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- bom dia, seu Vicentão
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- vô fingi que num vi! Eu hoje amanheci azeitado, sabe João?
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- Eu até jurei que a primeira pessoa que eu visse...
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- Eu enfiava-lhe a faca no apendicite
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- mas hoje num é dia de ter raiva, não
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- Pois pra mim todo dia é dia de ter raiva
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- Eu quero ter raiva e você não se meta
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- Mas logo hoje, no aniversário de dona Rosinha?
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- Poi, e hoje é aniversário dela, é?
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- Eu acho melhor o senhor se amansar
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- Pra que?
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- Ela num gosta de mim mermo
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- Que injustiça
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- Logo hoje que ela me disse que está apaixonada
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- E foi, foi?
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- Por quem?
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- Diz ela que é pelo valentão da cidade
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- Eita, só pode ser por mim!
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- E logo hoje que o senhor acordou tão mal humorado...
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- Passou, Jão!
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- Você me faz uma fineza?
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- Uma fineza, é?
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- Você entrega esse par de brinco pra ela?
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- Veja que coincidência, rapaz
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- Que acaso da necessidade
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- Logo hoje, dia do aniversário dela, foi que eu achei de comprar o presente
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- Isso não é coincidência não
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- É o destino
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- Eita, chega eu me arrepiei todo oh, João!
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- Pois diga isso a ela, João
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- Diga que é a própria sorte que quer nos juntar
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- Cruzando nossa vida.... na teia do destino!
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- Ela vai gostar demais
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- De sete horas, na saída da missa
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- E o que que ele quer comigo?
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- Diz que é a respeito dum par de brinco que você deu a dona Rosinha
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- Será que aquele Sibito ta me desafiano?
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- Só sei que ele também cuspiu no chão quando pronunciou o seu nome
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- O magrelo ta doido pra morrer... e eu tou doido pra matar... vai dar certinho!
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- Eu sei também que eu encontrei dona Rosinha
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- Toda contente com um broche que ela tinha acabado de ganhar
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- E ainda se meteu a dar um broche a Rosinha, né?
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- Mas é hoje que eu vou fazer a festa...