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NUM GRANDE DIA DO SÉCULO XXI
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OCORREU UM ENCONTRO
DE SERES HUMANOS NUNCA VISTO
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100 PERGUNTAS
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112 PARTICIPANTES
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11200 OPINIÕES
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UM CÍRCULO
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Para mim, hoje,
a pergunta mais importante é
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como podemos sentar
para conversar?
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Não apenas uma ou duas pessoas,
mas todos nós neste planeta.
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Para começarmos a fazer as perguntas
sobre o que importa.
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-Para mim, o que importa...
-Está distorcendo a verdade...
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sobre as mudanças climáticas?
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Por que a África é menos
desenvolvida do que o Oeste?
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Gostaria de saber...
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Qual é o ponto de equilíbrio
entre os valores judaicos
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e os outros valores numa democracia?
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-Tenho algumas perguntas.
-Por que desgostam dos Americanos?
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Como o indivíduo se relaciona
em grupo no século XXI?
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Este lugar tem muita história.
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Aqui, costumavam queimar os livros
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de quem diz as coisas
que outras pessoas preferem ignorar.
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E é por isso que viemos
para August-Bebelplatz em Berlim,
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onde se queimavam livros,
queimando pensamentos.
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A livre expressão foi queimada aqui.
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MESA DAS VOZES LIVRES,
BEBELPLATZ, BERLIM
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È maravilhoso ver tantas caras
bonitas em volta desta mesa.
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Temos um longo dia pela frente,
então vamos iniciar já o programa.
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Hoje, perguntamos e começamos
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a ver respostas a 100 perguntas
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escolhidas entre milhares,
doadas por pessoas do mundo inteiro.
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Faremos estas perguntas
no decorrer das próximas nove horas.
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Em oito sessões
de cerca de 45 minutos,
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abrangendo oito temas
de importância global.
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-Chinês.
-Daqui. Directamente daqui.
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Você esteve no meu país?
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Não, infelizmente não estive.
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Juntos, nos tornamos um só
para comemorar nossa diversidade
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e juntar múltiplos pontos de vista.
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-Obrigada por estar aqui conosco.
-Na Mesa das Vozes Livres.
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-Primeira pergunta.
-Origem anônima, EUA.
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"Qual é a mais importante história
menos relatada hoje?"
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Pode começar com sua resposta.
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O que hoje deveria ser relatado
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e realmente não é
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é o quando custa a vida.
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O preço da vida neste planeta.
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Vivemos, de crise em crise,
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e relatamos apenas
uma porção da história.
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Quando as armas da luta se calam,
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nos esquecemos daquele país,
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daquela região
que sofreu com o conflito.
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E passamos a relatar outra história,
e quando fazemos isso...
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Bom, eu começaria com o Darfur,
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com a exterminação de populações,
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só porque são de outra religião
ou outra raça.
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E o mundo não tem interesse neles,
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porque eles não têm recursos
como o petróleo.
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Acho que hoje,
a história menos relatada
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é a verdade
por trás do terrorismo global.
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Não temos nenhuma ideia
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da verdade por trás dele.
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Quem está vivo? E quem morreu?
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Quem o está propagando?
Quem o está desbravando?
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Quem está usando o terrorismo
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a seu favor.
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As crianças que foram escravizadas.
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O tráfego humano.
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Os milhões de pessoas
atravessando fronteiras ilegalmente
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em busca de uma vida melhor.
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Acho que hoje,
a mais importante dessas histórias
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é a da jovem que morreu
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há dez minutos de malária.
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Ela morreu sem necessidade,
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porque as drogas que poderiam matar
o parasita da malária existem,
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e são baratas.
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Mas ela não obteve estas drogas.
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E ela morreu,
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e outra criança acaba de morrer,
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e esta história não é relatada.
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Acho que não há
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uma história não relatada
mais importante de hoje.
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Há muitas histórias não relatadas
no mundo.
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E as coisas boas
que acontecem no mundo.
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Não ouvimos falar delas.
Há coisas maravilhosas acontecendo.
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Sempre ouvimos apenas más notícias.
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A morte, a destruição, guerras,
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assassinatos, homicídios, estupros.
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Problemas.
Os jornais, se você torce,
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pode... tem-se a impressão
que pode sair sangue.
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Obrigada.
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Pergunta 12, de Judy Twedt,
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24 anos, Denver, EUA.
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"Deveríamos ter o direito
de escolher onde moramos?"
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Esta é uma pergunta interessante.
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Gostei.
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A gente nasce.
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A gente nasce
num ponto do planeta Terra,
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e se a gente não quer ficar ali,
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vai para outro lugar.
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Mas quando a gente vai para outro
lugar, a gente é discriminado.
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Cheguei há dois dias, e no dia 11
tenho que partir de novo,
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porque meu visto
é válido por apenas quatro dias.
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Sendo colombiano,
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sendo um cidadão do mundo,
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não tenho o direito
de entrar neste paraíso,
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o paraíso do Primeiro Mundo,
exceto por quatro dias.
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Acredito que deveríamos ter
o direito de escolher onde morar.
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Vivemos num mundo
onde o capital pode mover-se,
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onde bens podem mover-se.
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Porque tanta histeria
sobre a circulação de pessoas?
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Uma vez, por exemplo,
eu queria ir a Dubai,
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mas como eu tenho
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um passaporte
da Convenção de Genebra de 1951,
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não me foi permitido.
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E a razão que me deram para isso
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foi que eu não pertencia
a lugar algum.
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Todo mundo quer viver num lugar
onde não haja guerra.
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Todo mundo quer ter
uma existência harmoniosa.
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Algumas pessoas podem comprar isso
e outras não.
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Algumas pessoas podem reivindicar
este direito
-
e outras não estão numa posição
para fazer isso.
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Sim, todos deveríamos ter o direito
de viver onde queremos,
-
mas todos deveríamos
poder pagar por isso.
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Às vezes você precisa se mudar
para conseguir sustentar a família.
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Se estiver atravessando fronteiras,
e não for reconhecido por um estado,
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quer dizer que você é ilegal
sob a definição do estado?
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Acho que um ser humano, não pode
dizer que outro ser humano é ilegal.
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As pessoas que se mudam, o fazem
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porque estão desesperadas.
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Elas tomam riscos enormes.
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Olhe para as pessoas
chegando nas Ilhas Canárias.
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Todas as semanas,
em barcos improvisados,
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elas chegam em centenas na praia.
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Elas estão totalmente desesperadas.
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Senão, não teriam ido embora.
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Isso não é uma escolha.
Não é escolher onde vou morar.
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Você não escolhe de se arriscar, com
nove chances sobre dez de se afogar,
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ou ser assassinado
antes de realmente chegar.
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Isso não é uma escolha!
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Você também poderia perguntar,
não deveríamos ter...
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o direito de ficar onde estamos?
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Esta è uma pergunta muito urgente
para muitas pessoas neste planeta.
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O povo tibetano,
como eu, sendo tibetana,
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nós não temos este direito.
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Sim, podemos morar no nosso país,
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mas não podemos necessariamente
fazer o que queremos.
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O dia em que a lei
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ditar de fato a possibilidade
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de conceder este direito a todos,
sem restrição,
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neste dia
a humanidade terá feito mais
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do que passar uma fronteira.
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Ela terá atingido
um grau de evolução,
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que é desejável
-
para todas as culturas e nações.
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É importante...
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que possamos viver onde quisermos.
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Todo mundo precisa de um ninho.
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Até os pássaros
precisam de um ninho.
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Os seres humanos
precisam de suas casas.
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Pergunta 19, de Claire Mackintosh,
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25 anos, Brisbane, Austrália.
