A época humana: a época do Antropoceno enquanto modernidade terrena | Robert Thorson | TEDxUConn
-
0:07 - 0:10A caminho do trabalho, atravesso
um bosque típico da Nova Inglaterra -
0:10 - 0:12e vejo árvores enormes
-
0:12 - 0:14— pinheiros, carvalhos, faias,
nogueiras, bordos — -
0:14 - 0:18todas a crescer como ervas daninhas
no que outrora era uma quinta, -
0:18 - 0:21uma manta de retalhos de pastos
e de campos cultivados. -
0:21 - 0:23Esse caminho serpenteia
em volta duma pequena lagoa -
0:23 - 0:25que onde o gado matava a sede,
-
0:25 - 0:27passa pelo buraco duma antiga adega,
-
0:27 - 0:30e por entre velhos muros de pedra
que se cruzam sob as copas daS árvores. -
0:31 - 0:33Durante os meus passeios pedestres,
-
0:33 - 0:37testemunho as ruínas duma civilização
agrícola abandonada -
0:37 - 0:40e o poder da natureza selvagem
a reclamar o seu território. -
0:41 - 0:45Vivo numa época de modernidade
nitidamente mais recente. -
0:45 - 0:48A palavra "moderno" chegou até nós
da palavra latina "modo", -
0:48 - 0:52que significa "agora mesmo"
em oposição a uma situação prévia. -
0:52 - 0:55Ser moderno é atravessar
uma fronteira do tempo. -
0:56 - 0:59Neste local, entre uma cultura
mais antiga de lavradores rurais, -
0:59 - 1:03alimentada por trabalho manual,
animais de tiro e combustível de lenha, -
1:03 - 1:07e uma cultura mais jovem de urbanização,
industrial, de pessoas mais móveis -
1:07 - 1:10alimentada sobretudo
por combustíveis fósseis. -
1:12 - 1:14Mas, quando chego
ao meu gabinete na universidade, -
1:14 - 1:16para ensinar Ciência do Sistema Terra,
-
1:16 - 1:20a escala espacial muda
das quintas de Nova Inglaterra -
1:20 - 1:22para a do globo inteiro.
-
1:22 - 1:26E qual é o aspeto da modernidade
a essa escala, para um geocientista? -
1:27 - 1:29Tem um aspeto de muitas coisas familiares:
-
1:29 - 1:30rápidas mudanças climáticas,
-
1:30 - 1:33alimentadas pela transferência
de gases com efeitos de estufa, -
1:33 - 1:36provocando a fusão dos glaciares
e do "permafrost", -
1:36 - 1:37a expansão das zonas secas
-
1:37 - 1:39e a intensificação das tempestades.
-
1:39 - 1:44Parece que o ecossistema desaba,
resultando numa sexta extinção em massa, -
1:44 - 1:46envolvendo ambientes
terrestres e marinhos. -
1:46 - 1:49Parece que as transformações oceânicas
-
1:49 - 1:51que originam a subida do nível do mar,
-
1:51 - 1:53o aquecimento da água,
a redução das placas de gelo, -
1:53 - 1:58e uma química cheia de carbono
com mais ácido e menos oxigénio. -
1:59 - 2:02Esta modernidade geofísica e geoquímica
-
2:02 - 2:05também inclui um componente humano.
-
2:05 - 2:08Uma espécie avassaladoramente dominante,
-
2:08 - 2:10a nossa, o Homo sapiens,
-
2:10 - 2:11espalhou-se por todos os "habitats"
-
2:11 - 2:16e tem controlo direto ou indireto
sobre quase todas as outras espécies. -
2:17 - 2:22Inclui transformações humanas deliberadas
na terra e no mar, de cima abaixo, -
2:22 - 2:24muitas vezes chamadas "uso do solo",
-
2:24 - 2:29acompanhada por repercussões
inadvertidas, caóticas, não planeadas. -
2:29 - 2:34Inclui materiais sintéticos nunca vistos,
como os plásticos, -
2:35 - 2:38químicos modernos,
como os clorofluorcarbonos, -
2:38 - 2:40que quase destruíram a camada de ozono
-
2:40 - 2:42e os radioisótopos, como o plutónio 239.
