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Não-eu
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não significa que você não está lá.
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Não-eu significa que você feito apenas de elementos que não são você.
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Existe um sutra muito conhecido
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- escritura sagrada -
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que é...
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estudada nos Monastérios Zen.
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É chamado de Sutra do Diamante.
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No Sutra do Diamante somos instados a remover quatro noções.
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Na verdade deveriamos remover várias noções
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mas o Sutra do Diamante
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foca apenas em quatro noções.
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A primeira noção é a de um 'eu'.
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Nós acreditamos...
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que nós podemos ser nós mesmos isoladamente
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A flor pode existir por ela mesmo isoladamente,
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mas isso não é verdade.
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Olhando profundamente nós vemos que a flor é feita apenas de elementos que não são flor (non-flower elements).
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E é por isso que a flor deveria remover a noção de que ela existe isoladamente.
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Ela...
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... inter-é com o cosmos.
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Eu inter-sou com todos vocês.
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Eu inter-sou com todo o cosmos.
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Eu penso que interser/interexistir (interbeing) é uma palavra muito importante.
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E ela deveria ser adicionada a um dicionário muito em breve.
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É mais próxima
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da verdade
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do que a palavra ser/existir (to be).
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Então, se pudermos remover a noção de um 'eu'
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como uma entidade independente,
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nós estaremos livres de muitas
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muitas
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aflições.
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Se acreditarmos que temos um 'eu' separado começaremos a nos comparar com outros 'eus'.
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E disso nasce o complexo de superioridade que faz você sofrer.
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Disso nasce o complexo de inferioridade que faz você sofrer.
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E mesmo o complexo de igualdade faz você sofrer
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porque...
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isso surge de um tipo de comparação.
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Se você não vê um 'eu' separado não há mais comparação alguma.
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E você está livre.
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Não apenas de um complexo de inferioridade,
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de um complexo de superioridade,
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mas de um complexo de igualdade porque muitos de nós tenta ser igual.
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Mas você...
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você está nele e...
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ele está em você.
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A segunda noção é a noção de um 'homem'.
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Purusha.
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Seres humanos.
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De acordo com o ensinamento, o homem é feito elementos que não são homem.
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A saber: minerais, vegetais e animais.
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O homem é uma espécie muito jovem na Terra.
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E ainda assim pensamos...
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que nos somos o 'chefe'.
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Nós causamos muitos danos
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ao reino de Deus.
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Porque nós não sabemos que somos.
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Temos ancestrais humanos,
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mas temos também ancestrais humanos.
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Temos também
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ancestrais vegetais.
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E temos também
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ancestrais minerais.
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Eles ainda estão em nós
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e a cada passo os carregamos todos os nossos ancestrais:
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minerais
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vegetais, animais e humanos.
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Não importa onde formos, trazemos nossos ancestrais juntos.
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E se estamos felizes, os ancestrais em nós estão felizes.
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E se sofremos, nossos ancestrais em nós sofrem também.
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Então, o Sutra do Diamante
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ensina que o homem é apenas de elementos que não são homem (non-men elements).
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E para proteger o homem, demos proteger o ambiente.
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Nós temos que proteger os minerais,
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os animais
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e os vegetais.
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E é por isso que o Sutra do Diamante é um ensinamento da profunda ecologia.
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E a terceira noção a ser removida é 'seres vivos'.
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E esse termo 'seres vivos' aqui significa...
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significa um não-Buda.
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Ser.
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E um Buda é uma pessoa iluminada.
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Chamam de...
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Bodhi...
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- Bodhi significa iluminação -
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sattva
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- sattva significa ser.
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Um Buda é um ser iluminado.
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Um Bodhisattva.
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Um Buda é um Grande Ser:
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Mahasattva. [maha = grande / sattva = ser]
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(vietnamita)
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(vietnamita)
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(vietnamita)
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(vietnamita)
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E como...
