A 4.ª Fase da Água | Dr. Gerald Pollack | TEDxGuelphU
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0:03 - 0:05Obrigado.
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0:05 - 0:09A água é uma coisa bonita de se ver,
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0:09 - 0:15e penso que todos sabem
que somos dois terços de água -
0:15 - 0:18— sabem isso, não sabem? Certo.
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0:18 - 0:23Mas talvez não saibam que,
como a molécula da água é muito pequena, -
0:23 - 0:29esses dois terços traduzem-se
em 99% das vossas moléculas. -
0:29 - 0:33Pensem bem, 99% das vossas
moléculas são água. -
0:33 - 0:36Assim, o que os vossos sapatos
transportam por aí, -
0:36 - 0:39é essencialmente, uma bolha de água.
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0:39 - 0:43Ora bem, a questão é esta,
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0:43 - 0:47essas moléculas de água fazem alguma coisa
nas nossas células? -
0:47 - 0:50Essas moléculas estarão inativas
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0:50 - 0:55ou fazem alguma coisa de real interesse?
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0:55 - 1:00E, já agora, temos a certeza
de que a água é H₂O? -
1:00 - 1:02Lemos isso no manual,
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1:02 - 1:06mas é possível que haja alguma água
que não seja H₂O? -
1:06 - 1:12Estas perguntas
não têm respostas tão simples -
1:12 - 1:14como poderíamos julgar.
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1:14 - 1:18Na verdade, estamos no escuro
em relação à água, sabemos muito pouco. -
1:18 - 1:20Porque é que sabemos tão pouco?
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1:20 - 1:23Provavelmente, pensam
que a água é tão invasiva, -
1:23 - 1:26não passa duma simples molécula,
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1:26 - 1:29que devíamos saber tudo
acerca da água, não é? -
1:29 - 1:31Ou seja, seria de pensar
que está tudo ali. -
1:31 - 1:33Os cientistas pensam o mesmo.
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1:33 - 1:36Muitos cientistas pensam
que a água é tão simples -
1:36 - 1:38que devíamos saber tudo sobre ela.
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1:38 - 1:41Mas, na verdade, isso não acontece.
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1:41 - 1:45Para começar, vou mostrar-vos alguns
exemplos de coisas sobre a água -
1:45 - 1:48que devíamos saber, mas de que
não fazemos a menor ideia. -
1:48 - 1:50Isto é uma coisa que
vocês veem todos os dias. -
1:50 - 1:55Veem uma nuvem no céu e, provavelmente,
nunca fizeram a pergunta: -
1:55 - 1:57Como é que a água vai ali parar?
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1:57 - 2:00Ou seja, há ali apenas uma nuvem,
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2:00 - 2:02e a água está a evaporar-se
por toda a parte, -
2:02 - 2:06porque é que vai para aquela nuvem
que vocês veem? -
2:06 - 2:13Outra pergunta: São capazes de imaginar
gotas de água a flutuar sobre a água? -
2:13 - 2:19Julgamos que as gotas de água
se misturam instantaneamente com a água. -
2:19 - 2:20As gotas de água persistem
durante muito tempo. -
2:20 - 2:22Outro exemplo de andar por cima da água.
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2:22 - 2:29Este é um lagarto da América Central.
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2:29 - 2:33Como consegue andar por cima da água,
chamam-lhe o lagarto Jesus Cristo. -
2:33 - 2:35A princípio, vocês dirão:
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2:35 - 2:38"Eu sei qual é a resposta, a tensão
da superfície da água é forte". -
2:38 - 2:41Mas a ideia vulgar da tensão superficial
-
2:41 - 2:46é que há uma única camada molecular
de água no topo -
2:46 - 2:49e que essa única camada molecular
é bastante para criar tensão suficiente -
2:49 - 2:51para aguentar o que lá pusermos em cima.
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2:51 - 2:55Penso que este é um exemplo
que não encaixa neste conceito. -
2:55 - 2:57Este é outro exemplo.
Dois "gobelets" de água. -
2:57 - 3:01Pomos dois elétrodos
e ligamos alta voltagem entre eles. -
3:01 - 3:06Forma-se uma ponte, e esta ponte
é feita de água, uma ponte de água. -
3:07 - 3:11Esta ponte mantém-se quando afastamos
um "gobelet" do outro "gobelet", -
3:11 - 3:14até a uma distância de quatro centímetros,
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3:14 - 3:16mantém-se indefinidamente.