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"Qual é a dignidade básica
que cada ser humano merece,"
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"e por que deixamos
tantas pessoas viverem sem esta?"
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A dignidade básica
é a dignidade humana,
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seu orgulho, para que possa manter
sua cabeça erguida, e não baixá-la.
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Eles não devem ter medo.
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Talvez morem num vilarejo distante.
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Num lugar de um país
em desenvolvimento. E daí?
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Eles deveriam manter a postura...
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Deixamos tantas pessoas viverem assim,
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para que outras pessoas
façam o que fazem.
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Pegar terras.
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Soltar bombas.
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Pegar água.
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Controlar mentes.
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Tudo para nós mesmos
e nada para os outros
-
parece ter sido,
em cada era do mundo,
-
a máxima vil
dos mestres da humanidade.
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Tudo para nós mesmos
e nada para os outros.
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Foi Adam Smith que disse isso,
Adam Smith, o pai do capitalismo.
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Ele sabia que era a tendência.
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Tudo para nós mesmos
e nada para os outros.
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A Declaração Universal
dos Direitos Humanos
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é o que deveria estar disponível
-
para as pessoas no mundo inteiro.
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Não deveríamos aceitar que
estes direitos básicos sejam negados,
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o direito humano básico
de viver uma vida decente,
-
de ter acesso
-
a comida, abrigo e educação.
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É inaceitável
que no mundo de hoje,
-
haja crianças morrendo de fome.
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É inaceitável
que no mundo de hoje,
-
haja crianças sem abrigo.
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Para me preparar para esta pergunta,
usei a Internet, Wikipédia,
-
e li novamente a Declaração Universal
dos Direitos Humanos da ONU,
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que me fez chorar.
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Simplesmente chorei. É tão bonita.
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Vamos colocá-la
em todos os passaportes.
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Meu pai foi exterminado com 37 anos
-
e minha mãe com a mesma idade.
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Minhas irmãs foram exterminadas
-
com 14 anos, 6, 12, e 16.
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Eu sobrevivi, e a vida
se tornou muito preciosa para mim.
-
E penso que também é preciosa
para cada ser humano neste planeta.
-
E ainda assim ela é, muitas vezes,
retirada por razões erradas.
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Ensinamos às crianças que nossas vidas
são mais valiosas do que as alheias.
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Estranhos,
pessoas com outra cor de pele,
-
pessoas que têm menos do que temos,
pessoas que não falam nossa língua.
-
Pessoas...
-
Os outros. As outras pessoas.
-
O que muitas vezes acontece
é que essas pessoas
-
são realmente vistas
como "eles" e não "nós",
-
e não se presta muita atenção,
não nos preocupamos
-
com os direitos básicos
e a dignidade dessas pessoas.
-
Mas acho que você tem que pensar
no significado de "nós" na pergunta.
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Quem somos "nós" e quem são "eles"?
-
Bebês, quando choram,
não se pode distinguir
-
se é um menino, uma menina,
qual a sua nacionalidade,
-
ou qual a religião de sua mãe.
-
É apenas voz.
-
Não se esqueça. É apenas um som.
Temos de recordar isso.
-
Suponho que se as pessoas realmente
se considerassem como irmãos,
-
e pudessem imaginar
que cada pessoa lá fora
-
fosse seu filho ou parente,
seria muito diferente.
-
Se realmente pudéssemos
abrir tanto nossos corações.
-
Todo mundo pode ganhar
-
dignidade humana para si mesmo.
-
Porém antes disso,
deve-se deixar para trás
-
a opressão auto-imposta
de políticas, ideologia, religião,
-
e conservadorismo nacionalista.
-
Eu venho...
-
eu venho da selva,
-
onde passei a maior parte
da minha vida, com tribos,
-
e onde...
-
a questão da liberdade
-
é bem maior do que a liberdade
que temos aqui.
-
Não conheci
seres mais livres do que eles,
-
do que os povos indígenas.
-
Não, não conheci.
-
Você acredita que este projeto
possa mudar algo?
-
Eu sabia desde o momento
em que este murmúrio começou,
-
com este balbuceio de vozes.
-
Senti um tremor na minha coluna,
-
e compreendi que algo sairá disso.
-
Me lembrou um pouco "Asas do Desejo".
-
Com estes anjos
que ouvem todas estas vozes.
-
É um tipo parecido de murmúrio
o tempo todo.
-
Eu podia ouvir este mesmo murmúrio
aqui, só que era real.
-
Todas estas pessoas
pensavam de fato em voz alta.
-
Oh, ei! Você viu a Bianca?
Acho que ela está para lá.
-
Aí está ela.
-
Acho que ela chegou tarde.
-
Você pode me fazer um grande favor?
-
Não mexa quando estou falando,
porque isto imediatamente...
-
você poderia fazer isso antes
ou depois, quando eu paro de falar,
-
porque se fizer quando estou falando,
minha concentração...
-
-O faço quando recebo anotações.
-Claro.
-
Pergunta 28, de Andrew,
-
22 anos, Frankfurt, Alemanha.
-
"E se todos os Chineses
quiserem um carro?"
-
Comece por favor.
-
Esta pergunta é um pouco racista.
-
Por que não?
-
Precisamos todos de um carro.
-
Por que você só fala dos Chineses?
-
Se você for aos EUA,
toda família tem mais de três carros.
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Por que os Chineses?
Queremos todos um carro.
-
Italianos, Franceses e Alemães
que não têm um carro, querem um.
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E se todos os Indianos
quiserem um carro?
-
E se todos os Africanos
quiserem um carro?
-
Se todos os Chineses
quisessem ter um carro,
-
e assumindo
que eles fossem querer dirigir
-
os maiores, mais velozes
e mais potentes carros,
-
os céus acima de nós escureceriam.
-
Estradas insuficientes,
muitos acidentes,
-
falta de lugar para estacionar,
-
poluição demais.
-
E se todos os Chineses
quiserem um carro?
-
Então todos os Alemães
-
têm que trabalhar
na indústria automotiva
-
para produzir carros para os Chineses
até que todo alemão esteja exausto.
-
È uma história impossível.
-
O carro de hoje, no mundo rico,
-
usa de 2 a 3 por cento da energia
no tanque
-
para realmente mover o motorista.
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O resto é perdido
ao mover o peso do quadro,
-
e o peso do motor,
perdido em calor e fricção.
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Inventamos um enorme conjunto
super sofisticado
-
de veículos muito mal projetados.
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Apenas para levar uma pessoa
de um lugar para outro.
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Os preços do petróleo vão seguir
aumentando dramaticamente.
-
E o caos econômico no Oeste,
no máximo,
-
ou, no mínimo, a deprimente
e inevitável constatação
-
de que algo deve ser feito
-
sobre o consumo excessivo
de combustíveis fósseis
-
nos Estados Unidos
e outros países do Oeste
-
estará impresso
na consciência das pessoas.
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A China, por muito tempo,
-
foi uma nação de bicicletas.
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Os fabricantes de carros chineses,
-
vendo o impacto ecológico
dos carros,
-
estão trabalhando duro
para projetar carros elétricos.
-
A China tem uma enorme oportunidade,
-
e responsabilidade
-
de industrializá-lo, de uma forma
que funcione para seu povo,
-
e para o seu meio-ambiente,
-
e para o mundo.
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O que está por trás da pergunta
não é tanto o povo chinês,
-
mas uma metáfora para uma situação,
que é claramente insustentável.
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Não podemos pedir que eles façam
-
o que não estamos prontos a fazer
nós mesmos.