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humanos, temos alguns complexos:
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de que não somos um Buda
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de que não somos um Grande Ser.
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E então, a noção de um 'ser vivo'
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é...
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diferente de
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de um Ser Iluminado,
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de um Grande Ser,
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daquela noção,
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do sentimento de inferioridade
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o sentimento de inferioridade deveria ser removido.
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De fato, todos os que querem encontrarem um um Bodhisattva (Ser Iluminado),
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se você quer encontrar um Mahasattva (Grande Ser),
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você deve olhar para si mesmo.
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Essa é a maneira mais segura de encontrar um Buda.
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E não no céu.
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E nem na direção do oeste.
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E nem na toca do Buda.
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O Buda está no seu coração.
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Porque você tem a semente da iluminação em você.
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Você tem a semente da compreensão e da compaixão em você.
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E esse é o estado de Buda, a natureza búdica.
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Portanto, o local mais seguro, o local mais certo
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para encontrar Buda é no ser humano.
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E não em um Deus,
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de fora,
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acima.
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Portanto, existem um ensinamento na Escola Rinzai
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(vietnamita)
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(vietnamita)
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Que significa que seres humanos e Budas...
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não são duas coisas diferentes.
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Quando você olha dentro de um Buda, você vê um ser humano.
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E se você ainda não viu um Buda,
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o 'ser vivo' no Buda,
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você não viu o Buda.
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Um 'ser vivo' é alguém que sofreu
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por viver na delusão.
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E o Buda é alguém que teve sofrimento,
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que teve aflições,
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que teve que praticar para transformar.
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Portanto, quando você vê um Buda
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você tem que ver os elementos que não são Buda (non-Buddha elements),
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Como o sofrimento,
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a prática e assim por diante.
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E se você não ver
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o sofrimento no Buda que foi transformado
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você não viu o Buda.
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Nos pensamos que o Buda...
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é feito...
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apenas de elementos que não são sofrimento (non-suffering elements).
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Quando você olha para uma flor de lótus,
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você deve ver a lama nela.
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Porque você precisa da lama para fazer uma flor de lótus.
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Você não pode plantar uma lótus no mármore.
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Portanto, quando você olha para um flor de lótus,
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e se você não ver a lama nela,
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você não viu a lótus.
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Quando olhamos para o Buda, se você não ver o sofrimento como um dos elementos que fez um Buda,
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você não viu o Buda.
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Portanto, não discrimine entre Budas e não-Budas.
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Quando olhamos para um 'ser vivo' que sofre
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você deve ver o estado de Buda nele ou nela
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Você deve ter a capacidade de...
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de se tornar desperto,
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de se tornar iluminado
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de se tornar compassivo compreendendo ele ou ela.
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Isso é chamado de natureza búdica em todos...
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nós.
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E se você olhar dentro de um ser humano
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não...
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não importa o quanto
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ele ou ela sofra
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você deve ver o Buda nele(a),
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de outra maneira você não viu ele ou ela.
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Quando eu era um monge noviço,
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com 16 anos,
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meu professor me deu
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um verso para memorizar
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para antes de eu me curvar para o Buda.
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Antes de curvar-se para o Buda, você deve se preparar.
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De outra maneira, curvar-se para o Buda não terá efeito.
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E isso é um tipo de meditação.
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Começa assim: aquele que se curva
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e aquele para quem se curva,
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a natureza de ambos é igualmente vazia.
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E um Buda é feito apenas de elementos que não são Buda.
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E eu sou feito apenas de elementos que não sou eu.
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Então, é como dizer:
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"Querido Buda,
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eu me curvarei para ti, mas eu sei que és vazio de um 'eu'.
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Tu és feito apenas de elementos que não são Buda.
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E eu posso me ver em você."
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Nesse momento, você já viu o Buda.
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E eu quem estou me curvando para você
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eu sei que sou feito apenas de elementos que não sou eu
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e o elemento da iluminação está em mim também.
