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Dharma Talk: Living in the World with Your Heart Undisturbed | Dr. Larry Ward

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    (O sino toca duas vezes)
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    Que maravilhoso estarmos juntos. Saúde!
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    Isso foi o Larry, a espirrar.
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    Vamos começar por chegar aqui.
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    Como foi o teu dia, hmm?
  • 0:27 - 0:30
    Encontra agora o teu lugar na cadeira.
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    Vamos começar com um pequeno momento
    de ligação ao nervo vago,
  • 0:34 - 0:37
    então talvez possamos apenas
    aquecer as mãos enquanto nos acomodamos.
  • 0:37 - 0:41
    E como foi o nosso dia?
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    Olá corpo.
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    Estou aqui, a dar algum calor.
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    E agora vamos apenas esfregar as orelhas
    e fazer pequenos círculos para cima.
  • 0:56 - 0:58
    Vamos fazer em ambas as direções,
    mas sem pressionar,
  • 0:58 - 1:03
    apenas respirando
    e fazendo um círculo suave e geral.
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    A respirar, a acalmar.
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    Certifica-te de que vais nas duas direções.
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    Pés no chão para muitos de nós,
    e rabo na cadeira.
  • 1:28 - 1:30
    E agora, se conseguires puxar ligeiramente as orelhas,
  • 1:30 - 1:31
    sem magoá-las,
  • 1:31 - 1:34
    apenas um puxão suave para os lados.
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    E ao mesmo tempo,
    esfregando ligeiramente as orelhas.
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    A minha mãe tinha orelhas auspiciosas.
  • 1:48 - 1:51
    Um dos sinais de um Buda
    são os lóbulos longos.
  • 1:53 - 1:55
    A comunidade vietnamita adorava a minha mãe.
  • 1:57 - 2:00
    Ela não precisava de fazer nada
    a não ser ter aquelas orelhas,
  • 2:00 - 2:02
    por isso lembro-me sempre das orelhas dela
    quando faço isto.
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    Eu não herdei totalmente
    esse sinal auspicioso.
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    Pois, então continua a esfregar as orelhas.
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    E agora voltamos a esfregar um pouco as mãos.
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    Vamos colocar as mãos sobre os olhos
    e respirar pelo menos três vezes.
  • 2:30 - 2:34
    Depois movemos as mãos até à mandíbula,
    o mesmo, pelo menos três respirações.
  • 2:40 - 2:43
    As crianças com quem trabalho
    chamam a isto a “posição oh meu Deus”.
  • 2:45 - 2:47
    Mas para nós,
    é mesmo sentir o calor na mandíbula.
  • 2:52 - 2:54
    Agora movemos as mãos até ao coração.
  • 3:04 - 3:08
    Vamos pôr uma mão na barriga
    e a outra fica no coração,
  • 3:08 - 3:10
    com uma ligeira inclinação do corpo.
  • 3:27 - 3:29
    Vamos repetir isso.
  • 3:29 - 3:31
    Pelo menos três respirações sobre os olhos.
  • 3:34 - 3:37
    E repara, talvez notes
    que o teu corpo se vai acomodando.
  • 3:44 - 3:47
    E podemos falar com o nosso nervo vago:
    "Olá, nervo vago".
  • 3:52 - 3:55
    Depois voltamos à mandíbula,
    à “posição oh meu Deus”.
  • 4:09 - 4:11
    Depois o coração.
  • 4:24 - 4:26
    E depois uma mão na barriga
    e outra no coração.
  • 4:42 - 4:45
    E mais uma vez,
    mãos sobre os olhos.
  • 4:50 - 4:52
    A enviar energia de luz,
    de bondade amorosa,
  • 4:54 - 4:55
    a dar um descanso aos teus olhos.
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    Depois a mandíbula.
  • 5:17 - 5:18
    Depois o coração.
  • 5:29 - 5:31
    E depois coração e barriga.
  • 5:47 - 5:49
    Agora podes decidir
    se queres manter as mãos aí,
  • 5:49 - 5:52
    ou simplesmente tirá-las lentamente.
  • 5:53 - 5:55
    Eu vou manter as minhas aqui.
  • 5:59 - 6:02
    E agora vamos fazer
    um pouco mais de enraizamento, para começar.
  • 6:03 - 6:07
    Conscientes da energia vertical
    que atravessa o nosso corpo, da Terra ao céu.
  • 6:20 - 6:22
    Conscientes da linha central do corpo.
  • 6:23 - 6:28
    E sentir-te na tua altura completa,
    mesmo estando sentado,
  • 6:30 - 6:32
    como se a tua cabeça tocasse as nuvens.
  • 6:35 - 6:37
    O nosso coração eleva-se ligeiramente.
  • 6:40 - 6:43
    Às vezes os ombros
    lembram-se de relaxar.
  • 6:53 - 6:58
    E agora conscientes da energia horizontal,
    as “costuras” laterais do corpo,
  • 6:59 - 7:01
    os lados dos pés, das ancas, dos ombros,
  • 7:08 - 7:10
    e à medida que respiramos e sintonizamos,
  • 7:10 - 7:13
    isto é o que nos liga
    energeticamente uns aos outros,
  • 7:15 - 7:17
    enquanto criamos um espaço seguro e bonito,
  • 7:23 - 7:25
    liga-nos a pessoas,
    animais, plantas e minerais,
  • 7:35 - 7:41
    e à comunidade milagrosa e querida
    que se reuniu neste momento.
  • 7:50 - 7:52
    E agora, conscientes da profundidade do nosso corpo.
  • 7:53 - 7:57
    Ajuda-me inclinar-me um pouco para trás
    até à pélvis
  • 7:57 - 8:02
    e conectar-me verdadeiramente
    com toda a parte de trás do corpo.
  • 8:04 - 8:05
    Ombros, coluna, rabo.
  • 8:30 - 8:33
    Agora sintoniza com o corpo inteiro,
    a forma do corpo,
  • 8:34 - 8:36
    o espaço que ocupas na sala.
  • 8:56 - 8:58
    E faz-te três perguntas:
  • 8:58 - 9:00
    Sinto-me seguro?
  • 9:07 - 9:10
    E se não te sentes,
    abre suavemente os olhos e vira-te ligeiramente,
  • 9:11 - 9:14
    para poderes olhar em todas as direções.
  • 9:20 - 9:24
    Consciente do espaço onde estás e da segurança.
  • 9:31 - 9:32
    Sinto-me confortável?
  • 9:34 - 9:36
    O teu corpo dir-te-á.
  • 9:47 - 9:48
    Estou presente?
  • 9:50 - 9:52
    E essa pergunta é feita com objetividade,
  • 9:52 - 9:58
    sem julgamento,
    apenas: estou aqui, mesmo aqui?
  • 10:18 - 10:22
    E agora convida o teu corpo a relaxar
    e a acomodar-se ainda mais.
  • 10:22 - 10:27
    Não há nada que precises de fazer,
    nenhum lugar para onde ir.
  • 10:48 - 10:58
    (O sino toca duas vezes)
  • 11:00 - 11:04
    É um prazer estar contigo,
    pela primeira vez ou não.
  • 11:06 - 11:13
    Espero que estejas bem neste dia.
  • 11:15 - 11:17
    Quero começar com um poema para ti:
  • 11:20 - 11:21
    O pó das estrelas está a cair,
  • 11:23 - 11:29
    a cair sobre os sábios e os tolos,
    os esperançosos e os desanimados,
  • 11:30 - 11:35
    e ainda assim,
    a floresta à porta da minha casa sorri.
  • 11:37 - 11:42
    Lembro-me agora,
    da profundidade do oceano do esquecimento.
  • 11:44 - 11:46
    Continuo a ser puxado para longe
    do momento presente,
  • 11:48 - 11:52
    pela melancolia do passado,
  • 11:52 - 11:55
    ou pela ansiedade do futuro.
  • 11:57 - 12:02
    Reconheço-me e a minha jornada
    até ao fundo deste oceano,
  • 12:02 - 12:07
    o esquecimento torna-se
    um véu sagrado que se levanta.
  • 12:08 - 12:10
    Encontro a caverna do dragão azul.
  • 12:12 - 12:15
    Entro nos meus sentimentos
    de admiração e incerteza,
  • 12:16 - 12:18
    que estão comigo.
  • 12:19 - 12:21
    Avanço com destemor.
  • 12:26 - 12:36
    Destemor, destemor,
    no caminho do Bodhisattva.
  • 12:42 - 12:52
    Esta partilha de hoje à noite
    é inspirada pelo discurso sobre o amor
  • 12:54 - 12:56
    no livro de cânticos de Plum Village.
  • 12:56 - 12:59
    Existem outras versões deste discurso
    por todo o Budismo,
  • 13:00 - 13:02
    mas esta é a que está
    no livro de cânticos de Plum Village,
  • 13:03 - 13:04
    que vou ler-te agora:
  • 13:07 - 13:10
    Qualquer pessoa que deseje alcançar a paz
  • 13:11 - 13:18
    deve praticar ser reta, humilde,
    e capaz de usar a fala amorosa.
  • 13:20 - 13:23
    Saberá viver de forma simples e feliz,
  • 13:25 - 13:26
    com os sentidos calmos,
  • 13:27 - 13:33
    sem cobiça nem se deixar levar
    pelas emoções da maioria.