-
O que devemos fazer
é aprender com nossos erros,
-
com a maneira em que temos vivido,
e a forma irracional e irresponsável
-
em que temos levado nossa vida.
-
O problema não é
quantas pessoas querem um carro,
-
mas o fato que a porta
para os desejos humanos
-
tenha sido aberta sem limite.
-
Como fechar novamente esta porta
-
depois de abri-la para nossos desejos
infinitos e possessivos?
-
-Tudo bem?
-Tudo bem.
-
-Como vai?
-Bem. Um pouco exausto.
-
-É demais?
-Sim.
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É tão legal estar aqui
fazendo isso.
-
-É?
-Os Nazistas queimaram os livros aqui.
-
Ah, agora entendi. É por isso
que há aquela pilha de livros ali.
-
Meu Deus, não tinha me dado conta...
-
Willem.
Quantas perguntas faltam?
-
-Depois de todas essas perguntas.
-Você quer saber?
-
Estou falando tanto
sobre todos os problemas.
-
Estou mandando brasa!
-
-Estou indo bem?
-Pergunta 33...
-
da novelista de Nova Iorque,
-
Siri Hustvedt, que pergunta...
-
Estou muito curiosa para saber,
para descobrir,
-
como a cultura consumista
-
realmente influencia
-
as personalidades,
os modos de vida das pessoas,
-
a forma de pensar,
-
dentro deles,
numa determinada cultura.
-
Como se torna parte de nós,
-
e o que significa conseguir resistir
-
a esta cultura visual e verbal,
me parece que...
-
"Me parece
que está sempre diminuindo"
-
"e simplificando a realidade
em algo"
-
"que pode ser facilmente
comprado e vendido."
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Eu acho...
-
Cultura consumista...
-
Funciona para continuar criando
-
um desejo na sociedade,
na comunidade,
-
de que há algo novo,
algo melhor, mais útil...
-
O homem não precisa de nada.
-
Precisa apenas de si mesmo.
-
Ele precisa de amor.
-
Há cafeteiras suficientes
no mundo.
-
Estamos rodeados de bastantes
aparelhos. Há cadeiras suficientes.
-
Use uma das várias centenas
que já estão ali,
-
e use sua energia extra para fazer
coisas que são mesmo importantes.
-
Isso tudo faz parte
de uma cultura de prostituição.
-
Nossos valores foram prostituídos,
-
e a humanidade não passa de
uma grande máquina de prostituição.
-
Criamos monstros,
-
monstros do desenvolvimento agrícola.
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As vacas do McDonald's são mortas
sem nenhuma cerimônia de matança.
-
Não há honra, ou agradecimento
ao animal por nos fornecer alimento.
-
E quando não há cerimônia,
a comida que comemos se torna má.
-
E adivinhe o quê?
-
Onde se come McDonald's
-
as pessoas ficam doentes.
-
O que você esperava?
Não há cerimônia.
-
Os povos mais poderosos
na face do planeta
-
são os que podem afetar
o maior número de mentes, que...
-
que podem influenciar
o comportamento humano,
-
e os movimentos sociais,
-
e o modo como as sociedades se vêem,
-
o modo como andam e falam,
as coisas que comem, que bebem, etc.
-
Tudo o que importa é a economia.
-
É um modelo que está nos destruindo.
-
É um modelo que está nos consumindo.
-
O que realmente temos que observar
-
é o próprio mercado livre,
-
e procurar uma forma de incluir
-
todo o aspecto ético.
-
Riqueza para compartilhar, cuidar,
-
e viver feliz consigo
e com os outros.
-
E a melhor e mais profunda riqueza
é saber como ajudar os outros.
-
Pergunta 37
-
de Tom Henze,
30 anos, Berlim, Alemanha.
-
"Será que nossa riqueza é dependente
da pobreza do Terceiro Mundo?"
-
A expressão "Terceiro Mundo"
é realmente arrogante.
-
Não é um Terceiro Mundo,
é apenas um mundo
-
que se desenvolveu
de forma diferente ou não tão rápida.
-
Mas não é o Terceiro Mundo.
O que é o Primeiro Mundo então?
-
Qual é mesmo a definição
do Terceiro Mundo?
-
Há um Primeiro Mundo,
um Segundo e um Terceiro Mundo?
-
Não.
-
Um mundo...
-
Não indo tão bem...
Com humanos estragando tudo...
-
Enfim, se nossa riqueza depende
da pobreza do Terceiro Mundo,
-
então temos um problema,
um grande problema...
-
Começaram primeiro tirando o ouro.
-
O ouro que, para os povos indígenas,
-
não tinha o mesmo valor
que para os capitalistas.
-
A África
tem sido o berço da humanidade,
-
e estou segura do que digo,
que a África
-
também vai ser
o leito de morte do capitalismo.
-
África espoliada.
-
África, terrível África.
-
É impossível falar da África
sem sentir uma certa...
-
um certo aperto no coração.
-
As pessoas bem alimentadas
não compreendem
-
o que é ter fome.
-
Um líder Nigeriano disse:
-
"Se não quiserem dividir sua riqueza,
dividiremos nossa pobreza com vocês."
-
Se quiserem a paz mundial,
falemos de distribuição justa.
-
Também temos que entender
que todos os recursos
-
são divididos entre todos e são,
antes de tudo, para os necessitados.
-
A verdadeira posse é a posse
por necessidade, vinda da necessidade.
-
Quando preciso de um copo d'água,
ele é meu por direito de necessidade.
-
Justo... "Justo" não é uma palavra
-
que se ouve muito em economia.
-
Há uma conexão
que devemos fazer
-
entre a pobreza das pessoas,
-
a riqueza da terra,
e devemos observar
-
para onde esta riqueza está indo.
-
Acho que a globalização
deveria realmente tratar
-
de formar famílias globais,
afastando-se do que chamo
-
de uma forma de espécie juvenil
de concorrência hostil,
-
e caminhando para uma forma
mais madura de cooperação.
-
Isto aconteceu com muitas espécies
no decorrer da evolução
-
e agora é nossa vez,
como seres humanos, de fazer isso.
-
O digo de forma bem simples.
-
Adotemos a generosidade do divino,
-
que é o poder de doar,
-
pois toda vida nos é dada.
-
E os que fazem isso
estão "per doando".
-
E se sua vida
é focada em receber,
-
você está se juntando
à cultura do "a pagar".
-
Você pode escolher fazer parte
do "a pagar" e ser apagado,
-
ou do "per doar" e ser perdoado.
-
Gosto disso! Isso é genial.
-
-Ele falou por mim, meu vizinho.
-Repita. Repita.
-
Sim. Pode sentar na minha cadeira
e dizê-lo por mim?
-
Eu gostaria que tivéssemos
mais interação neste processo.
-
Eu ganho mais vida
quando compartilho com alguém.
-
Meu cérebro não, meu cérebro não...
Digo, isso! Falar com você...
-
Falar com você!
-
-Oi, querido.
-Oi! Tudo bem?
-
Você está se divertindo?
-
-Você está se divertindo?
-Sim.
-
Porque você é tão esperto.
Você é mesmo um gênio.
-
As respostas estão sempre
na ponta da sua língua.
-
-Não sei, não sei.
-Não sei!
-
Fazemos parte
de um grande experimento.
-
Não se trata das perguntas.
Trata-se de nós.
-
Continue.
-
Obrigada.
-
Enquanto vocês respondiam
àquela última pergunta,
-
caminhei pelo círculo e pude ver
suas caras, ouvir suas vozes,
-
ver suas expressões.
-
E foi muito emocionante
poder ver
-
tudo o que vi quando caminhava
em volta do grupo.
