A coisa mais importante na luta contra a alteração climática: falar sobre isso
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0:01 - 0:05Foi o meu primeiro ano
de professora de ciência atmosférica -
0:05 - 0:06na Universidade Técnica do Texas.
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0:07 - 0:09Tínhamos mudado há pouco
para Lubbock, no Texas, -
0:09 - 0:11que tinha sido designada pouco tempo antes
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0:11 - 0:14como a segunda cidade
mais conservadora dos EUA. -
0:15 - 0:17Um colega meu pediu-me para eu participar
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0:17 - 0:19no seu curso de geologia
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0:19 - 0:21Eu disse: "Claro".
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0:21 - 0:24Mas, quando lá cheguei,
a sala de aulas era escura e lúgubre. -
0:24 - 0:27Enquanto eu falava da história
do ciclo do carbono, -
0:27 - 0:29desde o tempo geológico
até aos dias de hoje, -
0:29 - 0:33muitos dos alunos estavam recostados,
a dormitar ou a olhar para o telemóvel. -
0:34 - 0:38Terminei a minha intervenção
com um pedido otimista de perguntas. -
0:38 - 0:41Uma mão levantou-se de imediato.
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0:42 - 0:46Olhei para ele de modo encorajador,
ele levantou-se e, em voz alta, disse: -
0:46 - 0:48"É democrata, não é?"
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0:48 - 0:50(Risos)
-
0:50 - 0:53"Não", respondi, "Sou canadiana".
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0:53 - 0:55(Risos)
-
0:55 - 0:57(Aplausos)
-
1:01 - 1:03Foi esse o meu batismo de fogo
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1:03 - 1:07no que hoje é uma triste realidade
aqui nos EUA -
1:07 - 1:10e também, cada vez mais, no Canadá:
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1:10 - 1:12Estipula-se
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1:13 - 1:15que o facto de acreditarmos
que o clima está a mudar, -
1:15 - 1:17que os responsáveis
são os seres humanos -
1:17 - 1:21e que os efeitos são cada vez
mais graves, perigosos mesmo, -
1:21 - 1:24não tem nada a ver com os nossos
conhecimentos ou a sua inteligência -
1:24 - 1:28mas com a nossa posição
no espetro político. -
1:30 - 1:32Será que o termómetro
nos dá uma resposta diferente -
1:32 - 1:34consoante somos liberais
ou conservadores? -
1:34 - 1:36Claro que não.
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1:37 - 1:40Mas se o termómetro nos diz
que o planeta está a aquecer, -
1:41 - 1:43e que os seres humanos são responsáveis
-
1:43 - 1:45para resolver este problema,
-
1:45 - 1:49temos de abandonar os combustíveis
fósseis o mais depressa possível. -
1:50 - 1:53Eu sei que há pessoas
que preferiam cortar um braço -
1:53 - 1:55do que dar ao governo a oportunidade
-
1:55 - 1:58de perturbar a sua vida de conforto
e de lhes dizer o que devem fazer. -
1:59 - 2:02Mas dizer: "Pois, é um grande problema,
mas não quero resolvê-lo", -
2:02 - 2:06torna-nos no mau da fita
e ninguém quer ser o mau da fita. -
2:07 - 2:10Por isso, usamos argumentos como:
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2:10 - 2:12"É apenas um ciclo natural",
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2:12 - 2:13"É o sol".
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2:13 - 2:14Ou o meu preferido:
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2:14 - 2:17"Os cientistas do clima
querem é saber do dinheiro". -
2:17 - 2:18(Risos)
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2:19 - 2:21Oiço isto pelo menos uma vez por semana.
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2:23 - 2:26Mas são só cortinas de fumo
pseudocientíficas -
2:26 - 2:29que se destinam a esconder
a verdadeira razão para as objeções -
2:29 - 2:32que nada têm a ver com a ciência
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2:32 - 2:36e tudo a ver com a ideologia
e a identidade. -
2:37 - 2:39Quando ligamos a TV, atualmente,
-
2:39 - 2:42é vulgar ouvir o especialista X a dizer:
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2:42 - 2:45"Está frio lá fora, onde está
agora o aquecimento global?" -
2:45 - 2:46E o político Y diz:
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2:46 - 2:48"Por cada cientista que diz
que esta coisa é real, -
2:49 - 2:51"eu conheço outro que diz o contrário".