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3:16 - 3:19Como é que conseguimos compreender isto?
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3:19 - 3:22O que eu quero dizer é que
há muitas coisas sobre a água -
3:22 - 3:25que devíamos perceber, mas não percebemos,
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3:25 - 3:28não percebemos minimamente.
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3:28 - 3:31Então, o que é que sabemos sobre a água?
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3:31 - 3:34Vocês aprenderam que a molécula da água
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3:34 - 3:36contém um oxigénio e dois hidrogénios.
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3:36 - 3:39É o que aprenderam nos manuais.
Sabemos isso. -
3:39 - 3:42Também sabemos que há
muitas moléculas de água -
3:42 - 3:46e que essas moléculas de água estão
sempre em movimento microscopicamente. -
3:46 - 3:50Sabemos isso. O que é que não sabemos
sobre a água? -
3:50 - 3:54Não sabemos nada sobre
o comportamento social da água. -
3:54 - 3:56O que é que eu quero dizer com social?
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3:56 - 3:59Digamos que estamos num bar
a conversar com o vizinho. -
3:59 - 4:03Não sabemos como é que as moléculas de água
partilham informações ou interagem, -
4:03 - 4:09e também não sabemos nada sobre
os movimentos das moléculas de água. -
4:09 - 4:12Como é que as moléculas de água
interagem umas com as outras, -
4:12 - 4:16e também como é que as moléculas de água
interagem com outras moléculas -
4:16 - 4:18como aquela lilás que está ali.
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4:18 - 4:21Uma incógnita.
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4:21 - 4:23Também quanto às fases da água.
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4:23 - 4:28Todos aprendemos que há uma fase sólida,
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4:28 - 4:30uma fase líquida e uma fase gasosa.
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4:30 - 4:33Mas, há cem anos,
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4:33 - 4:36havia uma certa ideia de que
podia haver uma quarta fase, -
4:36 - 4:39algures entre um sólido e um líquido.
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4:39 - 4:42Sir William Hardy,
um conhecido físico-químico, -
4:42 - 4:44exatamente há cem anos,
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4:44 - 4:47afirmou que havia uma quarta fase da água,
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4:47 - 4:53e que essa água era mais ordenada
do que outros tipos de água, -
4:53 - 4:57tinha mesmo uma consistência tipo gel.
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4:57 - 4:58Esta questão aparece-nos
-
4:58 - 5:04— tudo isso foi esquecido porque,
à medida que os métodos evoluíram, -
5:04 - 5:09começaram a estudar-se as moléculas
em vez de conjuntos de moléculas — -
5:09 - 5:12porque as pessoas esqueceram-se
da coletividade das moléculas de água -
5:12 - 5:15e começaram a observar
— tal como na biologia — -
5:15 - 5:17começaram a observar
as moléculas individuais -
5:17 - 5:19e perderam de vista o conjunto.
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5:19 - 5:22Portanto, pensámos
voltar a olhar para isso -
5:22 - 5:23porque tínhamos uma certa ideia
-
5:23 - 5:28de que é possível que esse elo em falta,
essa quarta fase, -
5:28 - 5:30podia ser o elo em falta
-
5:30 - 5:36para podermos compreender os fenómenos
relativos à água, que não compreendemos. -
5:36 - 5:40Começámos a procurar algures
entre um sólido e um líquido. -
5:40 - 5:43As primeiras experiências que fizemos
levaram-nos a continuar. -
5:43 - 5:48Agarrámos num gel, que é o sólido,
e colocámo-lo junto de água. -
5:48 - 5:50Acrescentámos algumas partículas à água
-
5:50 - 5:54porque tínhamos a sensação de que essas
partículas nos mostrariam qualquer coisa. -
5:54 - 5:56Podem ver que o que aconteceu:
-
5:56 - 6:00as partículas começaram
a afastar-se da interface -
6:00 - 6:02entre o gel e a água
-
6:02 - 6:05e mantiveram-se em movimento,
sempre em movimento. -
6:05 - 6:07Acabaram por parar a uma distância
-
6:07 - 6:11que é praticamente o tamanho de um cabelo.
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6:11 - 6:15Isto pode parecer pequeno mas,
em termos de dimensão molecular, -
6:15 - 6:17é praticamente o infinito.