  • 13:35 - 13:38
    Que não façam nada
  • 13:39 - 13:40
    que os sábios desaprovem.
  • 13:42 - 13:44
    E é isto que contemplam:
  • 13:45 - 13:47
    Que todos sejam felizes e seguros,
  • 13:48 - 13:50
    que os seus corações estejam cheios de alegria,
  • 13:51 - 13:55
    que todos os seres vivam
    em segurança e em paz,
  • 13:57 - 14:02
    sejam frágeis ou fortes,
    altos ou baixos, grandes ou pequenos,
  • 14:03 - 14:08
    visíveis ou invisíveis,
    próximos ou distantes,
  • 14:08 - 14:11
    já nascidos ou ainda por nascer.
  • 14:12 - 14:15
    Que todos eles habitem
    em perfeita tranquilidade.
  • 14:19 - 14:21
    Que ninguém cause mal a ninguém.
  • 14:22 - 14:25
    Que ninguém ponha em perigo a vida de outro.
  • 14:26 - 14:31
    Que ninguém, por raiva ou má vontade,
    deseje o mal a outro ser.
  • 14:33 - 14:35
    Assim como um pai ou mãe
    ama e protege o seu filho
  • 14:35 - 14:37
    mesmo com a própria vida,
  • 14:38 - 14:43
    devemos cultivar um amor sem limites
    para oferecer a todos os seres vivos,
  • 14:45 - 14:47
    em todo o cosmos.
  • 14:48 - 14:51
    Devemos deixar que o nosso amor sem limites
    penetre todo o universo:
  • 14:52 - 14:55
    acima, abaixo e em todas as direções.
  • 14:56 - 14:58
    O nosso amor não conhecerá obstáculos.
  • 14:58 - 15:03
    O nosso coração estará completamente livre
    de ódio e inimizade,
  • 15:04 - 15:08
    estejamos de pé, a andar, sentados ou deitados,
  • 15:09 - 15:11
    enquanto estivermos despertos,
  • 15:11 - 15:15
    devemos manter viva
    esta atenção plena do amor
  • 15:15 - 15:17
    no nosso próprio coração.
  • 15:18 - 15:21
    Esta é a forma mais nobre de viver.
  • 15:23 - 15:27
    Livre de visões erradas,
    cobiça e desejos sensuais,
  • 15:28 - 15:32
    vivendo em beleza,
    e realizando a compreensão perfeita.
  • 15:33 - 15:40
    Aqueles que praticam o amor sem limites
    certamente transcenderão o nascimento e a morte.
  • 15:46 - 15:52
    Então esta palestra, cada palestra organiza-se
    como quer,
  • 15:52 - 15:54
    tal como escrever um poema.
  • 15:54 - 15:56
    Por isso eu apenas sigo,
    de certa forma, o que está a acontecer,
  • 15:56 - 16:00
    e esta palestra organizou-se
    em doze pontos,
  • 16:01 - 16:03
    o que achei interessante.
  • 16:04 - 16:09
    E por isso vou começar já,
    com uma declaração geral de contexto.
  • 16:12 - 16:18
    A capacidade de viver no mundo
    com o coração imperturbável pelo mundo
  • 16:20 - 16:27
    não é uma capacidade de se esconder,
    é uma capacidade de abraçar.
  • 16:31 - 16:35
    Não só o mundo inteiro é um palco,
    como já foi dito antes,
  • 16:36 - 16:38
    mas também a nossa própria mente.
  • 16:40 - 16:43
    É todo um palco:
    esse é o primeiro ponto a lembrar,
  • 16:43 - 16:46
    e com o qual estou a aprender,
    repetidamente, a praticar.
  • 16:46 - 16:55
    Quando me deparo com qualquer forma de média,
    informação, texto, livro,
  • 16:56 - 17:03
    qualquer fluxo de dados
    que entre na minha consciência e no meu corpo,
  • 17:04 - 17:05
    precisamos de nos lembrar
  • 17:05 - 17:08
    que esses fluxos de dados
    não impactam apenas os nossos pensamentos,
  • 17:09 - 17:14
    impactam a nossa neurologia,
    as nossas hormonas, os nossos equilíbrios químicos,
  • 17:17 - 17:20
    mas o que aprendi,
    depois de perceber que
  • 17:25 - 17:28
    a informação que recebo
    vem de uma personagem num palco
  • 17:28 - 17:33
    na mente dessa pessoa,
    ou na mente dessa instituição,
  • 17:34 - 17:36
    é que é importante eu lembrar-me
  • 17:36 - 17:42
    de que é a minha mente a encontrar essa mente,
    e essa mente a encontrar a minha mente.
  • 17:44 - 17:45
    Teatro.
  • 17:46 - 17:49
    Se quiserem aprofundar
    os ensinamentos sobre isto,
  • 17:49 - 17:51
    podem procurar
    a tese de mestrado do Thích Nhất Hạnh
  • 17:51 - 17:53
    sobre o Budismo Yogachara,
  • 17:54 - 17:59
    mas, em resumo, é isto:
  • 17:59 - 18:02
    nada pode acontecer
    sem a nossa mente estar envolvida
  • 18:02 - 18:03
    (Risos)
  • 18:03 - 18:04
    no processo,
  • 18:05 - 18:07
    do que sai ou do que entra.
  • 18:08 - 18:10
    É impossível.
  • 18:10 - 18:16
    Também é impossível atingir
    uma espécie de pureza nos dados.
  • 18:17 - 18:22
    Quando eu estudava e aprendia
    Sânscrito e Pali para traduzir sutras,
  • 18:23 - 18:27
    aprendi que tudo o que estás a traduzir
    já foi traduzido pelo menos sete vezes
  • 18:27 - 18:33
    antes de chegares a traduzir.
  • 18:34 - 18:39
    E muitos de nós
    olhamos para as palavras como se fossem sólidas.
  • 18:41 - 18:48
    As nossas palavras estão cheias do universo
    e podem conter todo o tipo de energia.
  • 18:49 - 18:51
    O segundo ponto que quero referir
  • 18:51 - 18:55
    sobre como interajo
    com dados, notícias, média
  • 18:55 - 18:58
    —e eu vejo notícias, todos os dias—
  • 18:59 - 19:04
    é que é uma disciplina para mim
    ouvir o mundo.
  • 19:05 - 19:08
    Parte do meu voto para comigo sempre foi,
  • 19:08 - 19:12
    antes mesmo de saber que era um voto,
    não me esconder do sofrimento.
  • 19:13 - 19:15
    Nem do meu, nem do teu.
  • 19:17 - 19:20
    Por isso, todos os dias
    faço uma viagem pelo planeta
  • 19:20 - 19:22
    com as notícias que consigo encontrar,
  • 19:24 - 19:26
    e o que tenho vindo a aprender é
  • 19:28 - 19:31
    que quando observo a voz de outra pessoa,
  • 19:31 - 19:36
    a dor de outra pessoa, celebração,
    avanço, colapso,
  • 19:37 - 19:39
    apresentados a mim sob forma de dados,
  • 19:40 - 19:45
    é uma oportunidade para eu experienciar
    mais conhecimento sobre o Larry.
  • 19:47 - 19:51
    Sei que todos fomos condicionados
    para pensar que estamos a ouvir o outro,
  • 19:52 - 19:56
    mas na verdade (Risos)
    estamos a ouvir a nós mesmos.
  • 19:57 - 19:59
    E então a primeira coisa
    sobre compreender
  • 20:01 - 20:04
    como permanecer imperturbável
    com o mundo e a sua natureza
  • 20:05 - 20:14
    —neste momento de visões densas,
    cacofonia de opiniões em que vivemos—
  • 20:15 - 20:18
    é perceber que é tudo mente.
  • 20:20 - 20:24
    Não há nada sólido ali,
    a não ser que acreditemos que há.
  • 20:25 - 20:30
    É informação: é um fluxo da vida.
  • 20:34 - 20:37
    E a terceira coisa que tenho vindo a aprender
    à luz disto
  • 20:37 - 20:39
    é estar consciente da minha própria agenda.
  • 20:40 - 20:44
    Quando vejo um noticiário,
    ou uma atualização, ou um documentário,
  • 20:45 - 20:52
    aprendi a prestar atenção
    a onde isso impacta o meu sistema nervoso.
  • 20:54 - 20:59
    A música, os sons,
    o drama, a coreografia,
  • 20:59 - 21:03
    seja num noticiário,
    num filme ou numa série.
  • 21:04 - 21:08
    Presto atenção a como isso impacta o meu corpo.
  • 21:09 - 21:12
    Isso dá-me muita informação,
    e o que quero dizer é:
  • 21:13 - 21:15
    a minha agressividade é ativada
  • 21:15 - 21:18
    quando leio ou ouço
    ou vejo esta informação?
  • 21:20 - 21:24
    A minha imobilização,
    o meu colapso, são encorajados?
  • 21:25 - 21:31
    O meu corpo quer simplesmente parar e congelar
    quando ouço isto, leio isto ou vejo isto?
  • 21:33 - 21:35
    Quero lutar?
    Fico agressivo,
  • 21:37 - 21:44
    quando me deparo com este fluxo de informação
    a entrar no meu quadro de referência?
