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Desconstruindo a Imagética Negra com Michael Ray Charles | Art21

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    -Como vai?
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    -É um prazer.
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    MICHAEL RAY CHARLES: Eu sou Michael
    Ray Charles.
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    -MULHER: Por que o "blackface"?
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    -CHARLES: Bom, o "blackface" é para
    comentar sobre a presença do passado.
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    O homem sempre tentou esconder aquilo
    que é mais feio sobre si.
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    -Certo.
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    -CHARLES: Ou a humanidade. -Certo - Então
    problemas com relação à raça nesse país.
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    Raça, relações raciais...
    -Ainda estamos confusos quanto a isso.
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    -MULHER: É, exato.
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    -CHARLES: A questão é que estamos
    lidando com história americana.
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    Eu já fui chamado de vendido.
    As pessoas questionam minha negritude.
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    Muitas pessoas me acusam de perpetuar
    um estereótipo.
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    E eu acho que existe uma linha tênue entre
    perpetuar algo e questionar algo.
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    E eu gostaria de chegar o mais perto
    possível dessa linha.
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    Eu estive na pós-graduação na
    Universidade de Houston,
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    e eu estava procurando uma imagem que
    pudesse melhor articular o americanismo,
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    resumir o que está acontecendo, aconteceu
    ou que estava acontecendo com a negritude.
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    Um amigo me deu isso, e eu disse obrigado,
    e depois joguei num canto.
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    E um dia eu estava limpando,
    varrendo o estúdio,
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    e eu peguei isso e comecei
    a realmente olhar para ele.
  • 2:16 - 2:19
    Isso levou a uma série de obras.
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    Na verdade, essa foi a primeira,
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    que foi inclusa numa exibição na qual eu
    fiz 50 carrinhos, tipo carrinhos de bebê.
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    E eu os exibi como se fossem
    estrelas na bandeira.
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    As pessoas começaram a derrubar
    a vidraça e, em muitas ocasiões,
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    condenar a presença de tal imagem.
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    Foi a primeira vez que eu tive um senso,
    não só da seriedade envolvida com
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    o uso dessas imagens, mas da
    presença emocional do passado.
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    Eu acho beleza em lugares estranhos.
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    Sabe, às vezes estou dirigindo ou
    andando e eu posso só parar e paralisar.
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    Talvez um sinal, ou o jeito com que
    a luz bate num edifício,
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    o jeito com que a sombra é
    projetada na rua.
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    Eu acho que a beleza incorpora tanto
    aquilo que achamos feio quanto bonito.
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    Para mim, beleza é história.
    Beleza é ter vivido.
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    Beleza é evidência, é uma marca.
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    -Pai?
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    -O que foi, rapaz?
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    -Eu ganhei.
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    -Você ganhou? Ganhou de novo?
  • 4:23 - 4:24
    -Eu ganhei de você.
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    -Ah, só espere.
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    -Eu ainda ganhei.
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    -Você ganhou de novo?
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    -É.
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    Existem várias imagens etruscas.
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    Uma, essas parecem cabeças
    de uma mulher branca e negra.
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    Final do século VI a.C.
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    Uma das coisas por quais eu sou bastante
    interessado é em fazer sentido de
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    como essas imagens podem estar
    conectadas com imagens como essa.
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    Uma das coisas que descobri é que
    muitas dessas obras greco-romanas,
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    do período Helenístico foram
    coletadas no começo do século.
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    Uma vez que essas imagens eram
    coletadas e então exibidas,
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    elas eram apropriadas pelos
    primeiros ilustradores americanos
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    e usadas para informar sobre
    seu próprio trabalho, talvez.
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    Esse é um trabalho em progresso. Tríptico,
    que eventualmente será lido como
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    "Clássico, Moderno", e depois
    "Pós-Moderno", no último painel.
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    Essa obra é sobre a influência
    da imagem clássica sobre
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    a imagem dos negros no começo do
    século XX, assim como
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    a imagem da pessoa negra
    no final do século XXI.
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    A imagem clássica vem, como mencionado
    anteriormente, da cerâmica greco-romana.
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    E achei interessante, a juxtaposição dessa
    imagem com essa imagem em particular,
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    que vem de um banco de ferro fundido, e
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    o item do século XX
    produzido em massa aqui.
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    Eu estive lidando com a imagem
    do "sambo" por 10 anos agora.
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    Pela minha vida, quando eu penso que
    finalmente a entendi, eu percebo que não.
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    Acho que as pessoas hoje em dia operam de
    modo emocional quando veem essas imagens,
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    porque elas pensam sobre o passado
    como algo que já aconteceu
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    e acham que esses
    conceitos não perduram.
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    Mas esses conceitos continuam a
    nos afetar de várias formas.
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    Eu acho que essas imagens são tanto
    brancas quanto elas são negras.
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    Você tem que pensar como essas imagens
    foram usadas na cultura americana.
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    Elas estavam por toda a parte.
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    Eu acho que estava ligado às primeiras
    práticas de marketing, à publicidade.
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    Ligar um produto ao romance, à noção
    romântica - o Velho Sul.
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    A caricatura do sambo, o
    negrinho, os "crioulinhos",
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    eu acho que essas imagens são uma grande
    parte de quem somos, enquanto negros,
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    e elas são uma grande parte de
    quem somos enquanto americanos.
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    Esse é o meu favorito, meu filho
    continua me pedindo por esse.
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    Perceba a imagem de Tarzan. Você realmente
    olha para essa imagem do Tarzan.
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    É uma imagem bem bonita.
    Suave e sutil. Curvas.
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    Bem como o Speed Racer.
    Bem como Elvis Presley.
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    O cabelo preto, sobrancelhas escuras,
    olhos azuis. Uma bela imagem.
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    Comparada com essa imagem.
    Raiva. Traços bestiais.
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    Eu acho que é a mesma mensagem
    que recebemos por anos.
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    Nesse caso em particular,
    se não é dito diretamente,
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    é dito indiretamente e é
    entendido indiretamente -
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    e reforçado, eu acho, em níveis
    subconscientes - que... negro é ruim.
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    -Amém.
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    CHARLES: Obrigado, Eric.
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    Desde que meus filhos estejam numa
    posição na qual eles sejam produtivos,
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    e o ambiente os ajude a florescer
    e crescer, eu estarei feliz, estarei bem.
  • 8:51 - 8:53
    Eu vou sacrificar não estar em Nova York.
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    O que é importante para mim é que
    eles tenham um bom começo.
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    E o importante para mim é que eles estejam
    bem preparados para viver nesse mundo,
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    na América, onde quer que eles escolham
    viver, estarão bem preparados para isso.
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    Eu estou começando uma série "Rock
    'n Bold." "Rock 'n Bold,"
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    que para mim começa a explorar noções
    sobre o menestrel e o "blackface"
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    e como aquilo era o primeiro
    fenômeno pop cultural nesse país.
  • 9:54 - 9:56
    Essa não é uma obra maliciosa.
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    Eu tento explorar várias coisas aqui.
    É cheio de camadas, cheio de camadas.
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    A referência ao "blackface" em relação com
    a imagem de Elvis Presley,
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    a imagem "blackface" pode mudar para mim,
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    pode fazer referência a um homem, uma
    mulher, um homem branco em contexto negro,
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    um homem negro definitivamente num
    contexto branco, asiático, que seja.
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    Alguém que é pequeno,
    alguém que, sabe...
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    alguém, ou qualquer um
    que é marginalizado.
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    Elvin era considero um caipira.
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    Seu gerente disse que se ele conseguisse
    um rapaz branco que cantasse como negro,
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    ele faria milhões de dólares.
    E ele fez.
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    E "um leve conforto do sul
    nos ajudou a todos" é um soco,
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    como um leve lembrete de que todo trabalho
    feito por um escravo foi trabalho grátis
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    que levou à construção desse país.
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    A moeda de Lincoln por si virou
    uma assinatura legal minha,
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    é quase como um logo.
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    Eu uso a cabeça de Lincoln porque
    é como uma pergunta que persiste.
  • 11:11 - 11:15
    Do que exatamente fomos emancipados?
    Foi da escravidão?
  • 11:15 - 11:25
    Sim, mas em outro nível existiam aparatos
    que completaram o vazio que conseguiu,
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    mais uma vez, nos escravizar de novo, eu
    acho, mas de uma maneira diferente.
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    Eu gosto de dizer que
    um pode fazer a diferença,
  • 11:40 - 11:42
    um pode fazer a diferença.
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    Então, acredito que toda pintura que
    faço é capaz de provocar ideias
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    e encorajar alguém a talvez considerar
    as coisas de um jeito um pouco diferente
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    daquele que entendiam no passado.
Title:
Desconstruindo a Imagética Negra com Michael Ray Charles | Art21
Description:

Art21 orgulhosamente apresenta um segmento de artista, exibindo Michael Ray Charles, do episódio "Consumption" da temporada 1 da série "Art in the Twenty-First Century".

"Consumption" estreou em setembro de 2001 na PBS.

Michael Ray Charles é filmado em sua casa/estúdio em Austin, no Texas. Por meio de seus estudos acerca da publicidade, da tradição dos menestréis e do "blackface", Charles busca desconstruir e subverter imagens da negritude através da pintura.

Michael Ray Charles nasceu em 967 em Lafayette, Louisiana, e atualmente vive e trabalha entre Austin, Texas e Gante, Bélgica. Saiba mais sobre o artista em: https://art21.org/artist/michael-ray-charles/

Créditos |
Criado por: Susan Sollins e Susan Dowling. Produtora Executiva e Curadora: Susan Sollins. Produtora Executiva: Susan Dowling. Produtora da Série: Eve-Laure Moros Ortega. Produtora Associada: Migs Wright. Coordenadora de Produção: Laura Recht. Pesquisadora: Quinn Latimer e Wesley Miller. Diretora: Deborah Shaffer. Editora: Amanda Zinoman. Diretor de Fotografia: Ken Kobland e Joel Shapiro. Fotografia Adicional: Adam Larsen, Laura Recht e Deborah Shaffer. Assistentes de Câmera: Jarred Alterman, Steve Carrillo, Brian Hwang, Alan Pierce, Beth Puorro e Kipjaz Savoie. Som: Rick Albright, Stuart Deutsch, Andrew Garrison, Steven Robinson, Gary Silver e Bill Wander. Coordenador/Grip: Ned Hallick, John Roche e Wilson Waggoner. Assistentes de Produção: Steve Carrillo, Courtney Harrell e Kevin Tierney. Fotógrafo do estande de animação: Marcos Levy e City Lights. Editor assistente da Avid: Matt Prinzig e Kate Schmitz.

Créditos completos disponíveis em: https://art21.org/watch/art-in-the-twenty-first-century/s1/consumption/

#MichaelRayCharles #Consumption #Art21

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Video Language:
English
Team:
Art21
Project:
"Art in the Twenty-First Century" broadcast series
Duration:
13:16

Portuguese, Brazilian subtitles

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