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Três lições de amor revolucionário em tempos de ódio

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    (Oração "sikh") Waheguru Ji Ka Khalsa,
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    Waheguru Ji Ki Fateh.
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    Tem um momento na cama de parto
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    em que parece que estamos morrendo.
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    O corpo em trabalho de parto se alarga
    para formar um círculo impossível,
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    as contrações vêm em frações de minutos.
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    Onda após onda,
    quase não dá para respirar.
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    O termo médico:
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    "transição",
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    porque "parece a morte"
    não é científico o suficiente.
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    (Risos)
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    Eu chequei.
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    Durante a minha transição,
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    meu marido pressionava
    a base da minha coluna
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    para não deixar meu corpo se quebrar.
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    Meu pai esperava atrás
    da cortina do hospital…
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    na verdade, escondendo-se.
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    Mas minha mãe estava do meu lado.
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    A parteira disse que conseguia
    ver a cabeça do bebê,
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    mas tudo o que eu sentia
    era um círculo de fogo.
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    Eu virei para minha mãe
    e disse: "Eu não consigo",
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    mas ela já recitava a oração
    do meu avô em meu ouvido:
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    (Oração "sikh") "Tati Vao Na Lagi,
    Par Brahm Sarnai"
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    "Os ventos quentes não podem te tocar"
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    "Você é corajosa," ela disse.
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    "Você é corajosa."
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    De repente,
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    eu vi a minha avó, atrás da minha mãe.
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    E a mãe dela atrás dela.
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    E a mãe dela atrás dela.
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    Uma longa fila de mulheres
    que enfrentaram o fogo antes de mim.
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    Eu respirei;
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    fiz força;
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    meu filho nasceu.
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    Quando eu o segurei em meus
    braços, tremendo e chorando
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    pela descarga de ocitocina
    que invadiu o meu corpo,
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    minha mãe já se preparava
    para me alimentar.
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    Cuidando de seu bebê
    enquanto eu cuidava do meu.
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    Minha mãe nunca deixou de me dar à luz,
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    do meu nascimento
    ao nascimento do meu filho.
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    Ela já conhecia aquilo que eu estava
    apenas começando a nomear:
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    que amor é mais
    que um sentimento repentino
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    que acontece conosco se tivermos sorte.
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    Amor é um parto doce.
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    Ardente.
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    Sangrento.
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    Imperfeito.
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    Que dá a vida.
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    Uma escolha que fazemos de novo e de novo.
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    Eu sou uma ativista
    americana dos direitos civis
  • 2:30 - 2:34
    e trabalhei com comunidades
    de cor desde o 11 de setembro,
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    lutando contra políticas estatais
    injustas e atos de ódio nas ruas.
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    E em nossos momentos mais dolorosos,
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    em frente aos fogos da injustiça,
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    eu vi partos de amor nos dar à luz.
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    Minha vivência na linha de frente da luta
    contra o ódio nos EUA tem sido um estudo
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    que eu passei a chamar
    de amor revolucionário.
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    Amor revolucionário é a escolha
    de entrarmos em trabalho de parto
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    por outros que não se parecem conosco,
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    por oponentes que nos machucam
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    e por nós mesmos.
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    Nesta era de enorme ódio
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    quando o fogo estiver
    queimando à nossa volta,
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    Eu acredito que o amor revolucionário
    é a resposta dos nossos tempos.
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    Agora, se você sente vergonha
    quando dizem: "Amor é a resposta…"
  • 3:33 - 3:35
    Eu também sinto.
  • 3:35 - 3:36
    (Risos)
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    Eu sou advogada.
  • 3:37 - 3:39
    (Risos)
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    Então deixem-me mostrar como passei a ver
    o amor como uma força pela justiça social
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    através de três lições.
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    Meu primeiro encontro
    com o ódio foi na escola.
  • 3:54 - 3:56
    Eu era uma garotinha,
    crescendo na Califórnia,
  • 3:56 - 4:00
    onde a minha família vivia
    e cultivava há um século.
  • 4:00 - 4:04
    Quando me disseram que eu iria
    para o inferno porque não era cristã,
  • 4:04 - 4:07
    chamaram-me de "cachorra preta"
    porque eu não era branca,
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    eu corri para os braços do meu avô.