-
6:17 - 6:19É uma dimensão enorme.
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6:19 - 6:22Assim, começámos a estudar
as propriedades desta zona, -
6:22 - 6:25a que chamámos, por razões óbvias,
a zona de exclusão, -
6:25 - 6:29porque praticamente
tudo o que pomos aqui é excluído, -
6:29 - 6:32é expelido dessa zona
à medida que ela se forma -
6:32 - 6:36Em vez de zona de exclusão,
usamos a abreviatura ZE. -
6:36 - 6:40Descobrimos que o tipo de materiais
-
6:40 - 6:43que criavam ou nucleavam
este tipo de zona -
6:43 - 6:47— não apenas um gel, mas praticamente
tudo o que gosta de água — -
6:47 - 6:51ou seja, a chamada superfície hidrofílica,
fazia exatamente o mesmo, -
6:51 - 6:53criando a água ZE.
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6:53 - 6:56Quando se forma água ZE,
esta expele da água -
6:56 - 7:00todos os solutos ou partículas,
quaisquer que sejam. -
7:01 - 7:05Começámos a estudar as propriedades
e já andamos há bastantes anos -
7:05 - 7:07a observar as propriedades.
-
7:07 - 7:08É mais ou menos assim:
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7:08 - 7:12Temos um material junto da água
-
7:12 - 7:16e começam a formar-se
estas placas de camadas de EZ, -
7:16 - 7:20que aumentam e continuam
a aumentar uma a uma. -
7:20 - 7:25Se olharmos para a estrutura
de cada um destes planos, -
7:25 - 7:30vemos que é uma espécie de estrutura
hexagonal, tipo favo de mel, -
7:30 - 7:32um pouco como o gelo, mas não é gelo.
-
7:32 - 7:36Se observarmos atentamente,
vemos as estruturas moleculares. -
7:36 - 7:39Claro que são formadas
por hidrogénio e oxigénio, -
7:39 - 7:41porque são formadas por água.
-
7:41 - 7:44Mas, na verdade,
não são moléculas de água. -
7:44 - 7:47Se começarmos a contar
o número de hidrogénios -
7:47 - 7:48e o número de oxigénios,
-
7:48 - 7:52acontece que já não é H₂O.
-
7:52 - 7:54É H₃O₂.
-
7:54 - 8:00Portanto, é possível haver água
que não é H₂O, uma fase da água. -
8:00 - 8:05Claro, começámos a procurar mais nestas
propriedades extremamente interessantes, -
8:05 - 8:10Descobrimos que,
se pusermos elétrodos na água ZE, -
8:10 - 8:13— porque pensámos que podia haver
algum potencial elétrico — -
8:13 - 8:17acontecia que há uma grande quantidade
de carga negativa nessa zona. -
8:17 - 8:20Usámos tintas para procurar carga positiva
-
8:20 - 8:25e descobrimos que, na zona da água
havia uma quantidade igual de positividade. -
8:25 - 8:27O que é que se passa?
-
8:27 - 8:30Parecia que, junto destas interfaces
-
8:30 - 8:33a molécula da água estava a dividir-se
-
8:33 - 8:36numa parte negativa e numa parte positiva.
-
8:36 - 8:42A parte negativa ficava
junto do material amante de água. -
8:42 - 8:45As cargas positivas afastavam-se dela.
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8:46 - 8:51Descobrimos que acontece o mesmo,
não precisamos duma interface plana -
8:51 - 8:53também podíamos ter uma esfera.
-
8:53 - 8:57Pomos uma esfera na água
e qualquer esfera suspensa na água -
8:57 - 9:02cria uma destas zonas exclusivas
à sua volta, com carga negativa, -
9:02 - 9:04para além da qual tudo é carga negativa.
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9:04 - 9:06Separação de cargas.
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9:07 - 9:10Não era preciso ser um material esférico,
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9:10 - 9:14podemos pôr uma gota de água
ou até uma bolha, -
9:14 - 9:16obtemos o mesmo resultado.
-
9:16 - 9:18A rodear cada uma destas entidades
há uma carga negativa -
9:18 - 9:22e a carga positiva em separado.
