Uma breve história da religião na arte — TED-Ed
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0:07 - 0:09Só há cerca de cem anos, mais ou menos,
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0:09 - 0:13é que a civilização ocidental
começou a pôr a arte em museus, -
0:13 - 0:15pelo menos em museus parecidos
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0:15 - 0:17com as instituições
públicas que vemos hoje. -
0:17 - 0:21Antes disso, a arte tinha,
quase sempre, outros objetivos. -
0:21 - 0:23O que chamamos hoje de Belas-Artes
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0:23 - 0:25era principalmente o que as pessoas sentiam
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0:25 - 0:29como uma dimensão estética da religião.
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0:29 - 0:32As pinturas, a escultura,
os têxteis e as iluminuras -
0:32 - 0:34eram os meios de comunicação da sua época,
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0:34 - 0:36proporcionando uma imagética vívida
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0:36 - 0:38para acompanhar as notícias do dia.
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0:40 - 0:41Neste sentido, a arte ocidental
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0:41 - 0:43partilhava um objetivo utilitário
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0:43 - 0:45com outras culturas em todo o mundo,
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0:45 - 0:48algumas das quais nem sequer
têm uma palavra para "arte". -
0:50 - 0:53Então, como definimos aquilo
a que chamamos arte? -
0:53 - 0:55Falando genericamente,
estamos a falar aqui -
0:55 - 0:57de uma obra que comunica visualmente
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0:57 - 0:59um significado para além da linguagem,
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0:59 - 1:00quer através da representação,
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1:00 - 1:04quer da organização no espaço
de elementos visuais. -
1:04 - 1:06A prova deste poder
da iconografia, ou seja, -
1:06 - 1:09a capacidade de as imagens
transmitirem um significado, -
1:09 - 1:11pode encontrar-se com abundância
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1:11 - 1:12se olharmos para a arte
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1:12 - 1:14a partir da história das
principais religiões mundiais. -
1:14 - 1:17Mais tarde ou mais cedo, na sua história,
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1:17 - 1:20quase todas passaram por
qualquer tipo de fase anicónica. -
1:20 - 1:24O aniconismo proíbe qualquer
representação visual do divino. -
1:25 - 1:27O objetivo é evitar a idolatria,
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1:27 - 1:31ou a confusão entre a representação
da divindade e a própria divindade. -
1:31 - 1:33Mantendo-a real, por assim dizer,
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1:33 - 1:36na relação entre o individual e o divino.
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1:37 - 1:40No entanto, isso pode ser difícil de manter,
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1:40 - 1:41dada a compulsão de
representar visualmente -
1:41 - 1:43e interpretar o mundo à nossa volta,
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1:43 - 1:46uma compulsão difícil de suprimir.
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1:46 - 1:48Por exemplo, ainda hoje,
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1:48 - 1:51em que é proibida a representação
de Alá ou do Profeta Maomé, -
1:51 - 1:54podemos encontrar uma
celebração abstrata do divino -
1:54 - 1:58nos padrões de arabescos
dos desenhos têxteis islâmicos -
1:58 - 2:00com floreados magistrais de pinceladas
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2:00 - 2:01e na caligrafia árabe,
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2:01 - 2:02em que as palavras do profeta
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2:02 - 2:06assumem um papel duplo
como literatura e como arte visual. -
2:06 - 2:08Do mesmo modo, na arte
dos períodos primitivos -
2:08 - 2:10do cristianismo e do budismo,
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2:10 - 2:12a presença divina de Cristo e de Buda
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2:12 - 2:14não aparece sob a forma humana
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2:14 - 2:16mas é representada por símbolos.
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2:16 - 2:18Em ambos os casos,
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2:18 - 2:19utiliza-se a referência iconográfica
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2:19 - 2:22como forma de reverência.
