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A 4.ª Fase da Água | Dr. Gerald Pollack | TEDxGuelphU

  • 0:03 - 0:05
    Obrigado.
  • 0:05 - 0:09
    A água é uma coisa bonita de se ver,
  • 0:09 - 0:15
    e penso que todos sabem
    que somos dois terços de água
  • 0:15 - 0:18
    — sabem isso, não sabem? Certo.
  • 0:18 - 0:23
    Mas talvez não saibam que,
    como a molécula da água é muito pequena,
  • 0:23 - 0:29
    esses dois terços traduzem-se
    em 99% das vossas moléculas.
  • 0:29 - 0:33
    Pensem bem, 99% das vossas
    moléculas são água.
  • 0:33 - 0:36
    Assim, o que os vossos sapatos
    transportam por aí,
  • 0:36 - 0:39
    é essencialmente, uma bolha de água.
  • 0:39 - 0:43
    Ora bem, a questão é esta,
  • 0:43 - 0:47
    essas moléculas de água fazem alguma coisa
    nas nossas células?
  • 0:47 - 0:50
    Essas moléculas estarão inativas
  • 0:50 - 0:55
    ou fazem alguma coisa de real interesse?
  • 0:55 - 1:00
    E, já agora, temos a certeza
    de que a água é H₂O?
  • 1:00 - 1:02
    Lemos isso no manual,
  • 1:02 - 1:06
    mas é possível que haja alguma água
    que não seja H₂O?
  • 1:06 - 1:12
    Estas perguntas
    não têm respostas tão simples
  • 1:12 - 1:14
    como poderíamos julgar.
  • 1:14 - 1:18
    Na verdade, estamos no escuro
    em relação à água, sabemos muito pouco.
  • 1:18 - 1:20
    Porque é que sabemos tão pouco?
  • 1:20 - 1:23
    Provavelmente, pensam
    que a água é tão invasiva,
  • 1:23 - 1:26
    não passa duma simples molécula,
  • 1:26 - 1:29
    que devíamos saber tudo
    acerca da água, não é?
  • 1:29 - 1:31
    Ou seja, seria de pensar
    que está tudo ali.
  • 1:31 - 1:33
    Os cientistas pensam o mesmo.
  • 1:33 - 1:36
    Muitos cientistas pensam
    que a água é tão simples
  • 1:36 - 1:38
    que devíamos saber tudo sobre ela.
  • 1:38 - 1:41
    Mas, na verdade, isso não acontece.
  • 1:41 - 1:45
    Para começar, vou mostrar-vos alguns
    exemplos de coisas sobre a água
  • 1:45 - 1:48
    que devíamos saber, mas de que
    não fazemos a menor ideia.
  • 1:48 - 1:50
    Isto é uma coisa que
    vocês veem todos os dias.
  • 1:50 - 1:55
    Veem uma nuvem no céu e, provavelmente,
    nunca fizeram a pergunta:
  • 1:55 - 1:57
    Como é que a água vai ali parar?
  • 1:57 - 2:00
    Ou seja, há ali apenas uma nuvem,
  • 2:00 - 2:02
    e a água está a evaporar-se
    por toda a parte,
  • 2:02 - 2:06
    porque é que vai para aquela nuvem
    que vocês veem?
  • 2:06 - 2:13
    Outra pergunta: São capazes de imaginar
    gotas de água a flutuar sobre a água?
  • 2:13 - 2:19
    Julgamos que as gotas de água
    se misturam instantaneamente com a água.
  • 2:19 - 2:20
    As gotas de água persistem
    durante muito tempo.
  • 2:20 - 2:22
    Outro exemplo de andar por cima da água.
  • 2:22 - 2:29
    Este é um lagarto da América Central.
  • 2:29 - 2:33
    Como consegue andar por cima da água,
    chamam-lhe o lagarto Jesus Cristo.
  • 2:33 - 2:35
    A princípio, vocês dirão:
  • 2:35 - 2:38
    "Eu sei qual é a resposta, a tensão
    da superfície da água é forte".
  • 2:38 - 2:41
    Mas a ideia vulgar da tensão superficial
  • 2:41 - 2:46
    é que há uma única camada molecular
    de água no topo
  • 2:46 - 2:49
    e que essa única camada molecular
    é bastante para criar tensão suficiente
  • 2:49 - 2:51
    para aguentar o que lá pusermos em cima.
  • 2:51 - 2:55
    Penso que este é um exemplo
    que não encaixa neste conceito.
  • 2:55 - 2:57
    Este é outro exemplo.
    Dois "gobelets" de água.
  • 2:57 - 3:01
    Pomos dois elétrodos
    e ligamos alta voltagem entre eles.
  • 3:01 - 3:06
    Forma-se uma ponte, e esta ponte
    é feita de água, uma ponte de água.
