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A morte terrível de Henrique VIII

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    Um corpo deformado, dores insuportáveis,
  • 0:03 - 0:07
    e um odor tão nauseabundo
    que fazia desmaiar os cortesãos.
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    Depois da morte, fluidos cadavéricos
    escorreram do caixão
  • 0:11 - 0:14
    e foram lambidos por cães vadios.
  • 0:14 - 0:19
    Foi este o terrível fim de um dos monarcas
    mais temidos da História.
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    Hoje vamos revelar a verdadeira história
    da morte de Henrique VIII da Inglaterra,
  • 0:24 - 0:26
    uma história tão grotesca
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    que raramente é contada
    na sua total realidade repugnante.
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    Henrique Tudor nasceu
    a 28 de junho de 1491,
  • 0:35 - 0:38
    Quando subiu ao trono aos 17 anos,
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    foi considerado o príncipe
    mais bonito da Europa.
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    Alto, atlético, com cabelo castanho arruivado,
    e um porte majestoso.
  • 0:46 - 0:50
    Um embaixador de Veneza escreveu
    que ele possuía uma figura extraordinária
  • 0:50 - 0:53
    e um semblante angelical,
  • 0:53 - 0:56
    uma beleza superior
    a qualquer outro príncipe cristão.
  • 0:57 - 1:00
    Então, como é que este modelo
    de virilidade e de poder
  • 1:00 - 1:04
    acabou sofrendo uma morte tão degradante?
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    O ponto de viragem foi um acidente
    que ocorreu em janeiro de 1536,
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    durante um torneio de justa em Greenwich.
  • 1:12 - 1:16
    Aos 44 anos, Henry sofreu uma queda terrível
  • 1:16 - 1:18
    quando o cavalo caiu em cima dele.
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    O rei manteve-se inconsciente
    durante duas horas
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    e, embora tenha sobrevivido,
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    o ferimento na perna direita
    nunca se curou totalmente.
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    Esse ferimento transformou-se
    numa úlcera aberta
  • 1:30 - 1:34
    que estava sempre a supurar,
    exalando um odor fétido
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    que anunciava a presença dele
    ainda antes de ele entrar numa sala.
  • 1:38 - 1:42
    Era uma humilhação devastadora
    para um rei tão vaidoso.
  • 1:42 - 1:47
    Os cortesãos eram obrigados a suportar
    esse cheiro sem mostrar repugnância
  • 1:47 - 1:49
    sob pena de sofrerem a ira real.
  • 1:50 - 1:54
    O acidente também marcou o início
    duma transformação no comportamento.
  • 1:54 - 1:58
    Por coincidência ou não, ocorreu
    durante o mesmo período
  • 1:58 - 2:02
    quando Henrique ordenou a execução
    da sua segunda mulher, Ana Boleyn,
  • 2:02 - 2:06
    sob acusações fabricadas
    de adultério e traição.
  • 2:07 - 2:09
    Alguns historiadores sugerem
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    que o trauma cerebral
    resultante da queda
  • 2:11 - 2:17
    pode ter exacerbado tendências existentes
    para paranoia e acessos de raiva.
  • 2:17 - 2:21
    Com uma mobilidade reduzida,
    o rei começou a ganhar peso rapidamente.
  • 2:21 - 2:25
    A cintura dele, que media 89 cm
    na juventude,
  • 2:25 - 2:29
    foi aumentando para mais de 130 cm.
  • 2:29 - 2:34
    O peso ultrapassou os 180 kg,
    tornando-o tão obeso
  • 2:34 - 2:37
    que precisava de ser transportado
    entre os apartamentos reais
  • 2:37 - 2:40
    usando um sistema de polias
    especialmente concebido para isso.
  • 2:40 - 2:45
    Os caixilhos das portas dos palácios
    tiveram de ser alargados para ele poder passar.
  • 2:46 - 2:49
    A dieta real contribuiu em muito
    para o seu declínio.
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    Registos da cozinha mostram
    que Henrique consumia
  • 2:52 - 2:54
    cerca de 5000 calorias por dia,
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    principalmente a partir de carnes vermelhas
    e muito poucos vegetais.
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    Um jantar habitual incluía
    vários tipos de empadas de carne
  • 3:01 - 3:05
    e quantidades impressionantes
    de vinho e cerveja.
  • 3:05 - 3:08
    Este regime, aliado
    a uma inatividade forçada
  • 3:08 - 3:12
    acelerou drasticamente
    a deterioração física.
