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Predadores online espalham falsa pornografia com imagens minhas . Saiba como eu me defendi.

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    [Esta palestra contém linguagem gráfica
    e descrições de abuso sexual]
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    Levante a mão quem já pesquisou
    por si mesmo no Google.
  • 0:12 - 0:13
    Eu já.
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    Mas o que começou
    como uma curiosidade momentânea,
  • 0:19 - 0:22
    transformou-se rapidamente
  • 0:22 - 0:27
    numa terrível batalha de quase cinco anos
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    que quase destruiu a minha vida.
  • 0:31 - 0:34
    Eu fiz uma busca inversa
    no Google Imagens,
  • 0:34 - 0:38
    que é uma função do Google
    que permite procurar imagens
  • 0:38 - 0:41
    e que mostra onde elas
    se encontram na Internet.
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    Esta sou eu aos 17 anos,
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    uma "selfie" inocente
    tirada antes de uma festa.
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    Antes de prosseguir, preciso deixar claro
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    que o assunto que vou abordar
    é muito chocante e gráfico.
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    Mas não há escapatória.
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    Esta é uma questão muito chocante.
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    Numa fração de segundo,
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    o meu ecrã foi inundado com aquela imagem
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    e mais algumas dezenas de imagens minhas,
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    roubadas das minhas redes sociais,
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    em "links" conectados
    a "sites" pornográficos.
  • 1:22 - 1:28
    Nesses "sites", predadores sexuais
    sem nome nem rosto,
  • 1:28 - 1:32
    haviam publicado comentários sexuais
    explícitos sobre mim
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    e o que gostariam de fazer comigo.
  • 1:36 - 1:39
    "Tapem-lhe a cara
    e nós f... o corpo dela".
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    escreveu uma pessoa.
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    Também publicaram informações sobre mim:
  • 1:45 - 1:49
    onde eu vivia, o que estudava,
    quem eu era.
  • 1:50 - 1:52
    Mas as coisas pioraram.
  • 1:53 - 1:57
    Depressa descobri
    que esses predadores sexuais
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    tinham tratado e editado o meu rosto
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    nos corpos de atrizes nuas adultas
    durante relações sexuais
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    em fotos individuais
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    de dois homens
    a ejacular em cima de mim.
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    Editaram esperma por todo o meu rosto.
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    Fui editada na capa de um DVD porno.
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    Os autores tinham editado
    as minhas imagens
  • 2:28 - 2:33
    para a minha blusa parecer
    transparente ou translúcida
  • 2:33 - 2:35
    para se poderem ver os meus mamilos.
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    Os perpetradores ejacularam
    em imagens minhas
  • 2:41 - 2:47
    foram buscar fotos dos pénis
    e do esperma nessas imagens
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    e publicaram-nas em "sites" pornográficos.
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    "Esperma em fotos de porcas",
    era como lhe chamavam.
  • 2:55 - 2:58
    Vocês devem estar a pensar
  • 2:58 - 3:01
    que tipo de imagens eu publicava
    nas minhas redes sociais.
  • 3:02 - 3:06
    Esta sou eu, com 19 anos
    no hotel Claremont,
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    a alguns subúrbios de distância.
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    Eles sobrepuseram este rosto
    nesta imagem.
  • 3:15 - 3:17
    E as coisas pioraram.
  • 3:17 - 3:20
    Nada estava fora dos limites
    para esses predadores.
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    Até publicaram uma imagem
    da minha irmãzinha nesses "sites".
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    Vocês podem estar a pensar:
