Quebrando a barreira da linguagem trans: lições da comunidade | Dr. Jay Irwin | TEDxUNO
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0:04 - 0:06Em maio de 2014,
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0:06 - 0:11a revista "Time" disse que nossa sociedade
atingiu o ponto de inflexão transgênero. -
0:11 - 0:14Essa foi a manchete de capa
da revista daquele mês; -
0:14 - 0:18e eles colocaram isso com
a foto da atriz Laverne Cox. -
0:19 - 0:21Vocês devem conhecer esse nome;
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0:21 - 0:24ela é a atriz que interpreta Sophia Burset
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0:24 - 0:27no popular e incrível seriado
"Orange is the New Black". -
0:28 - 0:30Eu geralmente falo sobre a Laverne Cox
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0:30 - 0:35porque ela tem um papel muito importante
no mundo da interpretação. -
0:35 - 0:39Ela é uma das poucas pessoas
que faz um papel de trans -
0:39 - 0:41e é uma trans na vida real.
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0:41 - 0:43Ela se identifica da mesma
maneira que sua personagem. -
0:43 - 0:46Sophia se identifica como
uma mulher transgênera -
0:46 - 0:49e Laverne Cox se identifica
da mesma forma. -
0:49 - 0:53Muitas pessoas conhecem Laverne Cox,
por isso eu falo muito sobre ela -
0:53 - 0:56quando faço treinamentos
sobre a identidade transgênera. -
0:56 - 0:59Mas, nesses treinamentos,
rapidamente surgem dúvidas -
0:59 - 1:03e elas tendem a girar
sobre a linguagem e as palavras. -
1:05 - 1:09Então, aqui vai um pouco,
uma pequena porção de palavras -
1:09 - 1:11que a comunidade trans usa
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1:11 - 1:14para falar sobre suas próprias
experiências de gênero. -
1:15 - 1:17E, de novo, há muito mais por aí
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1:17 - 1:20além das que vocês veem na tela.
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1:20 - 1:23Poderíamos encher esta tela
e encher muitas outras palestras TED -
1:23 - 1:26apenas falando sobre essas
diferentes identidades. -
1:27 - 1:29Mas eu trago essa amostra
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1:29 - 1:34porque o dicionário trans
não está completo e está mudando. -
1:34 - 1:37Se vocês nunca ouviram
essas palavras antes, -
1:37 - 1:39não ficarei surpreso.
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1:39 - 1:43Agora, online, a comunidade trans
continua criando novas palavras -
1:43 - 1:48para descrever suas experiências e ideias
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1:48 - 1:50sobre suas identidades de gênero.
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1:50 - 1:54E isso é que é incrível agora
e, provavelmente, um dos motivos -
1:54 - 1:57de o artigo da revista ter falado
sobre o ponto de inflexão transgênero. -
1:57 - 2:02A internet possibilita
que o pessoal trans se encontre -
2:02 - 2:04de um jeito que é incrível.
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2:04 - 2:06Comunidades começaram a ser criadas
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2:06 - 2:09de formas dramáticas e impressionantes.
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2:09 - 2:14E como o pessoal trans pode se encontrar,
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2:14 - 2:17uma língua surgiu e tem evoluído.
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2:18 - 2:22Deixe-me dizer onde entro nesta história.
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2:22 - 2:26Identifico-me como um homem trans,
de mulher para homem. -
2:26 - 2:29Isso significa que fui identificado
como mulher ao nascer, -
2:29 - 2:34mas não era desta forma que eu me via
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2:34 - 2:36ou como eu existia no mundo.
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2:36 - 2:38Fui criado no Alabama.
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2:38 - 2:41Se alguém sabe qualquer coisa sobre o sul,
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2:41 - 2:44o sul tem ideias muito
específicas sobre gênero, -
2:44 - 2:48ideias específicas sobre o que significa
ser masculino ou feminino, -
2:48 - 2:49ser homem ou mulher,
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2:49 - 2:52e eu realmente não me encaixava
naquelas ideias. -
2:52 - 2:54E estava tudo bem por um tempo.