  • 3:12 - 3:15
    As úlceras nas pernas
    foram piorando com o tempo.
  • 3:15 - 3:19
    Os físicos aplicavam tratamentos
    que hoje sabemos serem prejudicais:
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    cauterização com ferro em brasa,
  • 3:21 - 3:25
    aplicação de misturas contendo
    arsénico e mercúrio
  • 3:25 - 3:28
    e regulares sangrias que só
    o enfraqueciam ainda mais.
  • 3:29 - 3:33
    As feridas tornaram-se tão graves
    que até se viam os osssos
  • 3:33 - 3:35
    através da carne em decomposição.
  • 3:35 - 3:36
    O cheiro era tão nauseabundo
  • 3:36 - 3:40
    que a presença dele era detetada
    a três salas de distância.
  • 3:40 - 3:46
    Aos 49 anos, Henrique
    casou com Catherine Howard,
    uma jovem de 19 anos.
  • 3:46 - 3:49
    Ele descreveu este casamento
    como um regresso à juventude.
  • 3:50 - 3:54
    Mas a diferença de idades, aliada
    à sua situação física,
  • 3:54 - 3:57
    tornou esta união num espetáculo grotesco.
  • 3:57 - 4:01
    Catherine, incapaz de suportar
    aquele marido deformado e malcheiroso,
  • 4:01 - 4:04
    procurou consolo nos braços
    dum cortesão mais jovem.
  • 4:04 - 4:09
    Quando o caso foi descoberto,
    o rei ordenou a execução dos dois.
  • 4:09 - 4:13
    O último casamento com
    Catarina Parr, em 1543,
  • 4:13 - 4:17
    foi mais um arranjo político
    do que romântico.
  • 4:17 - 4:21
    Catarina assumiu mais o papel
    duma enfermeira do que de uma mulher,
  • 4:21 - 4:24
    cuidando do rei moribundo
    com uma dedicação surpreendente,
  • 4:24 - 4:26
    considerando o destino
    das suas antecessoras.
  • 4:27 - 4:31
    Nos seus últimos anos, Henrique
    sofreu de múltiplas doenças.
  • 4:32 - 4:35
    Os especialistas atuais pensam
    que ele devia sofrer de diabetes,
  • 4:35 - 4:39
    de gota grave, de hipertensão
    e de insuficiência cardíaca.
  • 4:39 - 4:42
    Alguns sugerem a sífilis,
    embora este diagnóstico
  • 4:42 - 4:45
    seja posto em causa
    por muitos historiadores modernos.
  • 4:45 - 4:47
    Esta combinação de doenças
  • 4:47 - 4:51
    transformou os seus últimos anos
    num tormento permanente.
  • 4:51 - 4:55
    Relatos deste período descrevem
    como o rei alternava
  • 4:55 - 4:57
    períodos de dores insuportáveis
  • 4:57 - 5:00
    durante os quais gritava e praguejava
    todos à sua volta
  • 5:01 - 5:03
    com momentos de profunda melancolia,
  • 5:03 - 5:06
    quando se mantinha imóvel durante horas.
  • 5:06 - 5:10
    A paranoia de Henrique intensificou-se
    ao longo deste sofrimento físico.
  • 5:10 - 5:13
    O outrora brilhante estadista
  • 5:13 - 5:16
    tornou-se obcecado
    por conspirações imaginárias,
  • 5:16 - 5:19
    executando amigos íntimos
    e conselheiros leais
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    por suspeitas infundadas.
  • 5:21 - 5:24
    O terror dominava na corte
    porque um comentário imprudente
  • 5:24 - 5:26
    ou um olhar mal interpretado
  • 5:26 - 5:29
    podia resultar numa acusação de traição.
  • 5:29 - 5:34
    Por exemplo, ordenou a execução
    de Henrique Howard, Conde de Surrey,
  • 5:34 - 5:37
    nove dias antes de morrer.
  • 5:37 - 5:40
    O medo que tinha de ser envenenado
    tornou-se uma obsessão.
  • 5:40 - 5:43
    Implementou um elaborado sistema
    de segurança alimentar
  • 5:43 - 5:47
    exigindo que criados provassem cada prato
    antes de o porem na mesa.
  • 5:47 - 5:51
    Todos os utensílio eram inspecionados
    meticulosamente.
  • 5:51 - 5:55
    Esta fixação pode ter sido um sintoma
    duma crescente instabilidade mental
  • 5:55 - 5:59
    ou o resultado de repetidos ataques menores.
