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Quebrando a barreira da linguagem trans: lições da comunidade | Dr. Jay Irwin | TEDxUNO

  • 0:04 - 0:06
    Em maio de 2014,
  • 0:06 - 0:11
    a revista "Time" disse que nossa sociedade
    atingiu o ponto de inflexão transgênero.
  • 0:11 - 0:14
    Essa foi a manchete de capa
    da revista daquele mês;
  • 0:14 - 0:18
    e eles colocaram isso com
    a foto da atriz Laverne Cox.
  • 0:19 - 0:21
    Vocês devem conhecer esse nome;
  • 0:21 - 0:24
    ela é a atriz que interpreta Sophia Burset
  • 0:24 - 0:27
    no popular e incrível seriado
    "Orange is the New Black".
  • 0:28 - 0:30
    Eu geralmente falo sobre a Laverne Cox
  • 0:30 - 0:35
    porque ela tem um papel muito importante
    no mundo da interpretação.
  • 0:35 - 0:39
    Ela é uma das poucas pessoas
    que faz um papel de trans
  • 0:39 - 0:41
    e é uma trans na vida real.
  • 0:41 - 0:43
    Ela se identifica da mesma
    maneira que sua personagem.
  • 0:43 - 0:46
    Sophia se identifica como
    uma mulher transgênera
  • 0:46 - 0:49
    e Laverne Cox se identifica
    da mesma forma.
  • 0:49 - 0:53
    Muitas pessoas conhecem Laverne Cox,
    por isso eu falo muito sobre ela
  • 0:53 - 0:56
    quando faço treinamentos
    sobre a identidade transgênera.
  • 0:56 - 0:59
    Mas, nesses treinamentos,
    rapidamente surgem dúvidas
  • 0:59 - 1:03
    e elas tendem a girar
    sobre a linguagem e as palavras.
  • 1:05 - 1:09
    Então, aqui vai um pouco,
    uma pequena porção de palavras
  • 1:09 - 1:11
    que a comunidade trans usa
  • 1:11 - 1:14
    para falar sobre suas próprias
    experiências de gênero.
  • 1:15 - 1:17
    E, de novo, há muito mais por aí
  • 1:17 - 1:20
    além das que vocês veem na tela.
  • 1:20 - 1:23
    Poderíamos encher esta tela
    e encher muitas outras palestras TED
  • 1:23 - 1:26
    apenas falando sobre essas
    diferentes identidades.
  • 1:27 - 1:29
    Mas eu trago essa amostra
  • 1:29 - 1:34
    porque o dicionário trans
    não está completo e está mudando.
  • 1:34 - 1:37
    Se vocês nunca ouviram
    essas palavras antes,
  • 1:37 - 1:39
    não ficarei surpreso.
  • 1:39 - 1:43
    Agora, online, a comunidade trans
    continua criando novas palavras
  • 1:43 - 1:48
    para descrever suas experiências e ideias
  • 1:48 - 1:50
    sobre suas identidades de gênero.
  • 1:50 - 1:54
    E isso é que é incrível agora
    e, provavelmente, um dos motivos
  • 1:54 - 1:57
    de o artigo da revista ter falado
    sobre o ponto de inflexão transgênero.
  • 1:57 - 2:02
    A internet possibilita
    que o pessoal trans se encontre
  • 2:02 - 2:04
    de um jeito que é incrível.
  • 2:04 - 2:06
    Comunidades começaram a ser criadas
  • 2:06 - 2:09
    de formas dramáticas e impressionantes.
  • 2:09 - 2:14
    E como o pessoal trans pode se encontrar,
  • 2:14 - 2:17
    uma língua surgiu e tem evoluído.
  • 2:18 - 2:22
    Deixe-me dizer onde entro nesta história.
  • 2:22 - 2:26
    Identifico-me como um homem trans,
    de mulher para homem.