  • 3:07 - 3:11
    Esta ponte mantém-se quando afastamos
    um "gobelet" do outro "gobelet",
  • 3:11 - 3:14
    até a uma distância de quatro centímetros,
  • 3:14 - 3:16
    mantém-se indefinidamente.
  • 3:16 - 3:19
    Como é que conseguimos compreender isto?
  • 3:19 - 3:22
    O que eu quero dizer é que
    há muitas coisas sobre a água
  • 3:22 - 3:25
    que devíamos perceber, mas não percebemos,
  • 3:25 - 3:28
    não percebemos minimamente.
  • 3:28 - 3:31
    Então, o que é que sabemos sobre a água?
  • 3:31 - 3:34
    Vocês aprenderam que a molécula da água
  • 3:34 - 3:36
    contém um oxigénio e dois hidrogénios.
  • 3:36 - 3:39
    É o que aprenderam nos manuais.
    Sabemos isso.
  • 3:39 - 3:42
    Também sabemos que há
    muitas moléculas de água
  • 3:42 - 3:46
    e que essas moléculas de água estão
    sempre em movimento microscopicamente.
  • 3:46 - 3:50
    Sabemos isso. O que é que não sabemos
    sobre a água?
  • 3:50 - 3:54
    Não sabemos nada sobre
    o comportamento social da água.
  • 3:54 - 3:56
    O que é que eu quero dizer com social?
  • 3:56 - 3:59
    Digamos que estamos num bar
    a conversar com o vizinho.
  • 3:59 - 4:03
    Não sabemos como é que as moléculas de água
    partilham informações ou interagem,
  • 4:03 - 4:09
    e também não sabemos nada sobre
    os movimentos das moléculas de água.
  • 4:09 - 4:12
    Como é que as moléculas de água
    interagem umas com as outras,
  • 4:12 - 4:16
    e também como é que as moléculas de água
    interagem com outras moléculas
  • 4:16 - 4:18
    como aquela lilás que está ali.
  • 4:18 - 4:21
    Uma incógnita.
  • 4:21 - 4:23
    Também quanto às fases da água.
  • 4:23 - 4:28
    Todos aprendemos que há uma fase sólida,
  • 4:28 - 4:30
    uma fase líquida e uma fase gasosa.
  • 4:30 - 4:33
    Mas, há cem anos,
  • 4:33 - 4:36
    havia uma certa ideia de que
    podia haver uma quarta fase,
  • 4:36 - 4:39
    algures entre um sólido e um líquido.
  • 4:39 - 4:42
    Sir William Hardy,
    um conhecido físico-químico,
  • 4:42 - 4:44
    exatamente há cem anos,
  • 4:44 - 4:47
    afirmou que havia uma quarta fase da água,
  • 4:47 - 4:53
    e que essa água era mais ordenada
    do que outros tipos de água,
  • 4:53 - 4:57
    tinha mesmo uma consistência tipo gel.
  • 4:57 - 4:58
    Esta questão aparece-nos
  • 4:58 - 5:04
    — tudo isso foi esquecido porque,
    à medida que os métodos evoluíram,
  • 5:04 - 5:09
    começaram a estudar-se as moléculas
    em vez de conjuntos de moléculas —
  • 5:09 - 5:12
    porque as pessoas esqueceram-se
    da coletividade das moléculas de água
  • 5:12 - 5:15
    e começaram a observar
    — tal como na biologia —
  • 5:15 - 5:17
    começaram a observar
    as moléculas individuais
  • 5:17 - 5:19
    e perderam de vista o conjunto.
  • 5:19 - 5:22
    Portanto, pensámos
    voltar a olhar para isso
  • 5:22 - 5:23
    porque tínhamos uma certa ideia
  • 5:23 - 5:28
    de que é possível que esse elo em falta,
    essa quarta fase,
  • 5:28 - 5:30
    podia ser o elo em falta
  • 5:30 - 5:36
    para podermos compreender os fenómenos
    relativos à água, que não compreendemos.
  • 5:36 - 5:40
    Começámos a procurar algures
    entre um sólido e um líquido.
  • 5:40 - 5:43
    As primeiras experiências que fizemos
    levaram-nos a continuar.
  • 5:43 - 5:48
    Agarrámos num gel, que é o sólido,
    e colocámo-lo junto de água.
  • 5:48 - 5:50
    Acrescentámos algumas partículas à água
  • 5:50 - 5:54
    porque tínhamos a sensação de que essas
    partículas nos mostrariam qualquer coisa.
  • 5:54 - 5:56
    Podem ver que o que aconteceu:
  • 5:56 - 6:00
    as partículas começaram
    a afastar-se da interface
  • 6:00 - 6:02
    entre o gel e a água
  • 6:02 - 6:05
    e mantiveram-se em movimento,
    sempre em movimento.