  • 5:59 - 6:01
    À medida que o fim se aproximava,
  • 6:01 - 6:04
    o sofrimento de Henrique atingiu
    níveis quase inimagináveis.
  • 6:05 - 6:09
    Nos últimos meses, quase não conseguia
    mover-se, mesmo com ajuda.
  • 6:10 - 6:12
    A gangrena apoderara-se das pernas
  • 6:12 - 6:14
    intensificando o odor quase insuportável.
  • 6:15 - 6:19
    A corte real passou a ser um local
    de miasmas e de sussurros.
  • 6:19 - 6:23
    em que os cortesãos tapavam o nariz
    com lenços encharcados de perfume,
  • 6:23 - 6:27
    forçando-se a manterem-se na presença do rei.
  • 6:28 - 6:32
    Durante o último inverno, de 1546 para 1547,
  • 6:32 - 6:35
    a saúde do rei deteriorou-se rapidamente.
  • 6:35 - 6:38
    Sofria de febres recorrentes,
  • 6:38 - 6:42
    provavelmente devidas a septicémia
    das muitas infeções no corpo.
  • 6:43 - 6:46
    A respiração tornou-se
    cada vez mais difícil
  • 6:46 - 6:49
    e os episódios de delírio
    passaram a ser frequentes.
  • 6:50 - 6:52
    Testemunhas contaram
    que, nesses momentos,
  • 6:52 - 6:56
    o rei murmurava com frequência os nomes
    das suas mulheres já mortas,
  • 6:56 - 7:00
    em especial de Jane Seymour,
    que morrera depois de dar à luz
  • 7:00 - 7:02
    o seu único filho legítimo
  • 7:02 - 7:06
    e, possivelmente, o de Ana Boleyn,
    cujo fantasma o atormentava.
  • 7:07 - 7:10
    Curiosamente, apesar da sua situação
    obviamente terminal,
  • 7:11 - 7:15
    ninguém na corte se atrevia a sugerir
    que o rei estava a morrer.
  • 7:15 - 7:19
    A lei inglesa considerava ser traição
    prever a morte do monarca.
  • 7:19 - 7:23
    Por isso, os físicos e os cortesãos
    mantinham a fachada
  • 7:23 - 7:26
    de que era possível uma recuperação,
  • 7:26 - 7:29
    mesmo quando o cheiro da decomposição
  • 7:29 - 7:32
    já estava a emanar daquele corpo
    ainda vivo.
  • 7:33 - 7:36
    No dia 27 de janeiro de 1547,
  • 7:36 - 7:38
    percebendo que o seu fim estava próximo,
  • 7:38 - 7:41
    Henrique permitiu finalmente
    que o Arcebispo Thomas Cranmer
  • 7:41 - 7:44
    fosse chamado à sua cabeceira.
  • 7:44 - 7:47
    Impossibilitado de falar,
    apertou a mão de Cranmer,
  • 7:47 - 7:50
    quando ele lhe perguntou
    se norria na fé cristã.
  • 7:51 - 7:54
    Foi este o seu último gesto consciente.
  • 7:54 - 7:59
    Nas primeiras horas de 28 de janeiro,
    aos 55 anos,
  • 7:59 - 8:02
    o outrora poderoso rei
    exalou o seu último suspiro.
  • 8:03 - 8:07
    Mas a indignidade da sua situação
    não terminou com a morte.
  • 8:08 - 8:10
    Devido ao seu tamanho enorme,
  • 8:10 - 8:14
    tiveram de construir um caixão especial
    para conter os seus restos mortais,
  • 8:14 - 8:18
    Preparar o corpo para o funeral
    foi um problema horroroso
  • 8:18 - 8:20
    para os embalsamadores reais.
  • 8:20 - 8:24
    O processo de embalsamento na época
    era rudimentar,
  • 8:24 - 8:27
    envolvendo sobretudo a remoção das vísceras
  • 8:27 - 8:30
    e o enchimento das cavidades
    com plantas aromáticas.
  • 8:30 - 8:32
    Durante os dias seguintes,
  • 8:32 - 8:34
    enquanto o corpo aguardava
    o funeral de estado,
  • 8:34 - 8:39
    ocorreu um dos episódios mais macabros
    associados a Henrique.
  • 8:39 - 8:42
    O caixão mal selado
  • 8:42 - 8:45
    que continha os gases e os fluidos
    da decomposição
  • 8:45 - 8:49
    começou a verter, enquanto aguardava
    na capela da Abadia Syon.
  • 8:49 - 8:54
    Durante a noite, relatos da época
    descrevem uma cena arrepiante.