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9:22 - 9:24Portanto, pergunto-vos:
-
9:24 - 9:29Se agarrarem em duas destas entidades
com carga negativa -
9:29 - 9:33e as deitarem num "gobelet" de água
perto uma da outra, -
9:33 - 9:36o que é que acontece
à distância entre eles? -
9:36 - 9:39Aposto que 95% de vocês dirão:
-
9:39 - 9:43"É fácil, aprendi na física que
as cargas negativas se repelem uma à outra, -
9:43 - 9:46"portanto, vão afastar-se uma da outra".
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9:47 - 9:49Foi o que pensaram?
-
9:49 - 9:51Bem, o resultado, se pensarem bem,
-
9:51 - 9:57é que não há só carga negativa,
também temos uma carga positiva. -
9:57 - 10:00E a carga positiva está concentrada
especialmente -
10:00 - 10:02entre essas duas esferas,
-
10:02 - 10:05porque provém das contribuições
das duas esferas. -
10:05 - 10:07Portanto, há uma grande quantidade.
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10:07 - 10:10Quando temos carga positiva
entre duas negativas -
10:10 - 10:13o que acontece é que obtemos
uma força de atração. -
10:13 - 10:17E, portanto, é de esperar que
estas duas esferas se juntem -
10:17 - 10:19apesar do facto de terem a mesma carga.
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10:19 - 10:21É isso mesmo que acontece.
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10:21 - 10:24Há muitos anos que se sabe isso.
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10:24 - 10:27Juntam-se e, se tivermos muitas,
em vez de apenas duas, -
10:27 - 10:30obtemos uma coisa com este aspeto.
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10:30 - 10:34Juntam-se e isto chama-se
um cristal coloide. -
10:34 - 10:36É uma estrutura estável.
-
10:36 - 10:38O iogurte que talvez
tenham comido esta manhã -
10:38 - 10:41provavelmente tem a consistência
do que veem aqui. -
10:41 - 10:45Portanto, elas juntam-se
por causa da carga oposta. -
10:45 - 10:47Acontece o mesmo se tiverem gotas.
-
10:47 - 10:51Juntam-se por causa das cargas opostas.
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10:51 - 10:55Quando pensamos em gotas,
em gotas de aerossol no ar, -
10:55 - 10:57e pensamos na nuvem,
-
10:57 - 11:02é esta a razão por que
as gotas aerossol se juntam, -
11:02 - 11:04é por causa desta carga oposta.
-
11:04 - 11:06Portanto, as gotas do ar,
com cargas semelhantes, -
11:06 - 11:10aglutinam-se, formando
aquela nuvem no céu. -
11:11 - 11:16Portanto, a quarta fase,
ou fase ZE, explica muito. -
11:16 - 11:21Explica, por exemplo, a nuvem.
-
11:21 - 11:22É a carga positiva
-
11:22 - 11:26que faz com que aquelas cascas ZE
de carga negativa se atraiam -
11:26 - 11:29para produzir a nuvem condensada
que vemos lá em cima. -
11:29 - 11:32No que se refere às gotas de água,
-
11:32 - 11:34a razão por que elas
se aguentam à superfície -
11:34 - 11:37por vezes, durante mais de dez segundos
-
11:37 - 11:40— podem ver isso, se estiverem num barco
-
11:40 - 11:45e estiver a chover, por vezes
vemos isso à superfície do lago, -
11:45 - 11:48essas gotas aguentam-se
durante algum tempo — -
11:48 - 11:51a razão é porque cada gota de água
contém esta casca -
11:51 - 11:54esta casca ZE, e a casca tem que se romper
-
11:54 - 11:59a fim de a água se aglutinar
com a água por baixo. -
11:58 - 12:04No que se refere ao lagarto Jesus Cristo,
a razão por que o lagarto consegue andar -
12:04 - 12:06não é por causa duma simples
camada molecular, -
12:06 - 12:09mas porque há muitas
camadas ZE à superfície -
12:09 - 12:13e são tipo gel, são mais rígidas
do que as superfícies vulgares -
12:13 - 12:17portanto, podemos pôr uma moeda
a flutuar sobre a superfície da água, -
12:17 - 12:19podemos pôr a flutuar um "clips",
-
12:19 - 12:23embora, se o pusermos por baixo
da superfície, ele mergulhe até ao fundo. -
12:23 - 12:24É por isso.
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12:24 - 12:29No que se refere à ponte de água,
-
12:29 - 12:32se a imaginarmos como água simples,
líquida, à moda antiga... -
12:32 - 12:34é difícil de perceber.
