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Aprender em casa | Melina Furman | TEDxRíodelaPlata

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    "Como as minhocas fazem
    para respirar debaixo da terra?"
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    Foi o que me perguntou outro dia
    um dos meus gêmeos de cinco anos
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    quando brincávamos em casa, no jardim
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    e, de repente, saiu uma minhoca
    de um dos canteiros.
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    As crianças fazem perguntas
    como essa o tempo todo
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    e, em geral, o que acontece?
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    Não damos importância.
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    Se, por acaso, sabemos a resposta,
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    o que costumamos fazer?
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    Respondemos, não é? E pronto.
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    Mas, em geral, convenhamos,
    não sabemos a resposta
  • 0:45 - 0:47
    e aí, o que costumamos fazer?
  • 0:47 - 0:50
    Dizemos: "Bem, vamos pesquisar".
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    Ou: "Não sei". Ou mudamos de assunto.
  • 0:54 - 0:59
    Mas acho que nessas perguntas
    curiosas das crianças
  • 0:59 - 1:02
    existe uma oportunidade enorme
    que podemos aproveitar.
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    Há quase 20 anos me dedico à educação.
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    Trabalho com escolas,
    professores, diretores,
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    buscando estimular acontecimentos em sala
    de aula para formar crianças curiosas,
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    com pensamento crítico
    e preparadas para a vida.
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    E há cinco anos, também sou mãe,
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    e nestes anos de conversas
    com mães e pais, amigos e conhecidos,
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    todos me fazem sempre a mesma pergunta:
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    "Para que escola devo mandar meus filhos?"
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    Claro que a escolha da escola
    é um assunto muito importante.
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    Podemos falar disso por um bom tempo.
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    Mas acho que essa preocupação
    com a educação das crianças
  • 1:46 - 1:50
    tão centrada na escola, lá fora,
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    tem algo importante
    que estamos nos esquecendo,
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    algo que, muitas vezes, passa despercebido
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    e não nos damos conta:
    como educamos as crianças em casa?
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    E, com educação em casa
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    não estou falando de ensinar
    a comportar-se bem à mesa,
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    dizer obrigada à avó
    ou dividir com os irmãos, não.
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    Também não estou falando
    de tirar as crianças da escola
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    e educá-las nós mesmos, claro que não.
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    Estou falando de outra coisa, muito maior,
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    muito mais profunda.
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    De como se constrói o vínculo
    das crianças com o conhecimento,
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    de como se gera seu amor por aprender.
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    Porque isso é o que pode fazer
    toda a diferença em suas vidas.
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    Porque vai lhes dar ferramentas
    mas, sobretudo,
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    o desejo e o compromisso
    de continuar aprendendo sempre.
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    E isso se constrói em casa,
    desde que as crianças são muito pequenas,
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    desde os primeiros anos de vida,
    até que estejam crescidos.
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    E se constrói no cotidiano,
    nas interações com os pais
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    mas também com os irmãos,
    com os tios, com os avós,
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    e, às vezes, até com amigos da família.
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    Mas, como fazer para despertar o amor
    por aprender, em casa? O que fazemos?
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    Temos que deixar de trabalhar
    e estar todos os dias com as crianças?
  • 3:11 - 3:14
    Ou montar atividades sofisticadas
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    depois de um longo dia de trabalho,
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    em que voltamos esgotados e, além disso,
    temos milhares de coisas para resolver?
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    Na verdade, não se sabe
    com certeza como se faz.
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    Mas tenho uma boa notícia:
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    existem algumas ideias bem comprovadas,
    que vêm do campo da educação,
  • 3:32 - 3:35
    comprovadas por décadas
    de pesquisa acadêmica,
  • 3:35 - 3:38
    que eu acho que podem dar
    boas pistas para nos orientar.
  • 3:38 - 3:42
    E, o melhor de tudo, é que são
    fáceis de aplicar em casa,
  • 3:42 - 3:45
    coisas que fazemos
    o tempo todo com as crianças.
  • 3:46 - 3:48
    Venho pesquisando esses temas
  • 3:48 - 3:50
    e hoje quero contar o que descobri
  • 3:50 - 3:54
    pensando em três das interações-chave
    que temos com as crianças.
  • 3:54 - 3:57
    Como respondemos as suas perguntas.
  • 3:57 - 3:59
    Como conversamos com elas.