  • 3:27 - 3:30
    "Você veste-se de forma provocadora,
  • 3:30 - 3:33
    "até um pouco sugestiva sexualmente,
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    "talvez para atrair a atenção."
  • 3:37 - 3:40
    Mas lá porque o corpo
    de uma mulher chama a atenção,
  • 3:40 - 3:43
    não significa que esteja
    a querer atrair a atenção.
  • 3:43 - 3:47
    De qualquer forma, o que é provocador?
    O que é sugestivo sexualmente?
  • 3:47 - 3:51
    Nalgumas partes do mundo,
    mostrar os tornozelos
  • 3:51 - 3:54
    é considerado promíscuo, é provocador.
  • 3:55 - 3:59
    O que acontece é que,
    não importa o que uma mulher vista,
  • 3:59 - 4:02
    ela é sempre interpretada
    de forma mais sexual do que é.
  • 4:03 - 4:07
    Eu só queria sentir-me bonita e confiante.
  • 4:08 - 4:10
    O que há de errado nisso?
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    Vocês podem estar a pensar:
  • 4:14 - 4:18
    "Porque é que não configura
    a sua rede social no modo privado?"
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    Esses criminosos tinham tudo planeado.
  • 4:23 - 4:26
    Tornaram-se amigos
    dos meus amigos nas redes sociais.
  • 4:26 - 4:28
    Usando perfis falsos,
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    seguiram as galerias públicas
  • 4:31 - 4:35
    dos eventos e lugares
    que eu costumava frequentar.
  • 4:37 - 4:39
    Mas porquê?
  • 4:39 - 4:42
    Porque é que alguém
    deve recuar e esconder-se
  • 4:43 - 4:46
    com medo de que algo assim aconteça?
  • 4:48 - 4:50
    O que eu publico e o que eu visto
  • 4:50 - 4:54
    não é um convite para abusarem
    de mim e me violentarem.
  • 4:54 - 4:57
    Os únicos que deviam mudar
    o seu comportamento
  • 4:58 - 5:00
    são os criminosos.
  • 5:00 - 5:03
    (Aplausos)
  • 5:12 - 5:14
    Vocês devem estar a pensar:
    "Porquê eu?"
  • 5:16 - 5:18
    Eu sou apenas uma
  • 5:18 - 5:23
    entre milhares e milhares
    de mulheres comuns
  • 5:23 - 5:26
    que têm sido atacadas
    em larga escala
  • 5:26 - 5:29
    nessas horríveis culturas "online"
  • 5:29 - 5:33
    "sites" e tópicos de discussão de massas
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    que se dedicam a editar
    e a explorar sexualmente
  • 5:38 - 5:42
    imagens de mulheres comuns
    em conteúdos pornográficos.
  • 5:42 - 5:44
    Enquanto eu falo,
  • 5:45 - 5:49
    há mulheres a ser atacadas
    sem sequer terem consciência disso.
  • 5:51 - 5:55
    No início, eu tentei procurar ajuda.
  • 5:55 - 5:58
    Fui à polícia,
    contatei agências do governo,
  • 5:58 - 6:02
    até tentei contratar
    um investigador particular,
  • 6:02 - 6:04
    mas eram demasiado caros.
  • 6:05 - 6:07
    Não havia nada
    que eles pudessem fazer.
  • 6:07 - 6:09
    Ou seja, o que é que se pode fazer
  • 6:09 - 6:15
    quando os "sites" são criados além-mar
    e os autores estão além-mar?
  • 6:17 - 6:21
    Disseram-me que eu teria
    de contactar os "sites", um por um,
  • 6:21 - 6:25
    notificando os administradores
    dos "sites", para apagarem tudo.
  • 6:27 - 6:29
    Então, como podem imaginar,
  • 6:29 - 6:33
    cheia de medo e dor,
  • 6:35 - 6:36
    foi o que eu fiz.
  • 6:37 - 6:40
    Entrei em contacto com os administradores,
  • 6:40 - 6:45
    solicitando que eliminassem o material
    partilhado sem o meu consentimento.
  • 6:45 - 6:48
    Eu obtive sucesso com alguns deles,
  • 6:48 - 6:51
    mas também tive grandes contratempos.
  • 6:52 - 6:54
    Quanto mais eu lutava,
  • 6:55 - 6:58
    mais "sites" eu descobria
  • 6:58 - 7:02
    e com o tempo, mais visualizações
    e partilhas tinham as minhas imagens,
  • 7:02 - 7:05
    às dezenas de milhares.
  • 7:05 - 7:11
    Um deles disse-me
    que só eliminaria o "site"
  • 7:12 - 7:16
    se eu lhe enviasse fotos nuas minhas
    no prazo de 24 horas.
  • 7:17 - 7:19
    Isto durou anos:
  • 7:19 - 7:23
    a luta contra estes "sites"
    desonestos e nojentos.
  • 7:23 - 7:26
    Mas estava a lutar por uma causa perdida.
  • 7:27 - 7:31
    Não podia continuar mais tempo,
    pela minha saúde mental.
  • 7:32 - 7:34
    O que é que eu podia fazer?
  • 7:36 - 7:40
    Pensei que, se falasse sobre o assunto,
  • 7:41 - 7:44
    talvez pudesse recuperar o meu nome
  • 7:44 - 7:47
    e podia reescrever a minha narrativa
    nos meus próprios termos.
  • 7:47 - 7:49
    Talvez, se eu falasse,
  • 7:49 - 7:52
    pudesse aumentar
    a consciencialização sobre isso.
  • 7:53 - 7:56