  • 6:05 - 6:07
    Acabaram por parar a uma distância
  • 6:07 - 6:11
    que é praticamente o tamanho de um cabelo.
  • 6:11 - 6:15
    Isto pode parecer pequeno mas,
    em termos de dimensão molecular,
  • 6:15 - 6:17
    é praticamente o infinito.
  • 6:17 - 6:19
    É uma dimensão enorme.
  • 6:19 - 6:22
    Assim, começámos a estudar
    as propriedades desta zona,
  • 6:22 - 6:25
    a que chamámos, por razões óbvias,
    a zona de exclusão,
  • 6:25 - 6:29
    porque praticamente
    tudo o que pomos aqui é excluído,
  • 6:29 - 6:32
    é expelido dessa zona
    à medida que ela se forma
  • 6:32 - 6:36
    Em vez de zona de exclusão,
    usamos a abreviatura ZE.
  • 6:36 - 6:40
    Descobrimos que o tipo de materiais
  • 6:40 - 6:43
    que criavam ou nucleavam
    este tipo de zona
  • 6:43 - 6:47
    — não apenas um gel, mas praticamente
    tudo o que gosta de água —
  • 6:47 - 6:51
    ou seja, a chamada superfície hidrofílica,
    fazia exatamente o mesmo,
  • 6:51 - 6:53
    criando a água ZE.
  • 6:53 - 6:56
    Quando se forma água ZE,
    esta expele da água
  • 6:56 - 7:00
    todos os solutos ou partículas,
    quaisquer que sejam.
  • 7:01 - 7:05
    Começámos a estudar as propriedades
    e já andamos há bastantes anos
  • 7:05 - 7:07
    a observar as propriedades.
  • 7:07 - 7:08
    É mais ou menos assim:
  • 7:08 - 7:12
    Temos um material junto da água
  • 7:12 - 7:16
    e começam a formar-se
    estas placas de camadas de EZ,
  • 7:16 - 7:20
    que aumentam e continuam
    a aumentar uma a uma.
  • 7:20 - 7:25
    Se olharmos para a estrutura
    de cada um destes planos,
  • 7:25 - 7:30
    vemos que é uma espécie de estrutura
    hexagonal, tipo favo de mel,
  • 7:30 - 7:32
    um pouco como o gelo, mas não é gelo.
  • 7:32 - 7:36
    Se observarmos atentamente,
    vemos as estruturas moleculares.
  • 7:36 - 7:39
    Claro que são formadas
    por hidrogénio e oxigénio,
  • 7:39 - 7:41
    porque são formadas por água.
  • 7:41 - 7:44
    Mas, na verdade,
    não são moléculas de água.
  • 7:44 - 7:47
    Se começarmos a contar
    o número de hidrogénios
  • 7:47 - 7:48
    e o número de oxigénios,
  • 7:48 - 7:52
    acontece que já não é H₂O.
  • 7:52 - 7:54
    É H₃O₂.
  • 7:54 - 8:00
    Portanto, é possível haver água
    que não é H₂O, uma fase da água.
  • 8:00 - 8:05
    Claro, começámos a procurar mais nestas
    propriedades extremamente interessantes,
  • 8:05 - 8:10
    Descobrimos que,
    se pusermos elétrodos na água ZE,
  • 8:10 - 8:13
    — porque pensámos que podia haver
    algum potencial elétrico —
  • 8:13 - 8:17
    acontecia que há uma grande quantidade
    de carga negativa nessa zona.
  • 8:17 - 8:20
    Usámos tintas para procurar carga positiva
  • 8:20 - 8:25
    e descobrimos que, na zona da água
    havia uma quantidade igual de positividade.
  • 8:25 - 8:27
    O que é que se passa?
  • 8:27 - 8:30
    Parecia que, junto destas interfaces
  • 8:30 - 8:33
    a molécula da água estava a dividir-se
  • 8:33 - 8:36
    numa parte negativa e numa parte positiva.
  • 8:36 - 8:42
    A parte negativa ficava
    junto do material amante de água.
  • 8:42 - 8:45
    As cargas positivas afastavam-se dela.
  • 8:46 - 8:51
    Descobrimos que acontece o mesmo,
    não precisamos duma interface plana
  • 8:51 - 8:53
    também podíamos ter uma esfera.
  • 8:53 - 8:57
    Pomos uma esfera na água
    e qualquer esfera suspensa na água
  • 8:57 - 9:02
    cria uma destas zonas exclusivas
    à sua volta, com carga negativa,
  • 9:02 - 9:04
    para além da qual tudo é carga negativa.
  • 9:04 - 9:06
    Separação de cargas.
  • 9:07 - 9:10
    Não era preciso ser um material esférico,
  • 9:10 - 9:14
    podemos pôr uma gota de água
    ou até uma bolha,
  • 9:14 - 9:16
    obtemos o mesmo resultado.