  • 4:00 - 4:02
    E como elogiamos quando fazem algo bem.
  • 4:03 - 4:04
    Vamos à primeira das questões:
  • 4:04 - 4:07
    como respondemos
    as perguntas das crianças?
  • 4:08 - 4:11
    Faz tempo que sabemos que para despertar
  • 4:11 - 4:14
    e, sobretudo, para sustentar
    a vontade de aprender,
  • 4:14 - 4:17
    é preciso gerar o hábito
    de aprendizagem profunda.
  • 4:17 - 4:20
    O que é a aprendizagem profunda?
  • 4:20 - 4:25
    É quando vamos aprendendo um assunto,
    e descobrindo pouco a pouco,
  • 4:25 - 4:28
    buscando como ele se conecta
    com outros assuntos,
  • 4:28 - 4:29
    como se conecta com nossa vida,
  • 4:29 - 4:32
    olhando dos muitos pontos
    de vista possíveis.
  • 4:33 - 4:37
    E digo que isso ajuda a sustentar
    a vontade de aprender
  • 4:37 - 4:40
    porque, à medida que nos tornamos
    especialistas em algo,
  • 4:40 - 4:41
    à medida que conhecemos bem alguma coisa,
  • 4:42 - 4:46
    vamos ganhando confiança em nossa
    própria capacidade como aprendizes.
  • 4:46 - 4:49
    E isso nos ajuda a continuar.
  • 4:50 - 4:51
    E aqui está o segredo:
  • 4:52 - 4:56
    as perguntas curiosas das crianças
    são um ponto de partida único
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    para gerar essa aprendizagem profunda.
  • 4:59 - 5:01
    Vou contar como continuou
    o episódio das minhocas.
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    Aproveitamos a pergunta
    para fazer uma exploração
  • 5:04 - 5:06
    que durou bastante tempo.
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    Primeiro, o que fizemos?
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    Tiramos as minhocas da terra,
  • 5:09 - 5:11
    tocamos nelas um pouco, olhamos elas.
  • 5:12 - 5:14
    A princípio não queriam
    pegar nelas, mas...
  • 5:14 - 5:16
    Ficaram um pouco impressionados.
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    E depois de um tempo o que não queriam,
    obviamente, era devolvê-las.
  • 5:19 - 5:21
    Começamos a buscar informação
    sobre as minhocas.
  • 5:21 - 5:24
    Como as minhocas fazem
    para respirar debaixo da terra?
  • 5:24 - 5:27
    Como fazem para comer debaixo da terra?
  • 5:27 - 5:29
    Encontramos as coisas mais interessantes.
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    Por exemplo, as minhocas têm dez corações
  • 5:32 - 5:35
    e nós, somente um, um dado importante.
  • 5:35 - 5:39
    Ou, o cocô das minhocas
    é ótimo para as plantas.
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    As pérolas da pesquisa foram uns vídeos
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    de várias minhocas saindo
    de dentro de um mesmo casulo,
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    que vimos dezenas de vezes.
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    Aqui está o desenho que fizeram depois.
  • 5:51 - 5:54
    Aí está o casulo, as minhocas saindo.
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    A grandona que está ao lado é a mamãe.
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    A parte de ficção, não?
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    Porque as mamães minhocas não cuidam
    de suas crias nenhum pouquinho,
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    mas me dá um não sei quê quebrar a ilusão,
  • 6:04 - 6:06
    então não disse nada a eles.
  • 6:06 - 6:10
    Depois, um dos meus filhos
    resolveu perguntar:
  • 6:11 - 6:14
    "E qual é a velocidade de uma minhoca?
    Quão rápido pode ir?"
  • 6:15 - 6:17
    E íamos pesquisar esse dado na internet.
  • 6:17 - 6:19
    Viram que na internet
    encontramos de tudo, não?
  • 6:19 - 6:22
    Coloca "velocidade de uma minhoca"
    e vem alguma coisa.
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    Então, dissemos: "E se nós medirmos?"
  • 6:26 - 6:29
    "Como se faz para medir
    a velocidade de algo?"
  • 6:29 - 6:33
    E nos ocorreu fazer uma pista
    de corrida para minhocas
  • 6:34 - 6:35
    e colocá-las para correr.