-
2:42 - 2:44que encheram de poeira todo o planeta
-
2:44 - 2:48durante os testes da bomba atómica,
como recordo quando era criança. -
2:50 - 2:54A primeira destas três megatendências,
destas megatendências modernas -
2:54 - 2:58— alteração climática, colapso
do ecossistema e alterações oceânicas — -
2:58 - 3:00não são nenhuma novidade
para o planeta Terra. -
3:00 - 3:02Com efeito, estes são os critérios
-
3:02 - 3:05que habitualmente separam épocas
no calendário geológico. -
3:05 - 3:09São as últimas três destas
megatendências modernas -
3:09 - 3:11— o domínio humano,
as alterações humanas, -
3:11 - 3:13e as invenções humanas —
-
3:13 - 3:17que são únicas no que se refere
ao longo trajeto da História da Terra -
3:17 - 3:19que começou há muito tempo,
-
3:19 - 3:22há 4600 milhões de anos.
-
3:23 - 3:28Mas haverá alguma coisa global
que junte estas seis megatendências, -
3:28 - 3:32de forma integral e historicamente?
-
3:32 - 3:36A resposta é um claro "sim",
tanto no espaço como no tempo. -
3:37 - 3:41No espaço, essa coisa é o planeta inteiro.
-
3:41 - 3:44O exame atento, incluindo o seu modelo
-
3:44 - 3:47leva à nossa compreensão
-
3:47 - 3:49dum esferoide giratório,
-
3:49 - 3:51instável, inclinado,
-
3:51 - 3:52em órbita,
-
3:52 - 3:53com águas agitadas
-
3:53 - 3:55cheio de vida,
-
3:55 - 3:58de gases líquidos e sólidos.
-
4:00 - 4:02Esta é a parte acerca do espaço.
-
4:02 - 4:07Com o tempo, essa coisa é a época
mais recente na escala do tempo geológico, -
4:07 - 4:10a época do Antropoceno quase oficial.
-
4:11 - 4:14É uma ideia evocada há 20 anos,
no ano 2000, -
4:14 - 4:16por Paul Crutzen e Eugene Sturmer
-
4:16 - 4:18para sublinhar a ideia
-
4:18 - 4:21de que a Terra moderna é diferente
de todos os estados anteriores. -
4:22 - 4:24É o nome duma época para nós,
seres humanos, -
4:24 - 4:27não por uma questão
de vaidade ou arrogância, -
4:27 - 4:32mas pelo espantoso poder que usámos
para alterar literalmente a face da Terra. -
4:33 - 4:35É uma palavra que,
segundo o Google Analytics, -
4:35 - 4:38tem vindo a aumentar de popularidade,
-
4:38 - 4:42mesmo quando a popularidade
da palavra "ambientalismo" -
4:42 - 4:44tem estado a diminuir um pouco.
-
4:44 - 4:47É uma palavra que,
pelo pensamento categórico, -
4:47 - 4:50ajudará a criar uma mudança de paradigma
-
4:50 - 4:53na forma como pensamos a Natureza,
a vida selvagem, e o ambiente, -
4:53 - 4:55uma palavra que, espero,
-
4:55 - 4:58nos ajudará a voltar
a um futuro ético e sustentável. -
5:01 - 5:06Considerem três exemplos
de notícias atuais nos EUA, -
5:06 - 5:08nos últimos meses:
-
5:08 - 5:12incêndios selvagens no Oeste americano,
principalmente na Califórnia, -
5:12 - 5:16o regresso dos grandes tubarões brancos
a Nova Inglaterra, -
5:16 - 5:18principalmente em Cape Cod;
-
5:18 - 5:21as catastróficas inundações
ao longo da Costa do Golfo dos EUA, -
5:21 - 5:24principalmente em Nova Orleães.
-
5:24 - 5:29Todas estas três coisas
são verdadeiras reações selvagens -
5:29 - 5:33— incêndios selvagens, carnívoros
selvagens, águas selvagens — -
5:33 - 5:36é uma coisa que nós, humanos, fizemos.
-
5:36 - 5:40Em última análise, podem ser relacionadas
com o comportamento humano, -
5:40 - 5:42o comportamento humano natural.