  • 9:16 - 9:18
    A rodear cada uma destas entidades
    há uma carga negativa
  • 9:18 - 9:22
    e a carga positiva em separado.
  • 9:22 - 9:24
    Portanto, pergunto-vos:
  • 9:24 - 9:29
    Se agarrarem em duas destas entidades
    com carga negativa
  • 9:29 - 9:33
    e as deitarem num "gobelet" de água
    perto uma da outra,
  • 9:33 - 9:36
    o que é que acontece
    à distância entre eles?
  • 9:36 - 9:39
    Aposto que 95% de vocês dirão:
  • 9:39 - 9:43
    "É fácil, aprendi na física que
    as cargas negativas se repelem uma à outra,
  • 9:43 - 9:46
    "portanto, vão afastar-se uma da outra".
  • 9:47 - 9:49
    Foi o que pensaram?
  • 9:49 - 9:51
    Bem, o resultado, se pensarem bem,
  • 9:51 - 9:57
    é que não há só carga negativa,
    também temos uma carga positiva.
  • 9:57 - 10:00
    E a carga positiva está concentrada
    especialmente
  • 10:00 - 10:02
    entre essas duas esferas,
  • 10:02 - 10:05
    porque provém das contribuições
    das duas esferas.
  • 10:05 - 10:07
    Portanto, há uma grande quantidade.
  • 10:07 - 10:10
    Quando temos carga positiva
    entre duas negativas
  • 10:10 - 10:13
    o que acontece é que obtemos
    uma força de atração.
  • 10:13 - 10:17
    E, portanto, é de esperar que
    estas duas esferas se juntem
  • 10:17 - 10:19
    apesar do facto de terem a mesma carga.
  • 10:19 - 10:21
    É isso mesmo que acontece.
  • 10:21 - 10:24
    Há muitos anos que se sabe isso.
  • 10:24 - 10:27
    Juntam-se e, se tivermos muitas,
    em vez de apenas duas,
  • 10:27 - 10:30
    obtemos uma coisa com este aspeto.
  • 10:30 - 10:34
    Juntam-se e isto chama-se
    um cristal coloide.
  • 10:34 - 10:36
    É uma estrutura estável.
  • 10:36 - 10:38
    O iogurte que talvez
    tenham comido esta manhã
  • 10:38 - 10:41
    provavelmente tem a consistência
    do que veem aqui.
  • 10:41 - 10:45
    Portanto, elas juntam-se
    por causa da carga oposta.
  • 10:45 - 10:47
    Acontece o mesmo se tiverem gotas.
  • 10:47 - 10:51
    Juntam-se por causa das cargas opostas.
  • 10:51 - 10:55
    Quando pensamos em gotas,
    em gotas de aerossol no ar,
  • 10:55 - 10:57
    e pensamos na nuvem,
  • 10:57 - 11:02
    é esta a razão por que
    as gotas aerossol se juntam,
  • 11:02 - 11:04
    é por causa desta carga oposta.
  • 11:04 - 11:06
    Portanto, as gotas do ar,
    com cargas semelhantes,
  • 11:06 - 11:10
    aglutinam-se, formando
    aquela nuvem no céu.
  • 11:11 - 11:16
    Portanto, a quarta fase,
    ou fase ZE, explica muito.
  • 11:16 - 11:21
    Explica, por exemplo, a nuvem.
  • 11:21 - 11:22
    É a carga positiva
  • 11:22 - 11:26
    que faz com que aquelas cascas ZE
    de carga negativa se atraiam
  • 11:26 - 11:29
    para produzir a nuvem condensada
    que vemos lá em cima.
  • 11:29 - 11:32
    No que se refere às gotas de água,
  • 11:32 - 11:34
    a razão por que elas
    se aguentam à superfície
  • 11:34 - 11:37
    por vezes, durante mais de dez segundos
  • 11:37 - 11:40
    — podem ver isso, se estiverem num barco
  • 11:40 - 11:45
    e estiver a chover, por vezes
    vemos isso à superfície do lago,
  • 11:45 - 11:48
    essas gotas aguentam-se
    durante algum tempo —
  • 11:48 - 11:51
    a razão é porque cada gota de água
    contém esta casca
  • 11:51 - 11:54
    esta casca ZE, e a casca tem que se romper
  • 11:54 - 11:59
    a fim de a água se aglutinar
    com a água por baixo.