  • 6:37 - 6:40
    Na verdade, a corrida
    não funcionou muito bem,
  • 6:40 - 6:42
    porque as minhocas não entenderam
  • 6:42 - 6:45
    e não iam para o mesmo lado.
  • 6:46 - 6:48
    E mais, a pista estava seca, então
  • 6:48 - 6:50
    as minhocas não deslizavam
    não importa o que disséssemos
  • 6:50 - 6:53
    e, então, meus filhos iam colocando
  • 6:53 - 6:56
    umas gotas de água para cada minhoca
    para que deslizassem melhor
  • 6:56 - 7:00
    e aproveitavam para dar um empurrãozinho
    na sua para que chegasse antes.
  • 7:02 - 7:04
    Este é o desenho da nossa pista.
  • 7:05 - 7:10
    Então esses 11 minutos que diz aí
    que a minhoca vencedora levou para chegar,
  • 7:10 - 7:12
    digamos que não são muito confiáveis.
  • 7:13 - 7:16
    Mas esses 11 minutos
    com o cronômetro na mão,
  • 7:16 - 7:21
    incentivando as minhocas
    para que chegassem, foram memoráveis,
  • 7:23 - 7:28
    Essas foram as coisas que nos ocorreu
    fazer com as minhocas naquele momento.
  • 7:28 - 7:29
    Poderiam ter sido outras, claro.
  • 7:30 - 7:35
    Porque o importante não é tanto o que
    fazemos com as crianças em particular,
  • 7:35 - 7:39
    mas sim ir dando corda
    aos assuntos que nos intrigam
  • 7:39 - 7:41
    para ver aonde nos levam,
  • 7:41 - 7:44
    como uma aventura,
    como um jogo compartilhado.
  • 7:46 - 7:49
    E qualquer assunto vale,
    inclusive se não temos muita ideia.
  • 7:50 - 7:52
    Porque não se trata de ensinar,
  • 7:52 - 7:55
    senão de contagiar
    com o amor por aprender.
  • 7:56 - 7:58
    E, para isso, nem sempre é preciso saber.
  • 8:00 - 8:03
    Eu, de minhocas, sabia algumas coisas,
  • 8:03 - 8:05
    não dos corações, mas sabia.
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    Mas outro dia meus filhos
    vieram, por exemplo,
  • 8:08 - 8:12
    com um monte de perguntas
    sobre as Guerras da Independência.
  • 8:12 - 8:14
    Um tema que estudei,
  • 8:15 - 8:16
    vocês também,
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    milhares de vezes como aluna
    e que nunca entendi muito,
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    e mais, sempre achei chatíssimo.
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    E aprender com eles sobre isso foi melhor.
  • 8:26 - 8:29
    Porque me permitiu tirar o pó
    de um assunto cheio de teia de aranhas,
  • 8:29 - 8:30
    muito esquecido,
  • 8:30 - 8:33
    e reconectar com minha
    própria curiosidade.
  • 8:34 - 8:37
    Para mim esse é
    um dos grandes combustíveis
  • 8:37 - 8:40
    que me fazem ter vontade de fazer
    essas coisas com as crianças.
  • 8:41 - 8:47
    E o outro grande combustível
    é ver elas aprenderem.
  • 8:48 - 8:51
    Acredito que existem poucas
    coisas tão emocionantes
  • 8:51 - 8:55
    como ver um menino ou uma menina
    ir construindo seu próprio pensamento,
  • 8:56 - 8:58
    sua própria visão de mundo.
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    E nisso de construir o pensamento
    está a segunda chave: as conversas.
  • 9:04 - 9:08
    Faz tempo que sabemos também
    que para construir o pensamento,
  • 9:08 - 9:10
    o grande veículo é a linguagem.
  • 9:11 - 9:13
    Por isso é tão importante,
    quando conversamos com as crianças,
  • 9:13 - 9:16
    ajudá-las a colocarem
    em palavras o que pensam
  • 9:16 - 9:18
    e porque pensam isso.
  • 9:18 - 9:20
    E isso é importante, não apenas para nós,
  • 9:20 - 9:23
    para irmos medindo
    o que estão entendendo e o que não
  • 9:23 - 9:25
    e ajudá-las a partir daí.