  • 2:26 - 2:29
    Isso significa que fui identificado
    como mulher ao nascer,
  • 2:29 - 2:34
    mas não era desta forma que eu me via
  • 2:34 - 2:36
    ou como eu existia no mundo.
  • 2:36 - 2:38
    Fui criado no Alabama.
  • 2:38 - 2:41
    Se alguém sabe qualquer coisa sobre o sul,
  • 2:41 - 2:44
    o sul tem ideias muito
    específicas sobre gênero,
  • 2:44 - 2:48
    ideias específicas sobre o que significa
    ser masculino ou feminino,
  • 2:48 - 2:49
    ser homem ou mulher,
  • 2:49 - 2:52
    e eu realmente não me encaixava
    naquelas ideias.
  • 2:52 - 2:54
    E estava tudo bem por um tempo.
  • 2:54 - 2:56
    Apesar de menina, vivia mais
    como um menino
  • 2:56 - 3:00
    durante grande parte da minha
    infância ou adolescência
  • 3:00 - 3:02
    e não era muito criticado por isso.
  • 3:02 - 3:04
    Eu não sofria muito bullying
  • 3:04 - 3:07
    até o ensino fundamental II.
  • 3:07 - 3:10
    Foi quando percebi
  • 3:10 - 3:13
    que não estava representando meu gênero
  • 3:13 - 3:15
    da maneira que as pessoas
    esperavam que eu fizesse.
  • 3:17 - 3:18
    Eu tentei mudar isso,
  • 3:18 - 3:21
    eu tentei alcançar
    as expectativas das pessoas,
  • 3:21 - 3:24
    mas fracassei diversas vezes
    porque não parecia natural para mim.
  • 3:24 - 3:26
    Não parecia certo.
  • 3:26 - 3:29
    Mas eu não sabia como falar sobre isso.
  • 3:29 - 3:33
    Por muito tempo, eu não tinha palavras
    para entender o que aquilo significava,
  • 3:34 - 3:37
    até os meus 23, 24 anos de idade.
  • 3:37 - 3:39
    Para aqueles que têm uns 30 anos,
  • 3:39 - 3:43
    aqueles que os alunos do colégio
    chamariam de "velhos",
  • 3:43 - 3:47
    vocês devem se lembrar de uma plataforma
    de mídia social chamada "LiveJournal".
  • 3:47 - 3:51
    "LiveJournal" era um lugar
    onde crianças emo, como eu,
  • 3:51 - 3:54
    falaríamos sobre nossos pais
    e quão malvados eles eram,
  • 3:54 - 3:59
    e eu iria lamentar e chorar ao ouvir
    o novo álbum do Dashboard Confessional.
  • 3:59 - 4:01
    (Risos)
  • 4:01 - 4:04
    Mas também era um lugar
    onde podíamos interagir com as pessoas.
  • 4:04 - 4:07
    Podíamos interagir com as pessoas
    com as mesmas identidades
  • 4:07 - 4:09
    ou os mesmos interesses que os nossos.
  • 4:09 - 4:11
    Você tinha sua própria página no blog,
  • 4:11 - 4:15
    mas você também tinha um espaço onde
    podia se juntar aos grupos comunitários.
  • 4:15 - 4:18
    Um dia, enquanto vagueava
    pelo "LiveJournal",
  • 4:18 - 4:20
    entediado depois da aula,
  • 4:20 - 4:25
    achei uma página dedicada a falar
    sobre pessoas trans FTM.
  • 4:25 - 4:32
    Achei um blog de um garoto que tinha
    a mesma idade que eu, seu nome era Blake.
  • 4:32 - 4:36
    Ele falava sobre como ele
    entendeu sua identidade de gênero
  • 4:36 - 4:38
    e as palavras que ele usou para descrever,
  • 4:38 - 4:42
    e sua jornada de como ele entendeu
    o que significava ser
  • 4:42 - 4:45
    uma pessoa transgênera
    e um homem transgênero.