-
5:42 - 5:45Os incêndios selvagens
têm origem nas secas intensas -
5:45 - 5:48que intensificámos
com o aquecimento global; -
5:48 - 5:50as populações de tubarões selvagens
-
5:50 - 5:54têm origem no aumento da população
de focas que temos protegido; -
5:54 - 5:56as águas selvagens
-
5:56 - 5:58estão a ocorrer numa paisagem
que está a afundar-se no mar -
5:58 - 6:00porque privámos o solo
-
6:00 - 6:04dos sedimentos de que ele necessita
para se manter acima do nível do mar. -
6:05 - 6:08Mas qual é a causa básica de tudo isto?
-
6:08 - 6:09Para lá chegar,
-
6:09 - 6:12temos de recuar
ao longo duma cadeia de causalidade -
6:13 - 6:16e vou usar o caso dos incêndios
como exemplo. -
6:17 - 6:20Os incêndios são mais intensos
-
6:20 - 6:23porque o clima regional
é mais seco no verão -
6:24 - 6:29porque a circulação hemisférica
predominante mudou -
6:29 - 6:33porque a temperatura média
da troposfera -
6:33 - 6:36é quase dois graus mais quente
-
6:36 - 6:40porque os seres humanos transferiram
enormes quantidades de carbono -
6:40 - 6:43do componente terrestre
do nosso sistema -
6:43 - 6:45para o componente atmosférico
-
6:46 - 6:48porque beneficiamos das vantagens
-
6:48 - 6:51da energia barata proporcionada
pelos combustíveis fósseis -
6:51 - 6:54e da desflorestação global
-
6:54 - 6:57porque as nossas psiques humanas
-
6:57 - 6:59são governadas por comportamentos
animais instintivos -
6:59 - 7:02que surgiram durante a evolução humana.
-
7:04 - 7:07Dois dos nossos comportamentos
são especialmente importantes. -
7:07 - 7:09O primeiro é o nosso impulso
natural para termos famílias -
7:09 - 7:12e proporcionar-lhes
o máximo que pudermos. -
7:12 - 7:15O segundo é a nossa inteligência
cognitiva natural -
7:15 - 7:18que nos permite perceber
como funcionam as coisas -
7:18 - 7:19e inventar coisas novas e melhores,
-
7:19 - 7:24como ferramentas, culturas, materiais,
medicamentos, casas, e fontes de energia. -
7:25 - 7:30A motivação para melhorar a nossa vida
aliada à nossa inteligência flexível -
7:31 - 7:33deu origem à ciência
-
7:34 - 7:36que deu origem à engenharia,
-
7:37 - 7:42que deu origem ao poder
de, literalmente, refazer o planeta. -
7:43 - 7:46O resto deste comportamento natural
-
7:46 - 7:49tem sido uma alteração humana
da superfície da Terra, -
7:49 - 7:51uma parte da qual tem sido
muito deliberada, -
7:51 - 7:54como a construção de cidades,
a domesticação dos rios, -
7:54 - 7:56e a matança dos carnívoros,
-
7:56 - 7:58e outra parte tem sido
totalmente involuntária, -
7:58 - 8:00como prejudicar os nossos interesses
-
8:00 - 8:02e a subida da temperatura da Terra.
-
8:03 - 8:05Independentemente das intenções,
-
8:05 - 8:09os seres humanos são hoje o agente
geológico dominante que opera no planeta. -
8:09 - 8:10É um facto.
-
8:10 - 8:12Movimentando massas
a um ritmo mais rápido -
8:12 - 8:15do que os glaciares
da última idade do gelo -
8:15 - 8:17e os rios da conhecida história geológica,
-
8:17 - 8:21a modernidade global
parece chocantemente diferente -
8:21 - 8:25da história humana regional
da época anterior, o Holoceno, -
8:25 - 8:28que começou há cerca de 11 700 anos.
-
8:29 - 8:32Assim, os geocientistas
não têm outra hipótese -
8:32 - 8:34senão de criar
uma nova época oficial -
8:34 - 8:38e estamos em vias
de terminar esse processo. -
8:38 - 8:40O rótulo "Antropoceno"
-
8:40 - 8:42é o melhor que arranjámos até aqui.