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2:54 - 2:56Apesar de menina, vivia mais
como um menino -
2:56 - 3:00durante grande parte da minha
infância ou adolescência -
3:00 - 3:02e não era muito criticado por isso.
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3:02 - 3:04Eu não sofria muito bullying
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3:04 - 3:07até o ensino fundamental II.
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3:07 - 3:10Foi quando percebi
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3:10 - 3:13que não estava representando meu gênero
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3:13 - 3:15da maneira que as pessoas
esperavam que eu fizesse. -
3:17 - 3:18Eu tentei mudar isso,
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3:18 - 3:21eu tentei alcançar
as expectativas das pessoas, -
3:21 - 3:24mas fracassei diversas vezes
porque não parecia natural para mim. -
3:24 - 3:26Não parecia certo.
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3:26 - 3:29Mas eu não sabia como falar sobre isso.
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3:29 - 3:33Por muito tempo, eu não tinha palavras
para entender o que aquilo significava, -
3:34 - 3:37até os meus 23, 24 anos de idade.
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3:37 - 3:39Para aqueles que têm uns 30 anos,
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3:39 - 3:43aqueles que os alunos do colégio
chamariam de "velhos", -
3:43 - 3:47vocês devem se lembrar de uma plataforma
de mídia social chamada "LiveJournal". -
3:47 - 3:51"LiveJournal" era um lugar
onde crianças emo, como eu, -
3:51 - 3:54falaríamos sobre nossos pais
e quão malvados eles eram, -
3:54 - 3:59e eu iria lamentar e chorar ao ouvir
o novo álbum do Dashboard Confessional. -
3:59 - 4:01(Risos)
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4:01 - 4:04Mas também era um lugar
onde podíamos interagir com as pessoas. -
4:04 - 4:07Podíamos interagir com as pessoas
com as mesmas identidades -
4:07 - 4:09ou os mesmos interesses que os nossos.
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4:09 - 4:11Você tinha sua própria página no blog,
-
4:11 - 4:15mas você também tinha um espaço onde
podia se juntar aos grupos comunitários. -
4:15 - 4:18Um dia, enquanto vagueava
pelo "LiveJournal", -
4:18 - 4:20entediado depois da aula,
-
4:20 - 4:25achei uma página dedicada a falar
sobre pessoas trans FTM. -
4:25 - 4:32Achei um blog de um garoto que tinha
a mesma idade que eu, seu nome era Blake. -
4:32 - 4:36Ele falava sobre como ele
entendeu sua identidade de gênero -
4:36 - 4:38e as palavras que ele usou para descrever,
-
4:38 - 4:42e sua jornada de como ele entendeu
o que significava ser -
4:42 - 4:45uma pessoa transgênera
e um homem transgênero. -
4:45 - 4:48No decorrer daquele texto,
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4:48 - 4:50tudo o que eu pensava sobre mim mudou.
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4:50 - 4:52Eu tinha, finalmente, achado uma língua.
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4:52 - 4:56Eu tinha, finalmente, achado palavras
para entender a mim mesmo -
4:56 - 4:58através das palavras de outra pessoa.
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4:58 - 5:02Eu nunca tinha tido aquilo antes
e era incrivelmente poderoso. -
5:02 - 5:04Porque a linguagem é muito importante.
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5:04 - 5:08A linguagem é crucial para nos entendermos
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5:08 - 5:12e para entender a nossa posição
dentro da sociedade. -
5:13 - 5:16Qualquer um que tenha tentado
aprender uma nova língua, -
5:16 - 5:20ou tenha crescido em um lugar
onde várias línguas eram faladas, -
5:20 - 5:24sabe a importância de compartilhar
definições e significados das palavras. -
5:24 - 5:28Mas mesmo que nós falemos
a mesma linguagem técnica, -
5:28 - 5:32não significa que compreendemos
as palavras que um grupo cultural usa, -
5:32 - 5:33se não pertencemos a esse grupo,
-
5:33 - 5:37ou a maneira que a linguagem evolui
e muda no decorrer do tempo. -
5:38 - 5:42Gostaria de falar sobre esses
termos que estavam no slide anterior, -
5:42 - 5:45e começarei com o termo "transgênero".