-
2:51 - 2:53Não surpreende pois que,
por vezes, sintamos -
2:53 - 2:56que parece que toda a gente
repete estes mitos. -
2:56 - 2:58Mas, quando olhamos para os dados
-
2:58 - 3:01— e o Programa de Yale
sobre Comunicação do Clima, -
3:01 - 3:04tem feito sondagens à opinião pública
por todo o país, há uma série de anos — -
3:04 - 3:08os dados mostram que 70%
das pessoas nos EUA -
3:08 - 3:10acreditam que o clima está a mudar.
-
3:10 - 3:14E 70% concordam também
que irá prejudicar plantas e animais -
3:14 - 3:16e irá prejudicar as gerações futuras.
-
3:17 - 3:21Mas, quando observamos mais fundo,
a teoria é posta à prova. -
3:22 - 3:26Só uns 60% das pessoas pensam
que afetará as pessoas nos EUA. -
3:27 - 3:31Só 40% de pessoas pensam
que nos afetará pessoalmente. -
3:33 - 3:36E quando perguntamos às pessoas:
"Costumam falar nisso?" -
3:37 - 3:41dois terços das pessoas
nos EUA dizem: "Nunca". -
3:43 - 3:46Pior ainda, quando dizemos:
"Ouvem os 'media' a falar nisto?" -
3:46 - 3:49mais de três quartos das pessoas
dizem que não. -
3:51 - 3:53É um círculo vicioso.
-
3:54 - 3:56O planeta está a aquecer.
-
3:56 - 3:57As ondas de calor estão mais fortes.
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3:57 - 3:59A chuva forte está mais frequente.
-
3:59 - 4:01Os furacões estão mais intensos.
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4:01 - 4:05Os cientistas publicam mais
um relatório cheio de desgraças. -
4:05 - 4:08Os políticos resistem mais fortemente,
-
4:08 - 4:11repetindo os mesmos mitos
pseudocientíficos. -
4:12 - 4:15O que podemos fazer
para quebrar este círculo vicioso? -
4:15 - 4:20A principal coisa que podemos fazer
é exatamente o que não estamos a fazer: -
4:20 - 4:22falar nisso.
-
4:23 - 4:25Podem dizer: "Mas eu não sou cientista.
-
4:25 - 4:28"Como é que posso falar
sobre forçamento radioativo -
4:28 - 4:31"ou sobre parametrização de nuvens
em modelos climáticos?" -
4:31 - 4:33Já não precisamos de falar em ciência,
-
4:33 - 4:36temos falado em ciência
durante mais de 150 anos. -
4:37 - 4:42Sabiam que já foi há 150 anos
ou mais, a partir da década de 1850, -
4:42 - 4:45que os cientistas do clima descobriram
-
4:45 - 4:48que a extração e queima
do carvão, do gás e do petróleo -
4:48 - 4:50estavam a produzir gases
que retinham o calor -
4:50 - 4:53que envolve o planeta
como um cobertor adicional? -
4:53 - 4:55Já sabemos isso há esse tempo todo.
-
4:55 - 4:57Foi há 50 anos que os cientistas
avisaram, pela primeira vez, -
4:58 - 4:59um presidente dos EUA,
-
4:59 - 5:00dos perigos da alteração climática.
-
5:00 - 5:03Esse presidente foi Lyndon B. Johnson.
-
5:04 - 5:06Mais ainda, as ciências sociais
ensinaram-nos -
5:06 - 5:09que, se as pessoas
construíram a sua identidade, -
5:09 - 5:13rejeitando um certo conjunto de factos,
-
5:13 - 5:17consideram como um ataque pessoal
a discussão sobre esses factos, -
5:18 - 5:20e isso leva-as a radicalizarem-se
-
5:20 - 5:23e a entrincheirar-se
em vez de construírem uma ponte. -
5:24 - 5:27Portanto, se não vale a pena
falar mais de ciência -
5:27 - 5:29ou se não precisamos
de falar mais sobre ciência, -
5:29 - 5:31de que é que devemos falar?
-
5:31 - 5:33O mais importante a fazer é,
-
5:33 - 5:36em vez de nos basearmos na cabeça
com todos os dados e os factos, -
5:36 - 5:39basearmo-nos no coração,
-
5:39 - 5:42começar por falar daquilo
que nos é importante, -
5:44 - 5:47começar com valores
genuinamente partilhados. -
5:48 - 5:49Somos ambos pais?
-
5:49 - 5:52Vivemos na mesma comunidade?