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Você está em mim.
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Então você tem a compreensão de que você está no Buda
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e de que o Buda está em você.
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E é então que você se curva.
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E curvar-se dessa maneira conecta
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e cria uma grande comunhão.
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De outra maneira, eu penso que Buda é
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uma entidade separada,
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não há conexão possível.
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A comunicação é impossível
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comunhão é impossível.
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E devo pensar que o mesmo é verdade
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Quando você se curva para Jesus, se curva para Deus.
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Você deve se ver em Deus, e Deus em você.
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Dessa maneira a comunhão é possível.
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Nós aprendemos que Jesus é filho de Deus,
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mas também aprendemos que ele é filho do homem.
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É muito significante
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ele é ambos, filho de Deus e filho do homem.
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Isso significa que Deus está no homem, e que o homem está em Deus.
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E é por isso que a conexão é possivel,
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que a comunhão é possível.
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E, para mim, Jesus também é feito apenas de elementos que não são Jesus.
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Suponha que você remova Deus dele,
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ele não pode mais ser Jesus.
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Suponha que você remova o espírito sagrado (espírito santo) dele,
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ele não pode ser mais Jesus.
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Então o ensinamentos da trindade se aplica a isso.
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Existem a mesma sabedoria,
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a mesma compreensão,
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em ambas as tradições.
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E se você imaginar que Deus e Jesus são...
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... são uma entidade sagrada externa,
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não haverá real comunicação,
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nenhuma real conexão,
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Nenhuma real comunhão
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Existe a compreensão da interexistência (inter-being) é bastante crucial.
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A compressão do não-eu é bastante crucial.
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A compreensão de que o Buda e os 'seres vivos'
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não são duas entidades diferentes é muito importante.
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Eu penso que muitos cristãos,
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místicos, realizaram isso.
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E é por isso que curvar-se para Buda não é,
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realmente,
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adoração.
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Isso é meditação.
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Antes de se curvar, você deve vizualizar,
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você tem que adentrar a compreensão
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de que o Buda é vazio,
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de que você é vazio;
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e de que você está no Buda,
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de que o Buda está em você.
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antes de se curvar
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você terá uma efetiva transformação e cura.
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Temos entre nós um monge,
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um monge americano,
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que foi um padre católico antes de se tornar um monge budista.
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Ele era um teólogo.
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Ele ainda ama Jesus e o cristianismo,
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mas ele encontrou no budismo as ferramentas e os instrumentos
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para praticar o ensinamento do cristianismo.
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Portanto, aprender sobre o budismo pode lhe ajudar a ser um cristão melhor.
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E vice-versa.
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Portanto, a noção de 'ser vivo' é completamente separada do Buda,
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do Bodhisattva,
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de Jesus, de Deus...
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Essas noções deveriam ser removidas
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porque ela pode criar divisão,
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discriminação e sofrimento.
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E a quarta noção que o Sutra do Diamante nos aconselha a remover
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é a noção de um 'período de vida'.
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Lembre-se da linha representando o tempo,
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nos acreditamos que começamos no ponto B (birth: nascimento)
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e terminamos no ponto D (death: morte).
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E...
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'B' representa o reino do 'ser/existir' (being)
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e "D" representa o reino no não-ser/não-existir (non-being).
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Então a noção é de apenas existimos do ponto B
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e que vamos deixar de existir no ponto D.
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Essa noção deveria ser removida.
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E então você está livre do tempo.
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Você está liberado da noção de tempo.
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A sua natureza, a verdadeira natureza, é a natureza do não-nascimento, da não-morte,
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do não ser, do não não-ser.
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E sermos pegos na ideia de "eu morrerei um dia",
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"eu me tornarei nada um dia";
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isso deve ser removido.
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Se uma nuvem não pode morrer, como podemos morrer?
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Nós sempre continuaremos,
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de formas diferentes, mais ou menos bonitas,
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de acordo com a nossa prática.