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5:45 - 5:48"Transgênero" foi criado nos anos 1960,
-
5:48 - 5:51apesar de não ter sido muito
utilizada amplamente -
5:51 - 5:54até o final dos anos 80 e 90.
-
5:54 - 5:56Há muitas definições diferentes
para transgênero por aí, -
5:56 - 6:00mas, particularmente, a minha favorita
é a que está na tela. -
6:00 - 6:05Ela é da Susan Stryker, autora,
historiadora e ativista trans, -
6:05 - 6:10e ela diz que seu entendimento
da palavra "transgênero" -
6:10 - 6:14é "o movimento através de
uma barreira imposta pela sociedade -
6:14 - 6:17além de um lugar inicial não escolhido".
-
6:18 - 6:21E a razão pela qual
eu gosto tanto dessa definição -
6:21 - 6:26é que ela reforça que eu não
escolhi por onde começar. -
6:26 - 6:30Ao nascer, fui identificado
como mulher e criado dessa forma. -
6:31 - 6:35Mas reforça que você pode
sair dessa situação. -
6:35 - 6:39E, normalmente, quando falamos
sobre pessoas trans saindo -
6:39 - 6:40desse ponto inicial não escolhido,
-
6:40 - 6:42estamos falando sobre transição.
-
6:42 - 6:45E o termo "transição"
pode significar muitas coisas. -
6:45 - 6:50Não há uma maneira única de fazer
a transição ou jeito certo de ser trans. -
6:50 - 6:56Mas transição normalmente se refere
à transição social e médica -
6:56 - 7:00A transição social envolve,
basicamente, o seguinte processo: -
7:00 - 7:04se descobrindo, "Quais são as palavras
confortáveis para mim?", -
7:04 - 7:06"O que eu penso do meu gênero?",
-
7:06 - 7:08e, então, comunicando isso
para outras pessoas. -
7:08 - 7:10Significa dizer:
-
7:10 - 7:12"Agora meu nome é Jay,
quero que me chame assim -
7:12 - 7:16e quero que use pronomes masculinos
para se referir a mim." -
7:16 - 7:20E exigir uma identidade transgênera,
seja o que isso significar para a pessoa. -
7:21 - 7:24E uma transição médica refere-se
às intervenções médicas -
7:24 - 7:25que você pode fazer em seu corpo.
-
7:26 - 7:31Intervenções médicas são abrangentes,
há muitos tipos diferentes, -
7:31 - 7:34mas nem todos os trans querem
ou precisam de transição médica. -
7:34 - 7:36Alguns trans dizem:
-
7:36 - 7:38"Isso é absolutamente necessário.
-
7:38 - 7:42Preciso ter acesso a este tratamento
para me sentir confortável com meu corpo, -
7:42 - 7:45para alinhar meu corpo
com a minha maneira de pensar, -
7:45 - 7:47alinhar com a minha mente".
-
7:47 - 7:50Mas de novo, nem todo trans
faz isso; alguns dizem: -
7:50 - 7:53"Não preciso disso,
me sinto bem com meu corpo, -
7:53 - 7:56não preciso, necessariamente,
mudá-lo muito". -
7:56 - 8:00Há muitas maneiras diferentes
de se fazer a transição médica. -
8:00 - 8:02Mas faço uma ressalva aqui:
-
8:02 - 8:06a transição médica é cara.
-
8:06 - 8:08Normalmente não é coberta
nos planos de saúde, -
8:08 - 8:11então as despesas saem do bolso.
