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Friends on the Path: A Conversation about the Practice | #12

  • 0:31 - 0:32
    Olá, queridos amigos.
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    Estamos aqui hoje para falar-vos um pouco sobre o tipo de prática que podem estar a fazer em casa.
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    Enquanto leigos, nem sempre temos o benefício de estar num mosteiro,
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    onde as pessoas nos conhecem bem e há uma orientação sábia.
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    Por isso, queríamos partilhar convosco algumas dicas e formas de tornar a vossa prática mais agradável
  • 1:05 - 1:14
    e evitar certas armadilhas que podem surgir ao longo do caminho.
  • 1:16 - 1:23
    Passei cerca de dez anos a tentar perceber como gerir cuidadosamente
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    a minha mente inquieta e seguir a minha respiração.
  • 1:28 - 1:31
    Pensava que tinha apenas de seguir a respiração.
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    Mas depois descobri que poderiam existir outras formas de me enraizar e concentrar,
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    para tirar mais proveito da minha meditação sentada e, consequentemente, da minha prática em geral.
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    E quando percebi que havia outras opções,
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    rapidamente descobri que todas me conduziam, no fim de contas, ao simples ato de seguir a respiração.
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    Então, em vez de andarem a tatear no escuro à procura de algo
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    que vos ajude a sentir-se estáveis e a desfrutar da prática,
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    pensámos em ter esta conversa e partilhar algumas dessas ideias convosco.
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    Então, Jonathan, tiveste dificuldades em seguir a tua respiração?
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    E isso é, de certa forma, a base da prática.
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    Claro.
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    Não sei se tive mais dificuldades do que a maioria das pessoas,
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    especialmente no início, já que é uma prática nova
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    e vai contra os nossos condicionamentos e hábitos.
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    Mas eu...
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    E eu sei que passei muito tempo...
  • 2:49 - 2:58
    passei muito tempo a tentar conectar-me com a respiração e desenvolvê-la como um meio de acalmar,
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    cultivar atenção plena e concentração.
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    Gostava de ter sabido algumas das coisas que sei agora, muito mais cedo.
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    Sim, exatamente.
  • 3:10 - 3:11
    Sim
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    O que notei foi que, quando tentava seguir a respiração,
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    não conseguia encher os pulmões completamente.
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    E isso fazia-me lembrar da minha adolescência,
    quando ficava deitado na cama à noite,
  • 3:25 - 3:29
    a tentar adormecer sem conseguir respirar fundo,
  • 3:29 - 3:33
    ficando cada vez mais tenso à medida que a noite avançava.
  • 3:34 - 3:38
    E essa recordação simplesmente sabotava a minha prática.
  • 3:38 - 3:39
    hmmm
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    Mas quando aprendi a prestar mais atenção a como o meu corpo se movia para cima e para baixo com a respiração
  • 3:48 - 3:54
    e a notar diferentes partes do corpo, acabei por perceber,
    "Ah, afinal estou apenas a seguir a respiração."
  • 3:55 - 3:57
    E isso foi uma surpresa maravilhosa,
  • 3:57 - 4:01
    mas só aconteceu após 10 ou 11 anos de prática.
  • 4:02 - 4:03
    Sim.
  • 4:04 - 4:05
    Sim
  • 4:05 - 4:13
    Acho que a minha experiência pode ser bastante comum:
    ao tentar seguir a respiração,
  • 4:13 - 4:20
    muitas vezes acabava por entrar num estado de sonolência e baixa energia.
  • 4:20 - 4:25
    E pouco depois, a minha mente já estava a divagar ou a ruminar sobre algo,
  • 4:25 - 4:30
    tendo esquecido completamente da respiração.
    E depois voltava à respiração por um momento,
  • 4:30 - 4:35
    mas o ciclo repetia-se ao longo de toda a sessão de meditação.
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    O que aprendi sobre mim foi que, às vezes, estar ciente da sensação do meu corpo
  • 4:46 - 4:51
    é mais acessível e interessante do que apenas seguir a respiração.
  • 4:52 - 5:00
    E essa sensação pode ser simplesmente o peso do corpo sobre o que estou sentado
  • 5:00 - 5:07
    ou a energia que percorre o corpo.
  • 5:09 - 5:13
    Pensei um pouco sobre o porquê disto acontecer comigo.