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    Papa Ji secou minhas lágrimas
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    e deu-me as palavras de Guru Nanak,
    o fundador do "sikhismo".
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    "Eu não vejo estranhos", disse Nanak.
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    "Eu não vejo inimigos."
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    Meu avô me ensinou
  • 4:22 - 4:27
    que eu podia escolher ver
    todos os rostos que encontrasse
  • 4:28 - 4:30
    e refletir sobre eles.
  • 4:31 - 4:32
    E se eu refletir sobre eles,
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    escutarei suas histórias,
    mesmo quando for difícil.
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    Recusarei-me a odiá-los,
    mesmo quando eles me odiarem.
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    Eu até prometerei protegê-los
    quando estiverem em perigo.
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    É isso que significa ser "sikh":
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    S-i-k-h.
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    Trilhar o caminho de um santo guerreiro.
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    Ele me contou a história
    da primeira guerreira "sikh"
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    Mai Bhago.
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    A história conta que havia 40 soldados
    que abandonaram seus postos
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    durante a grande batalha
    contra um império.
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    Eles retornaram a uma vila,
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    e essa mulher da vila disse a eles:
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    "Vocês não vão abandonar a luta.
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    Vão retornar ao fogo,
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    e eu vou guiá-los".
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    Ela montou um cavalo.
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    Vestiu um turbante.
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    E com uma espada em sua mão
    e fogo em seus olhos,
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    ela os levou aonde
    ninguém mais os levaria.
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    Ela se tornou aquela
    por quem ela esperava.
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    "Não abandone seu posto, querida."
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    Meu avô me via como uma guerreira.
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    Eu era uma garotinha
    com duas tranças compridas,
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    mas eu prometi.
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    Avançando no tempo, eu tenho 20 anos,
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    assistindo às Torres Gêmeas caírem.
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    o horror preso em minha garganta,
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    e então um rosto aparece na tela:
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    um homem pardo com turbante e barba
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    e eu percebo que o novo inimigo
    da nação é parecido com o meu avô.
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    E os turbantes que deviam representar
    o nosso compromisso de servir
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    nos tornaram terroristas.
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    E os "sikhs" tornaram-se alvos de ódio,
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    junto com nossos irmãos
    e irmãs muçulmanos.
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    A primeira pessoa morta num crime de ódio
    depois do 11/09 foi um homem "sikh",
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    na frente do seu posto
    de gasolina no Arizona.
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    Balbir Singh Sodhi era um amigo
    da família que eu chamava de "tio",
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    morto por um homem
    que se dizia "patriota".
  • 6:33 - 6:37
    Ele foi o primeiro de muitos a ser morto.
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    Mas sua história...
  • 6:39 - 6:43
    nossas histórias
    mal chegaram aos noticiários.
  • 6:45 - 6:48
    Eu não sabia o que fazer,
    mas eu tinha uma câmera,
  • 6:48 - 6:50
    eu encarei o fogo.
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    Fui até sua viúva,
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    Joginder Kaur.
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    Chorei com ela, e a perguntei:
  • 6:58 - 7:01
    "O que você gostaria de dizer
    para as pessoas dos EUA?"
  • 7:03 - 7:05
    Eu estava esperando acusação.
  • 7:07 - 7:08
    Mas ela me olhou e disse:
  • 7:10 - 7:12
    "Diga a eles: 'Obrigada.'
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    Três mil americanos vieram
    ao memorial do meu marido.
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    Eles não me conheciam,
    mas choraram comigo.
  • 7:22 - 7:24
    Diga a eles: 'Obrigada.'''
  • 7:27 - 7:29
    Milhares de pessoas apareceram,
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    porque, diferente
    dos noticiários nacionais,
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    a mídia local contou
    a história do tio Baldir.
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    História podem criar a reflexão
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    que transformam estranhos
    em irmãs e irmãos.
  • 7:43 - 7:46
    Essa foi minha primeira lição
    de amor revolucionário:
  • 7:47 - 7:50
    que histórias podem
    nos ajudar a não ver estranhos.
  • 7:52 - 7:53
    E então...
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    minha câmera virou minha espada.
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    Meu diploma de direito virou meu escudo.
  • 8:01 - 8:03
    Meu parceiro de filmagem virou meu marido.