-
8:11 - 8:13Estamos falando de tratamentos
médicos necessários -
8:13 - 8:16que as pessoas têm que pagar
do próprio bolso. -
8:16 - 8:18Elas podem variar de US$ 5 mil,
-
8:18 - 8:23no mais simples dos vários procedimentos
cirúrgicos que há por aí, -
8:23 - 8:27até US$ 30 mil a US$ 50 mil
para apenas um procedimento. -
8:27 - 8:31É um custo proibitivo
para algumas pessoas. -
8:31 - 8:34Não é para todo mundo,
-
8:34 - 8:37nem todo trans passa por uma
transição da mesma forma. -
8:38 - 8:41Mas vamos voltar para algumas palavras
que falamos antes, naquele slide. -
8:41 - 8:44E vamos voltar para algumas
palavras históricas -
8:44 - 8:47da comunidade trans
que vocês podem conhecer. -
8:48 - 8:51Há muitas palavras que têm sido
usadas para se referir aos trans -
8:51 - 8:54e muitas já saíram de moda.
-
8:54 - 8:56Algumas não estão sendo muito usadas.
-
8:56 - 9:00E algumas podem até ser prejudiciais
para uma pessoa trans ouvir. -
9:00 - 9:03Vou falar do termo "transexual" em breve,
-
9:03 - 9:05mas começarei com "travesti".
-
9:05 - 9:10O termo "travesti" foi
muito usado nos anos 1960 e 1970 -
9:10 - 9:13pela comunidade transgênera
para se referir a eles mesmos. -
9:13 - 9:15Foi uma palavra que os trans adotaram.
-
9:15 - 9:19Até o ponto em que um dos primeiros
movimentos sociais -
9:19 - 9:22que conhecemos para pessoas transgêneras
-
9:22 - 9:24incluiu a palavra "travesti" em seu nome.
-
9:24 - 9:28"STAR" é a sigla de Travestis
Revolucionários de Ações de Rua. -
9:28 - 9:32Esse grupo, que foi criado
por duas das pioneiras -
9:32 - 9:34em termos da história
transgênera dos Estados Unidos, -
9:34 - 9:37Marsha P. Johnson e Sylvia Rivera,
-
9:37 - 9:39era um grupo de Nova York
-
9:39 - 9:44que defendia jovens trans, homossexuais
masculinos, pessoas de diferentes etnias, -
9:44 - 9:47pessoas que vivenciavam
a falta de moradia e pobreza -
9:47 - 9:50em uma tentativa de defender a causa.
-
9:51 - 9:54Essa palavra era usada
como um termo de afirmação, -
9:54 - 9:58embora, contemporaneamente,
esse termo seja muito ofensivo. -
9:58 - 10:02O termo "travesti" realmente
não é muito usado hoje em dia -
10:02 - 10:05pela comunidade moderna transgênera.
-
10:07 - 10:09Voltemos para a palavra "transexual".
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10:09 - 10:13"Transexual" é o termo
mais antigo que temos -
10:13 - 10:15para se referir às pessoas que sentem
-
10:15 - 10:19que seu corpo não se alinha
da mesma forma que a sua mente. -
10:19 - 10:22Atualmente, "transexual" ainda é usado
-
10:22 - 10:26e se refere à alguém que quer
se submeter a uma transição médica -
10:26 - 10:28ou que já tenha feito
uma transição médica. -
10:28 - 10:33E "transexual" é uma palavra com muita
bagagem para a comunidade transgênera. -
10:33 - 10:35Alguns na comunidade dizem:
-
10:35 - 10:38"Essa é a palavra que uso,
é assim que compreendo meu gênero". -
10:38 - 10:39Outros dizem:
-
10:39 - 10:42"Realmente não gosto dessa palavra,
me deixa desconfortável". -
10:42 - 10:43Sou um dos que dizem:
-
10:43 - 10:47"Realmente não gosto dessa palavra,
me deixa desconfortável". -
10:48 - 10:51Ao menos para mim, o termo "transexual"
tem a palavra "sexo" nela; -
10:51 - 10:56isso nos faz pensar que "trans"
não é realmente uma identidade de gênero, -
10:56 - 10:59mas tem algo a ver com
sexualidade e orientação sexual. -
10:59 - 11:03E para mim, parece nojento,
parece um pouco sujo. -
11:03 - 11:07Mas eu nunca diria para outra
pessoa, outra pessoa trans: -
11:07 - 11:09"Você não pode usar essa
palavra porque eu não gosto". -
11:09 - 11:14Se alguém se identifica como
um transexual, legal, sem problema. -
11:14 - 11:18Não me identifico como um transexual,
prefiro o termo transgênero, -
11:18 - 11:19mas não direi a outra pessoa
-
11:19 - 11:23quais palavras ela deve usar
para se descrever. -
11:23 - 11:27Mas alertarei vocês: o termo transexual,
provavelmente, não é a melhor palavra -
11:27 - 11:29que vocês devem usar no dia a dia,
-
11:29 - 11:33a não ser que vocês saibam que a pessoa
se identifica como transexual -
11:33 - 11:34em vez de transgênero.