-
Temos aqui um grupo tão variado!
-
Temos nossas próprias Nações Unidas!
-
Vi gente da África,
da Ásia, Austrália,
-
da Europa e das Américas.
-
É lindo estarmos todos aqui,
investindo no futuro.
-
Pergunta 41.
-
De Adrienn Meszaros,
30 anos, Budapeste, Hungria.
-
"Existe uma versão moderna
de colonialismo?"
-
Sim.
-
Existe uma versão moderna
de colonialismo.
-
E se chama dívida.
-
Chama-se dívida,
-
seguida
das políticas de ajuste estrutural
-
impostas pelo Banco Mundial
e o Fundo Monetário Internacional.
-
Grande parte deste dinheiro,
que vai aos países em desenvolvimento,
-
é usado para controlar a soberania
de nossos próprios governos,
-
de nosso próprio povo...
-
O Banco e o Fundo dizem:
se você for pagar sua dívida,
-
o que há de se fazer,
-
você tem que aumentar
as taxas de juro...
-
Isso torna difícil os empréstimos
e o emprego de gente pelas empresas.
-
Deve-se privatizar tudo
o que se tem à vista,
-
e isso dá grandes oportunidades
-
a empresas estrangeiras
e elites locais
-
de comprar todas as empresas
que antes eram públicas.
-
Os Estados Unidos da América
foram eles mesmos construídos
-
com a dizimação de um povo inteiro.
-
A Europa foi construída
-
sugando o Congo,
-
sugando o ouro e os diamantes
da África do Sul.
-
A escravidão se tratava
da exploração das matérias primas.
-
Hoje se trata do petróleo.
-
Hoje se trata dos diamantes,
minerais e matérias primas.
-
Os países...
-
os países latino-americanos,
-
continuam sofrendo a exploração,
-
a exploração de seus recursos.
-
Todas estas políticas
tem sido muito benéficas
-
para uma minúscula minoria
de pessoas nestes países.
-
Como vampiros.
São vampiros!
-
Usam a energia,
a força e as vidas dos outros,
-
para obter sua própria
prosperidade econômica.
-
É o colonialismo econômico moderno
baseado na globalização,
-
mas sua estrutura
é quase exatamente a mesma
-
que tem sido por 400 ou 500 anos.
-
É melhor do que o colonialismo,
porque não precisa de um exército.
-
Não precisa de uma administração.
-
Não tem nenhum custo,
o estado, os poderes intervindo...
-
"Somos crianças de um mundo
que tem o bastante para todos."
-
"Mas tantos continuam a ter fome,
e tão poucos são bem alimentados."
-
"Um vai comer, o outro sofre."
-
"Sempre foi assim."
-
"As outras nações devem ser pobres,
para que as ricas sejam ricas."
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E isto é realmente um sistema ideal,
-
porque não é muito visível.
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Já o colonialismo é visível.
-
As pessoas acham isso podre,
vendo fotos tiradas...
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Mas a dívida é invisível,
funciona bem e é até mais eficiente.
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Não gosto de ficar sentada aqui,
sendo americana, falando disso,
-
mas isto é o lado negro
do mundo real em que vivemos.
-
É muito real.
Tem causado muita miséria,
-
e temos que saber o que
está acontecendo no nosso mundo
-
para poder mudar as coisas.
-
Deve haver
formas democráticas de se viver
-
e formas de organização
-
que podem evitar todas as formas
-
imperiais e coloniais de subjugação.
-
Esta é a grande pergunta
do século XXI.
-
Pergunta 45, de Katharina,
24 anos, Alemanha.
-
"Por que ainda acreditamos mais
em nacionalidade do que humanidade?"
-
É pelo condicionamento da mente
que somos
-
treinados, treinados, treinados
o tempo todo,
-
que formamos parte
de uma identidade nacional.
-
É assim que o vemos.
-
E, no seio de uma nação,
há uma nova triagem
-
que leva a menores
e menores identidades...
-
E então temos medo.
-
Fomos colocados num sistema
para nos protegermos.
-
Somos tão inseguros.
-
Não sabemos quem está ao nosso favor,
e quem não está,
-
e isto destruiu a humanidade.
-
Vou lhe dar um exemplo.
-
Agora no Iraque, meu país,
-
a maioria das pessoas
se grudam
-
e confiam
-
apenas em seu próprio povo,
-
ou em seus vizinhos,
ou em outras pessoas de sua cidade.
-
Antes, não perguntávamos
quem era tal pessoa,
-
de onde vinha, de que cidade,
-
de que tribo ou família.
-
Éramos simpáticos, e só.
-
É a segurança,
a segurança psicológica,
-
que permite que as pessoas sintam
e expandam a noção de identidade,
-
que permite
que elas respeitem a diferença.
-
É quando as pessoas sentem medo,
sentindo-se assustadas e isoladas
-
que a intolerância cresce.
-
E hoje nos estados nações,
as pessoas estão sendo manipuladas
-
a través da mídia em massa
-
para aprenderem a detestar os outros,
sem sequer tê-los conhecido.
-
Vivemos num mundo,
onde fomos condicionados
-
a ser tribais, nativistas,
-
nacionalistas.
-
Claro que é importante compreender
-
que o nacionalismo é, na verdade,
um fanatismo.
-
Eu acredito que em cada um de nós
-
há um ditador racista.
-
Estou convencido disso.
-
Porque estamos mais próximos
da família do que do clã,
-
mais próximos do clã
do que da tribo,
-
mais próximos da tribo
do que da nação,
-
mais próximos da nação
do que da humanidade.
-
Não acredito em nacionalidade
de jeito nenhum,
-
e acho que mais e mais pessoas
no século XXI,
-
filhos de um mundo de possibilidades,
filhos do futuro,
-
moram no corredor
entre nações, culturas e categorias,
-
fora das definições tradicionais.
-
Nossas afiliações não são a nações,
-
ou à ordem tradicional,
mas a algo além disso.
-
Acredito que, até um certo ponto,
-
o conceito de nacionalidade
está começando a se desgastar
-
no que nos tornamos em um tipo de povo
genuinamente transnacional.
-
As vezes o pior inimigo
-
é nossa própria percepção.
-
Obrigada.
-
Pergunta 48 de Glen,
Cidade do Cabo, África do Sul.
-
"Como impedimos que nossos governos
entrem em guerra?"
-
Venho de uma terra
onde nunca houve guerra,
-
então não sei nada sobre a guerra,
-
mas eu sei do sofrimento que vocês
tem vivenciado.
-
Eu? Eu venho da terra da paz.
-
Onde nada além da paz
tem existido.
-
Onde ninguém tem medo de ser baleado.
-
Onde ninguém aponta para você.
-
Onde não há briga pela terra.
-
Nós vamos pra guerra: você, eu, nós.
-
Os governos não vão pra guerra.
Os governos nos mandam pra guerra.
-
Nós pagamos o preço,
-
e o preço que pagamos
não é apenas físico.
-
É também o preço psíquico que pagamos.
-
Perdemos nosso ancoramento moral.
Nos perdemos.
-
É realmente uma pena.
-
As grandes potências
deveriam se envergonhar
-
do que estão fazendo
com a civilização. Matando-a?
-
Sou uma sobrevivente
da guerra na Bósnia.
-
Durante três anos e meio
da minha infância,
-
milhões de bombas explodiram
na minha cidade, e...
-
ouvir uma bomba explodir
é uma experiência
-
que não pode ser
explicada ou descrita,
-
porque isso se sente no corpo.
-
Lembro
de meu corpo inteiro reagindo
-
a tanto barulho e destruição.