-
8:43 - 8:46Já têm sido sugeridas diversas datas
— e debatidas acerrimamente — -
8:46 - 8:49para o início desta época
de modernidade geológica. -
8:49 - 8:53Uns defendem o início da agricultura
e das primeiras civilizações -
8:53 - 8:55há cerca de 10 000 anos.
-
8:55 - 8:58Outros defendem o início
do colonialismo marítimo -
8:58 - 9:00no final do século XV.
-
9:00 - 9:03outros ainda defendem
o aparecimento da revolução industrial -
9:03 - 9:05no final do século XVIII.
-
9:05 - 9:09Mas a maioria defende a explosão global
e a grande aceleração -
9:09 - 9:12da ciência, da tecnologia,
das populações humanas, -
9:12 - 9:15da urbanização, do uso da energia,
e das conversões de terras -
9:15 - 9:17em meados do século XX.
-
9:17 - 9:22Este último candidato para o início
da época do Antropoceno é o melhor, -
9:22 - 9:25porque é um fenómeno generalizado
e claramente marcado -
9:25 - 9:28pela poeira radioativa
das bombas atómicas, -
9:28 - 9:30pelo importante percurso
nos ciclos químicos, -
9:30 - 9:32e pelo depósito de sedimentos de fósseis
-
9:32 - 9:35com vestígios de plástico
por todo o mundo. -
9:37 - 9:40O Antropoceno
encontra a sua contrapartida -
9:40 - 9:42na época do Paleoceno,
com 66 milhões de idade, -
9:42 - 9:46que também foi chocantemente
diferente da época precedente, -
9:46 - 9:48dominada pelos dinossauros.
-
9:48 - 9:50Neste caso mais antigo,
-
9:50 - 9:52a alteração não teve origem
na tecnologia humana -
9:52 - 9:54mas no impacto de um asteroide,
-
9:54 - 9:58combinado com o colossal vulcanismo
há cerca de 67 milhões de anos, -
9:58 - 10:00que iniciou uma cascata
de perturbações globais -
10:00 - 10:02que deram hipótese aos mamíferos
-
10:02 - 10:04de começar a sua evolução
para seres humanos. -
10:04 - 10:06Esta transição mais antiga
-
10:06 - 10:08ocorreu por toda a parte
e está claramente visível -
10:08 - 10:11numa concentração de poeira cósmica,
-
10:11 - 10:13nos percursos geoquímicos
-
10:13 - 10:16e no depósito de sedimentos
de fósseis com diversos vestígios. -
10:18 - 10:21Mas porque é que é importante
dar um nome a uma nova época? -
10:23 - 10:26Porque, conforme Aldous Huxley
escreveu um dia: -
10:26 - 10:29"As palavras são os canais
pelos quais flui o pensamento." -
10:29 - 10:31Algumas das nossas palavras
mais influentes -
10:31 - 10:34são rótulos de categorias.
-
10:34 - 10:36Por exemplo, bom em relação a mau,
-
10:36 - 10:38velho em relação a novo,
-
10:38 - 10:39nós em relação a eles,
-
10:39 - 10:41frutos em relação a vegetais,
-
10:41 - 10:43ou Democratas em relação a Republicanos.
-
10:44 - 10:47Pensar de forma conservadora
ou de forma inovadora -
10:47 - 10:50também é uma distinção de categorias.
-
10:50 - 10:53Embora esta prática possa conduzir
a perigosas dicotomias falsas -
10:53 - 10:55e a preconceitos implícitos,
-
10:55 - 10:58no geral é uma ferramenta
essencial para a ciência, -
10:58 - 11:01a base de todas as classificações.
-
11:01 - 11:03Em 1963,
-
11:03 - 11:07assisti a Rachel Carson, minha heroína,
a falar à nação -
11:07 - 11:10na nossa pequena TV familiar
a preto e branco. -
11:10 - 11:13Estava a apresentar o seu livro
"Primavera Silenciosa". -
11:13 - 11:15Sete anos depois, em 1970,
-
11:15 - 11:17participei na primeira comemoração
do Dia da Terra, -
11:17 - 11:19enquanto estudante universitário,
-
11:19 - 11:21Entre estas duas datas,
-
11:21 - 11:22assisti ao aparecimento
-
11:22 - 11:25dum novo "meme" categórico
na cultura popular: -
11:25 - 11:27ambientalismo
-
11:27 - 11:29— uma nova forma de pensar
na poluição química, -
11:29 - 11:31nas espécies ameaçadas de extinção,
-
11:31 - 11:33e na conservação da vida selvagem,
-
11:33 - 11:36tudo isso embrulhado numa coisa maior.