  • 5:13 - 5:16
    Acho que é porque é uma sensação mais subtil do que a respiração,
  • 5:16 - 5:24
    o que significa que preciso de fazer um esforço ligeiramente maior para a notar e manter a atenção nela.
  • 5:24 - 5:27
    Sim, de uma forma que me mantém presente.
  • 5:27 - 5:28
    Uh huh.
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    E tu tens uma energia naturalmente mais baixa e tendes a desacelerar,
    enquanto eu sou mais acelerado.
  • 5:36 - 5:41
    O que eu notei foi que, ao tentar seguir a respiração,
  • 5:41 - 5:45
    acabava por ficar cada vez mais tenso até que já não conseguia continuar sentado.
  • 5:45 - 5:47
    Já não conseguia ficar sentado.
  • 5:47 - 5:50
    Foi então que aprendi,
  • 5:51 - 5:56
    há poucos anos, que existe algo chamado "janela de tolerância",
  • 5:56 - 6:00
    onde, a certo ponto,
  • 6:00 - 6:04
    o nosso sistema nervoso pode assumir o controlo,
    impedindo-nos de manter a concentração.
  • 6:04 - 6:11
    Podemos aprender a reconhecer os sinais do nosso corpo que indicam que estamos regulados
  • 6:11 - 6:18
    e conseguimos focar-nos o suficiente para que a prática seja benéfica.
  • 6:19 - 6:27
    E quando salto daquela zona de estar com atenção plena
  • 6:27 - 6:36
    E percebo que estou a aproximar-me do limite superior,
    tenho pequenos truques para me acalmar.
  • 6:36 - 6:41
    E imagino que tu estejas mais familiarizado com o limite inferior e como trazer energia de volta.
  • 6:41 - 6:42
    Sim,
  • 6:42 - 6:50
    a minha tendência habitual é mais para afundar do que para acelerar.
  • 6:50 - 6:52
    E o que notas quando isso acontece?
  • 6:52 - 6:57
    Bem, noto que os meus membros ficam pesados,
  • 6:57 - 7:00
    a respiração torna-se densa,
    a mente fica enevoada.
  • 7:00 - 7:01
    É como...
  • 7:01 - 7:02
    Como se fosse fadiga
  • 7:02 - 7:03
    Mm Hmm,
  • 7:03 - 7:07
    Sinto uma grande inércia física e mental.
  • 7:08 - 7:12
    E quando passas abaixo desse limite?
  • 7:12 - 7:13
    Quando tu...
  • 7:13 - 7:17
    Fico num estado meio congelado,
  • 7:17 - 7:20
    torna-se realmente difícil fazer qualquer coisa.
  • 7:20 - 7:26
    Só quero distrair-me com algo, normalmente com media ou comida.
  • 7:27 - 7:29
    Então isso é quando não estás sentado.
  • 7:29 - 7:29
    Sim.
  • 7:29 - 7:31
    E isso acontece quando estás sentado?
  • 7:32 - 7:33
    Um.
  • 7:35 - 7:37
    Bem,
  • 7:37 - 7:38
    não tinha pensado nisso antes, mas sim, acontece.
  • 7:38 - 7:40
    Sim, claro.
  • 7:42 - 7:55
    Quando estou sentado, muitas vezes sou levado por fantasias e construções mentais.
  • 7:55 - 8:01
    E a forma como percebo isso no meu corpo é que deixo de estar atento à minha postura.
  • 8:01 - 8:05
    Começo a encurvar-me, a ficar desalinhado e a ignorar qualquer dor ou desconforto.
  • 8:05 - 8:06
    Mmm Hmm
  • 8:06 - 8:07
    Sim.
  • 8:07 - 8:12
    Já ouvi dizer, porque não tenho essa tendência,
  • 8:12 - 8:21
    que algumas pessoas podem confundir este estado dissociado com um estado de concentração profunda.
  • 8:21 - 8:24
    Não sentem a respiração, não sentem o corpo,
  • 8:24 - 8:27
    não sentem nada
    a mente fica vazia.
  • 8:27 - 8:28
    Sim.
  • 8:28 - 8:34
    E depois, quando o sino toca e se levantam, ainda estão meio presos nesse estado.
  • 8:34 - 8:34
    Sim.
  • 8:34 - 8:38
    É algo a ter em atenção.
  • 8:39 - 8:44
    E o que fazes para te revitalizares?
  • 8:46 - 8:52
    Quando estou sentado e percebo que estou a afundar,
  • 8:52 - 9:00
    corrijo a postura e dirijo a atenção para alguma sensação agradável no corpo, concentrando-me nela.