  • 4:45 - 4:48
    No decorrer daquele texto,
  • 4:48 - 4:50
    tudo o que eu pensava sobre mim mudou.
  • 4:50 - 4:52
    Eu tinha, finalmente, achado uma língua.
  • 4:52 - 4:56
    Eu tinha, finalmente, achado palavras
    para entender a mim mesmo
  • 4:56 - 4:58
    através das palavras de outra pessoa.
  • 4:58 - 5:02
    Eu nunca tinha tido aquilo antes
    e era incrivelmente poderoso.
  • 5:02 - 5:04
    Porque a linguagem é muito importante.
  • 5:04 - 5:08
    A linguagem é crucial para nos entendermos
  • 5:08 - 5:12
    e para entender a nossa posição
    dentro da sociedade.
  • 5:13 - 5:16
    Qualquer um que tenha tentado
    aprender uma nova língua,
  • 5:16 - 5:20
    ou tenha crescido em um lugar
    onde várias línguas eram faladas,
  • 5:20 - 5:24
    sabe a importância de compartilhar
    definições e significados das palavras.
  • 5:24 - 5:28
    Mas mesmo que nós falemos
    a mesma linguagem técnica,
  • 5:28 - 5:32
    não significa que compreendemos
    as palavras que um grupo cultural usa,
  • 5:32 - 5:33
    se não pertencemos a esse grupo,
  • 5:33 - 5:37
    ou a maneira que a linguagem evolui
    e muda no decorrer do tempo.
  • 5:38 - 5:42
    Gostaria de falar sobre esses
    termos que estavam no slide anterior,
  • 5:42 - 5:45
    e começarei com o termo "transgênero".
  • 5:45 - 5:48
    "Transgênero" foi criado nos anos 1960,
  • 5:48 - 5:51
    apesar de não ter sido muito
    utilizada amplamente
  • 5:51 - 5:54
    até o final dos anos 80 e 90.
  • 5:54 - 5:56
    Há muitas definições diferentes
    para transgênero por aí,
  • 5:56 - 6:00
    mas, particularmente, a minha favorita
    é a que está na tela.
  • 6:00 - 6:05
    Ela é da Susan Stryker, autora,
    historiadora e ativista trans,
  • 6:05 - 6:10
    e ela diz que seu entendimento
    da palavra "transgênero"
  • 6:10 - 6:14
    é "o movimento através de
    uma barreira imposta pela sociedade
  • 6:14 - 6:17
    além de um lugar inicial não escolhido".
  • 6:18 - 6:21
    E a razão pela qual
    eu gosto tanto dessa definição
  • 6:21 - 6:26
    é que ela reforça que eu não
    escolhi por onde começar.
  • 6:26 - 6:30
    Ao nascer, fui identificado
    como mulher e criado dessa forma.
  • 6:31 - 6:35
    Mas reforça que você pode
    sair dessa situação.
  • 6:35 - 6:39
    E, normalmente, quando falamos
    sobre pessoas trans saindo
  • 6:39 - 6:40
    desse ponto inicial não escolhido,
  • 6:40 - 6:42
    estamos falando sobre transição.
  • 6:42 - 6:45
    E o termo "transição"
    pode significar muitas coisas.
  • 6:45 - 6:50
    Não há uma maneira única de fazer
    a transição ou jeito certo de ser trans.
  • 6:50 - 6:56
    Mas transição normalmente se refere
    à transição social e médica
  • 6:56 - 7:00
    A transição social envolve,
    basicamente, o seguinte processo:
  • 7:00 - 7:04
    se descobrindo, "Quais são as palavras
    confortáveis para mim?",
  • 7:04 - 7:06
    "O que eu penso do meu gênero?",
  • 7:06 - 7:08
    e, então, comunicando isso
    para outras pessoas.
  • 7:08 - 7:10
    Significa dizer:
  • 7:10 - 7:12
    "Agora meu nome é Jay,
    quero que me chame assim
  • 7:12 - 7:16
    e quero que use pronomes masculinos
    para se referir a mim."