-
11:36 - 11:38A simples palavra "ambientalismo"
canalizou o nosso pensamento -
11:38 - 11:41para criar uma profunda
alteração social -
11:41 - 11:45num mundo que ainda não tinha começado
a preocupar-se com a alteração climática. -
11:45 - 11:49Bom, nitidamente, precisamos
de um novo "meme" de categoria -
11:49 - 11:51para canalizar o nosso pensamento
-
11:51 - 11:54para uma preocupação global
ainda maior e mais profunda: -
11:54 - 11:58o reconhecimento de que o destino
de toda a superfície do planeta -
11:58 - 12:00está nas mãos dos seres humanos.
-
12:01 - 12:04Será a alteração climática
esse novo "meme"? -
12:04 - 12:05Assim parece,
-
12:05 - 12:08dada toda a atenção científica,
política e dos "media", -
12:08 - 12:11mas, para mim,
e apesar da sua popularidade, -
12:11 - 12:13a alteração climática
é um conceito demasiado estreito -
12:13 - 12:17porque os climas,
por definição, são regionais -
12:17 - 12:20e sempre foram provenientes
do subsolo geológico -
12:20 - 12:25através dos rearranjos tectónicos
das placas continentais -
12:25 - 12:26e das transferências químicas
-
12:26 - 12:30entre os reservatórios sólidos,
líquidos e gasosos da Terra. -
12:30 - 12:33A alteração climática,
o colapso do ecossistema, -
12:33 - 12:36as transformações oceânicas,
-
12:36 - 12:40são simplesmente as grandes fatias
duma tarte maior. -
12:41 - 12:46A visão abrangente ou mecanicista
dessa tarte global é aquilo que eu ensino, -
12:46 - 12:48a Ciência do Sistema Terra.
-
12:49 - 12:54A visão histórica ou narrativa dessa tarte
é a História do Sistema Terra -
12:54 - 12:58e o seu último capítulo
é a época do Androceno. -
12:59 - 13:01Para mim, o novo "meme"
de que precisamos -
13:01 - 13:03é a palavra Antropoceno.
-
13:03 - 13:05Temos de ter a coragem de reconhecer
-
13:05 - 13:08que vivemos num mundo novo
fabricado por nós próprios. -
13:08 - 13:10Só assim podemos deixar
de acusar a Natureza -
13:10 - 13:12e de nos acusarmos a nós mesmos
-
13:12 - 13:17e regressar a formas sustentáveis
através da invenção humana. -
13:19 - 13:22Para vos ajudar a compreender
este mundo novo, "o mundo moderno", -
13:22 - 13:24a "modernidade",
-
13:24 - 13:25"o Antropoceno",
-
13:25 - 13:28peço-vos que imaginem
a superfície da Terra -
13:28 - 13:30como um campo de golfe
de proporções globais, -
13:30 - 13:33em que os oceanos são
as lagoas de proporção gigantesca. -
13:33 - 13:36Eu não jogo golfe,
mas gosto desta analogia. -
13:36 - 13:40Todas as coisas, por toda a parte,
são o resultado de escolhas humanas, -
13:40 - 13:41sejam as alterações dos locais
-
13:41 - 13:44para melhor satisfazerem
as nossas necessidades -
13:44 - 13:46ou os locais rejeitados
por diversas razões. -
13:47 - 13:49A intensidade da transformação
-
13:49 - 13:52seguem uma lógica
nos campos de golfe, -
13:52 - 13:55dos buracos na relva
aos relvados uniformes -
13:55 - 13:56ao longo canal navegável,
-
13:56 - 13:59ao campo em bruto
e aos arredores arborizados -
14:00 - 14:02e toda esta manta de retalhos de locais
-
14:02 - 14:05situa-se sob uma atmosfera
ajustada pelos homens. -
14:07 - 14:10Numa Terra do Antropoceno real
-
14:10 - 14:12em vez de imaginada
como um campo de golfe, -
14:12 - 14:14a intensidade da transformação do solo
-
14:14 - 14:18também segue uma lógica
dos centros urbanos aos subúrbios -
14:18 - 14:20aos subúrbios rurais
-
14:20 - 14:22às terras selvagens longínquas.