  • 9:02 - 9:03
    Sorrio.
  • 9:04 - 9:10
    Trago um sorriso ao rosto e foco-me em qualquer sensação agradável que encontre no corpo.
  • 9:10 - 9:12
    E como já fiz isto algumas vezes,
  • 9:12 - 9:14
    já sei onde procurar primeiro.
  • 9:15 - 9:19
    Isso é incrível, porque o sorriso funciona nos dois sentidos.
  • 9:19 - 9:20
    Sim, sim.
  • 9:20 - 9:25
    E isso é algo que sempre ouvi o Thay dizer, mas nunca tinha realmente compreendido.
  • 9:25 - 9:28
    Que ideia tão inteligente.
  • 9:28 - 9:31
    Começar simplesmente com um sorriso no rosto.
  • 9:31 - 9:32
    Pode ser
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    um sorriso falso.
  • 9:34 - 9:34
    Sim.
  • 9:35 - 9:37
    E quando se combina isso com a sensação de algo agradável,
  • 9:38 - 9:40
    nem sei se estou a sorrir de propósito ou não.
  • 9:40 - 9:41
    Sim.
  • 9:41 - 9:42
    Sim.
  • 9:42 - 9:43
    Então...
  • 9:43 - 9:50
    E isso normalmente ilumina a mente e faz-me sentir mais alerta,
  • 9:50 - 9:54
    mais capaz de direcionar a minha atenção como quero.
  • 9:55 - 10:00
    Acho que o mais importante é conhecermo-nos a nós mesmos,
  • 10:00 - 10:03
    especialmente as mensagens subtis do nosso corpo,
  • 10:03 - 10:07
    e percebermos quando já tivemos o suficiente.
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    Muitas pessoas tendem a pensar:
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    "Ah, isto está desconfortável,
  • 10:14 - 10:18
    então não devo focar-me nisto"
    e desistem cedo demais.
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    Outras seguem o caminho oposto, forçando-se a continuar,
  • 10:26 - 10:32
    até ficarem presas num estado de ansiedade ou dissociação.
  • 10:33 - 10:36
    Isto não acontece a toda a gente,
  • 10:36 - 10:41
    mas, considerando os tempos que vivemos,
  • 10:41 - 10:47
    com um fluxo constante de stress,
    o nosso corpo não foi feito para lidar
  • 10:47 - 10:52
    com isso sem pausas.
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    Se acrescentarmos ainda mais tensão com a nossa prática,
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    estamos a fazer exatamente o oposto do que deveríamos estar a fazer.
  • 10:59 - 10:59
    Sim.
  • 10:59 - 11:03
    Por vezes, quando estou sentado,
  • 11:03 - 11:07
    simplesmente não consigo sair desse estado de letargia.
  • 11:07 - 11:10
    Então, em vez de continuar a tentar forçar-me,
    faço uma meditação andando,
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    exercício,
    ou qualquer outra coisa que ajude a revitalizar-me.
  • 11:20 - 11:27
    Acho que é importante reconhecer que isto é como uma experiência
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    de laboratório, e nós somos o próprio experimento.
  • 11:33 - 11:39
    Temos de aprender a ler os sinais do nosso corpo
    e adaptar a prática
  • 11:40 - 11:43
    para que funcione verdadeiramente para nós.
  • 11:43 - 11:45
    Por exemplo, numa meditação guiada podem dizer:
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    "Sorri, agora sentes-te feliz."
  • 11:48 - 11:51
    Mas se eu não me sentir feliz,
    posso pensar que estou a fazer algo errado
  • 11:52 - 11:55
    e acabar frustrado.
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    É importante entender que essas palavras são apenas sugestões.
  • 12:00 - 12:05
    Se outras palavras fizerem mais sentido para nós,
  • 12:05 - 12:10
    podemos experimentar e ver como nos sentimos ao adotá-las.
  • 12:10 - 12:11
    Sim.
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    Acho que é sempre melhor quando os facilitadores usam uma linguagem mais convidativa.
  • 12:18 - 12:24
    Mas quando isso não acontece,
    eu próprio faço essa adaptação mentalmente.
  • 12:25 - 12:26
    Sim.
  • 12:26 - 12:33
    Dessa forma, mantenho-me mais consciente e aceito todas as minhas experiências,
  • 12:33 - 12:40
    mesmo que não correspondam exatamente ao que está a ser guiado.