  • 7:16 - 7:20
    E exigir uma identidade transgênera,
    seja o que isso significar para a pessoa.
  • 7:21 - 7:24
    E uma transição médica refere-se
    às intervenções médicas
  • 7:24 - 7:25
    que você pode fazer em seu corpo.
  • 7:26 - 7:31
    Intervenções médicas são abrangentes,
    há muitos tipos diferentes,
  • 7:31 - 7:34
    mas nem todos os trans querem
    ou precisam de transição médica.
  • 7:34 - 7:36
    Alguns trans dizem:
  • 7:36 - 7:38
    "Isso é absolutamente necessário.
  • 7:38 - 7:42
    Preciso ter acesso a este tratamento
    para me sentir confortável com meu corpo,
  • 7:42 - 7:45
    para alinhar meu corpo
    com a minha maneira de pensar,
  • 7:45 - 7:47
    alinhar com a minha mente".
  • 7:47 - 7:50
    Mas de novo, nem todo trans
    faz isso; alguns dizem:
  • 7:50 - 7:53
    "Não preciso disso,
    me sinto bem com meu corpo,
  • 7:53 - 7:56
    não preciso, necessariamente,
    mudá-lo muito".
  • 7:56 - 8:00
    Há muitas maneiras diferentes
    de se fazer a transição médica.
  • 8:00 - 8:02
    Mas faço uma ressalva aqui:
  • 8:02 - 8:06
    a transição médica é cara.
  • 8:06 - 8:08
    Normalmente não é coberta
    nos planos de saúde,
  • 8:08 - 8:11
    então as despesas saem do bolso.
  • 8:11 - 8:13
    Estamos falando de tratamentos
    médicos necessários
  • 8:13 - 8:16
    que as pessoas têm que pagar
    do próprio bolso.
  • 8:16 - 8:18
    Elas podem variar de US$ 5 mil,
  • 8:18 - 8:23
    no mais simples dos vários procedimentos
    cirúrgicos que há por aí,
  • 8:23 - 8:27
    até US$ 30 mil a US$ 50 mil
    para apenas um procedimento.
  • 8:27 - 8:31
    É um custo proibitivo
    para algumas pessoas.
  • 8:31 - 8:34
    Não é para todo mundo,
  • 8:34 - 8:37
    nem todo trans passa por uma
    transição da mesma forma.
  • 8:38 - 8:41
    Mas vamos voltar para algumas palavras
    que falamos antes, naquele slide.
  • 8:41 - 8:44
    E vamos voltar para algumas
    palavras históricas
  • 8:44 - 8:47
    da comunidade trans
    que vocês podem conhecer.
  • 8:48 - 8:51
    Há muitas palavras que têm sido
    usadas para se referir aos trans
  • 8:51 - 8:54
    e muitas já saíram de moda.
  • 8:54 - 8:56
    Algumas não estão sendo muito usadas.
  • 8:56 - 9:00
    E algumas podem até ser prejudiciais
    para uma pessoa trans ouvir.
  • 9:00 - 9:03
    Vou falar do termo "transexual" em breve,
  • 9:03 - 9:05
    mas começarei com "travesti".
  • 9:05 - 9:10
    O termo "travesti" foi
    muito usado nos anos 1960 e 1970
  • 9:10 - 9:13
    pela comunidade transgênera
    para se referir a eles mesmos.
  • 9:13 - 9:15
    Foi uma palavra que os trans adotaram.
  • 9:15 - 9:19
    Até o ponto em que um dos primeiros
    movimentos sociais
  • 9:19 - 9:22
    que conhecemos para pessoas transgêneras
  • 9:22 - 9:24
    incluiu a palavra "travesti" em seu nome.
  • 9:24 - 9:28
    "STAR" é a sigla de Travestis
    Revolucionários de Ações de Rua.
