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Como as invenções mudam a História (para o melhor e para o pior) — Kenneth C. Davis

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    Esta é a história de uma invenção
    que mudou o mundo.
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    Imaginem uma máquina que pudesse
    reduzir 10 horas de trabalho a uma só.
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    Uma máquina tão eficaz que libertasse
    as pessoas para fazerem outras coisas,
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    uma espécie de computador pessoal.
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    Mas a máquina de que vos vou falar
    não fazia nada disto.
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    Com efeito, fazia exatamente o oposto.
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    No final da década de 1700,
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    quando a América começava
    a pôr-se de pé enquanto república,
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    ao abrigo da nova Constituição dos EUA,
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    a escravatura era um facto trágico
    da vida americana.
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    George Washington e Thomas Jefferson
    foram presidentes, quando tinham escravos,
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    sabendo que esta instituição peculiar
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    contradizia os ideais e os princípios
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    pelos quais tinham feito uma revolução.
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    Mas ambos acreditavam que a escravatura
    acabaria no dealbar do século XIX.
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    Claro que, infelizmente,
    estavam enganados.
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    A razão foi uma invenção,
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    uma máquina de que, provavelmente.
    ouviram falar na escola primária:
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    A máquina de descaroçar algodão,
    de Eli Whitney.
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    Whitney, de 28 anos, formado em Yale,
    foi para a Carolina do Sul,
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    para trabalhar como tutor, em 1793.
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    Segundo parece, os plantadores locais
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    falaram-lhe da dificuldade
    de limpar o algodão.
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    Separar as sementes da rama do algodão
    era aborrecido e demorava muito tempo.
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    Trabalhando à mão,
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    um escravo limpava cerca de
    meio quilo de algodão por dia.
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    Mas a Revolução Industrial
    estava em marcha
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    e a procura estava a aumentar.
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    As grandes fábricas na Grã-Bretanha
    e na Nova Inglaterra
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    estavam sedentas de algodão
    para fabricar panos em série.
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    Segundo reza a história,
    Whitney teve um "momento eureka"
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    e inventou a máquina.
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    A verdade é que a descaroçadora
    já existia há séculos
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    sob formas pequenas e ineficazes.
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    Em 1794, Whitney apenas
    melhorou as máquinas existentes
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    e patenteou a sua "invenção":
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    uma pequena máquina
    que usava um conjunto de cones
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    que separava mecanicamente
    as sementes da rama,
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    quando se rodava uma manivela.
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    Com ela, um único trabalhador
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    podia limpar 150 a 500 quilos
    de algodão por dia!
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    Em 1790, produziam-se nos EUA
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    cerca de 3000 fardos de algodão por ano.
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    Um fardo equivale a cerca de 250 kg.
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    Em 1801, com a disseminação
    da descaroçadora,
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    a produção de algodão aumentou
    para 100 mil fardos por ano.
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    Depois das destruições da guerra de 1812,
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    a produção chegou
    aos 400 mil fardos por ano.
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    Quando os EUA se expandiram
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    através da aquisição de terras
    pela Compra da Luisiana, em 1803,
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    a produção anual disparou
    para quatro milhões de fardos.
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    O algodão era o rei.
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    Ultrapassava o valor
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    de todos os outros produtos
    norte-americanos juntos,
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    cerca de três quintos
    da produção económica dos EUA.
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    Mas, em vez de reduzir
    a necessidade de mão-de-obra,
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    a descaroçadora reforçou-a,
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    porque eram precisos mais escravos
    para plantar e colher o rei algodão.
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    A descaroçadora e a procura
    das fábricas do Norte e de Inglaterra
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    reformularam o curso
    da escravatura norte-americana.
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    Em 1790, o primeiro censo oficial dos EUA
    contou cerca de 700 mil escravos.
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    Em 1810, dois anos depois de ter sido
    proibido o tráfico de escravos nos EUA,
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    o número tinha subido
    para mais de um milhão.
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    Nos 50 anos seguintes,
    esse número disparou
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    para quase quatro milhões
    de escravos em 1860,
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    na véspera da Guerra Civil.
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    Quanto a Whitney, sofreu o destino
    de muitos inventores.
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    Apesar da sua patente, outros plantadores
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    copiaram facilmente a sua máquina
    ou introduziram-lhes melhorias.
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    Podemos dizer que
    a conceção dele foi pirateada.
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    Whitney pouco dinheiro ganhou
    com o aparelho que transformou os EUA.
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    Mas, numa visão mais ampla
    e questões mais abrangentes,
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    o que devíamos ter feito
    com a descaroçadora?
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    A História já provou que as invenções
    podem ser espadas de dois gumes.
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    Com frequência trazem
    consequências inesperadas.
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    As fábricas da Revolução Industrial
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    estimularam a inovação
    e uma explosão económica nos EUA.
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    Mas também dependiam do trabalho infantil,
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    e levaram a tragédias como o incêndio
    da fábrica Triangle Shirtwaist
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    que matou mais de 100 mulheres em 1911.
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    As fraldas descartáveis
    facilitam a vida aos pais
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    mas eliminaram os serviços
    de entregas de fraldas.
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    E queremos aterros sanitários
    inundados de fraldas sujas?
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    Claro que a extraordinária
    equação de Einstein
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    abriu um mundo de possibilidades.
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    Mas Hiroshima não será uma delas?
Title:
Como as invenções mudam a História (para o melhor e para o pior) — Kenneth C. Davis
Description:

Vejam a lição completa: http://ed.ted.com/lessons/how-inventions-change-history-for-better-and-for-worse-kenneth-c-davis

Inventada em 1793, a descaroçadora de algodão mudou a História para o bem e para o mal. Ao permitir que um trabalhador fizesse o trabalho de dez, alimentou uma nova indústria que deu riqueza e poder ao Sul dos EUA — mas, tragicamente, também multiplicou e prolongou a utilização do trabalho escravo. Kenneth C. Davis elogia a inovação, mas alerta-nos para as suas consequências imprevistas.

Lição de Kenneth C. Davis, animação de Sunni Brown.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TED-Ed
Duration:
05:15

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