  • 8:54 - 8:58
    Fluidos cadavéricos escorreram
    pelo chão da capela
  • 8:58 - 9:01
    onde foram descobertos por cães vadios
  • 9:01 - 9:04
    que lamberam aquela substância pútrida.
  • 9:04 - 9:06
    Esta história registada
    pelos cronistas da época
  • 9:06 - 9:10
    representa um fim
    profundamente humilhante
  • 9:10 - 9:12
    para um rei que tinha criado uma imagem
  • 9:12 - 9:15
    de poder, de majestade
    e de autoridade divina.
  • 9:16 - 9:19
    O poderoso Henrique que desafiara o Papa,
  • 9:19 - 9:21
    redefinira a religião inglesa
  • 9:21 - 9:24
    e enviara duas mulheres para o cadafalso,
  • 9:24 - 9:27
    acabava como uma massa de carne apodrecida,
  • 9:27 - 9:30
    o corpo violado por animais vadios.
  • 9:30 - 9:35
    Finalmente, o funeral realizou-se
    em 16 de fevereiro de 15,
  • 9:36 - 9:38
    quase três semanas depois da sua morte.
  • 9:39 - 9:43
    Apesar do cheiro insuportável
    que emanava do caixão,
  • 9:43 - 9:46
    ass cerimónias foram realizadas
    com pompa e circunstância
  • 9:46 - 9:49
    como esperado para um monarca tão poderoso.
  • 9:49 - 9:53
    oi sepultado na Capela de São Jorge,
    no Castelo de Windsor,
  • 9:53 - 9:55
    ao lado de Jane Seymour,
  • 9:55 - 9:59
    a única mulher que lhe dera
    o tão desejado herdeiro varão,
  • 9:59 - 10:01
    Eduardo VI.
  • 10:01 - 10:04
    Ironicamente, Eduardo, cuja existência
    tinha motivado
  • 10:04 - 10:06
    muitas das controversas decisões de Henrique,
  • 10:06 - 10:08
    incluindo a rotura com Roma,
  • 10:08 - 10:12
    reinou só durante 6 anos,
    antes de morrer de doença aos 15 anos.
  • 10:12 - 10:15
    O trono passou depois para Maria I,
  • 10:15 - 10:18
    filha de Catarina de Aragão,
  • 10:18 - 10:21
    que tentou reverter as reformas
    protestantes do pai
  • 10:21 - 10:25
    e, por fim, para Isabel I,
    filha de Ana Bolena,
  • 10:25 - 10:29
    que instituiria uma idade de ouro
    na história da Inglaterra.
  • 10:29 - 10:33
    A morte grotesca de Henrique VIII
    serve de poderoso aviso
  • 10:33 - 10:36
    quanto aos limites do poder humano.
  • 10:36 - 10:39
    O rei que se considerava acima da lei,
  • 10:39 - 10:42
    capaz de redefinir a religião nacional,
  • 10:42 - 10:45
    e de dispor de vidas humanas`
    conforme queria,
  • 10:45 - 10:49
    no final, foi uma vítima
    do seu corpo mortal.
  • 10:50 - 10:52
    A morte dele não foi apenas
    o fim de um homem
  • 10:52 - 10:55
    mas o símbolo do declínio de uma era.
  • 10:56 - 10:59
    A historiadora inglesa
    Alison Weir escreveu:
  • 10:59 - 11:02
    "É um dos grandes paradoxos da História
  • 11:02 - 11:06
    "que um homem que começou
    com tanta promessa, beleza e capacidade
  • 11:06 - 11:10
    "tenha acabado como uma grotesca
    caricatura de si mesmo."
  • 11:10 - 11:13
    Atormentado por dores físicas
    e instabilidade mental,
  • 11:13 - 11:16
    receado e lisonjeado
    por todos à sua volta,
  • 11:16 - 11:19
    mas raramente amado de verdade.
  • 11:19 - 11:23
    A transformação de Henrique VIII
    de um príncipe ideal do Renascimento
  • 11:23 - 11:25
    para um tirano obeso e doente,
  • 11:25 - 11:29
    mantém-se como um dos estudos
    de caso mais fascinantes
  • 11:29 - 11:30
    de como o poder absoluto
  • 11:30 - 11:34
    combinado com dores crónicas
    e doença progressiva
  • 11:34 - 11:37
    pode transformar um indivíduo.
  • 11:37 - 11:40
    O seu legado político, a separação
    da Inglaterra de Roma
  • 11:40 - 11:43
    e a instituição da Igreja Anglicana
  • 11:43 - 11:46
    continua a modelar o mundo moderno.