-
11:35 - 11:38Essa ideia sobre a linguagem,
-
11:38 - 11:41eu quero voltar para o pensamento
contemporâneo sobre a língua -
11:41 - 11:43na comunidade trans.
-
11:43 - 11:44Há diversas maneiras
-
11:44 - 11:48de pensar sobre as palavras que
a comunidade transgênera usa -
11:48 - 11:52e quero propor uma sugestão
de como podemos pensar sobre isso. -
11:52 - 11:55Podemos pensar sobre
identidades transgêneras -
11:55 - 11:57como identidades transgêneras binárias
-
11:57 - 12:00e identidades transgêneras não binárias.
-
12:00 - 12:02Dois jeitos de pensar sobre pessoas trans
-
12:02 - 12:04e sobre a maneira que pensamos
sobre nossos gêneros. -
12:04 - 12:09Quando digo "binário", me refiro
à existência de duas categorias -
12:09 - 12:11que são completamente
opostas uma da outra, -
12:11 - 12:14sem nada em comum.
-
12:14 - 12:16Vivemos em um mundo muito binário:
-
12:16 - 12:19masculino-feminino,
gay-hétero, branco-preto, -
12:19 - 12:22especialmente o que for
relacionado ao gênero. -
12:22 - 12:24Temos muitas suposições sobre o gênero
-
12:24 - 12:27baseadas nessa ideia binária
de que há somente homens e mulheres -
12:27 - 12:31e que são grupos totalmente diferentes
e sem nada em comum um com o outro. -
12:33 - 12:37Há identidades trans
que, eu e outras pessoas -
12:37 - 12:39que trabalham com ativismo transgênero,
-
12:39 - 12:42chamamos de "identidades binárias",
-
12:42 - 12:46então considero que tenho, relativamente,
uma identidade trans binária: -
12:46 - 12:49Eu fiz a transição de mulher para homem.
-
12:49 - 12:52Há outras pessoas que fizeram
a transição de homem para mulher. -
12:53 - 12:57É o caso de celebridades
como Janet Mock, Caitlyn Jenner, -
12:58 - 13:00e Laverne Cox, de quem falamos antes.
-
13:00 - 13:04Mas também há homens trans que são
relativamente famosos, como Chaz Bono. -
13:05 - 13:09A mídia fala sobre identidades binárias
-
13:09 - 13:11em relação às pessoas transgêneras.
-
13:11 - 13:15Por isso não conhecemos muitas
pessoas com identidades não binárias. -
13:16 - 13:22Meu entendimento sobre isso é
que identidades binárias -
13:22 - 13:25reforçam nossas ideias sobre gênero.
-
13:25 - 13:28Elas fazem sentido, não precisamos
desafiar um monte de coisa -
13:28 - 13:32para falar sobre identidade
binária, como eu fiz; -
13:32 - 13:35é algo que as pessoas podem se envolver
-
13:35 - 13:36com um pouco de educação.