-
5:52 - 5:54Gostamos das mesmas
atividades ao ar livre, -
5:54 - 5:58passear, andar de bicicleta,
pescar ou caçar? -
5:58 - 6:01Preocupamo-nos com a economia
ou a segurança social? -
6:02 - 6:06Para mim, uma das formas mais importantes
que encontrei para contactar as pessoas -
6:06 - 6:07foi através da minha fé.
-
6:07 - 6:11Enquanto cristã, creio que Deus criou
este planeta incrível em que vivemos -
6:11 - 6:15e deu-nos a responsabilidade
de todos os seres vivos que ele contém. -
6:15 - 6:18Além disso, creio que devemos
cuidar e amar -
6:18 - 6:20os menos afortunados entre nós,
-
6:20 - 6:23os que já sofrem os impactos da pobreza,
-
6:23 - 6:25da fome, das doenças e de outros males.
-
6:25 - 6:29Se não souberem quais são
os valores que as pessoas têm, -
6:29 - 6:33tenham uma conversa, tentem conhecê-las,
descubram o que é que as faz vibrar. -
6:34 - 6:35Depois disso,
-
6:36 - 6:41basta juntar os pontinhos
entre os valores que elas já têm -
6:41 - 6:44e porque é que se devem preocupar
com uma mudança de clima. -
6:44 - 6:48Creio firmemente, ao fim
de milhares de conversas que tenho tido, -
6:48 - 6:50nos últimos dez anos ou mais,
-
6:50 - 6:51que quase todas as pessoas no mundo
-
6:51 - 6:53já possuem os valores necessários
-
6:53 - 6:55para se preocuparem
com a alteração climática, -
6:55 - 6:58Só que ainda não juntaram os pontinhos.
-
6:58 - 7:01É isto que podemos fazer
nas nossas conversas com elas. -
7:02 - 7:04A única razão por que me preocupo
com a alteração climática -
7:04 - 7:07é por causa daquilo que já sou.
-
7:07 - 7:10Sou mãe, por isso preocupo-me
com o futuro do meu filho. -
7:10 - 7:13Vivo no Texas Ocidental
onde a água já é escassa -
7:13 - 7:16e a mudança do clima está a ter impacto
na disponibilidade dessa água. -
7:17 - 7:19Sou cristã, preocupo-me com
a mudança de clima -
7:19 - 7:22porque ela é,
como os militares lhe chamam, -
7:22 - 7:23um "multiplicador de ameaças".
-
7:23 - 7:25Agarra em problemas
-
7:25 - 7:29como a pobreza e a fome e a doença,
a falta de acesso a água potável, -
7:29 - 7:32e até as crises políticas
que levam a crises de refugiados, -
7:32 - 7:37agarra em todos estes problemas
e exacerba-os, torna-os piores. -
7:37 - 7:39Eu não sou Rotária,
-
7:39 - 7:41mas quando fiz a primeira palestra
no Clube Rotário, -
7:41 - 7:46entrei e eles tinham um cartaz gigante
com o Teste das Quatro Perguntas. -
7:47 - 7:48"É verdade?"
-
7:48 - 7:50Sem dúvida nenhuma.
-
7:50 - 7:51"É justo?" Nem pensar,
-
7:51 - 7:54é o que mais me preocupa
na alteração climática, -
7:54 - 7:55porque é totalmente injusto.
-
7:55 - 7:58São os que menos contribuem
para este problema -
7:58 - 8:00que sofrem os impactos mais pesados.
-
8:00 - 8:01As perguntas continuavam:
-
8:01 - 8:03"Será benéfico para todos,
criará boa vontade?" -
8:03 - 8:05Bom, será certamente,
se o resolvêssemos. -
8:05 - 8:10Agarrei na minha palestra e reorganizei-a
segundo o Teste das Quatro Perguntas -
8:10 - 8:13e depois fi-la a um grupo
de pessoas conservadoras -
8:13 - 8:15no Texas Ocidental.
-
8:15 - 8:17Nunca esquecerei que, no fim,
-
8:18 - 8:22um banqueiro local veio ter comigo
com um ar estupefacto no rosto e disse: -
8:22 - 8:25"Sabe, eu não tinha a certeza
quanto a esta coisa do aquecimento global, -
8:25 - 8:28"mas passei o Teste das Quatro Perguntas".
-
8:28 - 8:30(Risos)
-
8:30 - 8:32(Aplausos)
-
8:38 - 8:41Mas esses valores têm de ser genuínos.
-
8:41 - 8:44Eu fiz uma palestra numa faculdade cristã
há uma série de anos -
8:44 - 8:48e, no final da palestra, um colega meu,
cientista, veio ter comigo e disse: -
8:48 - 8:49"Preciso de ajuda.