  • 21:47 - 21:53
    Sinto paz
    quando recebo estes dados?
  • 21:54 - 21:56
    —no meu corpo, isso é.
  • 21:56 - 22:05
    O meu sistema nervoso mantém-se calmo,
    mantém-se estável, sólido como uma montanha,
  • 22:05 - 22:08
    mesmo no meio
    de informações horríveis.
  • 22:11 - 22:12
    Então, aprender a estar atento,
  • 22:13 - 22:18
    a perceber que o que vejo ou ouço
    é na verdade a minha própria voz,
  • 22:19 - 22:23
    a minha própria dor,
    o meu próprio sofrimento, a minha própria confusão.
  • 22:23 - 22:30
    Numa sessão de perguntas e respostas
    com um mestre hindu há muitos anos,
  • 22:31 - 22:36
    no final um estudante perguntou:
    "o que fazemos em relação aos outros?"
  • 22:37 - 22:40
    E o mestre disse: "quais outros?"
  • 22:41 - 22:43
    É assim que temos de aprender a ouvir,
  • 22:45 - 22:47
    não como se houvesse algo lá fora,
  • 22:47 - 22:50
    desligado de mim,
    com o qual eu não tenha nada a ver,
  • 22:51 - 22:54
    que estou aqui para julgar,
    estou aqui para avaliar,
  • 22:54 - 22:57
    estou aqui para debater,
    estou aqui para discutir.
  • 22:58 - 23:00
    Perguntaram-me há muitos anos
  • 23:02 - 23:03
    —porque a minha esposa, que está aqui,
  • 23:03 - 23:05
    pode ter uma versão diferente disto—
  • 23:05 - 23:07
    mas perguntaram-me há anos:
  • 23:07 - 23:10
    "porque é que não discutimos
    tanto como alguns casais?"
  • 23:10 - 23:14
    e eu disse que, desde cedo,
    percebemos que os dois estávamos errados!
  • 23:14 - 23:17
    (Risos)
  • 23:17 - 23:24
    E temos dificuldade
    em lidar com a nossa mente,
  • 23:24 - 23:28
    e por mente
    quero incluir também a energia do coração.
  • 23:29 - 23:32
    Na tradição budista,
    mente e coração são os mesmos símbolos,
  • 23:33 - 23:35
    pelo menos na versão chinesa.
  • 23:36 - 23:42
    Isto chama-se — para referência dos sutras —
    praticar com o corpo, no corpo.
  • 23:44 - 23:48
    Aprender a praticar com atenção plena
    com o nosso sistema nervoso:
  • 23:48 - 23:52
    como é que ele se ativa,
    como podemos acalmar-nos,
  • 23:52 - 23:54
    como podemos tranquilizar-nos,
  • 23:54 - 23:57
    como podemos elevar-nos
    sem nos magoarmos.
  • 23:58 - 24:00
    É apenas um conjunto de competências.
  • 24:00 - 24:03
    Os nossos antepassados tinham-nas,
    já estão no nosso corpo.
  • 24:04 - 24:05
    Só precisamos de nos lembrar
  • 24:05 - 24:09
    e de nos reeducar
    na nossa própria sabedoria.
  • 24:10 - 24:17
    Esteja atento à sua própria agenda
    quando está a ouvir os outros.
  • 24:19 - 24:22
    Sem culpa, sem julgamento, apenas consciência.
  • 24:24 - 24:29
    Esteja atento ao que se chamaria
    "a mente na mente".
  • 24:29 - 24:31
    Quando recebe esta informação,
  • 24:31 - 24:37
    seja a ver
    o relatório do Comité de 6 de Janeiro,
  • 24:41 - 24:46
    ou qualquer outro dado
  • 24:47 - 24:49
    destes anos recentes nos EUA,
  • 24:52 - 24:53
    preste atenção a
  • 24:54 - 24:59
    quais sementes ou impulsos
    na sua consciência
  • 24:59 - 25:01
    são ativados ao ouvir.
  • 25:02 - 25:05
    Eu não cheguei a um ponto
    — para ser sincero —
  • 25:05 - 25:08
    em que conseguia ver a cara de Donald Trump
    sem ficar ativado,
  • 25:10 - 25:12
    mas eu sabia que estava a ser ativado,
  • 25:14 - 25:14
    e então decidi
  • 25:15 - 25:17
    que não ia deixar
    que esse palhaço me ativasse.
  • 25:17 - 25:19
    (Risos)
  • 25:20 - 25:25
    Por isso, podemos dominar o nosso corpo e a nossa mente
    se decidirmos assumir o comando,
  • 25:26 - 25:32
    e não apenas agir
    a partir do nosso condicionamento ou reatividade.
  • 25:33 - 25:37
    Cada notícia,
    cada palavra ou sorriso, ou olhar, ou som,
  • 25:38 - 25:45
    pode ativar sementes de bondade em nós
    assim como sementes de não-bondade,
  • 25:46 - 25:52
    assim como sementes neutras,
    assim como cápsulas de memória que se podem abrir,
  • 25:52 - 25:56
    e às vezes são belas
    e abençoadas quando se abrem,
  • 25:56 - 26:02
    e outras vezes lembramo-nos de dor e agonia,
    no nosso corpo e na nossa mente.
  • 26:04 - 26:05
    Então compreenda que, quando—
  • 26:06 - 26:11
    quando estou a ouvir, a ler, a estudar,
    estou a interagir com a minha própria mente.
  • 26:15 - 26:15
    Terceiro
  • 26:16 - 26:18
    — isto é o número seis,
    se estiverem a fazer uma lista —
  • 26:18 - 26:23
    é algo que eu chamo sociedade na sociedade.
  • 26:24 - 26:26
    Temos de aprender
    — ou eu estou a tentar aprender —
  • 26:27 - 26:30
    a olhar para a sociedade
    de dentro para fora,
  • 26:32 - 26:38
    e para mim isso significa aprender a reconhecer
    os padrões do nosso condicionamento:
  • 26:42 - 26:47
    aprender a reconhecer as suposições
    que nos ensinaram sobre como viver,
  • 26:47 - 26:55
    como namorar, como amar, como trabalhar,
    como rezar, como celebrar,
  • 26:56 - 26:59
    e estar consciente dessas suposições,
  • 27:00 - 27:03
    e então podemos fazer uma escolha
    em relação a essas suposições.
  • 27:04 - 27:10
    Mas estamos tão programados para reagir,
    que raramente, ou não muitas vezes, refletimos.
  • 27:11 - 27:14
    Eu dou por mim a aprender a refletir,
    a pausar, a esperar um momento
  • 27:17 - 27:19
    e não ter pressa
    em apresentar uma resposta.
  • 27:21 - 27:23
    Isso é muito importante.
  • 27:24 - 27:26
    Isto é verdade
    também nas suas relações,
  • 27:26 - 27:30
    porque uma relação
    é comunicação constante,
  • 27:32 - 27:34
    e a comunicação não é apenas o que é dito.
  • 27:34 - 27:40
    Isto é outra coisa para
    — número 6 sobre sociabilidade — ter em mente,
  • 27:40 - 27:42
    quando ouve notícias
    sobre a sua sociedade,
  • 27:42 - 27:44
    ou sobre as sociedades do mundo,
  • 27:45 - 27:47
    preste atenção ao que é dito,
  • 27:48 - 27:51
    mas especialmente preste atenção
    ao que não é dito.
  • 27:52 - 27:55
    Preste atenção à voz que ouve
  • 27:55 - 27:58
    e preste atenção
    às vozes que não ouve.
  • 28:00 - 28:01
    Vi uma—
  • 28:01 - 28:05
    tive uma cápsula de memória a abrir esta manhã
    ao pensar num amigo meu.
  • 28:05 - 28:10
    Estávamos a trabalhar juntos na Índia
    quando saiu o mapa de projeção de Peters,
  • 28:10 - 28:13
    que mostrava realmente
    o tamanho verdadeiro de África e, durante
  • 28:13 - 28:14
    (Risos)
  • 28:15 - 28:19
    centenas de anos, as pessoas pensavam
    que África tinha o tamanho, sabem, do Connecticut.
  • 28:19 - 28:20
    (Risos)
  • 28:20 - 28:25
    e isso é informação
  • 28:26 - 28:34
    que condicionou milhares de mentes
    sobre África e o seu valor.
  • 28:35 - 28:38
    Não subestimes
    nenhuma destas coisas.
  • 28:39 - 28:41
    É por isso que é usado na publicidade
  • 28:41 - 28:46
    e as pessoas pagam milhões de dólares
    para que outros interajam com as nossas mentes,
  • 28:49 - 28:50
    com a sua própria intenção.
  • 28:52 - 28:58
    Por isso, tem sempre a tua agenda,
    foi o que aprendi, e continuo a aprender,
  • 28:59 - 29:00
    tem sempre a tua agenda.
  • 29:02 - 29:05
    Não me refiro a algo rígido e fixo,
    refiro-me a ter uma intenção.
  • 29:07 - 29:09
    Decidi passar algum tempo
  • 29:10 - 29:16
    a ouvir entrevistas de pessoas
    que estiveram no tiroteio do Walmart,
  • 29:18 - 29:27
    e passei várias horas apenas a ouvir
    a agonia, a dor e as lágrimas dessa mulher,
  • 29:29 - 29:37
    e pude sentir a sua experiência
    de não saber como voltar a ser humana.