-
13:38 - 13:40Mas o que a mídia omite
-
13:40 - 13:44são pessoas que não ligam
a mínima para o binário. -
13:44 - 13:47Elas dizem: "Que se danem suas
ideias sobre gênero. -
13:47 - 13:51As ideias que a sociedade tem sobre
gênero são essencialmente estúpidas -
13:51 - 13:55e eu quero mexer com elas".
-
13:55 - 13:59Há uma lista de identidades
não binárias aqui, -
13:59 - 14:01não vou definir todas elas.
-
14:01 - 14:05Todos têm acesso ao Google,
todos podem procurar por elas. -
14:05 - 14:07Mas darei alguns exemplos
de pessoas que eu conheço -
14:07 - 14:10que têm essas identidades não binárias.
-
14:10 - 14:14Primeiro, alguém que se identifica
como uma mulher trans não binária. -
14:14 - 14:18Ela vive na Califórnia, é uma estudante
universitária em seus 20 anos de idade -
14:18 - 14:21e trabalha em uma empresa
sem fins lucrativos -
14:21 - 14:24que ajuda alianças gay-héteros
de ensino médio. -
14:24 - 14:27E para ela, ser uma mulher
trans não binária, -
14:27 - 14:30significa que ela obscurece
a linha da feminilidade. -
14:30 - 14:34Normalmente, ela se apresenta
de maneira relativamente feminina, -
14:34 - 14:39ela usa um nome feminino,
usa roupas tipicamente femininas, -
14:39 - 14:42mas combina esses atributos femininos,
-
14:42 - 14:47ocasionalmente, com um bigode
e um cavanhaque. -
14:47 - 14:50Porque, para ela, ela não é só feminina,
-
14:50 - 14:56e pensar nela mesma desta forma limitada
não parece autêntico para ela. -
14:56 - 14:59Ela quer se compreender por completo
e isso envolve seus pelos faciais. -
15:00 - 15:05Outro exemplo de identidade não binária
é um amigo que conheço do sul -
15:05 - 15:08e que se identifica como sem gênero.
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15:08 - 15:11Ele usa o pronome neutro de gênero "eles".
-
15:11 - 15:13Não é um termo de gênero binário.
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15:14 - 15:16E eles dizem: "Não tenho um gênero.
-
15:16 - 15:20Não tenho um gênero ou gênero não é,
pelo menos, algo importante na minha vida; -
15:20 - 15:23não é algo que penso sobre mim".
-
15:23 - 15:28Essas identidades não binárias
estão desafiando nossas ideias de gênero -
15:28 - 15:32de maneiras que as identidades
binárias não costumam fazer. -
15:32 - 15:34Elas estão constantemente dizendo:
-
15:34 - 15:39"Seu entendimento de gênero
no mundo é bobo -
15:39 - 15:42e não precisamos disso, podemos
viver fora desses padrões". -
15:43 - 15:45O que tudo isso significa?
-
15:45 - 15:48O que vocês vão fazer com
todas essas informações? -
15:48 - 15:52Tenho algumas sugestões e conselhos
para vocês, se me permitem. -
15:52 - 15:55O primeiro é: ouça e aprenda.
-
15:55 - 15:59Ouça as pessoas trans quando
falamos sobre as nossas experiências, -
15:59 - 16:03ouça como dizemos as palavras
que são importantes para nós, -
16:03 - 16:08use-as como nós usamos e fique confortável
ao aprender coisas novas. -
16:08 - 16:12Muita coisa no cenário das identidades
trans pode ser relativamente nova, -
16:12 - 16:13Aceite isso.
-
16:13 - 16:17Está tudo bem, vamos todos
passar por isso juntos. -
16:17 - 16:22Desafie suposições, desafie aquelas coisas
que martelam em sua cabeça -
16:22 - 16:24e você não sabe por quê.