-
Meu coração batia a cada vez,
milhões de vezes.
-
Havia vezes em que parecia que
meu coração não ia mais aguentar,
-
como se fosse explodir
em milhões de pedaços.
-
Somos apenas dano colateral.
Não estamos falando de números.
-
Não estamos falando de vidas
ou famílias destruídas.
-
Estamos falando em danos colaterais.
É algo entorpecente.
-
Porque não vemos um rosto.
É algo distante.
-
O processo político perdeu o contato
-
com a realidade de que na guerra,
trata-se apenas de economia.
-
É incompreensível
que, dia após dia,
-
as potências mundiais
-
gastem tanto dinheiro
para a morte.
-
Perdemos a conexão com...
-
nossa responsabilidade
pelo que nossos governos fazem.
-
E nos perdemos na nossa impotência,
-
e achamos que podemos mudar tudo
em alguns instantes.
-
As pessoas marcharam contra a guerra
e não funcionou,
-
então todos voltam
a viver suas vidas novamente,
-
enquanto o que os fez ir à rua virou
-
um pesadelo ainda maior
do que o que eles poderiam imaginar.
-
Por que era então tão terrível
-
e nem tão terrível agora,
que ninguém está nas ruas?
-
Como parar o governo
é uma pergunta muito difícil.
-
A única maneira de fazê-lo
seria derrotando o governo,
-
com uma revolução.
-
Mas hoje a noção de revolução
é tão arcaica, tão fora de moda.
-
Já não pensamos deste modo,
-
mas esta é única maneira
de derrotar um governo.
-
O passo mais importante
-
que todas as mulheres do mundo
podem dar
-
é não deixar que seus filhos
-
sejam tornados em soldados,
sejam tornados em assassinos.
-
Venho de uma região
onde todos começaram a se odiar,
-
e a se matar ferozmente
-
como se outros já não fossem humanos.
-
Temos estes desastres em que,
num espaço de tempo muito curto,
-
uma imensa porção de poder
destrutivo pode ser suportada.
-
Os governos que fazem isso
devem ser substituídos.
-
Os líderes individualmente
responsáveis por estas ações
-
devem ser entregues à justiça.
-
Vimos uma maravilhosa tendência
nos últimos vinte anos
-
com o General Pinochet
e alguns outros,
-
cujas ações levaram
a genocídios, desaparições, mortes,
-
sendo levados
a cortes de justiça mundiais.
-
Então devemos caminhar
para um mundo onde todo líder
-
é feito responsável do mesmo jeito,
-
com o sentimento
que suas ações serão julgadas.
-
Como ser humano sinto que...
O que é a guerra de hoje?
-
Estamos nos matando, e isto é algo
-
que está tirando a paz
de muitas pessoas.
-
Pergunta 56.
-
De Moise Marabout, 23 anos,
-
Agadèz, Níger.
-
"Por que ainda não há paz
no Oriente Médio?"
-
Esta pergunta está extremamente,
extremamente, extremamente,
-
extremamente perto do meu coração,
sendo que sou israelita.
-
Posso apenas dizer
que, da maneira em que o vejo,
-
não há paz no Oriente Médio,
-
por causa da vaidade de Israel.
-
Enquanto a justiça não for feita,
-
não teremos paz.
-
A paz não é uma pausa entre conflitos,
-
mas um estado contínuo em que
podemos viver com certos esforços.
-
A única paz agora
-
é uma paz falsa,
-
uma paz baseada
sobre a falta de confiança.
-
O petróleo.
-
Acredito que a razão seja
que existem fanáticos dos dois lados.
-
Dos dois lados.
-
Não se pode ignorar que estamos
profundamente assustados como um povo,
-
mas em vez de tentar nos curar
-
reconhecendo
que devemos usar compaixão,
-
amor e perdão,
-
e entrar em diálogo olho no olho,
-
continuamos a nos esconder
atrás da nossa suposta razão,
-
mas ninguém tem razão.
-
Como se pudéssemos fazer qualquer
coisa, por causa do que nos fizeram.
-
Acredito que Palestinos e Israelitas
querem poder coexistir juntos.
-
Todo o argumento
de que estávamos aqui primeiro,
-
de que eles estavam aqui primeiro,
é irrelevante.
-
Somos todos visitantes neste planeta.
-
Somos todos estranhos
caminhando numa terra emprestada.
-
Quando os Palestinos e Israelitas
viverem juntos com respeito próprio,
-
com respeito um ao outro
e solidariedade,
-
isto ecoará no mundo inteiro.
-
Será o fim das batalhas estúpidas
-
do estado decidindo entre a cultura
do Ocidente e dos Muçulmanos.
-
É tanta mentira. Em Israel
e na Palestina podemos provar
-
que juntos podemos formar
a cultura mais linda que se pode ter.
-
Sei que sôo como um sonhador...
-
No meu país, na minha comunidade,
costumamos dizer...
-
o que significa:
-
"Onde brigam dois toros,
em geral é a grama que sofre."
-
Pergunta 61 de Wolfgang Jost,
-
23 anos Berlim, Alemanha...
-
"Por que a bomba nuclear iraniana é"
-
"considerada ser mais perigosa do que
a americana, israelita ou francesa?"
-
Não façamos esta pergunta
nos EUA, na França ou em Israel.
-
Mas façamos esta pergunta
-
na Argélia ou no Iraque,
-
no Líbano ou na Palestina...
-
Ou até no Japão!
-
7 de agosto de 1945.
-
Os Americanos
soltaram uma bomba em Hiroshima.
-
Centenas de milhares de pessoas
morreram, colegiais, civis,
-
e isso continuou durante anos,
-
por causa
das consequências atômicas.
-
Quem tem realmente usado
essas bombas, na prática?
-
Até agora, só os EUA.
-
O Irã promete,
se compromete a destruir Israel.
-
E se o Irã tivesse
uma bomba nuclear, sem dúvida,
-
cumpriria sua promessa.
-
Israel? As bombas de Israel?
-
De onde vêm?
-
Nós fazemos estas.
-
Nós as vendemos a Israel.
-
As bombas americanas, israelitas
e francesas deveriam ser removidas.
-
A França e os EUA têm
a obrigação jurídica de fazê-lo
-
de acordo com o Tratado
de Não-Proliferação Nuclear.
-
E Israel
tem um interesse de segurança
-
em resolver de verdade os conflitos
na sua região por meios não-violentos.
-
Enquanto uns tiverem armas nucleares,
outros vão as querer.
-
Enquanto as quiserem,
eles as terão.
-
E enquanto elas existirem,
é inevitável
-
que seja por acidente ou projeto,
elas serão utilizadas.
-
Qualquer utilização é catastrófica,
portanto elas devem ser abolidas.
-
Por que temos que ter
uma bomba nuclear?
-
Não deveríamos...
Se devêssemos recomeçar tudo de novo,
-
ninguém diria que foi uma boa ideia
construir as bombas nucleares.
-
Loucura!
-
Quem seríamos se não vivêssemos
à sombra da bomba atômica?
-
Seríamos pessoas bem diferentes.
-
Será que viveríamos com
este sentimento de medo, manipulado
-
tão facilmente por forças exteriores?
-
Será que ainda permitiríamos
que haja o nível de violência atual?
-
Acho que não.
-
Acho que poderíamos
ter encontrado excelentes maneiras
-
de lidar com conflitos
que não seriam violentas.
-
E acho sim
que quem somos no século XXI
-
foi profundamente afetado
-
pelos avanços tecnológicos
em armamento.
-
Acho que não compreendemos plenamente
-
o que o uso da bomba atômica
fez com a nossa humanidade,
-
o que fez com os cidadãos americanos.