-
8:49 - 8:52"Há muito que me esforço
por meter o pé -
8:52 - 8:54"nas nossas igrejas locais,
-
8:54 - 8:56"mas não consigo obter ligação.
-
8:57 - 8:59"Queria falar-lhes da importância
da alteração climática". -
8:59 - 9:01Eu disse-lhe: "O melhor que tens a fazer
-
9:01 - 9:04"é começar por dizeres
de que congregação fazes parte -
9:04 - 9:07"porque partilhas a maior parte
dos valores com essas pessoas. -
9:07 - 9:09"Que tipo de igreja é que frequentas?"
-
9:09 - 9:12"Eu não frequento nenhuma igreja,
eu sou ateu"— disse ele. -
9:12 - 9:13(Risos)
-
9:13 - 9:16E eu: "Bom, nesse caso,
talvez não seja a melhor ideia -
9:16 - 9:18"começar com uma comunidade religiosa.
-
9:18 - 9:21"Vamos pensar no que é que gostas
de fazer, em que é que te envolves". -
9:21 - 9:23Conseguimos identificar
um grupo da comunidade -
9:23 - 9:26de que ele fazia parte,
por onde ele podia começar. -
9:26 - 9:29Não temos de ser um ambientalista liberal
-
9:29 - 9:31para nos preocuparmos
com a mudança do clima. -
9:31 - 9:35Basta sermos humanos
que vivem neste planeta, -
9:35 - 9:37porque, seja onde for que vivamos,
-
9:37 - 9:41a mudança do clima já
nos estar a afetar hoje. -
9:43 - 9:44Se vivemos perto da costa,
-
9:44 - 9:49em muitos locais já assistimos
a inundações costeiras. -
9:50 - 9:53Se vivemos na América do Norte ocidental,
-
9:53 - 9:56já estamos a ver áreas muito maiores
a arder em incêndios selvagens. -
9:57 - 9:59Se vivemos numa localidade costeira,
-
9:59 - 10:02desde o Golfo do México
ao sul do Pacífico, -
10:02 - 10:06já estamos a assistir a furacões,
tufões e ciclones mais fortes, -
10:06 - 10:08alimentados por um oceano mais quente.
-
10:08 - 10:10Se vivemos no Texas, ou na Síria,
-
10:10 - 10:13estamos a ver a alteração climática
reforçar as secas, -
10:13 - 10:16tornando-as mais frequentes
e mais graves. -
10:16 - 10:20Onde quer que vivamos, já estamos
a ser afetados por um clima em mudança. -
10:20 - 10:22Podem dizer: "Ok, isso é bom.
Podemos falar dos impactos. -
10:22 - 10:26"Podemos assustar as pessoas
porque isto é uma coisa grave". -
10:26 - 10:29E é, podem crer,
eu sou cientista, eu sei. -
10:29 - 10:30(Risos)
-
10:30 - 10:34Mas não é o medo que nos vai motivar
-
10:34 - 10:36a uma mudança a longo prazo, sustentada,
-
10:36 - 10:39de que precisamos para resolver as coisas.
-
10:39 - 10:42O medo é o que nos ajuda
a fugir de um urso -
10:42 - 10:46ou a correr mais depressa
do que a pessoa que vem atrás de nós. -
10:46 - 10:47(Risos)
-
10:47 - 10:52Para resolver esta coisa,
precisamos de esperança racional. -
10:53 - 10:56É imperativo reconhecer
o que está em jogo. -
10:57 - 10:58Claro que reconhecemos,
-
10:59 - 11:02mas precisamos de uma visão
para um futuro melhor, -
11:03 - 11:06um futuro com energia abundante,
-
11:06 - 11:08com uma economia estável,
-
11:08 - 11:10com recursos acessíveis a toda a gente,
-
11:10 - 11:15em que a nossa vida não seja pior,
mas melhor do que a que temos hoje. -
11:16 - 11:18Há soluções.
-
11:18 - 11:22É por isso que a segunda coisa
mais importante de que temos de falar -
11:22 - 11:28são as soluções — praticáveis, viáveis,
acessíveis, atraentes. -
11:29 - 11:31Como o quê?
-
11:31 - 11:33Não há soluções mágicas,
-
11:33 - 11:35mas há muitas soluções milagrosas.
-
11:36 - 11:37(Risos)
-
11:39 - 11:41Há soluções simples
que poupam dinheiro -
11:41 - 11:44e reduzem a nossa pegada de carbono
simultaneamente. -
11:44 - 11:46Por exemplo, as lâmpadas incandescentes.