  • 8:03 - 8:05
    (Risos)
  • 8:05 - 8:07
    Não esperava por isso.
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    E nós nos tornamos parte
    de uma geração de defensores
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    trabalhando com comunidades
    que enfrentavam seus próprios fogos.
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    Trabalhei em uma prisão
    de segurança máxima,
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    no litoral do Guantánamo,
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    no palco de tiroteios em massa,
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    quando o sangue ainda
    estava fresco no chão.
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    E todas as vezes,
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    por 15 anos,
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    com cada filme, cada processo,
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    cada campanha,
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    eu pensava que estava
    deixando a nação mais segura
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    para a próxima geração.
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    E então meu filho nasceu.
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    Em uma época...
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    em que crimes de ódio
    contra as nossas comunidades
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    estão mais frequentes
    do que nunca desde o 11/09.
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    Em que movimentos de direita nacionalista
    estão crescendo ao redor do globo
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    e capturaram a presidência
    dos Estados Unidos.
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    Em que supremacistas brancos
    marcham em nossas ruas,
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    tochas ao alto, sem capuzes.
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    E eu tenho que lidar com o fato
  • 9:25 - 9:31
    de que meu filho está crescendo
    em um país que é mais perigoso para ele
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    do que aquele que foi dado a mim.
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    E haverá momentos
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    em que eu não poderei protegê-lo
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    quando ele for visto como terrorista,
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    da mesma forma que os negros nos EUA
  • 9:53 - 9:55
    ainda são vistos como criminosos.
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    Pardos, ilegais.
  • 10:00 - 10:02
    Homossexuais e transexuais, imorais.
  • 10:03 - 10:05
    Indígenas, selvagens.
  • 10:05 - 10:07
    Mulheres e crianças como propriedade.
  • 10:07 - 10:11
    E quando falham em ver os nossos corpos
    como filhos de alguma mãe,
  • 10:11 - 10:14
    fica fácil banir-nos,
  • 10:14 - 10:16
    deter-nos,
  • 10:16 - 10:17
    deportar-nos,
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    emprisionar-nos,
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    sacrificar-nos pela ilusão de segurança.
  • 10:27 - 10:30
    (Aplausos)
  • 10:38 - 10:41
    Eu queria abandonar o meu posto.
  • 10:43 - 10:45
    Mas eu fiz uma promessa,
  • 10:46 - 10:49
    então eu voltei para o posto de gasolina
  • 10:49 - 10:54
    onde Baldir Singh foi morto
    há exatos 15 anos.
  • 10:56 - 10:59
    Depositei uma vela no local
    onde ele sangrou até a morte.
  • 11:00 - 11:02
    O irmão dele, Rana, virou-se para mim
  • 11:03 - 11:05
    e disse: "Nada mudou".
  • 11:07 - 11:08
    E eu perguntei:
  • 11:09 - 11:12
    “Quem nós ainda não tentamos amar?”
  • 11:16 - 11:19
    Decidimos ligar
    para o assassino na prisão.
  • 11:21 - 11:22
    O telefone toca.
  • 11:23 - 11:25
    Sinto o coração bater em meus ouvidos.
  • 11:25 - 11:28
    Eu ouço a voz de Frank Roque,
  • 11:28 - 11:30
    um homem que uma vez disse:
  • 11:32 - 11:36
    "Eu vou sair daqui e atirar
    em alguns cabeça de toalha.
  • 11:39 - 11:42
    Devíamos matar os filhos deles, também".
  • 11:44 - 11:48
    E cada impulso emocional
    em mim diz: "Eu não consigo".
  • 11:52 - 11:57
    Tornou-se um ato de vontade de reflexão.
  • 11:59 - 12:02
    "Por quê?", eu pergunto.
  • 12:03 - 12:06
    "Por que você concordou em falar conosco?"
  • 12:09 - 12:12
    Frank diz: “Sinto muito
    pelo que aconteceu,
  • 12:12 - 12:16
    mas também sinto muito por todas
    as pessoas mortas no 11 de setembro".
  • 12:16 - 12:19
    Ele não se responsabiliza.
  • 12:19 - 12:21
    Eu fico com raiva para proteger Rana,
  • 12:23 - 12:28
    mas Rana ainda está
    refletindo sobre Frank.