-
16:24 - 16:27Pare de pensar sobre as partes do corpo
das pessoas ou qual era o nome delas -
16:27 - 16:30ou o que está realmente
acontecendo com elas. -
16:30 - 16:32Aceite as pessoas como elas são.
-
16:32 - 16:36Se alguém diz que se identifica
de determinada forma, aceite numa boa. -
16:36 - 16:39E quando pensar sobre a ideia
de identidades binárias, -
16:39 - 16:40se desafie.
-
16:40 - 16:44E diga: "Isso não é,
necessariamente, importante". -
16:44 - 16:45E seja um simpatizante.
-
16:45 - 16:49Assim como o dicionário
transgênero mudou com o tempo, -
16:49 - 16:51a palavra "simpatizante" sofreu
-
16:51 - 16:54uma gigantesca transformação
nos últimos cinco anos. -
16:54 - 16:59Entre os círculos de ativistas,
"simpatizante" era um termo de identidade: -
16:59 - 17:02"Eu sou um simpatizante",
e você podia afirmar isso. -
17:02 - 17:04Quase como um substantivo.
-
17:04 - 17:07"Simpatizante" vai além do substantivo;
É mais visto como um verbo: "aliar". -
17:07 - 17:11"Aliar" é algo que você conquista;
você faz algo para ser um aliado. -
17:11 - 17:14Você pode pensar em um cúmplice.
-
17:14 - 17:18"Ser um aliado" significa ser cúmplice
da comunidade trans, -
17:18 - 17:20e não apenas ficar de lado
e dizer "Isso, faça assim", -
17:20 - 17:23mas se envolvendo e sendo ativo.
-
17:23 - 17:28Uma maneira de você ser um aliado
é aparecer em eventos trans. -
17:28 - 17:32Omaha tem uma grande e próspera
comunidade trans e fazemos coisas. -
17:32 - 17:34Sinta-se à vontade para vir
ao ser convidado. -
17:34 - 17:38Adoramos ter outras pessoas
em eventos transgêneros. -
17:38 - 17:42Defenda-nos quando, talvez,
não pudermos fazer isso por nós mesmos. -
17:42 - 17:45Não fale acima de nós, não fale por nós,
-
17:45 - 17:48mas, às vezes, não é seguro
para nós falarmos abertamente -
17:48 - 17:52e avise alguém que esteja fazendo algo
que pode ser um pouco transfóbico. -
17:52 - 17:55Talvez vocês estejam melhor
posicionados do que eu para fazer isso. -
17:55 - 17:57Pode não ser muito saudável
para eu fazer isso, -
17:57 - 18:00mas vocês poderiam fazer isso
com certa facilidade. -
18:01 - 18:04Além disso, agora que vocês
conhecem mais, façam melhor -
18:04 - 18:08e ajudem todos nós, não apenas
por alguns de nós, quebre as barreiras. -
18:08 - 18:10Obrigado. (Aplausos)
- Title:
- Quebrando a barreira da linguagem trans: lições da comunidade | Dr. Jay Irwin | TEDxUNO
- Description:
-
Essa palestra foi dada em um evento TEDx que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx
Atualmente, as letras LGBT certamente significam alguma coisa para todo mundo. Porém, há muitas outras letras, palavras, histórias e pessoas por trás dessas quatro letras. Uma exploração da linguagem que usamos para descrever a comunidade transgênera mostra sua profundidade e complexidade e por que é tão importante ter consciência de como falamos sobre esses tópicos.
Jay Irwin é doutor em sociologia médica, e pesquisa e ensina nas áreas da sexualidade, saúde e identidade LGBTQ e causas sociais de saúde e doença. Nascido em Birmingham, Alabama, trabalha na UNO desde 2009. Ele está envolvido com grupos sociais e de defesa da comunidade e do câmpus, seu foco principal é a identidade transgênera e homossexual. Ele se esforça para permitir que jovens explorem e desenvolvam suas identidades em um ambiente que os apoie e os aceite. Quando não está trabalhando, ele está passeando com seu parceiro, seus três cachorros e um gato.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 18:11