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2:22 - 2:23A representação antropomórfica
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2:23 - 2:26ou a representação sob a forma humana
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2:26 - 2:28veio a espalhar-se nestas religiões
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2:28 - 2:29apenas séculos mais tarde,
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2:29 - 2:33sob a influência das tradições
culturais que as rodeavam. -
2:34 - 2:35Historicamente falando,
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2:35 - 2:37a apreciação pública da arte visual
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2:37 - 2:40em termos diferentes duma
função tradicional, religiosa ou social, -
2:40 - 2:42é um conceito relativamente novo.
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2:42 - 2:45Atualmente, fetichizamos
o fetiche, por assim dizer. -
2:45 - 2:47Vamos aos museus ver a arte antiga
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2:47 - 2:49mas a nossa experiência dela
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2:49 - 2:51está muito afastada do seu contexto
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2:51 - 2:53em que inicialmente pretendia ser vista.
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2:54 - 2:56Pode dizer-se que o espetador atual
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2:56 - 2:57não possui a riqueza do compromisso
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2:57 - 2:59que tem com a arte contemporânea,
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2:59 - 3:01que é criada com relevância para a sua época
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3:01 - 3:03e fala a sua linguagem cultural.
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3:04 - 3:06Também se pode dizer que a história
daquilo a que chamamos arte -
3:06 - 3:09é uma conversa que continua,
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3:09 - 3:11à medida que o nosso
presente contemporâneo -
3:11 - 3:14passa a ser o passado
clássico das gerações futuras. -
3:14 - 3:16É uma conversa que reflete
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3:16 - 3:20as ideologias, as mitologias,
os sistemas de crenças, os tabus -
3:20 - 3:23e muito mais coisas
do mundo em que foi feita. -
3:23 - 3:26Mas isso não quer dizer
que as obras de outra época, -
3:26 - 3:29feitas para servir uma determinada
função nessa altura, -
3:29 - 3:32estejam mortas ou não tenham nada
a oferecer ao espetador moderno. -
3:32 - 3:34Apesar de num museu
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3:34 - 3:36as obras de arte de
diversos locais e épocas -
3:36 - 3:38serem apresentadas ao lado umas das outras,
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3:38 - 3:40isoladas do seu ambiente original,
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3:40 - 3:42essa justaposição tem benefícios.
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3:42 - 3:45As exposições são organizadas
por curadores, -
3:45 - 3:46pessoas que seguiram essa carreira
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3:46 - 3:49dada a sua aptidão para
recontextualizar ou remisturar -
3:49 - 3:52artefactos culturais numa
apresentação coletiva. -
3:53 - 3:56Enquanto espetadores,
podemos depois apreciar a arte -
3:56 - 3:58em termos dum tema comum
que pode não ser aparente -
3:58 - 3:59numa determinada obra
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3:59 - 4:02enquanto não for vista ao lado de outra.
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4:02 - 4:06Podem aparecer novos significados
sobre os quais podemos refletir. -
4:06 - 4:07Se para aí estivermos inclinados,
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4:07 - 4:10podemos mesmo começar a ver
todas as obras de arte -
4:10 - 4:13como parte complementar
de um todo indefinido, unificado -
4:13 - 4:15da experiência humana passada,
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4:15 - 4:17um caminho que vem ter
diretamente à nossa porta -
4:17 - 4:19e continua connosco,
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4:19 - 4:22aberto a quem o quiser explorar.
- Title:
- Uma breve história da religião na arte — TED-Ed
- Description:
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Vejam a lição completa em: http://ed.ted.com/lessons/a-brief-history-of-religion-in-art-ted-ed
Antes de começarmos a pôr a arte nos museus, a arte servia sobretudo como contrapartida visual para histórias religiosas. Estas pinturas, esculturas, têxteis e iluminuras teológicas de há séculos ainda serão relevantes para nós? Jeremiah Dickey descreve a evolução da arte aos olhos do público e explica como o espetador moderno pode ver a História da Arte como uma conversa global em continuação.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TED-Ed
- Duration:
- 04:38
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