  • 9:28 - 9:32
    Esse grupo, que foi criado
    por duas das pioneiras
  • 9:32 - 9:34
    em termos da história
    transgênera dos Estados Unidos,
  • 9:34 - 9:37
    Marsha P. Johnson e Sylvia Rivera,
  • 9:37 - 9:39
    era um grupo de Nova York
  • 9:39 - 9:44
    que defendia jovens trans, homossexuais
    masculinos, pessoas de diferentes etnias,
  • 9:44 - 9:47
    pessoas que vivenciavam
    a falta de moradia e pobreza
  • 9:47 - 9:50
    em uma tentativa de defender a causa.
  • 9:51 - 9:54
    Essa palavra era usada
    como um termo de afirmação,
  • 9:54 - 9:58
    embora, contemporaneamente,
    esse termo seja muito ofensivo.
  • 9:58 - 10:02
    O termo "travesti" realmente
    não é muito usado hoje em dia
  • 10:02 - 10:05
    pela comunidade moderna transgênera.
  • 10:07 - 10:09
    Voltemos para a palavra "transexual".
  • 10:09 - 10:13
    "Transexual" é o termo
    mais antigo que temos
  • 10:13 - 10:15
    para se referir às pessoas que sentem
  • 10:15 - 10:19
    que seu corpo não se alinha
    da mesma forma que a sua mente.
  • 10:19 - 10:22
    Atualmente, "transexual" ainda é usado
  • 10:22 - 10:26
    e se refere à alguém que quer
    se submeter a uma transição médica
  • 10:26 - 10:28
    ou que já tenha feito
    uma transição médica.
  • 10:28 - 10:33
    E "transexual" é uma palavra com muita
    bagagem para a comunidade transgênera.
  • 10:33 - 10:35
    Alguns na comunidade dizem:
  • 10:35 - 10:38
    "Essa é a palavra que uso,
    é assim que compreendo meu gênero".
  • 10:38 - 10:39
    Outros dizem:
  • 10:39 - 10:42
    "Realmente não gosto dessa palavra,
    me deixa desconfortável".
  • 10:42 - 10:43
    Sou um dos que dizem:
  • 10:43 - 10:47
    "Realmente não gosto dessa palavra,
    me deixa desconfortável".
  • 10:48 - 10:51
    Ao menos para mim, o termo "transexual"
    tem a palavra "sexo" nela;
  • 10:51 - 10:56
    isso nos faz pensar que "trans"
    não é realmente uma identidade de gênero,
  • 10:56 - 10:59
    mas tem algo a ver com
    sexualidade e orientação sexual.
  • 10:59 - 11:03
    E para mim, parece nojento,
    parece um pouco sujo.
  • 11:03 - 11:07
    Mas eu nunca diria para outra
    pessoa, outra pessoa trans:
  • 11:07 - 11:09
    "Você não pode usar essa
    palavra porque eu não gosto".
  • 11:09 - 11:14
    Se alguém se identifica como
    um transexual, legal, sem problema.
  • 11:14 - 11:18
    Não me identifico como um transexual,
    prefiro o termo transgênero,
  • 11:18 - 11:19
    mas não direi a outra pessoa
  • 11:19 - 11:23
    quais palavras ela deve usar
    para se descrever.
  • 11:23 - 11:27
    Mas alertarei vocês: o termo transexual,
    provavelmente, não é a melhor palavra
  • 11:27 - 11:29
    que vocês devem usar no dia a dia,
  • 11:29 - 11:33
    a não ser que vocês saibam que a pessoa
    se identifica como transexual
  • 11:33 - 11:34
    em vez de transgênero.
  • 11:35 - 11:38
    Essa ideia sobre a linguagem,
  • 11:38 - 11:41
    eu quero voltar para o pensamento
    contemporâneo sobre a língua
  • 11:41 - 11:43
    na comunidade trans.
  • 11:43 - 11:44
    Há diversas maneiras
  • 11:44 - 11:48
    de pensar sobre as palavras que
    a comunidade transgênera usa
  • 11:48 - 11:52
    e quero propor uma sugestão
    de como podemos pensar sobre isso.