  • 12:29 - 12:30
    Escutando...
  • 12:31 - 12:32
    Ela responde:
  • 12:34 - 12:38
    "Frank, esta é a primeira
    vez que ouço você dizer
  • 12:38 - 12:40
    que sente muito".
  • 12:43 - 12:45
    E Frank...
  • 12:46 - 12:49
    Frank diz: "Sim.
  • 12:50 - 12:54
    Sinto muito pelo que fiz com o seu irmão.
  • 12:56 - 13:00
    Um dia, quando eu for ao céu
    para ser julgado por Deus,
  • 13:01 - 13:03
    pedirei para ver o seu irmão.
  • 13:05 - 13:06
    E o abraçarei.
  • 13:08 - 13:10
    E pedirei o seu perdão".
  • 13:14 - 13:15
    E Rana diz:
  • 13:17 - 13:19
    "Nós já perdoamos você".
  • 13:23 - 13:27
    Perdoar não é esquecer.
  • 13:29 - 13:32
    Perdoar é libertar-se do ódio.
  • 13:34 - 13:36
    Porque quando estamos livres do ódio,
  • 13:36 - 13:39
    vemos aqueles que nos machucam,
    não como monstros,
  • 13:39 - 13:42
    mas como pessoas
    que também estão feridas,
  • 13:42 - 13:44
    que também sentem-se ameaçadas,
  • 13:44 - 13:47
    que não sabem o que mais fazer
    com suas inseguranças
  • 13:47 - 13:49
    além de nos machucar, de puxar o gatilho,
  • 13:49 - 13:50
    ou lançar o voto,
  • 13:50 - 13:52
    ou aprovar a política contra nós.
  • 13:52 - 13:55
    Mas se começarmos a refletir sobre eles,
  • 13:56 - 13:58
    até mesmo ouvir suas histórias,
  • 14:00 - 14:05
    descobrimos que a participação
    na opressão tem um preço.
  • 14:06 - 14:10
    Ela retira deles sua capacidade de amar.
  • 14:15 - 14:20
    Esta foi minha segunda lição
    de amor revolucionário.
  • 14:22 - 14:29
    Nós amamos nossos oponentes
    quando cuidamos da ferida deles.
  • 14:30 - 14:34
    Cuidar da ferida não é curá-los,
  • 14:34 - 14:35
    só eles podem fazer isso.
  • 14:35 - 14:39
    Cuidar, apenas, nos permite
  • 14:39 - 14:41
    ver nossos oponentes:
  • 14:42 - 14:46
    os terroristas, os fanáticos,
    os demagogos.
  • 14:47 - 14:53
    Eles foram radicalizados por culturas e
    políticas que, nós juntos, podemos mudar.
  • 14:56 - 14:59
    Eu repensei em todas as nossas campanhas,
  • 15:00 - 15:05
    e percebi que cada vez
    que enfrentamos maus atores,
  • 15:05 - 15:06
    não mudamos muito.
  • 15:08 - 15:13
    Mas quando escolhemos empunhar
    nossas espadas e escudos
  • 15:13 - 15:15
    para enfrentar maus sistemas,
  • 15:16 - 15:18
    é aí que vemos mudança.
  • 15:19 - 15:21
    Eu trabalhei em campanhas
  • 15:21 - 15:25
    que libertaram centenas de pessoas
    de confinamentos solitários,
  • 15:26 - 15:29
    reformaram um departamento
    de polícia corrupto,
  • 15:29 - 15:31
    mudaram políticas federais
    de crimes de ódio.
  • 15:32 - 15:37
    A escolha de amar nossos oponentes
    é moral e pragmática,
  • 15:37 - 15:42
    e abre a possibilidade,
    antes inimaginável,
  • 15:42 - 15:44
    de reconciliação.
  • 15:48 - 15:49
    Mas lembrem-se...
  • 15:50 - 15:53
    foram precisos 15 anos
    para fazer aquele telefonema.
  • 15:55 - 16:00
    Precisei cuidar da minha
    própria raiva e luto primeiro.
  • 16:01 - 16:06
    Amar nossos oponentes requer
    que amemos a nós mesmos.