-
12:34 - 12:38Mas se a imaginarmos como água ZE,
com um carácter tipo gel, -
12:38 - 12:42podemos perceber como ela pode
aguentar-se sem deixar cair uma gota, -
12:42 - 12:44uma estrutura muito rígida.
-
12:44 - 12:50Ok, até aqui tudo bem, mas
porque é que isto nos será útil? -
12:50 - 12:52O que é que podemos fazer com isso?
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12:52 - 12:55Podemos obter energia a partir da água.
-
12:55 - 12:59Na verdade, a energia que podemos
obter da água é energia livre. -
12:59 - 13:02Literalmente livre. Podemos obtê-la
a partir do meio ambiente. -
13:02 - 13:04Passo a explicar.
-
13:04 - 13:10Temos uma situação neste diagrama
com carga negativa e carga positiva. -
13:10 - 13:13Quando temos duas cargas opostas,
ao pé uma da outra, -
13:13 - 13:15é como uma bateria.
-
13:15 - 13:17Portanto, temos
uma bateria feita de água. -
13:18 - 13:20Uma bateria feita de água!
-
13:21 - 13:23Podemos extrair energia a partir dela,
-
13:23 - 13:26ou seja, imediatamente.
-
13:27 - 13:33As baterias esgotam-se, o nosso telemóvel
tem que ser recarregado, dia sim dia não. -
13:33 - 13:37Portanto, a questão é:
O que é que carrega esta bateria de água? -
13:37 - 13:42Levámos algum tempo a perceber
o que recarrega a bateria. -
13:42 - 13:47Um dia, estávamos a fazer uma experiência
e aparece um estudante no laboratório -
13:47 - 13:49que traz uma lanterna.
-
13:49 - 13:52Agarra na lanterna e fá-la incidir
sobre o especímen. -
13:52 - 13:57No sítio onde a luz incidiu, observámos
que a zona de exclusão aumentou, -
13:57 - 13:58cresceu rapidamente.
-
13:58 - 14:00Então pensámos:
"Aha! parece que é a luz -
14:00 - 14:03— e temos muitas experiências
que o comprovam — -
14:03 - 14:06"que a energia para isto provém da luz".
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14:06 - 14:10Não só da luz direta,
mas também da luz indireta. -
14:10 - 14:13O que é que eu quero dizer
com luz indireta? -
14:13 - 14:16Quero dizer que a luz indireta
-
14:16 - 14:19é, por exemplo, a luz infravermelha
-
14:19 - 14:22que existe em todo este auditório.
-
14:22 - 14:26Se apagássemos todas as luzes,
incluindo os holofotes, -
14:26 - 14:28e eu puxasse da minha câmara
-
14:28 - 14:31de infravermelhos
e observasse a audiência, -
14:31 - 14:34veria uma imagem
muito nítida, muito clara. -
14:34 - 14:36Se olhasse para as paredes,
veria uma imagem muito nítida. -
14:36 - 14:44A razão para isso é que tudo
está a emitir energia infravermelha. -
14:44 - 14:46Vocês emitem energia infravermelha.
-
14:46 - 14:49É a energia mais eficaz
-
14:49 - 14:53para provocar a separação de cargas
e esta quarta fase. -
14:55 - 14:59Por outras palavras,
temos o material, temos a água ZE, -
14:59 - 15:02recolhemos energia a partir do exterior
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15:02 - 15:04e, quando recolhemos energia do exterior,
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15:04 - 15:05forma-se a zona de exclusão.
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15:05 - 15:10Se retirarmos essa energia extra,
a zona volta à sua dimensão normal. -
15:12 - 15:17Portanto, esta bateria
é recarregada pela luz, pelo Sol. -
15:17 - 15:19É uma dádiva do Sol.
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15:20 - 15:23Se pensarmos nisso, no que se passa,
-
15:23 - 15:27se pensarmos na planta
que temos na cozinha, -
15:27 - 15:30que está a apanhar luz,
sabemos de onde vem a energia, -
15:30 - 15:32a energia provém da luz.
-
15:32 - 15:38São os fotões que atingem a planta,
que fornecem toda a energia, não é? -
15:38 - 15:40E a planta transforma-a em energia química
-
15:40 - 15:42a energia luminosa em energia química.