  • 29:40 - 29:42
    Ela viveu o choque daquilo que viu
  • 29:42 - 29:46
    —estava na sala de descanso—
    escondida debaixo da mesa.
  • 29:46 - 29:52
    O choque do que presenciou
    desorganizou o seu sistema nervoso.
  • 29:52 - 29:53
    Ela mal conseguia falar.
  • 29:54 - 29:56
    O rosto estava contorcido,
  • 29:56 - 30:01
    e eu pude sentir essa contorção
    dentro de mim.
  • 30:03 - 30:05
    Não me era estranho.
  • 30:07 - 30:12
    Por isso, quanto mais pudermos praticar
    as interações com os meios de comunicação,
  • 30:13 - 30:18
    seja um jogo,
    uma conversa ou um filme
  • 30:18 - 30:19
    —tudo coisas de que gosto—
  • 30:19 - 30:21
    ou um livro
    —por amor de Deus, tenho livros a mais—
  • 30:23 - 30:27
    estou a aprender vezes sem conta
    sobre a mente do Larry.
  • 30:28 - 30:31
    Estou a aprender a que ideias estou preso
  • 30:31 - 30:33
    (Risadas)
  • 30:33 - 30:35
    e a que ideias nunca tinha pensado.
  • 30:36 - 30:43
    Estou a aprender a prestar atenção
    à mente do autor
  • 30:43 - 30:45
    que me está a enviar isto.
  • 30:48 - 30:54
    E como alguém que gosta de estudar
    —sou meio neurótico nesse aspeto, mas—
  • 30:55 - 30:59
    aprendo a mente do autor,
    não apenas as suas palavras,
  • 31:01 - 31:04
    e assim tornam-se amigos para mim.
  • 31:04 - 31:07
    Tornam-se mentores,
    tornam-se companheiros.
  • 31:07 - 31:13
    E tu também tens livros ou poemas
    ou pessoas no teu espaço mental e nas tuas memórias
  • 31:13 - 31:15
    que fazem isso por ti, eu sei.
  • 31:16 - 31:17
    Lembra-te deles.
  • 31:20 - 31:23
    Sabes que o nosso cérebro está programado
    —está mesmo programado—
  • 31:23 - 31:28
    de tal forma que podemos ter
    um dia maravilhoso durante 12 horas
  • 31:28 - 31:30
    —um dia maravilhoso—
  • 31:31 - 31:37
    e uma pessoa, num carro,
    com um único gesto, pode arruiná-lo.
  • 31:38 - 31:41
    O nosso cérebro está programado
    para agarrar-se à negatividade,
  • 31:42 - 31:46
    e está programado assim
    como precaução de segurança
  • 31:46 - 31:47
    (Risadas)
  • 31:48 - 31:49
    para o caso de encontrares esse carro outra vez
  • 31:49 - 31:50
    (Risadas)
  • 31:50 - 31:54
    Por isso, é importante
    —na neurociência descobrimos que
  • 31:54 - 32:00
    para cada encontro negativo
    ou experiência prejudicial que alguém tem,
  • 32:00 - 32:01
    momento a momento,
  • 32:01 - 32:05
    são necessárias cinco experiências positivas
    para reequilibrar o cérebro
  • 32:06 - 32:11
    em termos do que ele recorda
    e de como está programado para responder à vida.
  • 32:13 - 32:18
    Fomos ensinados
    que não devíamos ser felizes, na verdade,
  • 32:19 - 32:34
    devíamos lutar para ganhar, lamentar as derrotas,
    e não encontrar alegria na vida.
  • 32:36 - 32:38
    Se o fizermos, há algo de errado connosco.
  • 32:39 - 32:45
    Por isso, temos de estar atentos ao contexto
    da informação que nos é dada.
  • 32:47 - 32:49
    Qual é a história por trás disto?
  • 32:49 - 32:53
    Pensa em cada pedaço de informação
    como uma visita ao Feiticeiro de Oz,
  • 32:53 - 32:55
    (Risadas)
  • 32:55 - 32:57
    e queres olhar por trás da cortina.
  • 32:58 - 32:59
    Vivemos num mundo em que
  • 33:01 - 33:08
    feiticeiros, mágicos e duendes
    trabalham todos na Internet.
  • 33:10 - 33:11
    Olá!
  • 33:12 - 33:16
    Podes inventar qualquer coisa
    e, na semana seguinte, ter um grupo a acreditar nela.
  • 33:18 - 33:21
    É assim que as nossas mentes
    se tornaram desorientadas
  • 33:21 - 33:25
    por não terem sido treinadas
    para lidar com a informação,
  • 33:26 - 33:29
    em qualquer forma mediática
    que essa informação surja.
  • 33:29 - 33:31
    Sabes, a sociedade
  • 33:31 - 33:34
    —ouvi uma grande citação
    da Caroline Myss, há umas semanas—
  • 33:35 - 33:39
    a sociedade costumava mudar
    ao ritmo da literatura,
  • 33:41 - 33:45
    a sociedade costumava mudar
    ao ritmo da filosofia,
  • 33:47 - 33:51
    da teologia,
    de uma nova descoberta científica,
  • 33:52 - 33:59
    e agora a sociedade está a mudar
    através de milhões de opiniões
  • 34:00 - 34:06
    recolhidas num espaço neural online.
  • 34:08 - 34:09
    Isto é uma grande mudança,
  • 34:10 - 34:17
    e não temos um mecanismo coletivo
    para funcionar desta maneira.
  • 34:18 - 34:21
    É por isso que sentimos
    as coisas fragmentadas.
  • 34:21 - 34:25
    Nós não estamos—nós estamos num lugar
    onde nunca estivemos como raça humana—
  • 34:26 - 34:28
    e parte disto é simplesmente belo,
  • 34:28 - 34:32
    porque pessoas em todo o mundo
    estão a erguer-se pelo Irão
  • 34:32 - 34:33
    e não são iranianas,
  • 34:36 - 34:43
    pessoas estão a erguer-se
    pelas mulheres e homens nas ruas
  • 34:43 - 34:44
    com sangue e lágrimas.
  • 34:47 - 34:51
    Pessoas estão a erguer-se
    pelos manifestantes na China,
  • 34:52 - 34:53
    em todo o mundo,
  • 34:53 - 34:59
    e a levantar folhas de papel em branco
    a representar o desejo de liberdade de expressão.
  • 35:00 - 35:00
    Então, também,
  • 35:00 - 35:09
    quando receberes informação e notícias,
    não te deixes levar pelo sensacionalismo,
  • 35:10 - 35:11
    porque isso é um truque.
  • 35:12 - 35:16
    Sabes, é como alguém dizer
    "vai haver um acidente de comboio ao meio-dia"
  • 35:16 - 35:17
    (Risos)
  • 35:18 - 35:19
    "nesta esquina"
  • 35:19 - 35:22
    e ao meio-dia
    estarão lá centenas de pessoas,
  • 35:22 - 35:24
    à espera de ver o acidente,
  • 35:24 - 35:26
    venha ou não venha o comboio.
  • 35:26 - 35:27
    Não temos tempo para isso.
  • 35:31 - 35:34
    Lembra-te de olhar para a sociedade
    de dentro para fora.
  • 35:34 - 35:38
    Quais são os arquétipos
    que estão operativos nessa sociedade?
  • 35:41 - 35:46
    E se os rios não subirem,
    como diria a minha avó,
  • 35:46 - 35:47
    espero no próximo ano
  • 35:47 - 35:53
    fazer algum trabalho e retiros
    sobre os quatro arquétipos centrais de Carl Jung
  • 35:53 - 35:57
    e relacioná-los
    com as forças ocultas da mudança social.
  • 35:58 - 36:00
    A anima—animus.
  • 36:00 - 36:01
    Ah, temos ali um problema
  • 36:01 - 36:02
    (Risos)
  • 36:02 - 36:03
    temos ali um problema.
  • 36:04 - 36:07
    Parece engraçado até vermos
    jovens em todo o lado a matar pessoas...
  • 36:08 - 36:12
    e aí começamos a reconhecer
    o desequilíbrio desse arquétipo.
  • 36:14 - 36:17
    Destruímos a capacidade
    de alguns destes jovens
  • 36:17 - 36:20
    de reconhecerem
    a sua própria energia feminina interior
  • 36:21 - 36:22
    —se me é permitido usar essa palavra—
  • 36:23 - 36:26
    a sua própria energia suave,
    a sua própria energia bondosa,
  • 36:28 - 36:34
    e não há qualquer formação sobre como lidar
    com raiva, ou frustração, ou medo.
  • 36:38 - 36:41
    Também temos de olhar
    para a persona
  • 36:41 - 36:42
    (Risos)
  • 36:42 - 36:47
    que realmente, nos últimos 25 anos,
    se tornou um negócio.
  • 36:49 - 36:51
    Agora Hollywood saiu de Hollywood
    e entrou em nossas casas,
  • 36:51 - 36:58
    e agora todos nós estamos na televisão,
    todos nós estamos num ecrã.