-
14:22 - 14:24E, no mar, vai das praias fortificadas
-
14:24 - 14:26aos canais dragados
-
14:26 - 14:28às zonas mortas, privadas de oxigénio.
-
14:28 - 14:30Estas duas mantas de retalhos
também se situam -
14:30 - 14:33sob uma atmosfera
ajustada pelos homens. -
14:34 - 14:35Mas não se iludam,
-
14:36 - 14:39a modernidade geológica já aí está.
-
14:39 - 14:42Chama-se o Antropoceno.
-
14:42 - 14:44Ao fim de um dia de trabalho,
-
14:44 - 14:47passado a pensar e a ensinar
o sistema global Terra, na universidade, -
14:47 - 14:50percorro o bosque de novo,
de regresso a casa. -
14:50 - 14:51Durante o caminho de regresso,
-
14:51 - 14:54acho mais fácil ver
estas pastagens abandonadas, -
14:54 - 14:58a lagoa do gado, o buraco da adega,
e os muros de pedra -
14:58 - 15:00segundo aquilo que são
-
15:00 - 15:04— provas fósseis da época
antes da modernidade. -
15:04 - 15:06Talvez num futuro distante,
-
15:06 - 15:08alguma inteligência pós-humana
-
15:08 - 15:12descubra as ruínas e resíduos
da nossa época do Antropoceno, -
15:12 - 15:15incrustados em estratos ainda sem nome.
-
15:15 - 15:17Se e quando isso acontecer,
-
15:17 - 15:20a modernidade precisará de um novo nome.
-
15:21 - 15:22Obrigado.
- Title:
- A época humana: a época do Antropoceno enquanto modernidade terrena | Robert Thorson | TEDxUConn
- Description:
-
Nos anos 60, a palavra ambientalismo surgiu como um chapéu para problemas nacionais envolvendo a poluição, as espécies ameaçadas, e a vida animal. Na década de 2020, a palavra Antropoceno está a surgir como uma grande tenda para os problemas à escala do planeta: a alteração climática, o colapso dos ecossistemas, e os problemas oceânicos. Esta palavra provém da Época do Antropoceno, o último capítulo da história da Terra, definido pela transformação humana da superfície planetária em relação aos 4600 milhões de anos anteriores. Que o Antropoceno seja um meme cultural suficientemente poderoso para manter a continuidade do planeta.
Na Universidade de Connecticut, Thorson foi pioneiro nos primeiros cursos sobre Alteração Climática Global, Ciência do Sistema Terra e A Época Humana. O seu interesse pelo Antropoceno surgiu da sua investigação científica nos muros de Fieldstone, na Nova Inglaterra, na estratigrafia das zonas húmidas, da sua especialização em Henry D. Thoreau e do seu desejo de ajudar os estudantes a perceber como funciona a Terra, para poderem tornar-se cidadãos planetários mais eficazes e menos ansiosos.
Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx - Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 15:23
Margarida Ferreira approved Portuguese subtitles for The human epoch: the Anthropocene epoch as earthly modernity | Robert Thorson | TEDxUConn | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The human epoch: the Anthropocene epoch as earthly modernity | Robert Thorson | TEDxUConn | ||
Mafalda Ferreira accepted Portuguese subtitles for The human epoch: the Anthropocene epoch as earthly modernity | Robert Thorson | TEDxUConn | ||
Mafalda Ferreira edited Portuguese subtitles for The human epoch: the Anthropocene epoch as earthly modernity | Robert Thorson | TEDxUConn | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The human epoch: the Anthropocene epoch as earthly modernity | Robert Thorson | TEDxUConn | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The human epoch: the Anthropocene epoch as earthly modernity | Robert Thorson | TEDxUConn |