  • 16:07 - 16:09
    Gandhi, King, Mandela
  • 16:09 - 16:13
    ensinaram muito sobre como amar
    os outros e os oponentes.
  • 16:15 - 16:17
    Não falaram muito sobre
    amarmos a nós mesmos.
  • 16:18 - 16:20
    Esta é uma intervenção feminista.
  • 16:22 - 16:23
    (Aplausos)
  • 16:23 - 16:24
    Sim.
  • 16:25 - 16:26
    Sim.
  • 16:26 - 16:28
    (Aplausos)
  • 16:29 - 16:34
    Porque por muito tempo foi dito
    a mulheres e mulheres de cor
  • 16:34 - 16:35
    que reprimissem sua raiva,
  • 16:35 - 16:39
    reprimissem seu luto
    em nome do amor e do perdão.
  • 16:39 - 16:41
    Mas quando reprimimos nossa raiva,
  • 16:41 - 16:43
    é aí que ela torna-se ódio,
    direcionado para fora,
  • 16:43 - 16:46
    mas, geralmente, direcionado para dentro.
  • 16:47 - 16:52
    Mas a maternidade me ensinou que
    todas as nossas emoções são necessárias.
  • 16:54 - 16:57
    A alegria é o presente do amor.
  • 16:58 - 17:01
    O luto é o preço do amor.
  • 17:02 - 17:05
    A raiva é a força que o protege.
  • 17:07 - 17:11
    Esta é a minha terceira lição
    de amor revolucionário.
  • 17:11 - 17:13
    Nós nos amamos
  • 17:13 - 17:17
    quando respiramos através do fogo da dor
  • 17:18 - 17:21
    e nos recusamos a deixá-la tornar-se ódio.
  • 17:22 - 17:24
    É por isso que acredito
  • 17:25 - 17:29
    que o amor deve ser
    praticado nas três direções
  • 17:29 - 17:30
    para ser revolucionário.
  • 17:31 - 17:35
    Amar apenas nós mesmo é bom,
  • 17:35 - 17:37
    mas é narcisismo.
  • 17:37 - 17:40
    (Risos)
  • 17:41 - 17:45
    Amar apenas os nossos
    oponentes é autopenitência.
  • 17:47 - 17:51
    Amar apenas os outros é ineficiente.
  • 17:52 - 17:55
    É aqui que muitos dos nossos
    movimentos estão neste momento.
  • 17:56 - 17:59
    Nós precisamos praticar
    as três formas de amor.
  • 18:01 - 18:04
    E então, como as praticamos?
  • 18:05 - 18:06
    Prontos?
  • 18:07 - 18:08
    Número um:
  • 18:10 - 18:12
    para poder amar os outros,
  • 18:12 - 18:14
    não vejam estranhos.
  • 18:14 - 18:17
    Podemos treinar nossos olhos
    para olhar estranhos na rua,
  • 18:17 - 18:19
    no metrô, na tela,
  • 18:19 - 18:21
    e dizer em nossas mentes:
  • 18:21 - 18:22
    "Irmão,
  • 18:22 - 18:23
    irmã,
  • 18:23 - 18:25
    tia,
  • 18:25 - 18:26
    tio".
  • 18:27 - 18:29
    E quando dizemos isto,
    o que estamos dizendo é:
  • 18:29 - 18:32
    "Você é uma parte de mim
    que eu ainda não conheço.
  • 18:33 - 18:35
    Eu escolho refletir sobre você.
  • 18:36 - 18:38
    Escutarei suas histórias
  • 18:39 - 18:42
    e levantarei uma espada
    quando você estiver em perigo".
  • 18:44 - 18:45
    Então, número dois:
  • 18:46 - 18:49
    para amar nossos oponentes,
  • 18:49 - 18:50
    cuide da ferida.
  • 18:51 - 18:54
    Você consegue enxergar a ferida
    naqueles que te machucam?
  • 18:56 - 18:58
    Pode refletir até mesmo sobre eles?
  • 19:00 - 19:04
    E se essa pergunta
    gera pânico em seu corpo,
  • 19:04 - 19:06
    então seu ato mais revolucionário
  • 19:06 - 19:10
    é refletir, escutar e responder
    às suas próprias necessidades.