  • 11:46 - 11:49
    Mas o seu fim pessoal serve de alerta
    para a fragilidade humana.
  • 11:50 - 11:52
    Os últimos momentos da vida de Henrique
  • 11:52 - 11:55
    com a sua respiração deficiente
    e corpo deformado
  • 11:55 - 11:58
    contrastam drasticamente
    com os retratos oficiais
  • 11:58 - 12:01
    que o mostram na sua majestade real.
  • 12:01 - 12:05
    Esta dissonância entre imagem pública
    e realidade privada
  • 12:05 - 12:08
    é uma das grandes lições
    da sua vida e morte.
  • 12:08 - 12:13
    Assim terminou a existência
    de um dos monarcas mais célebres da História.
  • 12:13 - 12:15
    não em glória,
  • 12:15 - 12:20
    mas com um fedor insuportável
    e um fim indigno da sua coroa.
  • 12:21 - 12:23
    O homem que transformou a Inglaterra
  • 12:23 - 12:26
    e alterou para sempre o curso
    da história ocidental
  • 12:26 - 12:28
    acabou tal como todos nós,
  • 12:28 - 12:31
    vítima da inevitável deterioração da carne.
  • 12:32 - 12:36
    A morte de Henrique VIII
    não foi apenas um acontecimento histórico,
  • 12:36 - 12:38
    foi também um momento simbólico
  • 12:38 - 12:41
    que se reflete na natureza efémera do poder.
  • 12:41 - 12:44
    Nos seus últimos anos,
    à medida que o corpo do rei se deteriorava
  • 12:44 - 12:48
    também o mesmo acontecia ao mito
    da invulnerabilidade real.
  • 12:48 - 12:51
    A monarquia, uma instituição divina,
  • 12:51 - 12:53
    que se considerava acima
    das leis da Natureza
  • 12:53 - 12:56
    era forçada a reconhecer
    a sua própria mortalidade.
  • 12:57 - 13:01
    A ironia final na vida de Henrique VIII
    é que o homem que lutou tanto
  • 13:01 - 13:04
    para garantir uma linhagem msculina
  • 13:04 - 13:08
    ao ponto de romper com Roma
    e de executar duas mulheres,
  • 13:08 - 13:11
    gerou um filho frágil
    que iria morre novo.
  • 13:12 - 13:15
    O seu verdadeiro legado
    seria através das suas filhas,
  • 13:15 - 13:18
    em especial Isabel I,
  • 13:18 - 13:21
    filha da mulher que executara
    sob falsas acusações.
  • 13:22 - 13:25
    Talvez que a lição ais profunda
    na morte de Henrique VIII
  • 13:25 - 13:30
    é que nem sequer o poder absoluto
  • 13:30 - 13:32
    pode vencer as limitações
    do corpo humano.
  • 13:32 - 13:35
    O homem que reescreveu
    as leis do seu país,
  • 13:35 - 13:37
    para satisfazer os seus desejos
  • 13:37 - 13:39
    não pôde reescrever as leis da Natureza.
  • 13:39 - 13:44
    No fim, até o mais poderoso dos reus
    enfrenta o mesmo destino
  • 13:44 - 13:47
    que o mais humilde dos seus súbditos.
  • 13:47 - 13:51
    A morte de Henrique VIII
    não é penas uma história de terror médico
  • 13:51 - 13:54
    mas um conto moral sobre
    os limites do poder humano
  • 13:54 - 13:58
    e a inevitabilidade da deterioração física.
  • 13:58 - 14:02
    O corpo dele, que outrora tinha sido admirado
    como a encarnação da realeza,
  • 14:02 - 14:06
    tornou-se num símbolo da transitoriedade
    de toda a glória terrena.
  • 14:06 - 14:09
    Esta narrativa lembra-nos
    que, no final,
  • 14:09 - 14:12
    somos todos iguais perante a morte
  • 14:12 - 14:15
    independentemente dos nossos feitos
    ou da posição social.
  • 14:15 - 14:20
    A terrível morte de Henrique VIII
    continua a fascinar e a horrorizar
  • 14:20 - 14:23
    precisamente porque revela
    a humanidade vulnerável
  • 14:23 - 14:27
    por trás da fachada do poder absoluto.
Title:
A morte terrível de Henrique VIII
Description:

Legendas em português de Margarida Mariz (2025)

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Video Language:
English
Duration:
14:27

Portuguese subtitles

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