  • 11:58 - 12:04
    No que se refere ao lagarto Jesus Cristo,
    a razão por que o lagarto consegue andar
  • 12:04 - 12:06
    não é por causa duma simples
    camada molecular,
  • 12:06 - 12:09
    mas porque há muitas
    camadas ZE à superfície
  • 12:09 - 12:13
    e são tipo gel, são mais rígidas
    do que as superfícies vulgares
  • 12:13 - 12:17
    portanto, podemos pôr uma moeda
    a flutuar sobre a superfície da água,
  • 12:17 - 12:19
    podemos pôr a flutuar um "clips",
  • 12:19 - 12:23
    embora, se o pusermos por baixo
    da superfície, ele mergulhe até ao fundo.
  • 12:23 - 12:24
    É por isso.
  • 12:24 - 12:29
    No que se refere à ponte de água,
  • 12:29 - 12:32
    se a imaginarmos como água simples,
    líquida, à moda antiga...
  • 12:32 - 12:34
    é difícil de perceber.
  • 12:34 - 12:38
    Mas se a imaginarmos como água ZE,
    com um carácter tipo gel,
  • 12:38 - 12:42
    podemos perceber como ela pode
    aguentar-se sem deixar cair uma gota,
  • 12:42 - 12:44
    uma estrutura muito rígida.
  • 12:44 - 12:50
    Ok, até aqui tudo bem, mas
    porque é que isto nos será útil?
  • 12:50 - 12:52
    O que é que podemos fazer com isso?
  • 12:52 - 12:55
    Podemos obter energia a partir da água.
  • 12:55 - 12:59
    Na verdade, a energia que podemos
    obter da água é energia livre.
  • 12:59 - 13:02
    Literalmente livre. Podemos obtê-la
    a partir do meio ambiente.
  • 13:02 - 13:04
    Passo a explicar.
  • 13:04 - 13:10
    Temos uma situação neste diagrama
    com carga negativa e carga positiva.
  • 13:10 - 13:13
    Quando temos duas cargas opostas,
    ao pé uma da outra,
  • 13:13 - 13:15
    é como uma bateria.
  • 13:15 - 13:17
    Portanto, temos
    uma bateria feita de água.
  • 13:18 - 13:20
    Uma bateria feita de água!
  • 13:21 - 13:23
    Podemos extrair energia a partir dela,
  • 13:23 - 13:26
    ou seja, imediatamente.
  • 13:27 - 13:33
    As baterias esgotam-se, o nosso telemóvel
    tem que ser recarregado, dia sim dia não.
  • 13:33 - 13:37
    Portanto, a questão é:
    O que é que carrega esta bateria de água?
  • 13:37 - 13:42
    Levámos algum tempo a perceber
    o que recarrega a bateria.
  • 13:42 - 13:47
    Um dia, estávamos a fazer uma experiência
    e aparece um estudante no laboratório
  • 13:47 - 13:49
    que traz uma lanterna.
  • 13:49 - 13:52
    Agarra na lanterna e fá-la incidir
    sobre o especímen.
  • 13:52 - 13:57
    No sítio onde a luz incidiu, observámos
    que a zona de exclusão aumentou,
  • 13:57 - 13:58
    cresceu rapidamente.
  • 13:58 - 14:00
    Então pensámos:
    "Aha! parece que é a luz
  • 14:00 - 14:03
    — e temos muitas experiências
    que o comprovam —
  • 14:03 - 14:06
    "que a energia para isto provém da luz".
  • 14:06 - 14:10
    Não só da luz direta,
    mas também da luz indireta.
  • 14:10 - 14:13
    O que é que eu quero dizer
    com luz indireta?
  • 14:13 - 14:16
    Quero dizer que a luz indireta
  • 14:16 - 14:19
    é, por exemplo, a luz infravermelha
  • 14:19 - 14:22
    que existe em todo este auditório.
  • 14:22 - 14:26
    Se apagássemos todas as luzes,
    incluindo os holofotes,
  • 14:26 - 14:28
    e eu puxasse da minha câmara
  • 14:28 - 14:31
    de infravermelhos
    e observasse a audiência,
  • 14:31 - 14:34
    veria uma imagem
    muito nítida, muito clara.
  • 14:34 - 14:36
    Se olhasse para as paredes,
    veria uma imagem muito nítida.
  • 14:36 - 14:44
    A razão para isso é que tudo
    está a emitir energia infravermelha.
  • 14:44 - 14:46
    Vocês emitem energia infravermelha.
  • 14:46 - 14:49
    É a energia mais eficaz
  • 14:49 - 14:53
    para provocar a separação de cargas
    e esta quarta fase.
  • 14:55 - 14:59
    Por outras palavras,
    temos o material, temos a água ZE,
  • 14:59 - 15:02
    recolhemos energia a partir do exterior
  • 15:02 - 15:04
    e, quando recolhemos energia do exterior,
  • 15:04 - 15:05
    forma-se a zona de exclusão.
  • 15:05 - 15:10
    Se retirarmos essa energia extra,
    a zona volta à sua dimensão normal.