    Talvez eu pudesse até tentar mudar a lei.
  • 7:58 - 7:59
    E foi o que fiz.
  • 8:00 - 8:03
    (Aplausos)
  • 8:10 - 8:13
    Denunciei publicamente,
    no final do ano passado
  • 8:13 - 8:17
    e as notícias sobre a minha história
    espalharam-se por todo o mundo.
  • 8:18 - 8:20
    Porém, a resposta foi esta:
  • 8:20 - 8:23
    "Ela é uma vadia gorda e feia,
    é uma puta".
  • 8:23 - 8:26
    "Ela é um pedaço de lixo
    que quer chamar a atenção."
  • 8:27 - 8:29
    "Devias ficar lisonjeada, é um elogio."
  • 8:29 - 8:33
    Fui acusada por ser vítima
    e chamaram-me vadia
  • 8:33 - 8:36
    e disseram-me que eu merecia
    o que me tinha acontecido.
  • 8:37 - 8:39
    E francamente,
  • 8:39 - 8:41
    isso ainda foi mais difícil de suportar
  • 8:42 - 8:46
    do que a experiência de abuso de imagens.
  • 8:47 - 8:50
    Mas eu não podia deixar
    que as críticas me derrotassem.
  • 8:50 - 8:53
    Eu sabia que o que fizeram comigo
    estava errado
  • 8:53 - 8:56
    e sabia que o que estavam a fazer
    com outras pessoas era errado.
  • 8:56 - 8:59
    Então, redigi uma petição.
  • 8:59 - 9:03
    Enviei apaixonados pedidos de apoio,
  • 9:03 - 9:05
    mas não funcionou.
  • 9:05 - 9:08
    Acho que consegui apenas 330 assinaturas.
  • 9:09 - 9:11
    Foi realmente desanimador.
  • 9:13 - 9:17
    Entrei em contacto com os meus deputados
    estatais e federais.
  • 9:18 - 9:22
    Fui encaminhada para a procuradoria geral
    de Nova Gales do Sul,
  • 9:22 - 9:26
    que já estava a redigir novas leis
  • 9:26 - 9:31
    para criminalizar a distribuição
    não consensual de imagens íntimas:
  • 9:33 - 9:35
    O abuso sexual baseado em imagens.
  • 9:36 - 9:39
    Alguns de vocês devem conhecê-lo
    por pornografia de vingança.
  • 9:40 - 9:43
    Tornei-me logo uma porta-voz,
  • 9:43 - 9:46
    um rosto público
    para representar as novas leis.
  • 9:46 - 9:48
    Devo salientar
  • 9:48 - 9:50
    que não quero, de forma alguma,
  • 9:50 - 9:53
    obter créditos por esta alteração na lei.
  • 9:53 - 9:55
    Esses devem-se aos especialistas
    em cibersegurança,
  • 9:56 - 9:59
    aos investigadores, à Procuradoria Geral
  • 9:59 - 10:02
    e a tantas outras pessoas
    que têm lutado durante anos.
  • 10:03 - 10:08
    Nova Gales do Sul
    foi o primeiro estado no mundo
  • 10:10 - 10:13
    a incluir uma cláusula específica
    para edição de imagens:
  • 10:13 - 10:15
    Algo que aconteceu comigo,
  • 10:15 - 10:18
    algo que vocês, certamente,
    não ouvem com frequência.
  • 10:18 - 10:22
    Agora, o Território da Capital Australiana
    também conseguiu a criminalização,
  • 10:22 - 10:25
    através de uma cláusula
    sobre imagens alteradas.
  • 10:25 - 10:28
    No próximo ano, a Austrália Ocidental
    estará a aprovar legislação.
  • 10:29 - 10:33
    Eu espero que eles introduzam uma cláusula
    sobre imagens alteradas
  • 10:33 - 10:36
    e desejo que todos os estados e países
    do mundo sigam o exemplo
  • 10:36 - 10:38
    porque, atualmente,
  • 10:38 - 10:41
    não há justiça para pessoas como eu.
  • 10:42 - 10:43
    Apesar disso tudo,
  • 10:44 - 10:47
    apesar do ódio, apesar das críticas,
  • 10:48 - 10:51
    apesar do facto de eu nunca
    ir conseguir justiça,
  • 10:51 - 10:55
    porque as minhas experiências
    aconteceram antes da reforma na lei,
  • 10:56 - 10:59
    ter falado sobre isso
    foi a melhor coisa que eu fiz,
  • 10:59 - 11:02
    porque tenho a certeza
    que consegui ajudar as pessoas.
  • 11:05 - 11:07
    Eu só quero viver num mundo
  • 11:09 - 11:12
    onde, independentemente
    do que vista ou publique,
  • 11:12 - 11:17
    eu ainda mereça ser tratada
    com dignidade e respeito.
  • 11:19 - 11:21
    Respeito.
  • 11:21 - 11:24
    Esta é uma ideia
    que vale a pena partilhar.
  • 11:24 - 11:25
    (Aplausos)
  • 11:25 - 11:27
    Obrigada.
  • 11:27 - 11:29
    Aplausos)
Title:
Predadores online espalham falsa pornografia com imagens minhas . Saiba como eu me defendi.
Speaker:
Noelle Martin
Description:

Uma busca casual desencadeou um pesadelo na vida de Noelle Martin quando ela encontrou seu rosto editado em materiais pornográficos pela Internet. Junte-se a Noelle enquanto ela relata anos de batalha contra criminosos online para recuperar sua identidade, sua história e sua paz de espírito - e saiba como ela ajudou a mudar a legislação australiana. (Esta palestra contém conteúdo adulto).

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
11:46

Portuguese subtitles

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