  • 9:26 - 9:28
    Mas, especialmente, para elas,
  • 9:29 - 9:33
    porque para ganharem autonomia,
    para aprenderem a aprender,
  • 9:33 - 9:37
    as crianças precisam ir tomando
    consciência do que entendem
  • 9:37 - 9:39
    e do que ainda não entendem,
  • 9:40 - 9:42
    e de como se conecta o novo
    que estão aprendendo
  • 9:42 - 9:44
    com o que já sabiam antes.
  • 9:44 - 9:46
    Isso serve para todas as conversas,
  • 9:46 - 9:48
    mas um bom momento
    para fazer isso com as crianças
  • 9:48 - 9:50
    é, por exemplo, quando lemos para elas.
  • 9:51 - 9:55
    Em casa, quando lemos com as crianças,
    vamos parando para conversar;
  • 9:55 - 9:57
    para conversar sobre a história,
  • 9:57 - 10:00
    sobre como os personagens
    devem ter se sentido em cada parte,
  • 10:00 - 10:04
    para conversar se teríamos nos sentido
    da mesma forma na mesma situação.
  • 10:05 - 10:07
    Pensamos outros finais possíveis.
  • 10:07 - 10:09
    Por exemplo, o que aconteceria
  • 10:09 - 10:13
    se a Cinderela tivesse saído
    à meia-noite e meia do baile?
  • 10:14 - 10:17
    Ou pensamos se recomendariam
    esse livro a outras crianças.
  • 10:18 - 10:21
    O que diriam para que tivessem
    vontade de ler o livro?
  • 10:23 - 10:27
    Ou, por exemplo, vemos
    quem escreveu esses livros.
  • 10:28 - 10:31
    Já tínhamos lido outro livro
    desse autor ou autora?
  • 10:32 - 10:34
    Era parecido com esse
    que estamos lendo agora?
  • 10:36 - 10:38
    Ou vemos para quem foram
    dedicados os livros.
  • 10:38 - 10:40
    Outro dia, por exemplo, um livro dizia:
  • 10:40 - 10:43
    "A Toto, meu fiel
    companheiro de aventuras".
  • 10:43 - 10:44
    Quem era Toto?
  • 10:44 - 10:48
    Seu cachorro, seu irmão, seu melhor amigo?
  • 10:48 - 10:52
    E também fazemos isso para que as crianças
    se deem conta de que os livros,
  • 10:52 - 10:56
    e qualquer obra, como um filme,
    uma peça de teatro,
  • 10:56 - 11:00
    um quadro, uma invenção,
    não foram feitos por super-heróis,
  • 11:00 - 11:04
    mas por gente de carne e osso como elas.
  • 11:06 - 11:09
    Aprender pode ser bonito,
  • 11:09 - 11:12
    mas também pode ser muito frustrante,
    requer muito esforço,
  • 11:12 - 11:16
    porque, cedo ou tarde,
    vamos encontrar alguma situação
  • 11:16 - 11:18
    que nos custe, algo que não seja tão fácil
  • 11:18 - 11:20
    e vamos ter que continuar.
  • 11:20 - 11:23
    E para isso necessitamos estar motivados.
  • 11:24 - 11:27
    E aqui vem a terceira
    e última chave: os elogios.
  • 11:27 - 11:30
    E essa eu adoro, porque acho
    que é a mais fácil de implementar,
  • 11:30 - 11:32
    mas é a que todos nós
    fazemos ao contrário.
  • 11:35 - 11:36
    O que fazem as mães, os pais,
  • 11:36 - 11:40
    ainda mais os avós, quando as crianças
    fazem bem alguma coisa?
  • 11:40 - 11:42
    Elogiamos, não é?
  • 11:42 - 11:44
    Com as melhores intenções,
    queremos que ganhem confiança,
  • 11:44 - 11:46
    que estejam seguros, motivados,
  • 11:46 - 11:49
    e dizemos a elas coisas do tipo:
  • 11:49 - 11:52
    "Muito bem, você é superinteligente!"
  • 11:52 - 11:54
    ou: "Você é um gênio!"
  • 11:55 - 12:00
    Mas o que a pesquisa mostra
    é que nem todos os elogios ajudam.
  • 12:00 - 12:04
    E mais, que alguns até podem
    ser contraproducentes.
  • 12:05 - 12:08
    Hoje sabemos que quando elogiamos
    as crianças pelo seu talento,
  • 12:08 - 12:14
    por sua inteligência, as crianças
    começam a escolher coisas mais fáceis,
  • 12:15 - 12:17
    coisas que não as desafiem tanto,
  • 12:17 - 12:18
    escolhem o que é seguro.