-
Acho que isto contribui para...
-
o grau de violência
na nossa própria natureza interna.
-
Contribui para o grau de depressão,
-
o grau de dependências,
-
a desconexão e a negação...
-
Acho que o mundo
seria muito diferente,
-
muito diferente,
-
provavelmente
mais atencioso e generoso...
-
Obrigada.
-
A pergunta 62 é
-
do autor e ativista Arundhati Roy.
-
"Entre a resistência não-violenta
e a luta armada, para onde vamos?"
-
"O que traz resultados?"
"Qual a coisa certa a fazer?"
-
"Ou será que precisamos
de biodiversidade de resistência?"
-
Arundhati, se você pudesse
sentar aqui e ouvir este murmúrio...
-
e ver todos estes rostos.
-
Gosto do termo
"biodiversidade de resistência".
-
É uma excelente pergunta
-
e não sei se somos as pessoas certas
para responder a ela.
-
Eu preferiria dizer que prefiro
a resistência não-violenta.
-
E quem dera
que esta resistência funcionasse.
-
Mas não somos nós quem escolhemos
a resistência dos oprimidos.
-
Certamente precisamos
de várias formas de resistência.
-
A luta armada
deve ser a última alternativa,
-
e devemos ser
muito, muito conscientes disso
-
e muitas vezes suspeitar.
-
E há também situações
em que a luta armada
-
se torna necessária.
-
Na maioria das vezes
devemos implementar
-
todas as formas
de resistência não-violenta e luta,
-
entendendo
que a não-violência deve ser ativa,
-
deve ser vital e vibrante,
-
é algo que exige
sacrifício e sofrimento,
-
algo que nos permite acentuar
o que há de melhor em nós
-
e o que há de melhor nos outros.
-
A luta pela mudança
-
em cada lugar onde ela teve sucesso
-
empregou o que você chama
de "biodiversidade" de táticas.
-
Desde a resistência não-violenta
-
à organização política,
à elaboração de discurso
-
e à luta armada.
-
A legítima luta armada,
baseada nos princípios estabelecidos
-
pelo Congresso Nacional Africano
e por Che Guevara,
-
para distinguir
entre o mero terrorismo,
-
a violência gratuita
com perdas desnecessárias,
-
e a luta armada que é empreendida
para mobilizar e proteger
-
uma maioria oprimida.
-
Como organizador,
seja qual for a decisão que eu tome
-
e seja qual for o movimento
que eu inicie, devo me perguntar:
-
Posso viver com o impacto
da tática que vou usar?
-
Nunca foi o caso,
quando há mudanças,
-
dos outros não serem afetados.
-
Sempre há as vítimas
de uma mudança.
-
Se pergunte:
O quanto você está prestes a dar?
-
O quanto você
está convencido do seu objetivo?
-
E então você pode escolher as armas.
-
Poderia ser uma caneta, um revólver,
-
uma câmera, um pedaço de papel,
poderia ser uma faca,
-
poderia ser sua vida.
-
Podemos alcançar muitas coisas
com a resistência não-violenta.
-
Mas será que não existem vezes
em que a luta armada é justificada?
-
Podemos justificar revoluções?
-
Concentrar-se na resistência
seria errado.
-
Não podemos nos concentrar
apenas na resistência.
-
Temos que criar "atração".
-
Temos que criar um novo paradigma
que seja atraente.
-
Imagine se todos florescessem
com sua própria beleza...
-
Todos sentados nesta mesa
florescendo com sua própria beleza.
-
Sim, Arundhati,
-
precisamos de biodiversidade na Terra.
-
É a língua de todo mundo,
a cultura de todo mundo,
-
a compreensão espiritual
de todo mundo.
-
Neste exato momento,
você pode ver a minha volta
-
um círculo que representa
uma comunidade global
-
onde há diversidade,
diversidade de pensamento,
-
diversidade de idéias,
diversidade de conceitos.
-
Há alguém aí nos escutando?
-
Em qualquer momento?
-
Provavelmente
vá ser catapultado no mundo
-
como um disco.
-
Genial.
-
Sim? Ficou legal?
Que bom!
-
Você pode retirar sua cabeça?
-
Assim você pode realmente sentir
o que está acontecendo a seu redor,
-
notar o que está acontecendo
a sua volta.
-
Ou você anda está em sua mente,
pensando?
-
-A câmera, nossa amiga.
-Galera!
-
Seja o que for que eu disser,
se houver algo interessante
-
pode usá-lo,
mas apague o resto por favor...
-
Você também foi ao centro.
Como foi o centro?
-
Foi ótimo. É incrível.
Você pode clicar nos diferentes...
-
Pode ir para qualquer câmera.
-
Pergunta 75.
-
De Sara Francis,
35 anos, Dublin, Irlanda.
-
"O que significa coragem agora?"
-
"Coragem é algo
que aprecio tanto numa pessoa."
-
"Saúdo as pessoas que têm coragem."
-
"A coragem te ajuda a continuar,
levando sua vida no dia-a-dia."
-
"A coragem é algo...
Passo a passo, você cresce!"
-
É preciso coragem para ser um
ser humano. É preciso dela para ser!
-
A solidão é coragem.
Herméticos. Neutralidade total.
-
Duvidar de si mesmo é ter coragem.
-
A coragem é tantas coisas.
-
Coragem é a coragem
de Aung San Suu Kyi,
-
que está sendo retida
-
incomunicável
e sob prisão domiciliar.
-
Coragem é a coragem
-
dos jovens estudantes
em Tiananmen Square.
-
Arriscamos nossas vidas
de várias maneiras diferentes.
-
Nunca realmente arrisquei a minha,
então não saberia dizer.
-
Nunca vivi situações
verdadeiramente perigosas
-
como fizeram tantas pessoas
em volta desta mesa.
-
Simplesmente,
estar disposto a morrer.
-
Sim, estar disposto a morrer.
-
Ter a coragem
de correr o risco de morrer,
-
defender quem sou
e o que estou fazendo.
-
Enfim, quero dizer,
estamos sentados numa praça,
-
onde a aventura do Nazismo
-
se apoderou deste lindo país
que é a Alemanha,
-
e distorceu as leis da justiça
-
do jeito mais rude e abominável.
-
Imagine a coragem das pessoas
que infringiram as leis do estado
-
para honrar a lei superior
-
de se importar com a vida humana.
-
Você não sabe que os campos
de trabalho forçado na China
-
são parecidos
com os gulags soviéticos,
-
ou os campos de concentração alemães.
-
Cerca de 40 ou 50 milhões de pessoas
perderam suas vidas ali.
-
Eu passei 19 anos lá,
-
antes de conseguir chegar aos EUA.
-
Eu não queria falar disso,
-
mas acabei falando,
-
porque temos apenas uma vida.
-
O que seria da Argentina,
sem a coragem
-
das mães da Plaza de Mayo,
-
que enfrentaram
os ditadores e o terrorismo
-
dos Generais Videla, Massera e Agosti,
-
que fizeram desaparecer milhares
de pessoas, jogando-as no mar.
-
O que seria de nós
-
sem a lição de coragem
destas mães,
-
que ficaram de pé na frente
da Casa de Gobierno toda quinta
-
com os retratos
de seus filhos desaparecidos?
-
Coragem significa compreender
-
que estes poderes não são invencíveis,
-
como está sendo demonstrado
por pessoas no mundo,
-
que, com coragem e indignação,
-
conseguiram expulsar transnacionais
de seus países,
-
conseguiram golpear
-
e derrubar governos.
-
Coragem tem tudo a ver com...