-
15:42 - 15:46A energia química é depois usada
para o crescimento, para o metabolismo, -
15:46 - 15:49para se dobrarem,
para o que quer que seja. -
15:49 - 15:50Já sabemos isso tudo, é senso comum.
-
15:50 - 15:53O que eu estou a sugerir,
a partir das nossas conclusões -
15:53 - 15:55é que o mesmo acontece com a água.
-
15:55 - 16:00Não é de admirar, porque a planta
é sobretudo água, -
16:00 - 16:04o que nos sugere que
a energia provém do exterior, -
16:04 - 16:08energia luminosa, energia infravermelha,
energia radiante, -
16:08 - 16:10e a água absorve a energia
-
16:10 - 16:15e converte essa energia
num certo tipo de trabalho útil. -
16:15 - 16:19Chegamos pois à equação E = H₂O.
-
16:19 - 16:22Um pouco diferente
da equação que vos é familiar. -
16:22 - 16:27Penso que é verdade que não podemos
separar a energia da água. -
16:28 - 16:31A água é um repositório da energia
-
16:31 - 16:34que existe livre no meio ambiente.
-
16:35 - 16:39Ora bem, poderemos aproveitar parte
dessa energia ou ela é totalmente inútil? -
16:39 - 16:44Podemos fazê-lo, porque temos
uma zona negativa e uma zona positiva. -
16:45 - 16:49Se lhe pusermos dois elétrodos,
podemos obter energia, não é? -
16:49 - 16:50É como uma bateria.
-
16:50 - 16:53Fizemos isso e conseguimos fazer,
-
16:53 - 16:57por exemplo, um aparelho ótico
muito simples. -
16:57 - 17:00Pode ser manobrado a partir
da energia que daí obtivemos. -
17:00 - 17:03Obviamente, precisamos de construi-lo
de modo maior -
17:03 - 17:05para obter a energia.
-
17:05 - 17:08Isto é energia livre e provém da água.
-
17:09 - 17:13Outra oportunidade
que temos vindo a desenvolver -
17:13 - 17:17é obter água potável, límpida, para beber.
-
17:17 - 17:19Se tivermos um material hidrofílico,
-
17:19 - 17:23e pusermos água contaminada junto dele
-
17:23 - 17:25com lixo que queremos deitar fora,
-
17:25 - 17:28acontece o que já vos mostrei,
-
17:28 - 17:33esse lixo é excluído
para além da zona de exclusão -
17:33 - 17:36e a ZE restante não contém
qualquer contaminação. -
17:36 - 17:40Podemos pôr aqui bactérias
e as bactérias afastam-se. -
17:40 - 17:42Como a zona de exclusão é muito grande
-
17:42 - 17:45é fácil extrair a água e recolhê-la.
-
17:45 - 17:46Fizemos isso.
-
17:46 - 17:49Estamos a trabalhar para torná-la prática.
-
17:49 - 17:52Uma das coisas que observámos
-
17:52 - 17:55é que parece que o sal também é excluído.
-
17:55 - 17:59Agora, estamos a pensar em alargar isto,
-
18:00 - 18:02colocando-a na água do oceano.
-
18:02 - 18:05Pomos água do oceano
e, se o sal for excluído, -
18:05 - 18:10recolhemos a água EZ
que deve estar isenta de sal -
18:10 - 18:14e podemos obter água potável
a partir disto. -
18:16 - 18:19Obtemos assim energia biológica.
-
18:19 - 18:24As células estão cheias de macromoléculas,
proteínas, ácidos nucleicos -
18:24 - 18:27e cada uma delas é um local nuclear
para construir águas ZE. -
18:27 - 18:30Portanto, em volta
de cada uma delas há água EZ. -
18:31 - 18:35A água ZE é de carga negativa,
a região em volta é de carga positiva. -
18:35 - 18:37portanto temos separação de cargas.
-
18:37 - 18:38Estas cargas separadas estão livres,
-
18:38 - 18:42disponíveis para provocar reações
no interior das nossas células. -
18:42 - 18:46O que isto significa
é uma espécie de fotossíntese -
18:46 - 18:48que as nossas células estão a fazer.