  • 12:41 - 12:45
    Uma amiga partilhou algo que me marcou.
  • 12:45 - 12:49
    Ela disse que, quando pratica meditação,
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    em vez de repetir "Ao inspirar, sinto-me feliz.
  • 12:52 - 12:54
    Ao expirar, sinto-me alegre",
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    Tu sabes, as linhas normais de aprendizagem que recebemos.
  • 12:56 - 12:58
    Ela mudou para "Ao inspirar, estou disposto".
  • 12:59 - 13:00
    Sim, ouvi isso.
  • 13:00 - 13:02
    Sim, foi muito bonito.
  • 13:03 - 13:05
    Isso cria mais espaço e suavidade.
  • 13:05 - 13:12
    Acho também importante reconhecer que alguns de nós já passaram por situações difíceis,
  • 13:12 - 13:20
    e essas experiências podem estar armazenadas no corpo de formas inesperadas.
  • 13:23 - 13:27
    Podemos sentir-nos desconfortáveis sem perceber exatamente porquê.
  • 13:27 - 13:33
    E esse desconforto pode ser tão intenso
    que sentimos vontade de fugir.
  • 13:33 - 13:39
    Nessas alturas, podemos reconhecer com gentileza:
    "Ok, preciso de uma pausa."
  • 13:40 - 13:42
    Talvez cinco minutos.
  • 13:42 - 13:45
    Talvez focar-me em algo agradável.
  • 13:46 - 13:48
    Talvez mexer-me um pouco.
  • 13:49 - 13:54
    Talvez melhorar o meu sono antes de praticar.
  • 13:55 - 14:05
    Precisamos de compreender a nossa capacidade no momento.
    Se estamos prontos para manter a dificuldade na nossa atenção plena,
  • 14:05 - 14:12
    ou se, pelo contrário, isso nos irá desestabilizar, temos que ter
  • 14:12 - 14:18
    muita compaixão e espaço para desenvolver a nossa própria inteligência.
  • 14:21 - 14:27
    E se estivermos a ultrapassar o nosso limite,
  • 14:27 - 14:32
    talvez seja hora de falar com alguém da Sangha,
  • 14:33 - 14:34
    ou
  • 14:34 - 14:36
    um professor do Dharma
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    ou um monástico.
  • 14:39 - 14:40
    Sim.
  • 14:40 - 14:44
    Para mim, é útil saber que
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    há ensinamentos que encorajam esta abordagem.
  • 14:52 - 15:00
    Porque é fácil ficar com a ideia de que a prática significa apenas
    sentar-se e aceitar tudo o que surge, sem fazer nada para
  • 15:00 - 15:09
    mudar a experiência.
  • 15:09 - 15:12
    Mas há muitos ensinamentos que mostram que
  • 15:14 - 15:20
    devemos cultivar estados mentais saudáveis
    e reduzir os estados prejudiciais.
  • 15:21 - 15:29
    E, como disseste, a nossa capacidade de lidar com isto varia,
    dependendo dos recursos internos que temos naquele momento.
  • 15:29 - 15:35
    Portanto, a prática também inclui abastecermo-nos desses recursos,
  • 15:35 - 15:40
    para depois podermos enfrentar as dificuldades.
  • 15:41 - 15:50
    O Thay contou histórias sobre pessoas refugiadas em barcos,
    onde a única hipótese de sobrevivência era manterem-se calmas
  • 15:50 - 15:55
    e caminharem juntas, a noite toda, em meditação andando,
  • 15:55 - 16:01
    até conseguirem criar um plano eficaz.
  • 16:02 - 16:06
    Isso é muito tempo a caminhar.
  • 16:07 - 16:10
    Mas o Thay também estava muito bem preparado internamente.
  • 16:11 - 16:12
    E
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    Li que, mesmo nos períodos mais difíceis da guerra,
    ele fazia questão de ter dias de descanso.
  • 16:23 - 16:25
    Independentemente do que estivesse a acontecer,
  • 16:25 - 16:27
    esses momentos eram a sua tábua de salvação.
  • 16:28 - 16:31
    E nós também precisamos de nos dar essa permissão.
  • 16:32 - 16:34
    Não há nada de errado nisso.
  • 16:34 - 16:35
    Certo.
  • 16:36 - 16:42
    Ao mesmo tempo, se nunca nos desafiarmos,
  • 16:44 - 16:47
    a nossa capacidade de lidar com emoções difíceis encolhe.
