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O que torna a tuberculose a infeção mais mortal do mundo? — Melvin Sanicas

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    Em 2008, os arqueólogos descobriram
    dois esqueletos com 9000 anos.
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    Não há forma de saber ao certo
    o que matou essas pessoas antigas
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    mas sabemos que os ossos delas
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    estavam infetadas com uma bactéria
    muito conhecida.
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    Os gregos da Antiguidade conheciam
    os seus efeitos nocivos como "tísica";
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    os incas chamavam-lhe " chaky oncay";
    e os ingleses chamavam-lhe "tuberculose".
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    Atualmente, a tuberculose,
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    continua a ser uma das doenças
    mais mortais do mundo,
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    causando mais mortes do que a malária
    ou o VIH/SIDA.
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    Mas o que é esta doença
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    e como é que este agente patogénico
    persiste há tanto tempo?
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    Normalmente, as bactérias da tuberculose
    chamada "mycobacterium tuberculosis"
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    são transportadas pelo ar.
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    Penetram nas vias respiratórias
    e infetam os pulmões.
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    Aí, as células imunitárias, ou macrófagos,
    acorrem ao local da infeção,
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    tentando absorver e destruir
    as bactérias invasoras.
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    Em muitos casos, esta reação é suficiente
    para eliminar as bactérias.
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    Mas nas pessoas
    com outras condições médicas
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    — desde subnutrição e VIH
    a diabetes e gravidez —
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    a reação imunitária pode
    não ser suficientemente forte
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    para destruir o intruso.
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    Se isso acontece,
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    as "mycobacterium tuberculosis"
    reproduzem-se no interior dos macrófagos
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    e formam colónias no tecido
    pulmonar envolvente.
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    À medida que vão infetando mais células,
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    as bactérias usam enzimas
    que degradam as células
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    e destroem o tecido infetado.
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    provocando dores no peito,
    e fazendo os doentes cuspir sangue.
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    Os danos nos pulmões
    provocam privação de oxigénio.
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    Isso inicia uma enorme série
    de alterações hormonais
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    — incluindo perda de apetite
    e de produção de ferro.
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    A partir daí, os micróbios
    podem espalhar-se pelo esqueleto
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    provocando dores nas costas
    e dificuldade de movimentos;
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    pelos rins e intestinos,
    provocando dores abdominais;
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    pelo cérebro, provocando dores de cabeça
    e até perda de consciência.
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    Estes sintomas produzem
    a imagem clássica da tuberculose:
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    perda de peso, uma permanente tosse
    sanguinolenta e a tez emaciada.
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    Este aspeto fantasmagórico granjeou
    à tuberculose o título de "Peste Branca"
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    na Inglaterra vitoriana.
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    Durante este período, a tuberculose
    era considerada uma "doença romântica",
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    porque afetava muitos artistas
    e poetas, atingidos pela pobreza,
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    que tinham sistemas imunitários
    mais fracos.
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    Os sintomas exteriores da tuberculose
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    contribuíram para o mito
    popular do vampirismo.
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    Apesar destas preocupações
    menos científicas — ou por causa delas —
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    este período também ficou marcado
    pelas primeiras tentativas
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    para curar a tuberculose.
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    Em 1882, o médico alemão, Robert Koch,
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    identificou as origens
    bacterianas da doença.
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    Treze anos depois, o médico Wilhelm
    Roentgen descobriu os raios X,
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    o que permitiu aos médicos diagnosticar
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    e atacar a progressão
    da doença pelo corpo.
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    Estas técnicas permitiram
    aos investigadores
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    desenvolver vacinas fiáveis e eficazes,
    primeiro para a varíola e, em 1921,
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    quando os cientistas desenvolveram
    a vacina da BCG, contra a tuberculose.
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    Esta evolução instituiu a base
    do campo moderno dos antibióticos,
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    que são atualmente os tratamentos
    mais eficazes para a tuberculose.
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    Mas os antibióticos não solucionam
    uma importante complicação do diagnóstico:
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    cerca de 90% das pessoas infetadas
    com tuberculose não mostram sintomas.
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    Nestas infeções latentes, a bactéria
    da tuberculose pode estar adormecida,
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    e só se ativa quando
    o sistema imunitário da pessoa
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    está demasiado fraco para reagir.
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    Isso torna muito mais difícil
    o diagnóstico da tuberculose.
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    Mesmo depois de identificada devidamente,
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    os tratamentos tradicionais
    podem demorar até nove meses,
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    exigem múltiplos medicamentos
    e podem ter efeitos secundários.
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    Isso desencoraja as pessoas
    de terminarem o tratamento devido
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    e um tratamento parcial
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    permite que as bactérias desenvolvam
    resistência a esses medicamentos.
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    Hoje, a doença continua
    predominante em 30 países,
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    a maioria dos quais enfrenta
    outros problemas de saúde
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    que exacerbam a tuberculose
    e desencadeiam causas latentes.
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    Pior ainda, o acesso ao tratamento
    pode ser difícil em muitos desses países
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    e o estigma da tuberculose
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    pode desencorajar as pessoas
    de obter a ajuda de que precisam.
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    Os especialistas acham que precisamos
    de desenvolver diagnósticos melhores,
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    antibióticos de ação mais rápida
    e vacinas mais eficazes.
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    Os investigadores já desenvolveram
    uma análise à urina
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    com resultados em 12 horas,
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    assim como um novo tratamento oral
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    que poderá reduzir em 75%
    o período tratamento.
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    Esperemos que, com progressos como estes,
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    possamos finalmente tornar a tuberculose
    uma doença do passado.
Title:
O que torna a tuberculose a infeção mais mortal do mundo? — Melvin Sanicas
Speaker:
Melvin Sanicas
Description:

Vejam a lição completa: https://ed.ted.com/lessons/what-makes-tb-the-world-s-most-infectious-killer-melvin-sanicas

Em 2008, foram descobertos dois esqueletos com 9000 anos, com os ossos infetados por uma bactéria muito conhecida. Os gregos da Antiguidade conheciam os seus efeitos nocivos como "tísica"; os incas chamavam-lhe " chaky oncay"; e hoje chamamos-lhe "tuberculose". A tuberculose continua a ser uma das doenças mais mortais do mundo, provocando mais mortes do que a malária ou a SIDA. Como é que persistiu durante tanto tempo? Melvin Sanicas investiga.

Lição de Melvin Sanicas, realização de Augenblick Studios.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TED-Ed
Duration:
05:01

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