  • 36:58 - 37:02
    Estamos todos no mundo
    da consciência do ecrã plano,
  • 37:03 - 37:04
    e isso significa
  • 37:04 - 37:08
    que tudo o que aparece no ecrã plano
    parece ter o mesmo valor,
  • 37:09 - 37:10
    e não tem.
  • 37:12 - 37:16
    É por isso que o discernimento
    é uma parte importante da prática espiritual.
  • 37:17 - 37:22
    Nem tudo merece
    o teu tempo, a tua energia, o teu pensamento.
  • 37:23 - 37:27
    Usa isso para o teu próprio propósito,
    para o teu próprio sentido de missão,
  • 37:27 - 37:30
    para o teu próprio sentido de destino,
  • 37:30 - 37:35
    para o teu próprio sentido de cura,
    de justiça, e de um mundo melhor.
  • 37:35 - 37:37
    Não desperdices simplesmente a tua energia.
  • 37:38 - 37:44
    Portanto, eu vejo
    muitas notícias diferentes, de propósito,
  • 37:44 - 37:47
    mas faço uma escolha consciente
    de que o vou fazer,
  • 37:48 - 37:52
    e há notícias
    que só vejo por certos motivos,
  • 37:53 - 37:55
    para obter certos tipos de informação.
  • 37:55 - 38:00
    Sê seletivo no que decides
    convidar para entrar na tua mente:
  • 38:01 - 38:04
    o conteúdo
    que vai inundar,
  • 38:05 - 38:08
    a energia emocional
    que vai inundar a tua mente.
  • 38:11 - 38:14
    E se quiseres olhar profundamente
    para um tema ou questão
  • 38:14 - 38:19
    porque está alinhado com a tua vocação,
    ou com o teu sentido de trabalho no mundo,
  • 38:19 - 38:23
    ou com o teu propósito de vida,
    faz isso,
  • 38:23 - 38:25
    mas olha profundamente.
  • 38:27 - 38:30
    Olha para
    as causas e condições dessas coisas.
  • 38:31 - 38:34
    Sabes, se olharmos, por exemplo,
  • 38:34 - 38:38
    para a reação que está a acontecer
    nas ruas da China,
  • 38:38 - 38:40
    para as reações que estão a acontecer no Irão
  • 38:41 - 38:44
    —e estes são apenas dois grandes temas
    que acompanhamos—
  • 38:44 - 38:47
    mas isto está a acontecer em todo o mundo,
    está a acontecer no México,
  • 38:47 - 38:50
    e o que é que está
    a acontecer em todo o mundo?
  • 38:50 - 38:54
    As pessoas estão a rejeitar a ideologia patriarcal.
  • 38:56 - 38:57
    É isso que está a acontecer.
  • 38:58 - 39:01
    Se quiseres saber porque é que os homens estão irritados,
    é por isso.
  • 39:03 - 39:11
    Estão a perder o controlo mental
    sobre o planeta; a perder o sentido de poder.
  • 39:13 - 39:16
    Isto é energia arquetípica,
    não é apenas pessoal,
  • 39:16 - 39:19
    e por isso temos de trabalhar
    em níveis cada vez mais profundos
  • 39:20 - 39:25
    para chegarmos a lugares
    onde possamos e estejamos prontos para curar.
  • 39:28 - 39:30
    A sombra, ui.
  • 39:30 - 39:31
    (Risos)
  • 39:33 - 39:36
    Isso é uma vida de trabalho.
  • 39:38 - 39:41
    Essa é a minha maior crítica ao mundo
    com base nas minhas próprias experiências,
  • 39:41 - 39:49
    a coisa mais difícil é admitir
    que não somos perfeitos, de forma saudável.
  • 39:52 - 39:53
    Temos isto,
  • 39:54 - 39:59
    aquilo a que no budismo Thich Nhat Hạnh
    gostava de chamar o Complexo de Autoestima,
  • 40:00 - 40:03
    em que eu sou melhor do que tu
    ou tu és melhor do que eu,
  • 40:03 - 40:04
    ou somos iguais,
  • 40:04 - 40:07
    ou eu estou em cima e tu em baixo,
    ou eu estou em baixo e tu em cima.
  • 40:08 - 40:12
    Nada disso descreve adequadamente
    o milagre de ser um ser humano,
  • 40:13 - 40:15
    por isso temos simplesmente
    de parar de ser estúpidos em relação a isso,
  • 40:17 - 40:20
    se quisermos compreender a nossa própria inteireza,
  • 40:23 - 40:28
    pelo menos o suficiente para criar
    a nuance de inteireza que o nosso planeta precisa,
  • 40:29 - 40:32
    e depois essa jornada continuará
    ao longo das gerações, claro.
  • 40:33 - 40:36
    Não somos o penúltimo
  • 40:36 - 40:37
    (Risos)
  • 40:38 - 40:39
    remédio para as coisas,
  • 40:39 - 40:50
    não somos salvadores, somos aventureiros,
    a aprender a navegar os nossos mundos interiores,
  • 40:51 - 40:57
    porque estou convencido de que aprender a navegar
    os nossos mundos interiores é o trabalho do futuro.
  • 40:58 - 40:59
    É certamente o trabalho do presente,
  • 41:00 - 41:03
    mas é o trabalho do futuro, só que ainda não sabemos disso.
  • 41:05 - 41:08
    Somos criaturas com 10.000 capacidades,
  • 41:09 - 41:10
    e muitos de nós vivemos toda a vida,
  • 41:10 - 41:15
    se tivermos a sorte
    de viver muito neste mundo,
  • 41:17 - 41:20
    a agir como se só tivéssemos 10 capacidades.
  • 41:23 - 41:26
    Ficamos presos a pensar
    que tudo é material,
  • 41:27 - 41:29
    e esquecemo-nos de que não é só material.
  • 41:29 - 41:34
    O universo não é apenas material,
    é também energético — é também energia.
  • 41:34 - 41:36
    Não fiques preso
    no paradigma newtoniano
  • 41:36 - 41:38
    de que tudo é separado
  • 41:38 - 41:42
    e que nada afeta realmente nada
    a não ser que esteja em contacto direto.
  • 41:43 - 41:45
    Tudo afeta tudo.
  • 41:45 - 41:48
    Isto faz parte daquilo que estamos
    a experienciar no mundo.
  • 41:48 - 41:49
    É por isso que está tudo louco.
  • 41:50 - 41:51
    (Risos)
  • 41:51 - 41:56
    É por isso que está
    —não temos uma história que nos segure.
  • 42:00 - 42:03
    Estamos num lugar
    que nunca imaginámos como espécie,
  • 42:04 - 42:06
    ao longo dos últimos 200.000 anos,
  • 42:06 - 42:09
    mas graças a esses 200.000 anos
  • 42:09 - 42:15
    temos dentro de nós o que precisamos
    para dar o próximo passo na evolução,
  • 42:16 - 42:19
    com coragem,
    que é isto que é, pessoas.
  • 42:20 - 42:25
    Estamos numa jornada de metamorfose,
    estamos no casulo
  • 42:25 - 42:26
    (Risos)
  • 42:26 - 42:30
    a tentar perceber
    a próxima forma que estamos a tomar,
  • 42:31 - 42:35
    sem instruções que pareçam claras,
  • 42:36 - 42:37
    mas há instruções.
  • 42:40 - 42:46
    A primeira é: se vires notícias
    e não são benéficas para ti, ignora.
  • 42:48 - 42:49
    É isso que eu faço.
  • 42:49 - 42:50
    (Risos)
  • 42:50 - 42:53
    Se vires algo,
    ouvires algo, leres algo
  • 42:53 - 42:56
    que é benéfico para ti,
    leva-o a sério.
  • 42:58 - 43:00
    Faz disso parte da tua prática,
    ou do teu diário,
  • 43:01 - 43:04
    ou da tua música, ou da tua dança, ou da tua arte.
  • 43:04 - 43:06
    Faz disso parte da tua vida,
  • 43:06 - 43:10
    para continuares a ser alimentado pelo bom,
  • 43:12 - 43:18
    porque vivemos num mundo
    onde os media sensacionalistas são uma forma de arte,
  • 43:20 - 43:23
    somos apresentados
    constantemente, e diariamente,
  • 43:23 - 43:29
    não importa o tema,
    em extremos.
  • 43:30 - 43:32
    Basta olhar para a nossa linguagem.
  • 43:32 - 43:35
    Mais tarde liga a televisão
    e observa a nossa linguagem
  • 43:35 - 43:38
    em todas as estações, em todos os países:
  • 43:38 - 43:44
    é desgraça, é selvajaria, é—
  • 43:44 - 43:48
    estou a falar de palavras usadas hoje
    para introduzir excertos nas notícias,
  • 43:49 - 43:55
    e por isso é importante aprender como essa palavra,
    "selvagem", não fica presa em mim.
  • 43:55 - 43:57
    Simplesmente passa direto.
  • 43:58 - 44:02
    Aprende o que deves agarrar
    e o que não deves agarrar
  • 44:02 - 44:03
    quando vem ter contigo.
  • 44:05 - 44:10
    Muitos de nós temos vivido
    em exaustão extrema
  • 44:10 - 44:14
    porque temos carregado
    as ansiedades dos outros.