  • 15:12 - 15:17
    Portanto, esta bateria
    é recarregada pela luz, pelo Sol.
  • 15:17 - 15:19
    É uma dádiva do Sol.
  • 15:20 - 15:23
    Se pensarmos nisso, no que se passa,
  • 15:23 - 15:27
    se pensarmos na planta
    que temos na cozinha,
  • 15:27 - 15:30
    que está a apanhar luz,
    sabemos de onde vem a energia,
  • 15:30 - 15:32
    a energia provém da luz.
  • 15:32 - 15:38
    São os fotões que atingem a planta,
    que fornecem toda a energia, não é?
  • 15:38 - 15:40
    E a planta transforma-a em energia química
  • 15:40 - 15:42
    a energia luminosa em energia química.
  • 15:42 - 15:46
    A energia química é depois usada
    para o crescimento, para o metabolismo,
  • 15:46 - 15:49
    para se dobrarem,
    para o que quer que seja.
  • 15:49 - 15:50
    Já sabemos isso tudo, é senso comum.
  • 15:50 - 15:53
    O que eu estou a sugerir,
    a partir das nossas conclusões
  • 15:53 - 15:55
    é que o mesmo acontece com a água.
  • 15:55 - 16:00
    Não é de admirar, porque a planta
    é sobretudo água,
  • 16:00 - 16:04
    o que nos sugere que
    a energia provém do exterior,
  • 16:04 - 16:08
    energia luminosa, energia infravermelha,
    energia radiante,
  • 16:08 - 16:10
    e a água absorve a energia
  • 16:10 - 16:15
    e converte essa energia
    num certo tipo de trabalho útil.
  • 16:15 - 16:19
    Chegamos pois à equação E = H₂O.
  • 16:19 - 16:22
    Um pouco diferente
    da equação que vos é familiar.
  • 16:22 - 16:27
    Penso que é verdade que não podemos
    separar a energia da água.
  • 16:28 - 16:31
    A água é um repositório da energia
  • 16:31 - 16:34
    que existe livre no meio ambiente.
  • 16:35 - 16:39
    Ora bem, poderemos aproveitar parte
    dessa energia ou ela é totalmente inútil?
  • 16:39 - 16:44
    Podemos fazê-lo, porque temos
    uma zona negativa e uma zona positiva.
  • 16:45 - 16:49
    Se lhe pusermos dois elétrodos,
    podemos obter energia, não é?
  • 16:49 - 16:50
    É como uma bateria.
  • 16:50 - 16:53
    Fizemos isso e conseguimos fazer,
  • 16:53 - 16:57
    por exemplo, um aparelho ótico
    muito simples.
  • 16:57 - 17:00
    Pode ser manobrado a partir
    da energia que daí obtivemos.
  • 17:00 - 17:03
    Obviamente, precisamos de construi-lo
    de modo maior
  • 17:03 - 17:05
    para obter a energia.
  • 17:05 - 17:08
    Isto é energia livre e provém da água.
  • 17:09 - 17:13
    Outra oportunidade
    que temos vindo a desenvolver
  • 17:13 - 17:17
    é obter água potável, límpida, para beber.
  • 17:17 - 17:19
    Se tivermos um material hidrofílico,
  • 17:19 - 17:23
    e pusermos água contaminada junto dele
  • 17:23 - 17:25
    com lixo que queremos deitar fora,
  • 17:25 - 17:28
    acontece o que já vos mostrei,
  • 17:28 - 17:33
    esse lixo é excluído
    para além da zona de exclusão
  • 17:33 - 17:36
    e a ZE restante não contém
    qualquer contaminação.
  • 17:36 - 17:40
    Podemos pôr aqui bactérias
    e as bactérias afastam-se.
  • 17:40 - 17:42
    Como a zona de exclusão é muito grande
  • 17:42 - 17:45
    é fácil extrair a água e recolhê-la.
  • 17:45 - 17:46
    Fizemos isso.
  • 17:46 - 17:49
    Estamos a trabalhar para torná-la prática.
  • 17:49 - 17:52
    Uma das coisas que observámos
  • 17:52 - 17:55
    é que parece que o sal também é excluído.
  • 17:55 - 17:59
    Agora, estamos a pensar em alargar isto,
  • 18:00 - 18:02
    colocando-a na água do oceano.
  • 18:02 - 18:05
    Pomos água do oceano
    e, se o sal for excluído,
  • 18:05 - 18:10
    recolhemos a água EZ
    que deve estar isenta de sal
  • 18:10 - 18:14
    e podemos obter água potável
    a partir disto.
  • 18:16 - 18:19
    Obtemos assim energia biológica.
  • 18:19 - 18:24
    As células estão cheias de macromoléculas,
    proteínas, ácidos nucleicos
  • 18:24 - 18:27
    e cada uma delas é um local nuclear
    para construir águas ZE.