  • 11:52 - 11:55
    Podemos pensar sobre
    identidades transgêneras
  • 11:55 - 11:57
    como identidades transgêneras binárias
  • 11:57 - 12:00
    e identidades transgêneras não binárias.
  • 12:00 - 12:02
    Dois jeitos de pensar sobre pessoas trans
  • 12:02 - 12:04
    e sobre a maneira que pensamos
    sobre nossos gêneros.
  • 12:04 - 12:09
    Quando digo "binário", me refiro
    à existência de duas categorias
  • 12:09 - 12:11
    que são completamente
    opostas uma da outra,
  • 12:11 - 12:14
    sem nada em comum.
  • 12:14 - 12:16
    Vivemos em um mundo muito binário:
  • 12:16 - 12:19
    masculino-feminino,
    gay-hétero, branco-preto,
  • 12:19 - 12:22
    especialmente o que for
    relacionado ao gênero.
  • 12:22 - 12:24
    Temos muitas suposições sobre o gênero
  • 12:24 - 12:27
    baseadas nessa ideia binária
    de que há somente homens e mulheres
  • 12:27 - 12:31
    e que são grupos totalmente diferentes
    e sem nada em comum um com o outro.
  • 12:33 - 12:37
    Há identidades trans
    que, eu e outras pessoas
  • 12:37 - 12:39
    que trabalham com ativismo transgênero,
  • 12:39 - 12:42
    chamamos de "identidades binárias",
  • 12:42 - 12:46
    então considero que tenho, relativamente,
    uma identidade trans binária:
  • 12:46 - 12:49
    Eu fiz a transição de mulher para homem.
  • 12:49 - 12:52
    Há outras pessoas que fizeram
    a transição de homem para mulher.
  • 12:53 - 12:57
    É o caso de celebridades
    como Janet Mock, Caitlyn Jenner,
  • 12:58 - 13:00
    e Laverne Cox, de quem falamos antes.
  • 13:00 - 13:04
    Mas também há homens trans que são
    relativamente famosos, como Chaz Bono.
  • 13:05 - 13:09
    A mídia fala sobre identidades binárias
  • 13:09 - 13:11
    em relação às pessoas transgêneras.
  • 13:11 - 13:15
    Por isso não conhecemos muitas
    pessoas com identidades não binárias.
  • 13:16 - 13:22
    Meu entendimento sobre isso é
    que identidades binárias
  • 13:22 - 13:25
    reforçam nossas ideias sobre gênero.
  • 13:25 - 13:28
    Elas fazem sentido, não precisamos
    desafiar um monte de coisa
  • 13:28 - 13:32
    para falar sobre identidade
    binária, como eu fiz;
  • 13:32 - 13:35
    é algo que as pessoas podem se envolver
  • 13:35 - 13:36
    com um pouco de educação.
  • 13:38 - 13:40
    Mas o que a mídia omite
  • 13:40 - 13:44
    são pessoas que não ligam
    a mínima para o binário.
  • 13:44 - 13:47
    Elas dizem: "Que se danem suas
    ideias sobre gênero.
  • 13:47 - 13:51
    As ideias que a sociedade tem sobre
    gênero são essencialmente estúpidas
  • 13:51 - 13:55
    e eu quero mexer com elas".
  • 13:55 - 13:59
    Há uma lista de identidades
    não binárias aqui,
  • 13:59 - 14:01
    não vou definir todas elas.
  • 14:01 - 14:05
    Todos têm acesso ao Google,
    todos podem procurar por elas.
  • 14:05 - 14:07
    Mas darei alguns exemplos
    de pessoas que eu conheço
  • 14:07 - 14:10
    que têm essas identidades não binárias.
  • 14:10 - 14:14
    Primeiro, alguém que se identifica
    como uma mulher trans não binária.
