um potencial poético através do retrato de personagens empáticas, da representação de pontos de vista impossíveis e da captação de momentos fugidios.

Saiba mais sobre o artista em:
http://www.art21.org/artists/jeff-wall

CRÉDITOS | Produção: Ian Forster e Wesley Miller. Entrevista: Pamela Mason Wagner. Edição: Morgan Riles. Câmara: Greg Bartels e John Marton. Som: Keith Henderson. Música: Komiku. Obras de Arte (cortesia de): Jeff Wall, Galeria Marian Goodman e Gagosian.

A série «Extended Play» do Art21 é parcialmente financiada pelo Departamento de Assuntos Culturais da Cidade de Nova Iorque em parceria com a Câmara Municipal; pelo Art21 Contemporary Council; e por colaboradores individuais.

TRADUÇÃO: Andreia Frazão

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Video Language:
English
Team:
Art21
Project:
"Extended Play" series
Duration:
03:37

Portuguese subtitles

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