  • 16:48 - 16:53
    Precisamos de encontrar o equilíbrio certo:
    desafiar-nos o suficiente para crescer,
  • 16:54 - 16:56
    mas não tanto ao ponto de nos desregulamos.
  • 16:56 - 16:56
    Sim.
  • 16:56 - 16:57
    Sim.
  • 16:57 - 16:58
    É como um bom alongamento.
  • 16:58 - 16:59
    Sim.
  • 16:59 - 17:01
    Se alongarmos demasiado, podemos magoar-nos.
  • 17:01 - 17:04
    Se não alongarmos o suficiente, não estamos a fazer nada.
  • 17:05 - 17:09
    Então, saber que tudo é um convite,
  • 17:09 - 17:14
    conhecer o nosso próprio limite entre estabilidade e instabilidade,
  • 17:16 - 17:24
    ter formas de nos ancorar quando nos aproximamos dessa fronteira,
  • 17:24 - 17:32
    e concentrarmo-nos no que nos traz solidez e bem-estar nesse momento,
    é essencial.
  • 17:32 - 17:35
    E, ao mesmo tempo, manter a diligência, sem desistir.
  • 17:36 - 17:40
    Porque, uau, mesmo nos dez anos em que não consegui seguir a minha respiração,
  • 17:40 - 17:43
    tirei um imenso benefício da prática.
  • 17:43 - 17:50
    E compreendo-me melhor, sou mais eficaz,
  • 17:50 - 17:53
    mais amável e gentil com as pessoas à minha volta.
  • 17:54 - 17:54
    Sim.
  • 17:54 - 17:57
    Acho que tudo isso são meios hábeis,
  • 17:57 - 18:02
    e quanto mais ferramentas e estratégias tivermos e mais experimentarmos,
  • 18:02 - 18:07
    mais experiência ganhamos para saber qual é o momento certo para cada prática.
  • 18:08 - 18:10
    E praticar com outras pessoas.
  • 18:10 - 18:15
    Esta prática baseia-se na importância de ter uma Sangha.
  • 18:15 - 18:20
    Os tempos são desafiantes, mas isso não significa
    que não possamos estar no Zoom,
  • 18:20 - 18:24
    ou ter uma conversa ao telefone com outro praticante.
  • 18:24 - 18:28
    Há muitas formas de nos conectarmos.
  • 18:28 - 18:30
    E acho que isso é vital.
  • 18:30 - 18:31
    Tem sido vital para mim.
  • 18:32 - 18:33
    Sim.
  • 18:33 - 18:36
    E para ti, Jonathan, quais têm sido os frutos da prática?
  • 18:38 - 18:41
    A prática do que estivemos a falar aqui?
  • 18:42 - 18:43
    Não, a prática em si.
  • 18:43 - 18:44
    Porquê
  • 18:44 - 18:46
    passar por toda essa dificuldade?
  • 18:49 - 18:51
    Queres passar as próximas cinco horas a falar disso?
  • 18:51 - 18:52
    Sim, acho que sim.
  • 18:59 - 19:07
    Agora, o fruto mais saboroso é saber como gerar alegria dentro de mim.
  • 19:08 - 19:11
    E estou a melhorar nisso.
  • 19:11 - 19:15
    Simplesmente sentando-me aqui e fazendo isso agora,
  • 19:15 - 19:18
    sinto que está a tornar-se mais natural.
  • 19:18 - 19:23
    Se me sentar por cinco minutos,
    consigo trazer essa alegria ao meu corpo,
  • 19:23 - 19:27
    mudar totalmente o meu estado de espírito
  • 19:27 - 19:34
    e sentir-me bem com a vida. E isso não era possível para mim há 15 anos.
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    Também...
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    Além disso, ao praticar concentração,
    tornei-me mais consciente do que constitui uma vida boa para mim.
  • 19:54 - 20:04
    Estou cada vez melhor a perceber onde está o stress,
    de onde vem, e a não segui-lo.
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    Stress, sofrimento… são palavras diferentes,
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    mas consigo ver melhor o que está a acontecer na minha mente
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    e perceber quando não está a ir na direção certa.
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    E agora tenho muitas práticas e ferramentas
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    para ajudar a redirecioná-la para a paz e para mais liberdade.
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    Então, de forma concreta e tangível,
    tenho menos medo, menos ansiedade,
  • 20:48 - 20:53
    e mais felicidade e confiança em mim mesmo.
