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Aprender a beber chá, com atenção plena
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Faço isso todos os dias.
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Acender uma vela e um incenso.
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Tornou-se o meu ritual para
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cultivar a Mãe Terra em mim.
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E sabes, o Thay bebia chá com frequência
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durante os ensinamentos do Dharma e por aí fora.
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Tive a oportunidade de estar perto dele e ao seu redor
quando ele bebia chá.
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E sim, fiquei mesmo muito inspirado
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ao ver que ele era muito consistente.
Quando ele bebe chá, é como se...
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Ele está mesmo a beber chá, percebes?
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É algo muito sagrado.
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Sim, fiquei mesmo impressionado com isso.
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Portanto, não importa onde esteja, o que esteja a fazer,
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mesmo no aeroporto,
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quando ele pega numa chávena de chá,
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é como se, não sei explicar...
mas é como se
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estivéssemos a tentar apanhá-lo
naquele momento em que ele está... sabes, tipo...
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Ele está sempre assim...
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Ele bebe o chá
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mesmo como um ato sagrado.
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Então, para mim, estou a cultivar isso,
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esse gesto simples, e a mantê-lo regular
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quando bebo chá.
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Tento manter o Thay vivo em mim
e a Mãe Terra em mim,
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ver a água
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que vem do ar, do céu,
da chuva, do rio,
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dos antepassados.
Quero dizer, a magia da água...
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Contemplar isso... uau,
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é incrível o que a água faz por nós.
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Quando se diz
“ah, a água é essencial para a vida”,
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mas, olha só... essa substância
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pode transformar-se em gelo,
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pode lavar e limpar,
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pode estar suja, não se importa,
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pode ser limpa, perfumada,
transparente, turva...
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não se importa, é só água, não faz distinções...
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Sabes, há muita sabedoria
numa chávena de chá.
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Para mim, essa é a sabedoria da Mãe Terra.
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Então, estes elementos
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com os quais temos tempo para interagir regularmente:
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com uma chávena de chá, com a água,
com a Mãe Terra.
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É a profundidade da tua vida
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que vai surgindo, mais e mais.
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Por isso, para mim, é uma manutenção contínua
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cuidar disso.
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Não é apenas ter um momento de compreensão,
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“Ah, a água é a Mãe Terra,
a água está em mim”,
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mas o que fazes todos os dias, percebes?
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Quando tomo banho, quando lavo os dentes...
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Então beber chá acaba por penetrar
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nesses outros gestos também.
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Mas gosto de beber chá,
e quando o faço
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sinto o Thay vivo em mim,
e ele está a sorrir
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porque aprendi isso com ele.
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E eu nem bebia chá antes
de vir para Plum Village
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Quer dizer, bebia café, mas tipo...
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daqueles copos enormes, sabes?
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Mas aqui bebe-se numa pequena chávena.
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E há uma razão para ser pequena:
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é para se tomar o tempo necessário.
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Na nossa cultura, beber chá é
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super isto, super aquilo...
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mas não o desfrutamos verdadeiramente.
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Bebemo-lo como se fosse apenas uma coisa qualquer.
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Podes inventar todos os nomes
bonitos para o chá, mas
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se não souberes como o beber,
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então é apenas mais um produto.
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Uma simples chávena de chá pode
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mudar a forma como te movimentas durante o dia.
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Antes da meditação sentada,
mesmo antes de um dia preguiçoso,
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acordo e acendo uma vela
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ou um incenso e
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desfruto de uma chávena de chá com o meu mestre
e com a Mãe Terra.
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É uma das coisas que recebi do Thay,
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não apenas um ensinamento,
mas um ensinamento vivo.