  • 12:19 - 12:21
    Por um lado, porque não querem
    nos decepcionar,
  • 12:21 - 12:24
    mas também porque não querem
    decepcionar a si mesmas,
  • 12:24 - 12:27
    a imagem que estão
    construindo de si mesmas.
  • 12:28 - 12:31
    Por sorte, quando elogiamos
    seu esforço, acontece o contrário.
  • 12:31 - 12:33
    Por exemplo, se dizemos:
  • 12:33 - 12:35
    "Muito bem! Se nota que trabalhou muito",
  • 12:35 - 12:37
    ou: "Você praticou muito!",
  • 12:37 - 12:41
    as crianças continuam escolhendo
    coisas que as desafiem cada vez mais
  • 12:41 - 12:45
    porque as ajudamos a sentir
    que estão no controle do processo.
  • 12:47 - 12:50
    Ninguém controla
    o quão talentoso é em algo,
  • 12:50 - 12:53
    mas sim o quanto se esforça para realizar.
  • 12:54 - 12:58
    Em casa me tornei um pouco fanática
    com esses elogios de esforço
  • 12:58 - 12:59
    e meus filhos já me descobriram.
  • 12:59 - 13:02
    Então, quando fazem algo bem,
    costumam me olhar e dizer:
  • 13:02 - 13:04
    "Me esforcei muito, não é mamãe?"
  • 13:04 - 13:06

    (Risos)
  • 13:06 - 13:10
    Se pensarmos, despertar
    o amor por aprender
  • 13:10 - 13:13
    não é tão diferente de ser caçadores
  • 13:13 - 13:16
    à procura dessas oportunidades
  • 13:16 - 13:18
    em que podemos aprender
    junto com as crianças.
  • 13:19 - 13:20
    E não digo que seja tão fácil
  • 13:20 - 13:23
    e também não digo que podemos
    fazer isso o tempo todo.
  • 13:23 - 13:26
    Mas acredito que se fizermos,
    pelo menos, às vezes,
  • 13:26 - 13:29
    podemos fazer uma enorme diferença.
  • 13:30 - 13:34
    E eu descobri que isso gera
    momentos de encontro familiar
  • 13:35 - 13:37
    agradáveis, maravilhosos,
  • 13:37 - 13:41
    que são de longe meus momentos
    favoritos de todos esses anos,
  • 13:42 - 13:46
    e dos quais, espero, eles se lembrarão
    quando forem grandes.
  • 13:46 - 13:48
    e pensem na sua infância.
  • 13:50 - 13:54
    Por isso, da próxima vez
    que algum conhecido me perguntar:
  • 13:54 - 13:56
    "Para que escola
    devo mandar meus filhos?",
  • 13:57 - 13:58
    acho que já tenho a resposta.
  • 13:59 - 14:04
    Vou dizer a eles que a pergunta
    fundamental não é essa, é outra.
  • 14:05 - 14:07
    Vou dizer que a pergunta é:
  • 14:08 - 14:11
    "O que você responde aos seus filhos
    quando eles perguntam
  • 14:11 - 14:14
    como uma minhoca faz
    para respirar debaixo da terra?"
  • 14:14 - 14:16
    Obrigada!
  • 14:16 - 14:17
    (Aplausos)
Title:
Aprender em casa | Melina Furman | TEDxRíodelaPlata
Description:

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

A vontade de aprender é um combustível essencial da educação. Como podemos, então, despertar em nossos filhos o desejo de aprender? Melina Furman, educadora e mãe, nos conta como nas conversas que temos em casa podemos dar aos nossos filhos um presente que vão desfrutar por toda sua vida. Presenteia com essa palestra a todas as mães e pais que conheça. É professora da Universidade de San Andrés e pesquisadora do CONICET na área de educação. Pesquisa sobre como formar mentes curiosas e potencializar o pensamento crítico, desde o jardim de infância até que sejam adultos. É cofundadora da Expedição Ciência e do Mundo das Ideias. Coordena o curso de Inovadores Educativos do CIPPEC. Escreveu e conduziu o programa infantil "A casa da ciência" (Paka Paka). Seu último livro é "Educar mentes curiosas".

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Video Language:
Spanish
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
14:31

Portuguese, Brazilian subtitles

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