  • 19:11 - 19:12
    Número três:
  • 19:13 - 19:15
    para amarmos a nós mesmos,
  • 19:15 - 19:17
    respire e faça força.
  • 19:18 - 19:21
    Quando fazemos força
    pelo fogo de nossos corpos
  • 19:21 - 19:23
    ou pelos fogos do mundo,
  • 19:23 - 19:25
    precisamos respirar juntos
  • 19:26 - 19:28
    para que façamos força juntos.
  • 19:29 - 19:31
    Como você respira a cada dia?
  • 19:32 - 19:34
    Com quem você respira?
  • 19:36 - 19:38
    Porque...
  • 19:39 - 19:45
    quando ordens executivas e notícias
    de violência atingem nossos corpos,
  • 19:45 - 19:47
    às vezes em frações de minutos,
  • 19:47 - 19:49
    parece que estamos morrendo.
  • 19:51 - 19:52
    Nesses momentos,
  • 19:53 - 19:57
    o meu filho coloca sua mão
    em minha bochecha e diz:
  • 19:57 - 19:59
    "Hora de dançar, mamãe?"
  • 20:01 - 20:02
    E nós dançamos.
  • 20:04 - 20:07
    Na escuridão, nós respiramos e dançamos.
  • 20:07 - 20:10
    Nossa família se torna um bolso
    de amor revolucionário.
  • 20:10 - 20:13
    Nossa felicidade é um ato
    de resistência moral.
  • 20:13 - 20:15
    Como você protege
    sua felicidade a cada dia?
  • 20:15 - 20:19
    Porque na felicidade, vemos
    até a escuridão com novos olhos.
  • 20:21 - 20:25
    E então, a mãe que existe em mim pergunta:
  • 20:27 - 20:32
    e se esta escuridão não for
    a escuridão do túmulo,
  • 20:33 - 20:35
    mas a escuridão do ventre?
  • 20:38 - 20:40
    E se o nosso futuro não estiver morto,
  • 20:41 - 20:43
    mas ainda esperando para nascer?
  • 20:45 - 20:48
    E se esta for a nossa grande transição?
  • 20:50 - 20:52
    Lembrem-se da sabedoria da parteira.
  • 20:53 - 20:54
    "Respire," ela diz.
  • 20:54 - 20:56
    E então...
  • 20:56 - 20:57
    "faça força."
  • 20:57 - 20:59
    Porque se não fizermos força, morreremos.
  • 20:59 - 21:01
    Se não respirarmos, morreremos.
  • 21:01 - 21:06
    O amor revolucionário exige que respiremos
    e façamos força através do fogo
  • 21:06 - 21:09
    com um coração de guerreiro
    e olhos de santo
  • 21:09 - 21:10
    e então, um dia...
  • 21:12 - 21:17
    um dia você verá o meu filho
    como seu próprio
  • 21:18 - 21:20
    e irá protegê-lo quando eu não estiver lá.
  • 21:22 - 21:25
    Você cuidará da ferida
    daqueles que o machucarem.
  • 21:27 - 21:30
    Ensinará a ele como amar a si mesmo,
  • 21:30 - 21:32
    porque você ama a si mesmo.
  • 21:34 - 21:36
    Você sussurrará em seu ouvido,
  • 21:37 - 21:39
    como eu sussurro no seu:
  • 21:41 - 21:42
    "Você é corajoso".
  • 21:43 - 21:45
    Você é corajoso.
  • 21:46 - 21:47
    Obrigada.
  • 21:47 - 21:48
    (Aplausos)
  • 21:48 - 21:50
    (Oração “sikh”) Waheguru Ji Ka Khalsa,
  • 21:50 - 21:52
    Waheguru Ji Ki Fateh.
  • 21:52 - 21:58
    (Aplausos)
Title:
Três lições de amor revolucionário em tempos de ódio
Speaker:
Valarie Kaur
Description:

Qual é o antídoto para o nacionalismo, a polarização e o ódio crescentes? Nesta palestra poética e inspiradora, Valarie Kaur nos pede para reivindicar o amor como um ato revolucionário. Enquanto percorre da sala de parto até trágicos locais de massacres, Kaur nos mostra como a escolha de amar pode ser uma força por justiça.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
22:12

Portuguese, Brazilian subtitles

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