  • 44:17 - 44:20
    Sabes, é como a velha piada sobre Atlas,
  • 44:20 - 44:23
    que está a segurar o mundo,
    passa por ti e diz "segura isto",
  • 44:23 - 44:24
    (Risos)
  • 44:24 - 44:27
    e sem pensar
    tu seguras e ele desaparece.
  • 44:28 - 44:34
    Literalmente muitos de nós estamos exaustos
    a segurar os medos e ansiedades dos outros,
  • 44:36 - 44:39
    e o que precisamos de segurar
    são os corações partidos uns dos outros,
  • 44:41 - 44:42
    e as mentes brilhantes uns dos outros.
  • 44:46 - 44:50
    Se queremos responsabilizar-nos uns aos outros,
    vamos responsabilizar-nos uns aos outros
  • 44:51 - 44:54
    por um chamamento mais elevado neste mundo.
  • 45:00 - 45:13
    Há disciplina envolvida em como nós, como eu,
    aprendo a ler, interpretar, refletir sobre as notícias,
  • 45:13 - 45:16
    mas eu nunca vejo notícias sozinhas.
  • 45:18 - 45:19
    Quando me levanto de manhã,
  • 45:19 - 45:22
    antes sequer de sair da cama,
    tenho uma meditação que faço.
  • 45:24 - 45:25
    É sobre envelhecer.
  • 45:25 - 45:26
    (Risos)
  • 45:26 - 45:28
    Então, antes de pôr
    os pés no chão,
  • 45:28 - 45:31
    não me esqueço de quem está
    a pôr os pés no chão,
  • 45:32 - 45:35
    e depois,
    tenho opções,
  • 45:35 - 45:39
    passo algum tempo
    só a ouvir os pássaros,
  • 45:43 - 45:48
    a regar plantas,
    a caminhar devagar na Terra,
  • 45:49 - 45:51
    a dizer para mim mesmo
    "Mãe Terra, aqui estou".
  • 45:53 - 45:57
    A saudar este céu azul,
    a deixá-lo cair sobre mim,
  • 45:58 - 46:01
    até conseguir sentir-me
    a pisar o céu azul,
  • 46:02 - 46:06
    e a estar debaixo do céu azul
    ao mesmo tempo.
  • 46:11 - 46:16
    Estudo as percepções, ensinamentos e aprendizagens dos outros,
  • 46:17 - 46:22
    por isso tento manter a minha mente
    —aprendiz ao longo da vida é uma frase popular—
  • 46:23 - 46:27
    através de disciplinas:
    psicologias evolucionárias, astrofísica,
  • 46:28 - 46:32
    psicologia budista, sociologia,
    antropologia, mitologia.
  • 46:33 - 46:36
    Tudo isto me interessa,
    o que posso dizer.
  • 46:36 - 46:40
    E isso impede a minha mente de ficar fixa,
  • 46:40 - 46:45
    porque pelo menos uma vez por semana leio algo
    ou estudo algo de outra pessoa,
  • 46:46 - 46:47
    e pode ser de há muito tempo.
  • 46:47 - 46:54
    Pode ser Platão e a sua alegoria da caverna,
    que acho que toda a gente devia reler,
  • 46:56 - 46:59
    porque é isso que estamos a viver agora.
  • 47:00 - 47:02
    Fomos tão bem condicionados
  • 47:03 - 47:06
    que nem sabemos
    que fomos condicionados,
  • 47:06 - 47:08
    isso sim é habilidade.
  • 47:10 - 47:13
    E não quero dizer que alguém se sentou
    e planeou isto tudo.
  • 47:15 - 47:17
    Estou a falar de algo que acontece naturalmente
  • 47:17 - 47:25
    em sociedade,
    em qualquer organização, em qualquer grupo.
  • 47:26 - 47:27
    Está tudo bem.
  • 47:28 - 47:29
    Só temos de estar atentos
  • 47:30 - 47:34
    que as nossas mentes e corpos
    não estão separados da nossa existência social.
  • 47:35 - 47:37
    Muitos de nós fomos condicionados
  • 47:37 - 47:40
    a acreditar que quando alguém
    entra num supermercado
  • 47:40 - 47:42
    e começa a disparar sobre pessoas
  • 47:42 - 47:44
    há algo de errado com essa pessoa.
  • 47:45 - 47:46
    E há.
  • 47:47 - 47:50
    Mas para que algo esteja tão errado
    com ela assim,
  • 47:50 - 47:53
    há algo de errado
    com o resto de nós também.
  • 47:56 - 47:58
    Há algo de errado com as nossas mentes,
  • 47:58 - 48:05
    e com a forma como nos condicionamos
    para ser violentos, como glorificamos isso,
  • 48:06 - 48:08
    como o adoramos.
  • 48:09 - 48:13
    Não estamos muito longe de sermos apenas
  • 48:13 - 48:14
    (Risos)
  • 48:14 - 48:15
    primitivos,
  • 48:17 - 48:24
    a não ser que façamos o trabalho espiritual
    para aprender a viver sem causar dano,
  • 48:25 - 48:36
    como primeira resposta
    à frustração, ao medo, ao facto de estarmos vivos.
  • 48:37 - 48:44
    Há uma palavra
    —aprendi durante a minha formação em investigação—
  • 48:45 - 48:48
    chama-se, talvez conheças, titulação.
  • 48:48 - 48:56
    Portanto, qualquer input que vás receber,
    seja um livro, um filme, um programa de TV,
  • 48:56 - 49:03
    um amigo, uma conversa,
    vai tomando aos poucos.
  • 49:03 - 49:05
    É a velha frase:
  • 49:05 - 49:09
    "Como se come um elefante?
    Uma colher de cada vez."
  • 49:10 - 49:11
    Quando estiveres a olhar,
  • 49:11 - 49:16
    especialmente para algo
    que despertou a tua curiosidade,
  • 49:16 - 49:20
    não percas a tua curiosidade,
    é uma qualidade muito importante em ti,
  • 49:21 - 49:24
    mas vai tomando aos poucos.
  • 49:25 - 49:27
    E o mesmo se quiseres investigar
  • 49:27 - 49:31
    as causas e condições
    que criaram sofrimento.
  • 49:32 - 49:39
    Sabe o que consegues aguentar emocionalmente
    sem te retraumatizares.
  • 49:41 - 49:43
    Está bem. Cuida de ti.
  • 49:44 - 49:48
    Vai tomando as coisas aos poucos
    mas toma-as profundamente:
  • 49:48 - 49:53
    essa é a diferença entre consumo
    e transformação com informação.
  • 49:56 - 50:02
    Reconhece o teu próprio coração e mente
    no que ouves, no que vês,
  • 50:02 - 50:03
    e quanto mais trabalho com isto,
  • 50:03 - 50:08
    percebo que é assim que estou a aprender
    a praticar com todos os fenómenos.
  • 50:09 - 50:14
    A abelha, o pássaro, a árvore, a raposa:
  • 50:15 - 50:23
    estou a aprender a reconhecer o que está lá,
    de forma não julgadora: simplesmente está lá.
  • 50:24 - 50:28
    Tive um grande professor no meu doutoramento,
    chamava-se Dr. Lawki.
  • 50:29 - 50:34
    Ele já faleceu,
    mas era extremamente rigoroso quanto à metodologia,
  • 50:35 - 50:38
    e a palavra que ele usava em todas as aulas
  • 50:38 - 50:40
    —ele escrevia-a bem grande no quadro—
  • 50:40 - 50:42
    era evidência.
  • 50:42 - 50:43
    (Risos)
  • 50:43 - 50:44
    E ele dizia:
  • 50:44 - 50:48
    "não me entregues um trabalho
    sem evidência."
  • 50:48 - 50:49
    (Risos)
  • 50:49 - 50:51
    "Não me interessa no que acreditas,
  • 50:52 - 50:55
    não me interessa no que o teu professor
    te disse para acreditares,
  • 50:55 - 50:57
    quero evidência para o teu pensamento,
  • 50:58 - 51:01
    e por que chegaste
    à conclusão a que chegaste."
  • 51:01 - 51:05
    Por que chegaste a essa visão,
    por que apreciaste essa prática,
  • 51:05 - 51:13
    explica, compreende como interages
    e mudas com todos os fenómenos da vida.
  • 51:14 - 51:15
    Então tudo
  • 51:15 - 51:21
    —hoje encontrei quatro pombas pequenas,
    quase bebés—
  • 51:22 - 51:26
    estavam sentadas na nossa vedação
    a observar-nos,
  • 51:26 - 51:32
    e apreciei
    a sua comunicação de segurança.
  • 51:33 - 51:36
    Sentiam-se seguras o suficiente para descansar ali,
  • 51:37 - 51:42
    e por isso pude perguntar a mim mesmo:
    "Como está o meu medidor de segurança hoje, Larry?"
  • 51:45 - 51:51
    e não ser perturbado por um mundo perturbador
    é a essência da prática,
  • 51:53 - 51:56
    e isso não significa ser indiferente.
  • 51:57 - 52:03
    Não significa virar a cara para o lado,
    não significa esconder-se de nada.
  • 52:04 - 52:07
    Significa olhar destemidamente
    para a totalidade da vida,
  • 52:09 - 52:13
    e compreender que tu
    estás no centro dela.