  • 14:14 - 14:18
    Ela vive na Califórnia, é uma estudante
    universitária em seus 20 anos de idade
  • 14:18 - 14:21
    e trabalha em uma empresa
    sem fins lucrativos
  • 14:21 - 14:24
    que ajuda alianças gay-héteros
    de ensino médio.
  • 14:24 - 14:27
    E para ela, ser uma mulher
    trans não binária,
  • 14:27 - 14:30
    significa que ela obscurece
    a linha da feminilidade.
  • 14:30 - 14:34
    Normalmente, ela se apresenta
    de maneira relativamente feminina,
  • 14:34 - 14:39
    ela usa um nome feminino,
    usa roupas tipicamente femininas,
  • 14:39 - 14:42
    mas combina esses atributos femininos,
  • 14:42 - 14:47
    ocasionalmente, com um bigode
    e um cavanhaque.
  • 14:47 - 14:50
    Porque, para ela, ela não é só feminina,
  • 14:50 - 14:56
    e pensar nela mesma desta forma limitada
    não parece autêntico para ela.
  • 14:56 - 14:59
    Ela quer se compreender por completo
    e isso envolve seus pelos faciais.
  • 15:00 - 15:05
    Outro exemplo de identidade não binária
    é um amigo que conheço do sul
  • 15:05 - 15:08
    e que se identifica como sem gênero.
  • 15:08 - 15:11
    Ele usa o pronome neutro de gênero "eles".
  • 15:11 - 15:13
    Não é um termo de gênero binário.
  • 15:14 - 15:16
    E eles dizem: "Não tenho um gênero.
  • 15:16 - 15:20
    Não tenho um gênero ou gênero não é,
    pelo menos, algo importante na minha vida;
  • 15:20 - 15:23
    não é algo que penso sobre mim".
  • 15:23 - 15:28
    Essas identidades não binárias
    estão desafiando nossas ideias de gênero
  • 15:28 - 15:32
    de maneiras que as identidades
    binárias não costumam fazer.
  • 15:32 - 15:34
    Elas estão constantemente dizendo:
  • 15:34 - 15:39
    "Seu entendimento de gênero
    no mundo é bobo
  • 15:39 - 15:42
    e não precisamos disso, podemos
    viver fora desses padrões".
  • 15:43 - 15:45
    O que tudo isso significa?
  • 15:45 - 15:48
    O que vocês vão fazer com
    todas essas informações?
  • 15:48 - 15:52
    Tenho algumas sugestões e conselhos
    para vocês, se me permitem.
  • 15:52 - 15:55
    O primeiro é: ouça e aprenda.
  • 15:55 - 15:59
    Ouça as pessoas trans quando
    falamos sobre as nossas experiências,
  • 15:59 - 16:03
    ouça como dizemos as palavras
    que são importantes para nós,
  • 16:03 - 16:08
    use-as como nós usamos e fique confortável
    ao aprender coisas novas.
  • 16:08 - 16:12
    Muita coisa no cenário das identidades
    trans pode ser relativamente nova,
  • 16:12 - 16:13
    Aceite isso.
  • 16:13 - 16:17
    Está tudo bem, vamos todos
    passar por isso juntos.
  • 16:17 - 16:22
    Desafie suposições, desafie aquelas coisas
    que martelam em sua cabeça
  • 16:22 - 16:24
    e você não sabe por quê.
  • 16:24 - 16:27
    Pare de pensar sobre as partes do corpo
    das pessoas ou qual era o nome delas
  • 16:27 - 16:30
    ou o que está realmente
    acontecendo com elas.
  • 16:30 - 16:32
    Aceite as pessoas como elas são.
  • 16:32 - 16:36
    Se alguém diz que se identifica
    de determinada forma, aceite numa boa.
  • 16:36 - 16:39
    E quando pensar sobre a ideia
    de identidades binárias,
  • 16:39 - 16:40
    se desafie.