  • 18:27 - 18:30
    Portanto, em volta
    de cada uma delas há água EZ.
  • 18:31 - 18:35
    A água ZE é de carga negativa,
    a região em volta é de carga positiva.
  • 18:35 - 18:37
    portanto temos separação de cargas.
  • 18:37 - 18:38
    Estas cargas separadas estão livres,
  • 18:38 - 18:42
    disponíveis para provocar reações
    no interior das nossas células.
  • 18:42 - 18:46
    O que isto significa
    é uma espécie de fotossíntese
  • 18:46 - 18:48
    que as nossas células estão a fazer.
  • 18:48 - 18:50
    A luz está a ser absorvida,
  • 18:50 - 18:53
    transformada em separação de cargas,
  • 18:53 - 18:55
    tal como acontece na fotossíntese
  • 18:55 - 18:57
    e nós usamos estas cargas
  • 18:58 - 19:04
    Um exemplo disto,
    obter energia a uma escala maior
  • 19:04 - 19:08
    ou seja, a energia está sempre
    a chegar de todo o lado
  • 19:08 - 19:10
    e nós absorvemo-la muito profundamente.
  • 19:10 - 19:13
    Se agarrarmos numa lanterna
    e a fizermos incidir na palma da mão,
  • 19:13 - 19:16
    podemos ver que ela penetra profundamente
  • 19:16 - 19:20
    e temos muitos vasos sanguíneos
    à nossa volta
  • 19:20 - 19:23
    principalmente os capilares
    junto da periferia
  • 19:23 - 19:27
    é possível que parte dessa energia
    que nos atinge
  • 19:27 - 19:30
    seja usada para ajudar o sangue a correr
  • 19:30 - 19:32
    Já vou explicar isso.
  • 19:34 - 19:37
    Veem aqui a microcirculação,
    é o pedaço de um músculo.
  • 19:37 - 19:41
    Podem ver alguns capilares
    a percorrer o seu caminho.
  • 19:41 - 19:44
    Estes capilares são os glóbulos vermelhos
    que estão a ver
  • 19:45 - 19:49
    Um glóbulo vermelho normal tem o aspeto
    que veem no canto superior direito
  • 19:49 - 19:51
    É grande mas, quando correm, dobram-se.
  • 19:52 - 19:55
    E dobram-se porque o vaso
    é demasiado pequeno
  • 19:55 - 19:58
    Por vezes, o vaso tem metade
    do tamanho dos glóbulos vermelhos.
  • 19:58 - 20:00
    Vão encolher-se para passar.
  • 20:00 - 20:03
    É preciso muita energia para fazer isso,
    e a questão é esta:
  • 20:03 - 20:06
    "O nosso coração fornecerá toda a energia
  • 20:06 - 20:10
    "necessária para que isto aconteça?"
  • 20:10 - 20:12
    Encontrámos uma surpresa.
  • 20:12 - 20:17
    Descobrimos que, se agarrarmos
    num tubo oco de material hidrofílico,
  • 20:17 - 20:22
    como uma palha,
    e pusermos a palha na água,
  • 20:22 - 20:26
    observamos um fluxo permanente que passa,
  • 20:26 - 20:29
    Esta é a experiência, este é o tubo.
  • 20:29 - 20:32
    Podem ver que o tubo é colocado na água,
  • 20:32 - 20:36
    Enchemos o interior para ter a certeza
    de que está totalmente cheio,
  • 20:36 - 20:40
    colocamo-lo na água e a água contém
    umas esferas, umas partículas
  • 20:40 - 20:43
    por isso podemos detetar
    quaisquer movimentos que ocorram.
  • 20:43 - 20:46
    Observamos ao microscópio
    e encontramos isto:
  • 20:46 - 20:48
    um fluxo permanente através do tubo.
  • 20:48 - 20:52
    Pode durar um dia inteiro,
    todo o tempo que estivermos a observar.
  • 20:52 - 20:53
    Portanto, é livre.
  • 20:53 - 20:55
    É a luz que provoca este fluxo num tubo,
  • 20:55 - 20:59
    sem quaisquer fontes de energia extra
    para além da luz.
  • 20:59 - 21:02
    Se pensarmos no ser humano
  • 21:02 - 21:05
    e pensarmos na energia
    que está a ser absorvida
  • 21:05 - 21:07
    na nossa água e nas nossas células
  • 21:07 - 21:10
    é possível que possamos usar
    parte dessa energia
  • 21:10 - 21:15
    para provocar processos biológicos
    numa forma que até agora era inimaginável
  • 21:15 - 21:19
    Portanto, o que vos apresentei,
    tem muitas implicações
  • 21:19 - 21:23
    para a ciência e para a tecnologia
    em que só agora começámos a pensar.