  • 52:14 - 52:18
    Lembro-me de uns comentários ótimos
    do Stephen Covey, há anos atrás,
  • 52:18 - 52:20
    sobre a diferença entre
  • 52:21 - 52:25
    o teu círculo de preocupação
    e o teu círculo de influência.
  • 52:27 - 52:33
    São duas coisas diferentes no pensamento dele
    —e ouvi isto há muito tempo—
  • 52:33 - 52:37
    e a coisa que quero lembrar-me
    e lembrar-te:
  • 52:37 - 52:41
    não és apenas um círculo de preocupação,
    embora o sejas;
  • 52:42 - 52:45
    não és apenas um círculo de influência,
    embora o sejas;
  • 52:45 - 52:49
    mas és um círculo de energia
    que pode ir em qualquer direção.
  • 52:51 - 52:53
    Compreende isto sobre ti:
  • 52:54 - 52:56
    Não és apenas um amontoado de matéria
  • 52:58 - 53:01
    com a visita ocasional
    de um comboio de pensamentos,
  • 53:03 - 53:04
    és um ser cósmico,
  • 53:07 - 53:10
    e meu Deus, o que aconteceria
    se começássemos a agir assim?
  • 53:11 - 53:14
    Pensar assim?
    Cuidar assim?
  • 53:15 - 53:16
    Abordar a justiça assim,
  • 53:17 - 53:20
    o bem-estar assim,
    e a comunidade assim?
  • 53:20 - 53:21
    Somos seres cósmicos.
  • 53:22 - 53:27
    Somos manifestações de uma realidade
    que não compreendemos.
  • 53:27 - 53:32
    Nem conseguimos abranger com a mente,
    e não temos de o fazer.
  • 53:32 - 53:36
    Tudo o que temos de fazer
    é aprender a estar presentes.
  • 53:42 - 53:44
    A Peggy e eu tivemos
    o privilégio de tomar o pequeno-almoço
  • 53:44 - 53:48
    com Thích Nhất Hạnh uma vez
    quando recebeu notícias difíceis.
  • 53:50 - 53:54
    Foi numa altura em que ainda estava exilado
    do Vietname e não podia regressar.
  • 53:55 - 53:56
    Faleceu um membro da família dele,
  • 53:56 - 54:03
    e ele não pôde voltar
    para as cerimónias fúnebres.
  • 54:04 - 54:06
    E estávamos com ele
    quando a chamada telefónica chegou
  • 54:08 - 54:10
    e lhe passaram a informação ao ouvido,
  • 54:11 - 54:13
    e vimos a sua energia mudar.
  • 54:16 - 54:24
    Levantou-se devagar, fez-nos uma vénia,
    e saiu para fazer meditação caminhando,
  • 54:27 - 54:33
    abrandando tudo,
    acalmando tudo.
  • 54:34 - 54:39
    Pisando nas maravilhas do nobre silêncio.
  • 54:41 - 54:46
    Voltou passados uns trinta minutos
    uma pessoa diferente;
  • 54:47 - 54:48
    rosto diferente, energia diferente,
  • 54:49 - 54:53
    e a Peggy inclinou-se para mim e disse:
    "isso teria demorado seis anos para mim."
  • 54:53 - 54:55
    (Risos)
  • 54:56 - 54:58
    Este é o benefício da prática.
  • 54:59 - 55:01
    É por isso que a faço todos os dias.
  • 55:02 - 55:07
    Não é que eu não fique perturbado,
    mas esse estado de perturbação nunca me domina.
  • 55:10 - 55:12
    Percebes o que estou a dizer?
  • 55:12 - 55:15
    Estivemos em Minneapolis
    há umas semanas atrás,
  • 55:16 - 55:21
    a trabalhar com centros Zen
    e comunidades budistas lá,
  • 55:21 - 55:26
    e visitámos os locais dos motins
    e a praça George Floyd,
  • 55:26 - 55:32
    e nem consigo pensar nisso
    sem ser ativado emocionalmente,
  • 55:36 - 55:41
    mas essa ativação
    agora move-me ainda mais
  • 55:42 - 55:48
    na direção de
    'o que significa ter uma sociedade saudável?'
  • 55:50 - 55:53
    A maior parte da nossa linguagem sobre tudo
    é prescritiva
  • 55:54 - 55:58
    e analítica e estamos doentes,
  • 55:58 - 55:59
    (Risos)
  • 55:59 - 56:03
    e temos muito pouco retorno
    dos meios de comunicação,
  • 56:03 - 56:08
    do que lemos e escrevemos
    —a maioria de nós— que afirme a nossa existência,
  • 56:11 - 56:16
    que afirme o nosso direito de estar aqui
    neste planeta precioso.
  • 56:16 - 56:18
    Então quando interagires com os media,
  • 56:18 - 56:23
    e quando leres as notícias,
    não sejas arrastado pela enxurrada.
  • 56:26 - 56:35
    A enxurrada de opiniões,
    a enxurrada de percepções erradas.
  • 56:37 - 56:39
    Sabes, é como as mulheres no Irão,
  • 56:40 - 56:44
    e as pessoas nas ruas da China,
    da Colômbia e de França,
  • 56:44 - 56:48
    e podemos dar a volta ao mundo,
    é como se estivessem a acordar de um transe.
  • 56:50 - 56:53
    É como se uma manhã as pessoas acordassem
  • 56:53 - 56:57
    e dissessem "Espera lá,
    isto não faz sentido,
  • 56:58 - 57:05
    viver assim, ser tratado assim,
    ser magoado assim."
  • 57:08 - 57:12
    E então o que está a acontecer
    é que o mundo se levanta
  • 57:13 - 57:15
    e pessoas de todo o lado
    se levantam umas pelas outras,
  • 57:15 - 57:17
    como se todos pertencêssemos aqui juntos.
  • 57:22 - 57:25
    Os lugares que pensam que têm poder
    estão a tremer.
  • 57:29 - 57:30
    É como os veados na floresta
  • 57:31 - 57:34
    que conseguem sentir
    que já há um vento novo no ar.
  • 57:37 - 57:40
    Então, por favor, meus amigos,
    coloquem a vossa energia nesse vento novo.
  • 57:46 - 57:51
    Tive aqui o que pensei
    ser uma infeção no ouvido,
  • 57:51 - 57:54
    e um amigo meu levou-me
    a um dos seus especialistas em ouvidos
  • 57:54 - 57:57
    —um médico cubano muito engraçado—
  • 57:58 - 58:01
    que fez todos os exames,
    limpou-me os ouvidos e tudo mais,
  • 58:01 - 58:06
    e disse "não tens nenhuma infeção no ouvido,
    essa é a boa notícia,
  • 58:07 - 58:09
    a má notícia é
    que tens algo pior."
  • 58:09 - 58:10
    (Risos)
  • 58:10 - 58:12
    E começou a rir-se
    e eu também,
  • 58:12 - 58:15
    e o que ele disse foi "tens, sabes,
  • 58:15 - 58:18
    há um osso no ouvido
    ligado ao teu equilíbrio,
  • 58:18 - 58:19
    está a desintegrar-se."
  • 58:20 - 58:23
    Então pensei, bem,
    isso está de acordo com o resto de mim.
  • 58:24 - 58:25
    (Risos)
  • 58:25 - 58:29
    não tenho problema com a desintegração,
    é por isso que estou aqui.
  • 58:31 - 58:35
    A questão é: o que emitimos?
  • 58:37 - 58:40
    Uma das coisas
    na tradição Yogachara
  • 58:40 - 58:46
    é que se fala da nossa energia,
    das nossas palavras, do nosso pensamento,
  • 58:46 - 58:49
    e do nosso comportamento a perfumar o mundo.
  • 58:56 - 58:59
    A questão é:
    com o que estamos a perfumar o mundo?
  • 59:04 - 59:08
    E cada vez mais pessoas
    pelo mundo fora estão a perceber:
  • 59:09 - 59:20
    "Sabes, não gostamos deste cheiro,
    desta morte, desta violência, deste horror,
  • 59:21 - 59:28
    desta opressão, desta violação,
    deste homicídio casual, desta brutalidade.
  • 59:29 - 59:34
    Não gostamos,
    não precisamos disto para sermos plenamente humanos."
  • 59:35 - 59:36
    De alguma forma fomos convencidos
  • 59:37 - 59:42
    de que temos de ser guardados por gorilas gigantes
    para não nos tornarmos nós próprios gorilas gigantes.
  • 59:42 - 59:44
    Isso não faz sentido nenhum.
  • 59:46 - 59:49
    Uma nova sensibilidade está de facto a emergir,
  • 59:50 - 59:57
    e por isso, quando receberes informação,
    agarrate a ti mesmo,
  • 59:59 - 60:02
    agarrate à tua preciosa alma e coração,
  • 60:02 - 60:03
    não te percas,
  • 60:05 - 60:07
    porque seja qual for a informação
  • 60:07 - 60:08
    —isto é provavelmente
  • 60:08 - 60:12
    a coisa mais desconfortável
    que percebi sobre aprender algo—
  • 60:14 - 60:20
    o que quer que eu aprenda,
    um dia esquecerei, para sempre.