-
olhar o futuro na cara,
-
sempre reconhecendo
o elemento do desconhecido,
-
mas acreditando que sacrificando-se,
-
sofrendo,
-
arriscando-se
e permitindo-se ser vulnerável,
-
uma pessoa
ainda pode fazer uma diferença.
-
Deveríamos guardar isto em mente
-
e isto deveria nos tornar
mais radicais e motivados,
-
já que não arriscamos nossas vidas,
-
só um pouco de encrenca,
-
um pouco de ostracismo,
um pouco do nosso bem-estar.
-
A coragem não deve servir apenas
para mudar este mundo.
-
Deve também garantir
-
que o mundo atual
não mude quem eu sou.
-
Pergunta 78.
-
De Nancy Clemons, 57 anos,
Cameron, Missouri, EUA...
-
"O que posso fazer e transmitir
para impedir o aquecimento global?"
-
"O que posso fazer e transmitir
para impedir o aquecimento global?"
-
Por favor comece.
-
Esta é uma grande pergunta.
-
As gerações futuras simplesmente
não vão conseguir entender
-
nosso delírio de destruição.
-
Não há nada que possamos fazer
para impedir o aquecimento global.
-
O gelo vai continuar derretendo.
-
E agora a pergunta é:
Quem vai viver?
-
Quem vai levar uma vida
que vala a pena ser vivida?
-
Sabemos que muitas pessoas
vão perecer.
-
Sabemos que muitas outras
mal vão sobreviver sem vida.
-
Poucas terão uma vida
que vala a pena ser vivida.
-
Rezo para o Todo Poderoso
e peço de novo e rezo de novo
-
para que você e eu possamos ter
uma vida que mereça ser vivida.
-
Porque não importa
o que você e eu façamos hoje
-
não há como voltar para trás.
-
O gelo vai continuar derretendo
até que não exista mais.
-
Na verdade, não podemos mais
impedir o aquecimento global.
-
Como biólogo da evolução,
acredito firmemente
-
que já não podemos impedi-lo.
-
Podemos, porém, desacerelá-lo.
-
O aquecimento global não é
pura ciência. Trata-se de experiência.
-
A ciência nos dará os fatos,
os dados e poderá nos levar a agir.
-
Mas como nos movemos para agir
é uma pergunta
-
mais do coração do que da cabeça.
-
Somos todos parte do problema,
-
mas também podemos
ser parte da solução.
-
Eu poderia contribuir
se parasse de dirigir meu carro.
-
O uso de combustíveis biológicos e até
em larga escala dos eólicos e solares,
-
provavelmente
não seria suficiente para manter
-
um sistema industrial na escala atual.
-
Então a resposta está diminuindo.
-
Neste momento, centenas de comunidades
estão começando a dar esse passo.
-
Estão engajadas
no que é chamado de "power down".
-
Estão observando como podem,
sendo uma comunidade,
-
dar passos agora mesmo
para localizar suas economias.
-
Compreendem que, se o preço do
petróleo aumentar ou houver escassez,
-
poderão encontrar
as prateleiras do supermercado vazias.
-
Que não poderão aquecer suas casas,
-
que não poderão viajar.
-
Devemos falar sobre como controlar
-
nosso desejo barato.
-
Acho que algo que podemos
todos fazer, no mundo inteiro.
-
é envergonhar e ridicularizar
as pessoas que estão poluindo.
-
Não haverá
nenhum estado de emergência.
-
Temos estado por milhares de anos
-
num estado de emergência.
-
Induzimos-nos a pensar
-
que estes problemas são a criação
-
da nossa nação, do nosso governo,
da nossa religião ou raça,
-
mas não é o caso.
-
O problema reside
-
na consciência de cada indivíduo.
-
Não acredito na raça humana.
Não, não acredito nela.
-
E o digo, tenho vergonha
de pertencer a esta raça.
-
E ao mesmo tempo,
ela me fascina.
-
A bela e a fera.
-
A Pergunta 83
-
é do fotógrafo Sebastião Salgado
-
de Aimorés, Minas Gerais, Brasil...
-
"Pode uma pessoa ser perceptiva
o suficiente para ver nosso planeta"
-
"de um jeito que lhe diga
que ela também faz parte da natureza?"
-
Começamos todos a ver, de forma
cada vez mais clara, o dano causado.
-
O vemos à porta de nossa casa.
-
Vemos e sentimos as mudanças
climáticas, as secas e enchentes,
-
as tempestades e o calor.
-
Respiramos o mau ar.
-
Sofremos de alergias.
-
Sentimos falta do sabor da comida.
-
Assistimos a morte da floresta,
-
a ameaça e a desaparição
de animais e plantas.
-
E mais e mais pessoas compreendem
-
que o planeta não nos pertence,
-
mas que nós pertencemos à Terra.
-
Desde o século XX,
-
quando o homem foi capaz de fugir
da gravidade e ir para o espaço,
-
tivemos fotos,
lindas fotos de nosso planeta,
-
aquele pequeno globo azulado
flutuante pelo universo.
-
Quando olha para aquelas fotos,
você vira quase sentimental e pensa:
-
Eu moro neste planeta,
eu faço parte deste planeta.
-
Vá para um campo de noite e deite-se
-
e olhe para as estrelas.
-
Pretenda que a gravidade
o mantém colado ao fundo do planeta,
-
porque como se sabe
que lado é para cima?
-
A razão pela qual as crianças
adoram os animais
-
é porque nós evoluímos
junto com o resto da criação.
-
Vivemos perto da natureza
por quase toda nossa evolução.
-
esta breve interrupção
da vida moderna, isolada da Terra,
-
desligada dos outros animais
e cortada uma da outra
-
só aconteceu,
-
porque também nos desligamos
de nós mesmos,
-
de nossos próprios corações,
de nossos próprios corpos.
-
A natureza faz os materiais
mais sofisticados do planeta
-
a partir de carboidratos.
-
Nós também podemos
aprender a fazer isso.
-
Mas nos ensinamos
a ser superior à natureza.
-
Não olhamos para seus quatro bilhões
e meio de anos de experiência
-
em tecnologias incríveis.
-
Pegue um ninho de vespas.
-
É um edifício
que é pendurado por uma única linha
-
feita de um material tão leve
que ele pode suportar
-
trezentas vezes
seu próprio peso em habitantes.
-
Podemos aprender
a fazer prédios assim?
-
Podemos edificar aranhas-céu
de cima a baixo como cresce um junco,
-
construindo novas células na base
e empurrando-se para cima?
-
Temos tanto a aprender da natureza.
-
É por livre e espontânea escolha,
-
com nossos esforços pessoais,
-
que atingiremos
um equilíbrio com a natureza
-
e formaremos parte da natureza.
-
Então sentiremos
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a eternidade, perfeição e harmonia
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que está em todo lugar na natureza
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exceto dentro de nós.
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Tudo que comemos,
tudo que vestimos,
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todas nossas casas, todos
os nossos objetos vêm da Terra viva.
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Aprender como viver desta Terra
de forma sustentável
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não é utópico, não é um sonho.
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O que fica entre nós
e esta possibilidade
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é a ideia
que isso não se pode fazer,
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a ideia que eles são poderosos demais,
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que corporações não podem mudar,
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a ideia que as pessoas
não querem mudar,
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a ideia que tudo isso vem
da ganância inerente do humano,
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que vem da superpopulação.
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O planeta está cheio demais,
-
portanto não se pode sustentar
as pessoas.
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Estes são todos mitos
que devem ser reavaliados,
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suposições
que precisam ser repensadas.