  • 21:23 - 21:26
    O mais importante é que a energia radiante
  • 21:26 - 21:29
    é absorvida pela água
    e está a dar energia à água
  • 21:29 - 21:31
    em termos de potencial químico.
  • 21:31 - 21:34
    Isto pode ser usado
    num contexto biológico,
  • 21:34 - 21:37
    por exemplo, no fluxo sanguíneo
  • 21:37 - 21:40
    mas também em muitos outros contextos.
  • 21:40 - 21:44
    Quando pensamos nas reações químicas
    que a água envolve,
  • 21:44 - 21:47
    basta pensar numa molécula na água.
  • 21:47 - 21:49
    Mas o que vos mostrámos não é só isso
  • 21:49 - 21:54
    temos a partícula, a ZE,
    a carga positiva, o efeito da luz,
  • 21:54 - 21:57
    tudo isso tem que ser tido em conta.
  • 21:57 - 22:02
    Portanto, pode ser necessário reconsiderar
    muitos destes tipos de reações
  • 22:02 - 22:04
    para compreender as reações
  • 22:04 - 22:07
    que aprendemos nas nossas aulas de química.
  • 22:07 - 22:10
    O tempo. Já vos falei sobre as nuvens
  • 22:10 - 22:13
    O fator crítico é a carga.
  • 22:13 - 22:18
    Se tirarem um curso sobre o tempo,
  • 22:18 - 22:21
    ouvem dizer que os fatores mais críticos
    são a temperatura e a pressão.
  • 22:21 - 22:24
    A carga quase não é referida,
  • 22:24 - 22:28
    apesar de estarmos sempre a ver
    raios e trovões.
  • 22:28 - 22:31
    Mas as cargas podem ser
    muito mais importantes
  • 22:31 - 22:33
    do que a pressão e a temperatura
  • 22:33 - 22:36
    para nos dar o tipo de tempo que vemos.
  • 22:36 - 22:40
    A saúde. Quando estamos doentes
    o médico diz para bebermos água.
  • 22:40 - 22:44
    Pode haver mais coisas
    do que parece à primeira vista.
  • 22:44 - 22:47
    E na comida, a comida
    é maioritariamente água.
  • 22:47 - 22:50
    Não pensamos na comida como sendo água,
    mas é quase toda água.
  • 22:50 - 22:53
    Se quisermos perceber
    como congelá-la, como preservá-la,
  • 22:53 - 22:55
    como evitar a desidratação,
  • 22:55 - 22:58
    temos que saber qualquer coisa
    sobre a natureza da água
  • 22:58 - 23:01
    e estamos a começar a perceber isso.
  • 23:01 - 23:06
    Em termos de uso prático,
    há a possibilidade de dessalinização.
  • 23:07 - 23:10
    A propósito, onde é mais necessária
    a dessalinização
  • 23:10 - 23:14
    é onde o sol brilha mais, nas áreas secas.
  • 23:14 - 23:19
    Portanto, a energia para fazer tudo isso
    está disponível, livremente.
  • 23:19 - 23:21
    O mesmo para a filtragem normal,
  • 23:21 - 23:26
    uma forma muito simples de remover
    bactérias e coisas dessas da água potável
  • 23:26 - 23:30
    — pode sair muito barato
    nos países do terceiro mundo.
  • 23:30 - 23:33
    Finalmente, obter eletricidade
    a partir da água
  • 23:33 - 23:38
    através da energia do sol
    que nos chega, é outra possibilidade.
  • 23:38 - 23:43
    Tentei explicar-vos a quarta fase da água
  • 23:43 - 23:48
    para que percebam que a água
    não tem três fases, mas quatro fases.
  • 23:48 - 23:51
    E perceber que a quarta fase,
    segundo penso,
  • 23:51 - 23:56
    é a chave para abrir a porta
    à compreensão de muitos fenómenos
  • 23:57 - 23:59
    Aquilo de que mais gostamos,
  • 23:59 - 24:04
    é compreender a gentil beleza da Natureza
  • 24:04 - 24:05
    Muito obrigado
  • 24:05 - 24:08
    (Aplausos)
Title:
A 4.ª Fase da Água | Dr. Gerald Pollack | TEDxGuelphU
Description:

Gerald Pollack, Professor de Bioengenharia na Universidade de Washington, fez o Doutoramento em engenharia biomédica na Universidade da Pensilvânia em 1968. Mais tarde entrou para a faculdade da Universidade de Washington onde é hoje professor de Bioengenharia.

Nesta palestra, explica a teoria da quarta fase da água e a utilização que este fenómeno pode vir a ter.

Esta palestra foi feita num evento TEDx, usando o formato das Conferências TED, mas organizado de forma independente por uma comunidade local. Saiba mais em: http://ted.com/tedx

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English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
25:38

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