  • 20:56 - 21:00
    E a prática também me deu um lugar onde posso servir.
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    Isso tem significado muito para mim.
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    Dar algo de volta a uma comunidade
  • 21:07 - 21:14
    tem sido essencial no meu crescimento como adulto.
  • 21:14 - 21:20
    Tive a sorte de encontrar esta prática quando estava a entrar na idade adulta,
  • 21:20 - 21:25
    e sem este caminho, poderia ter-me perdido facilmente.
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    Engraçado, eu atribuo à prática o facto de me ter tornado adulto.
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    Acho que me conectou à minha história e aos meus antepassados
  • 21:42 - 21:49
    de uma forma que me deu mais espaço para sentir compaixão por mim mesmo,
  • 21:49 - 21:54
    mesmo quando não gostava da forma como me estava a expressar.
  • 21:54 - 21:57
    Pelo menos agora compreendo de onde isso vem.
  • 21:58 - 22:07
    E isso tornou-me mais capaz de olhar para as minhas próprias falhas
  • 22:07 - 22:17
    e de trabalhar nelas de uma forma que me deu mais confiança na prática.
  • 22:17 - 22:19
    Foi um efeito de bola de neve,
  • 22:19 - 22:20
    uma energia boa que foi crescendo.
  • 22:21 - 22:27
    Também me fez apreciar
  • 22:27 - 22:33
    o simples milagre de estarmos aqui,
    de como somos intrincados.
  • 22:33 - 22:38
    E ensinou-me a retribuir.
  • 22:38 - 22:43
    Como já não hesito tanto em relação a mim mesmo,
    sinto-me muito mais destemido.
  • 22:44 - 22:50
    Consigo assumir coisas em grupo
  • 22:50 - 22:53
    que antes nunca pensaria ser capaz de fazer.
  • 22:54 - 22:58
    E a minha capacidade de contribuir cresceu imenso.
  • 22:58 - 23:05
    Isso tornou a minha vida muito feliz,
    não só a nível individual,
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    mas também porque adoro fazer parte de um grupo
    que aceita as falhas uns dos outros,
  • 23:11 - 23:12
    as vê,
  • 23:13 - 23:19
    e aprende a trabalhar harmoniosamente, mesmo com elas.
  • 23:19 - 23:24
    A quantidade de aceitação que pode existir num grupo assim…
  • 23:24 - 23:25
    Sim.
  • 23:25 - 23:26
    É realmente incrível.
  • 23:26 - 23:27
    Sim.
  • 23:27 - 23:33
    Sim, acho que isso também teve um grande impacto em mim.
  • 23:33 - 23:38
    Lembro-me de nos primeiros anos,
    ir à minha Sangha
  • 23:38 - 23:43
    e perceber que aquelas pessoas realmente me amavam.
  • 23:44 - 23:48
    E como, ao início, foi difícil para mim aceitar isso.
  • 23:48 - 24:00
    Mas elas estavam dispostas a dar-me espaço para praticar,
    para desenvolver competências como falar,
  • 24:00 - 24:06
    facilitar, sentar-me com alguém e ouvir…
  • 24:06 - 24:13
    Com a compreensão de que todos nós trazemos connosco uma história de sofrimento.
  • 24:14 - 24:15
    Eu tenho a minha, tu tens a tua.
  • 24:15 - 24:25
    E estamos aqui uns para os outros, para acolher esse sofrimento com ternura,
    enquanto nos apoiamos na sua transformação.
  • 24:26 - 24:26
    Sim.
  • 24:26 - 24:27
    Sim.
  • 24:28 - 24:29
    Obrigado por isso.
  • 24:29 - 24:30
    De nada.
  • 24:32 - 24:38
    Provavelmente nem imaginas
    o quão feliz fico por ter o Jonathan como amigo.
  • 24:40 - 24:41
    Sim.
  • 24:41 - 24:47
    Obrigado, também beneficiei muito desta partilha.
  • 24:53 - 24:55
    Inspirando...
  • 24:57 - 24:58
    Expirando...
  • 25:01 - 25:02
    Inspirando...
  • 25:05 - 25:06
    Expirando...
  • 25:09 - 25:10
    Estou a florescer.
  • 25:12 - 25:14
    Como uma flor.
Title:
Friends on the Path: A Conversation about the Practice | #12
Description:

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Video Language:
English
Duration:
25:17

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