-
11:46 - 11:48Adoro o meu carro elétrico.
-
11:48 - 11:50Gostaria de ter um telhado solar.
-
11:50 - 11:55Mas imaginem se cada casa
tivesse um interruptor na porta da rua -
11:55 - 11:59que, quando saíssemos de casa,
desligasse tudo, exceto o frigorífico -
11:59 - 12:01— e talvez o gravador de vídeo.
-
12:01 - 12:02(Risos)
-
12:02 - 12:04Escolhas de estilo de vida:
comer produtos locais, -
12:04 - 12:07comer na base da cadeia alimentar
-
12:07 - 12:10e reduzir os desperdícios alimentares
que, a nível mundial, -
12:10 - 12:14é uma das coisas mais importantes
a fazer para resolver este problema. -
12:15 - 12:16Sou cientista do clima
-
12:16 - 12:18por isso, para mim é uma ironia viajar
-
12:19 - 12:22para falar com as pessoas
sobre um clima em mudança -
12:22 - 12:24(Risos)
-
12:24 - 12:26A maior parte da minha
pegada de carbono pessoal -
12:26 - 12:28são as minhas viagens.
-
12:28 - 12:31É por isso que eu escolho
cuidadosamente os meus convites. -
12:31 - 12:33Normalmente, não vou a nenhum lugar
-
12:33 - 12:36a não ser que haja uma massa crítica
de convites para um local -
12:36 - 12:38— pelo menos três ou quatro
-
12:38 - 12:41por vezes, mesmo 10 ou 15 palestras
num determinado local — -
12:41 - 12:44para minimizar o impacto
da minha pegada de carbono, -
12:44 - 12:46tanto quanto possível.
-
12:46 - 12:50Passei quase três quartos
das palestras que faço para vídeo. -
12:50 - 12:53As pessoas dizem, muitas vezes:
"Nunca fizemos isso". -
12:54 - 12:57Mas eu digo: "Toca a experimentar.
Penso que pode funcionar". -
12:59 - 13:01Mas, sobretudo, precisamos de falar
-
13:01 - 13:05sobre o que já está a acontecer
hoje, pelo mundo fora -
13:05 - 13:07e o que poderá acontecer no futuro.
-
13:07 - 13:09Eu vivo no Texas,
-
13:09 - 13:13e o Texas tem as emissões de carbono
mais altas de qualquer estado dos EUA. -
13:13 - 13:16Podem dizer: "O que é que nos pode
dizer sobre o Texas?" -
13:16 - 13:18A resposta é: muita coisa.
-
13:19 - 13:24Sabiam que, no Texas,
há mais de 25 000 postos de trabalho -
13:24 - 13:26na indústria da energia eólica?
-
13:26 - 13:28Quase já chegámos aos 20%
da nossa eletricidade -
13:29 - 13:32a partir de fontes limpas, renováveis,
sobretudo da energia eólica, -
13:32 - 13:34embora a energia solar
esteja a aumentar rapidamente. -
13:34 - 13:36A maior base do exército
nos EUA, o Fort Hood, -
13:36 - 13:38claro, situa-se no Texas.
-
13:38 - 13:42Neste momento, é alimentada
por energia eólica e solar, -
13:42 - 13:45poupando aos contribuintes
mais de 150 milhões de dólares. -
13:46 - 13:47Sim.
-
13:47 - 13:50(Aplausos)
-
13:53 - 13:56E quanto aos que não têm
os recursos que nós temos? -
13:56 - 13:59Na África subsaariana, há centenas
de milhões de pessoas -
13:59 - 14:02que não têm acesso a qualquer tipo
de energia, a não ser o petróleo -
14:02 - 14:04que é muito caro.
-
14:04 - 14:05Por todo o mundo,
-
14:05 - 14:10o tipo da nova energia
de crescimento mais rápido é a solar. -
14:11 - 14:14Eles têm grande abundância de sol.
-
14:15 - 14:18Os investidores de impacto social,
sem fins lucrativos, empresas até, -
14:19 - 14:23estão a ir para lá e a usar
novos esquemas de microfinanciamento -
14:23 - 14:25como, vão pagando como puderem,
-
14:25 - 14:28para as pessoas poderem comprar
a energia de que precisam, -
14:28 - 14:30por vezes até para os telemóveis.