-
18:48 - 18:50A luz está a ser absorvida,
-
18:50 - 18:53transformada em separação de cargas,
-
18:53 - 18:55tal como acontece na fotossíntese
-
18:55 - 18:57e nós usamos estas cargas
-
18:58 - 19:04Um exemplo disto,
obter energia a uma escala maior -
19:04 - 19:08ou seja, a energia está sempre
a chegar de todo o lado -
19:08 - 19:10e nós absorvemo-la muito profundamente.
-
19:10 - 19:13Se agarrarmos numa lanterna
e a fizermos incidir na palma da mão, -
19:13 - 19:16podemos ver que ela penetra profundamente
-
19:16 - 19:20e temos muitos vasos sanguíneos
à nossa volta -
19:20 - 19:23principalmente os capilares
junto da periferia -
19:23 - 19:27é possível que parte dessa energia
que nos atinge -
19:27 - 19:30seja usada para ajudar o sangue a correr
-
19:30 - 19:32Já vou explicar isso.
-
19:34 - 19:37Veem aqui a microcirculação,
é o pedaço de um músculo. -
19:37 - 19:41Podem ver alguns capilares
a percorrer o seu caminho. -
19:41 - 19:44Estes capilares são os glóbulos vermelhos
que estão a ver -
19:45 - 19:49Um glóbulo vermelho normal tem o aspeto
que veem no canto superior direito -
19:49 - 19:51É grande mas, quando correm, dobram-se.
-
19:52 - 19:55E dobram-se porque o vaso
é demasiado pequeno -
19:55 - 19:58Por vezes, o vaso tem metade
do tamanho dos glóbulos vermelhos. -
19:58 - 20:00Vão encolher-se para passar.
-
20:00 - 20:03É preciso muita energia para fazer isso,
e a questão é esta: -
20:03 - 20:06"O nosso coração fornecerá toda a energia
-
20:06 - 20:10"necessária para que isto aconteça?"
-
20:10 - 20:12Encontrámos uma surpresa.
-
20:12 - 20:17Descobrimos que, se agarrarmos
num tubo oco de material hidrofílico, -
20:17 - 20:22como uma palha,
e pusermos a palha na água, -
20:22 - 20:26observamos um fluxo permanente que passa,
-
20:26 - 20:29Esta é a experiência, este é o tubo.
-
20:29 - 20:32Podem ver que o tubo é colocado na água,
-
20:32 - 20:36Enchemos o interior para ter a certeza
de que está totalmente cheio, -
20:36 - 20:40colocamo-lo na água e a água contém
umas esferas, umas partículas -
20:40 - 20:43por isso podemos detetar
quaisquer movimentos que ocorram. -
20:43 - 20:46Observamos ao microscópio
e encontramos isto: -
20:46 - 20:48um fluxo permanente através do tubo.
-
20:48 - 20:52Pode durar um dia inteiro,
todo o tempo que estivermos a observar. -
20:52 - 20:53Portanto, é livre.
-
20:53 - 20:55É a luz que provoca este fluxo num tubo,
-
20:55 - 20:59sem quaisquer fontes de energia extra
para além da luz. -
20:59 - 21:02Se pensarmos no ser humano
-
21:02 - 21:05e pensarmos na energia
que está a ser absorvida -
21:05 - 21:07na nossa água e nas nossas células
-
21:07 - 21:10é possível que possamos usar
parte dessa energia -
21:10 - 21:15para provocar processos biológicos
numa forma que até agora era inimaginável -
21:15 - 21:19Portanto, o que vos apresentei,
tem muitas implicações -
21:19 - 21:23para a ciência e para a tecnologia
em que só agora começámos a pensar. -
21:23 - 21:26O mais importante é que a energia radiante
-
21:26 - 21:29é absorvida pela água
e está a dar energia à água -
21:29 - 21:31em termos de potencial químico.
-
21:31 - 21:34Isto pode ser usado
num contexto biológico, -
21:34 - 21:37por exemplo, no fluxo sanguíneo
-
21:37 - 21:40mas também em muitos outros contextos.
-
21:40 - 21:44Quando pensamos nas reações químicas
que a água envolve, -
21:44 - 21:47basta pensar numa molécula na água.
-
21:47 - 21:49Mas o que vos mostrámos não é só isso
-
21:49 - 21:54temos a partícula, a ZE,
a carga positiva, o efeito da luz, -
21:54 - 21:57tudo isso tem que ser tido em conta.
-
21:57 - 22:02Portanto, pode ser necessário reconsiderar
muitos destes tipos de reações -
22:02 - 22:04para compreender as reações
-
22:04 - 22:07que aprendemos nas nossas aulas de química.