  • 16:40 - 16:44
    E diga: "Isso não é,
    necessariamente, importante".
  • 16:44 - 16:45
    E seja um simpatizante.
  • 16:45 - 16:49
    Assim como o dicionário
    transgênero mudou com o tempo,
  • 16:49 - 16:51
    a palavra "simpatizante" sofreu
  • 16:51 - 16:54
    uma gigantesca transformação
    nos últimos cinco anos.
  • 16:54 - 16:59
    Entre os círculos de ativistas,
    "simpatizante" era um termo de identidade:
  • 16:59 - 17:02
    "Eu sou um simpatizante",
    e você podia afirmar isso.
  • 17:02 - 17:04
    Quase como um substantivo.
  • 17:04 - 17:07
    "Simpatizante" vai além do substantivo;
    É mais visto como um verbo: "aliar".
  • 17:07 - 17:11
    "Aliar" é algo que você conquista;
    você faz algo para ser um aliado.
  • 17:11 - 17:14
    Você pode pensar em um cúmplice.
  • 17:14 - 17:18
    "Ser um aliado" significa ser cúmplice
    da comunidade trans,
  • 17:18 - 17:20
    e não apenas ficar de lado
    e dizer "Isso, faça assim",
  • 17:20 - 17:23
    mas se envolvendo e sendo ativo.
  • 17:23 - 17:28
    Uma maneira de você ser um aliado
    é aparecer em eventos trans.
  • 17:28 - 17:32
    Omaha tem uma grande e próspera
    comunidade trans e fazemos coisas.
  • 17:32 - 17:34
    Sinta-se à vontade para vir
    ao ser convidado.
  • 17:34 - 17:38
    Adoramos ter outras pessoas
    em eventos transgêneros.
  • 17:38 - 17:42
    Defenda-nos quando, talvez,
    não pudermos fazer isso por nós mesmos.
  • 17:42 - 17:45
    Não fale acima de nós, não fale por nós,
  • 17:45 - 17:48
    mas, às vezes, não é seguro
    para nós falarmos abertamente
  • 17:48 - 17:52
    e avise alguém que esteja fazendo algo
    que pode ser um pouco transfóbico.
  • 17:52 - 17:55
    Talvez vocês estejam melhor
    posicionados do que eu para fazer isso.
  • 17:55 - 17:57
    Pode não ser muito saudável
    para eu fazer isso,
  • 17:57 - 18:00
    mas vocês poderiam fazer isso
    com certa facilidade.
  • 18:01 - 18:04
    Além disso, agora que vocês
    conhecem mais, façam melhor
  • 18:04 - 18:08
    e ajudem todos nós, não apenas
    por alguns de nós, quebre as barreiras.
  • 18:08 - 18:10
    Obrigado. (Aplausos)
Title:
Quebrando a barreira da linguagem trans: lições da comunidade | Dr. Jay Irwin | TEDxUNO
Description:

Essa palestra foi dada em um evento TEDx que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx

Atualmente, as letras LGBT certamente significam alguma coisa para todo mundo. Porém, há muitas outras letras, palavras, histórias e pessoas por trás dessas quatro letras. Uma exploração da linguagem que usamos para descrever a comunidade transgênera mostra sua profundidade e complexidade e por que é tão importante ter consciência de como falamos sobre esses tópicos.

Jay Irwin é doutor em sociologia médica, e pesquisa e ensina nas áreas da sexualidade, saúde e identidade LGBTQ e causas sociais de saúde e doença. Nascido em Birmingham, Alabama, trabalha na UNO desde 2009. Ele está envolvido com grupos sociais e de defesa da comunidade e do câmpus, seu foco principal é a identidade transgênera e homossexual. Ele se esforça para permitir que jovens explorem e desenvolvam suas identidades em um ambiente que os apoie e os aceite. Quando não está trabalhando, ele está passeando com seu parceiro, seus três cachorros e um gato.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
18:11

Portuguese, Brazilian subtitles

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