-
14:30 - 14:33Uma empresa, a Azuri,
distribuiu dezenas de milhares de unidades -
14:33 - 14:36por 11 países, do Ruanda ao Uganda.
-
14:37 - 14:39Calculam que abasteceram de energia
-
14:39 - 14:41mais de 30 milhões
de horas de eletricidade -
14:41 - 14:44e mais de 10 milhões de horas
de carregamento de telemóveis. -
14:45 - 14:48E quanto às economias
de crescimento gigantesco -
14:48 - 14:49da China e da Índia?
-
14:50 - 14:53Os impactos climáticos podem
parecer ainda um pouco distantes -
14:53 - 14:56mas os impactos sobre a qualidade do ar
já estão presentes atualmente. -
14:56 - 15:00Eles sabem que a energia limpa
é essencial para alimentar o futuro. -
15:00 - 15:04Por isso, a China está a investir centenas
de milhares de milhões de dólares -
15:04 - 15:06em energia limpa.
-
15:06 - 15:08Estão a inundar as minas de carvão
-
15:08 - 15:10e estão a pôr painéis solares
a flutuar à superfície delas. -
15:10 - 15:13Também têm uma quinta solar
com a forma de um panda. -
15:13 - 15:15(Risos) (Aplausos)
-
15:15 - 15:17Sim, continuam a queimar carvão
-
15:17 - 15:20mas fecharam as centrais
de carvão em volta de Pequim. -
15:21 - 15:23Na Índia, estão a tentar substituir
-
15:23 - 15:27250 milhões de lâmpadas
incandescentes por LED -
15:27 - 15:30o que lhes poupará 7000 milhões
de dólares em custos de energia. -
15:31 - 15:34Estão a investir
em postos de trabalho verdes -
15:34 - 15:37e estão a tentar descarbonizar
toda a frota de veículos. -
15:37 - 15:40A Índia poderá ser o primeiro
país a industrializar -
15:40 - 15:43sem depender sobretudo
dos fósseis combustíveis. -
15:44 - 15:46O mundo está a mudar.
-
15:46 - 15:49Mas não está a mudar
suficientemente depressa. -
15:49 - 15:51Demasiadas vezes, vemos este problema
-
15:51 - 15:54como um gigantesco rochedo
na base duma colina -
15:54 - 15:57e poucas mãos a tentar
rebolá-lo pela colina acima. -
15:57 - 16:00Na realidade, esse rochedo
já está no cume da colina. -
16:00 - 16:03E há centenas de milhões de mãos,
talvez milhares de milhões, -
16:03 - 16:04a empurrá-lo para baixo.
-
16:04 - 16:07Mas não é suficientemente depressa.
-
16:07 - 16:10Como é que aceleramos
esse gigantesco rochedo -
16:10 - 16:13para podermos resolver
a mudança do clima a tempo? -
16:13 - 16:14Já sabem.
-
16:14 - 16:17O principal é falar sobre isso.
-
16:18 - 16:20O essencial é isto:
-
16:21 - 16:25A alteração climática afeta-nos a todos,
aqui, neste momento, -
16:25 - 16:27nos locais em que vivemos.
-
16:29 - 16:32Mas, se trabalharmos em conjunto,
podemos resolvê-la. -
16:32 - 16:34Claro, é um problema assustador.
-
16:34 - 16:36Ninguém sabe, melhor do que nós,
cientistas do clima. -
16:37 - 16:39Mas não podemos cair no desespero.
-
16:39 - 16:43Temos de ir para a rua e procurar
ativamente a esperança de que precisamos -
16:43 - 16:45que nos inspire a agir.
-
16:45 - 16:50Essa esperança começa
com uma conversa, hoje. -
16:51 - 16:52Obrigada.
-
16:52 - 16:55(Aplausos)
- Title:
- A coisa mais importante na luta contra a alteração climática: falar sobre isso
- Speaker:
- Katharine Hayhoe
- Description:
-
Como havemos de falar com alguém que não acredite na alteração climática? Não é repetindo os mesmos dados e factos que andamos a apresentar há anos, diz Katharine Hayhoe, cientista do clima. Nesta palestra pragmática e inspiradora, Hayhoe mostra como o segredo para uma verdadeira conversa é ligarmo-nos a valores partilhados como a família, a comunidade e a religião — e levar as pessoas a perceber que já se preocupam com a alteração do clima. "Não podemos cair no desespero" — diz ela. "Temos que ir para a rua e procurar a esperança de que precisamos para nos inspirar a agir — e essa esperança começa com uma conversa, hoje".
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 17:11