  • 60:21 - 60:25
    E isso ajuda-me a não ficar
    demasiado ansioso com as coisas,
  • 60:26 - 60:30
    nem demasiado tenso com as coisas,
    nem demasiado fixo nas coisas,
  • 60:30 - 60:35
    nem demasiado extremo e certo das coisas.
  • 60:36 - 60:39
    Outra coisa maravilhosa
    com que tenho praticado
  • 60:39 - 60:42
    ao andar pelo mundo em que vivemos,
  • 60:46 - 60:50
    que o Buda às vezes chamava
    o mundo de um emaranhado de opiniões.
  • 60:52 - 60:54
    Vivemos num mundo
    de bilhões de opiniões.
  • 60:54 - 60:57
    Agora temos 8,9 mil milhões de pessoas
  • 60:59 - 61:04
    e a maioria de nós tem dificuldade
    em ordenar as opiniões na nossa própria cabeça.
  • 61:06 - 61:12
    Imaginar que podemos, juntos,
    descobrir o nosso caminho para o futuro,
  • 61:13 - 61:19
    guiar-nos uns aos outros para o futuro,
    para mim, é para isso que estamos aqui.
  • 61:20 - 61:22
    É para isso que nascemos.
  • 61:23 - 61:25
    Este é o nosso grande trabalho.
  • 61:27 - 61:30
    Não o vamos terminar,
    e não é suposto que o terminemos.
  • 61:31 - 61:33
    É suposto sermos a ponte,
  • 61:35 - 61:36
    para que os nossos futuros ancestrais
  • 61:36 - 61:40
    e os ancestrais do passado,
    que estão sempre connosco nesta viagem,
  • 61:40 - 61:41
    (Risos)
  • 61:41 - 61:43
    também o possam terminar.
  • 61:45 - 61:49
    Há uma disciplina envolvida
    em não nos deixarmos perturbar por um mundo perturbador.
  • 61:51 - 61:55
    E a parte mais importante
    dessa disciplina para mim é o silêncio.
  • 62:02 - 62:04
    Começo o dia com silêncio.
  • 62:04 - 62:07
    Começo o dia a ouvir
    os sons do mundo.
  • 62:08 - 62:11
    Para não pensar que estou isolado,
  • 62:12 - 62:14
    para estar em contacto
    com as maravilhas da vida,
  • 62:15 - 62:21
    e depois, silêncio nobre ao longo do dia,
    aqui e ali,
  • 62:21 - 62:28
    tirando tempo para parar de correr
    por qualquer razão, e fazer uma pausa,
  • 62:29 - 62:32
    e à medida que isto acontece
  • 62:32 - 62:34
    tornamo-nos cada vez mais
    estáveis dentro de nós,
  • 62:38 - 62:43
    e essa quietude em nós, essa solidez
    como o monte Fuji dentro de nós,
  • 62:44 - 62:47
    é o que precisamos
    para transformar o nosso mundo.
  • 62:51 - 62:54
    É o que nos protege
    de cair no ódio
  • 62:54 - 62:56
    como motivador para mudar o nosso mundo.
  • 62:59 - 63:01
    A equanimidade protege-nos
  • 63:04 - 63:08
    de usar a energia da inveja
    na esperança de mudar o nosso mundo,
  • 63:09 - 63:11
    ou a energia da ganância,
  • 63:15 - 63:19
    embora todas estas coisas
    existam na nossa própria consciência.
  • 63:21 - 63:25
    É a nossa habilidade
    em aprender a reconhecer-nos
  • 63:27 - 63:31
    que nos libertará de nós mesmos,
  • 63:32 - 63:34
    e à medida que nos libertamos de nós próprios
  • 63:34 - 63:38
    tornamo-nos mais capazes
    de libertar os outros.
  • 63:42 - 63:47
    Em termos neurocientíficos, tornamo-nos capazes
    de uma profunda co-regulação,
  • 63:50 - 63:55
    que é a base da co-criatividade,
    para a qual estamos biologicamente preparados,
  • 63:57 - 64:04
    apenas fomos convencidos
    de que não estamos, de que somos apenas sombra.
  • 64:06 - 64:10
    Estou a falar agora do quarto arquétipo,
    a alma, a totalidade.
  • 64:11 - 64:14
    Não somos apenas isto,
    não somos apenas aquilo,
  • 64:15 - 64:22
    somos o todo da vida
    no momento presente.
  • 64:26 - 64:29
    As lágrimas que chorei ao ver as mulheres
    a marchar nas ruas do Irão
  • 64:29 - 64:33
    eram as minhas lágrimas e as delas.
  • 64:34 - 64:42
    E ao perceber isso
    fui para além da causa,
  • 64:44 - 64:50
    fui para além da política,
    entrei na profundidade da humanidade,
  • 64:52 - 64:54
    e é dessa profundidade
  • 64:55 - 64:58
    —que todos nós...
    é um poço no qual todos podemos cair—
  • 64:59 - 65:01
    está disponível,
  • 65:03 - 65:05
    mas tens de desenvolver uma disciplina
  • 65:05 - 65:07
    —e sei que muitos de vocês já o fazem—
  • 65:07 - 65:10
    de nutrir isto,
    nutrir isto, nutrir isto,
  • 65:10 - 65:12
    mas ao nutrir-te,
  • 65:12 - 65:17
    por favor minimiza o teu julgamento
    sobre ti mesmo.
  • 65:18 - 65:23
    Tantos de nós—há um amigo meu
    que escreveu um livro há muitos anos.
  • 65:23 - 65:24
    Chamava-se Marty Selman.
  • 65:25 - 65:28
    Era sobre comunicação
    —era um tipo super-vendedor—
  • 65:29 - 65:31
    e a sua pesquisa mostrava
    que a pessoa média
  • 65:31 - 65:34
    fala consigo mesma
    mais de duas mil vezes por dia.
  • 65:37 - 65:39
    Falamos principalmente connosco.
  • 65:41 - 65:42
    Eu falo principalmente comigo próprio,
  • 65:42 - 65:48
    por isso é muito importante saber
    quem convidamos para conversar,
  • 65:48 - 65:49
    quem convidamos para entrar,
  • 65:50 - 65:53
    e como recebemos o nosso hóspede
    —a pensar em Rumi—
  • 65:54 - 65:55
    como somos o anfitrião.
  • 65:58 - 66:01
    E às vezes ser o anfitrião
    significa deixar as coisas ser.
  • 66:03 - 66:04
    Vocês sabem disto.
  • 66:04 - 66:05
    (Risos)
  • 66:05 - 66:08
    Às vezes ser o anfitrião
    significa deixar as coisas ir,
  • 66:09 - 66:13
    e às vezes ser o anfitrião
    significa simplesmente deixar as coisas fluir.
  • 66:15 - 66:20
    Portanto, não precisamos de nos agarrar
    à informação, às imagens,
  • 66:21 - 66:23
    como se fossem a definição das nossas vidas.
  • 66:24 - 66:31
    Suportamos as nossas experiências, dos nossos sentidos,
    as nossas vistas e sons, e movimentos,
  • 66:31 - 66:38
    do nosso corpo e da nossa mente,
    mas não temos intenção de nos deixar levar.
  • 66:44 - 66:49
    Quero terminar com um poema favorito meu
    que está ligado
  • 66:49 - 66:52
    àquilo que acho que é a prática central
  • 66:52 - 66:59
    de não sermos levados
    pelo mundo, pelo sofrimento e pela loucura.
  • 67:03 - 67:04
    Pablo Neruda
  • 67:06 - 67:08
    Chama-se 'manter o silêncio'
  • 67:10 - 67:14
    Agora vamos contar até doze
    e todos ficaremos quietos
  • 67:16 - 67:22
    pela primeira vez na face da terra,
    não falemos nenhuma língua;
  • 67:23 - 67:29
    vamos parar por um segundo,
    e não mexer tanto os braços.
  • 67:30 - 67:36
    Seria um momento exótico
    sem pressa, sem motores;
  • 67:38 - 67:41
    estaríamos todos juntos
    num estranho repentino.
  • 67:43 - 67:46
    Pescadores no mar frio
    não fariam mal às baleias
  • 67:47 - 67:50
    e o homem que junta sal
    não olharia para as suas mãos feridas.
  • 67:52 - 67:56
    Aqueles que preparam guerras verdes,
    guerras com gás, guerras com fogo,
  • 67:57 - 68:01
    vitórias sem sobreviventes,
    vestiriam roupas limpas
  • 68:02 - 68:08
    e passeariam com os seus irmãos e irmãs
    à sombra, sem fazer nada.
  • 68:09 - 68:13
    Se não fôssemos tão obstinados
    em manter as nossas vidas em movimento,
  • 68:13 - 68:16
    e, pela primeira vez, conseguíssemos não fazer nada,
  • 68:17 - 68:23
    talvez um enorme silêncio
    pudesse interromper esta tristeza
  • 68:23 - 68:31
    de nunca nos entendermos
    e de nos ameaçarmos com a morte.
  • 68:33 - 68:44
    Agora vou contar até doze
    e tu fica em silêncio e eu partirei.
  • 68:46 - 69:02
    (Sino toca quatro vezes)
Title:
Dharma Talk: Living in the World with Your Heart Undisturbed | Dr. Larry Ward
Description:

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Video Language:
English
Duration:
01:09:02

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