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Pergunta 96 vem de Miraj Khaled,
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30 anos, de Dhaka, Bangladesh.
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"Qual a religião de Deus?",
ela pergunta...
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"Qual a religião de Deus?"
Comece por favor.
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Adorei a pergunta quando a vi,
-
porque acho que é muito perceptiva.
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Que Deus?
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Que Religião?
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Que Deus? O Deus de quem?
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Não importa como vejamos esse tema,
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devemos respeitar como os outros
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vêem a palavra "Deus".
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Deus é a uma forma de definir
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certos arquétipos,
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certas expectativas
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e objetivos.
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Deus simplesmente é.
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Deus é espírito. Deus não é religião.
Deus não tem uma religião.
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Deus não existe.
-
A religião de meu Deus
-
é refletida
em cada canto do mundo,
-
em cada... folha,
-
em cada grão de sujeira,
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em cada... flor.
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Não, não acredito
que Deus tenha uma religião.
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Acho que a religião
é um fenômeno profundamente humano.
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Quando questionamos
se Deus tem uma religião,
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pode ter certeza
-
que estamos falando
de uma construção humana,
-
de uma criação humana.
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O que projetamos nele.
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Eu sou do amor.
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Eu sou do Universo.
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Eu sou Deus em ação.
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Não há um Deus.
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Deus é um símbolo para algo
-
que não podemos
expressar com palavras.
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E também é por isso
que não há uma religião pra Ele.
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Temos que compreender que Deus
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não é desconhecido apenas para nós.
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É algo que também vai
além do nosso conhecimento,
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que não pode ser conhecido.
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É como se perguntássemos,
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qual é a cor de um círculo?
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É vermelho, verde ou azul?
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Não é nem azul nem vermelho nem verde.
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E também não é incolor.
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A Pergunta sobre a cor do círculo
é absurda,
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porque um círculo não tem uma cor.
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Muitas pessoas
não estão dispostas a ver isso.
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Tiram uma caneta do bolso,
-
desenham um círculo
num pedaço de papel
-
e dizem: "Olha, este círculo é azul."
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Sim, o círculo
que eles desenharam é azul,
-
mas a cor vem da minha caneta,
-
e não do círculo.
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A cor da caneta é a religião
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com a qual expressamos a divindade,
-
mas não podemos
desenhar o círculo nós mesmos.
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É algo que não tem nada a ver
com cores.
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Há tantas religiões
-
quanto há cores com as quais
posso desenhar um círculo.
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Gostei muito dessa.
-
Acredito em Deus,
mas tudo o que sei sobre Deus
-
é que há um Deus e não sou eu.
-
É tudo o que sei até agora.
-
Você não acha que Deus
também está dentro de você?
-
Ah é claro. Com certeza.
-
A maior parte da minha ligação
com a espiritualidade é...
-
Estou me recuperando
do vício em heroína.
-
Ainda não me encontrei com Deus.
-
Se um dia eu cruzar com Ele,
-
lhe farei as perguntas.
-
-Obrigada.
-Obrigada a você.
-
-É a última.
-Pergunta...
-
-100!
-100.
-
-É a última.
-Achei que não fôssemos chegar lá!
-
OK, última pergunta. Vamos lá.
-
De Keith Dierkx, 48 anos,
Piedmont, California, EUA.
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"Quais são os mitos
que devemos criar"
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"para mudar o mundo para melhor?"
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As histórias sobre a criação existem
em toda cultura da história humana,
-
e eram em geral contadas
por um tipo de sacerdócio.
-
Mas agora é a ciência
que conta a história da criação.
-
Foi elevada
ao estatuto de sacerdócio
-
que pode contar
a grande história à cultura.
-
Que história nos está contando?
-
Que vivemos num universo
sem propósito e sem vida
-
dilapidado por entropia.
-
Uau! Que divertida
essa história da criação!
-
E depois acrescentamos
que a evolução neste planeta
-
mostra que os mais adequados
são os que sobrevivem,
-
trata-se de uma competição sem fim
em meio à escassez,
-
e que você deve pegar o que pode
enquanto pode
-
antes dos outros.
-
Essa história da criação
é totalmente deprimente,
-
um universo dilapidado sem sentido,
-
você está preso numa luta sem fim,
em meio à escassez.
-
É uma história horrível que não
se encaixa com os fatos científicos.
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Toda força na natureza tem seu oposto.
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Quando há entropia,
deve haver sintropia.
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Na evolução há muita cooperação.
-
Na verdade, acho que há
uma ótima história para se contar
-
sobre o ciclo de maturação
das espécies em evolução,
-
primeiro com a juventude e atração
-
que leva à multiplicação
e à ocupação de todo o território,
-
eliminando competidores
e agindo como capitalistas.
-
E depois descobre-se, pouco a pouco,
as vantagens da cooperação.
-
E dessa maneira, constrói-se
empresas cooperativas cada vez maiores
-
e observa-se uma melhora na economia,
-
que se torna mais eficiente,
com trabalho para todos,
-
e obtém-se a evolução
das florestas tropicais,
-
e corpos humanos feitos
com cem trilhões de células,
-
funcionando em total cooperação
apesar da grande diversidade.
-
Essa é a história que devemos contar
no mundo, uma nova ótima história
-
da espécie humana,
o crescimento da família global,
-
criando economias vencedoras
e um mundo melhor para todos.
-
Os seres humanos são apreciadores,
-
não apenas observadores
mas apreciadores, participantes
-
e até co-criadores
do processo cósmico.
-
O mundo inteiro
está profundamente entrelaçado.
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Todos os organismos vivos,
todas as partes do universo.
-
Todo o universo está vivo,
-
os elétrons e os prótons e tudo.
-
São todos organismos.
-
Todos têm uma história e estão
tão profundamente emaranhados,
-
intimamente interconectados,
que não podem ser separados.
-
E a qualquer momento,
esse universo emaranhado
-
está criando e se recriando
mais uma vez.
-
Acho que isso é a evolução do cosmos,
-
a evolução de tudo que faz parte dele
dos átomos, aos humanos, às galáxias.
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Isso é o objetivo.
Isso é a ambição.
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Isso é o objetivo final
da criatividade divina.
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É até onde podemos compreendê-lo
como seres humanos.
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Acredito
-
numa dose de humildade,
-
e numa dose de humanidade,
-
e numa declaração de beleza
-
como antídoto
para todas as brutalidades,
-
e crueldades do mundo.
-
Acredito
-
que o sagrado constitui a natureza,
-
não só o sobrenatural,
-
mas também a beleza da natureza.
-
Acredito
-
que os seres humanos
sejam animais metafísicos,
-
e que sempre o serão
por serem imortais.
-
O humano é o único animal
que sabe que deve morrer.
-
Essa é a origem do mistério,
-
do mistério sem fim
da existência humana.
-
Teria a ver com o casamento da mente,
-
da alma,
dessa pequena cobertura corporal
-
que deve representar o corpo.
-
O matrimônio de tudo isso,
-
se for realmente isso,
-
pode ser propulsado pela positividade.
-
E se a positividade
-
conseguir então
dar nascimento àquele matrimônio...
-
todos os problemas da Terra
terão acabado.
-
Se a mente humana tiver lugar
-
para respirar, viver, pulsar, fluir...
-
Quem vai escutar isso tudo?
-
Porque somos cento e doze,
são cem perguntas.
-
Isso dá 11,200. Digamos...
-
apenas dois minutos a cada vez.
São 22,000 minutos.
-
Sabe quanto isso dá?
-
São trezentos dias.
-
OK, acabamos.
-
Acabou?
-
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Legendas: A. Mota, M. Guellati