-
22:07 - 22:10O tempo. Já vos falei sobre as nuvens
-
22:10 - 22:13O fator crítico é a carga.
-
22:13 - 22:18Se tirarem um curso sobre o tempo,
-
22:18 - 22:21ouvem dizer que os fatores mais críticos
são a temperatura e a pressão. -
22:21 - 22:24A carga quase não é referida,
-
22:24 - 22:28apesar de estarmos sempre a ver
raios e trovões. -
22:28 - 22:31Mas as cargas podem ser
muito mais importantes -
22:31 - 22:33do que a pressão e a temperatura
-
22:33 - 22:36para nos dar o tipo de tempo que vemos.
-
22:36 - 22:40A saúde. Quando estamos doentes
o médico diz para bebermos água. -
22:40 - 22:44Pode haver mais coisas
do que parece à primeira vista. -
22:44 - 22:47E na comida, a comida
é maioritariamente água. -
22:47 - 22:50Não pensamos na comida como sendo água,
mas é quase toda água. -
22:50 - 22:53Se quisermos perceber
como congelá-la, como preservá-la, -
22:53 - 22:55como evitar a desidratação,
-
22:55 - 22:58temos que saber qualquer coisa
sobre a natureza da água -
22:58 - 23:01e estamos a começar a perceber isso.
-
23:01 - 23:06Em termos de uso prático,
há a possibilidade de dessalinização. -
23:07 - 23:10A propósito, onde é mais necessária
a dessalinização -
23:10 - 23:14é onde o sol brilha mais, nas áreas secas.
-
23:14 - 23:19Portanto, a energia para fazer tudo isso
está disponível, livremente. -
23:19 - 23:21O mesmo para a filtragem normal,
-
23:21 - 23:26uma forma muito simples de remover
bactérias e coisas dessas da água potável -
23:26 - 23:30— pode sair muito barato
nos países do terceiro mundo. -
23:30 - 23:33Finalmente, obter eletricidade
a partir da água -
23:33 - 23:38através da energia do sol
que nos chega, é outra possibilidade. -
23:38 - 23:43Tentei explicar-vos a quarta fase da água
-
23:43 - 23:48para que percebam que a água
não tem três fases, mas quatro fases. -
23:48 - 23:51E perceber que a quarta fase,
segundo penso, -
23:51 - 23:56é a chave para abrir a porta
à compreensão de muitos fenómenos -
23:57 - 23:59Aquilo de que mais gostamos,
-
23:59 - 24:04é compreender a gentil beleza da Natureza
-
24:04 - 24:05Muito obrigado
-
24:05 - 24:08(Aplausos)
- Title:
- A 4.ª Fase da Água | Dr. Gerald Pollack | TEDxGuelphU
- Description:
-
Gerald Pollack, Professor de Bioengenharia na Universidade de Washington, fez o Doutoramento em engenharia biomédica na Universidade da Pensilvânia em 1968. Mais tarde entrou para a faculdade da Universidade de Washington onde é hoje professor de Bioengenharia.
Nesta palestra, explica a teoria da quarta fase da água e a utilização que este fenómeno pode vir a ter.
Esta palestra foi feita num evento TEDx, usando o formato das Conferências TED, mas organizado de forma independente por uma comunidade local. Saiba mais em: http://ted.com/tedx
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 25:38
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Margarida Ferreira approved Portuguese subtitles for The 4th Phase of Water | Dr. Gerald Pollack | TEDxGuelphU | |
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Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The 4th Phase of Water | Dr. Gerald Pollack | TEDxGuelphU | |
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Mafalda Ferreira accepted Portuguese subtitles for The 4th Phase of Water | Dr. Gerald Pollack | TEDxGuelphU | |
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Mafalda Ferreira edited Portuguese subtitles for The 4th Phase of Water | Dr. Gerald Pollack | TEDxGuelphU | |
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Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The 4th Phase of Water | Dr. Gerald Pollack | TEDxGuelphU | |
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Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The 4th Phase of Water | Dr. Gerald Pollack | TEDxGuelphU | |
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Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The 4th Phase of Water | Dr. Gerald Pollack | TEDxGuelphU | |
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Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The 4th Phase of Water | Dr. Gerald Pollack | TEDxGuelphU |