Oriente vs. Ocidente — os mitos que mistificam
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0:02 - 0:05Para compreender o negócio da mitologia
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0:05 - 0:10e as funções
de um Diretor Executivo de Crenças, -
0:10 - 0:13vocês têm de ouvir a história de Ganesha,
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0:13 - 0:15o deus com cabeça de elefante
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0:15 - 0:18que é o escriba
dos contadores de histórias, -
0:18 - 0:21e do seu irmão, o atlético
comandante guerreiro dos deuses, -
0:21 - 0:23Kartikeya.
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0:23 - 0:27Os dois irmãos um dia
decidiram fazer uma corrida, -
0:27 - 0:30três vezes à volta do mundo.
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0:30 - 0:33Kartikeya saltou para cima do seu pavão
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0:33 - 0:35e voou pelos continentes
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0:36 - 0:39e pelas montanhas e oceanos.
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0:40 - 0:42Ele deu a volta uma vez,
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0:42 - 0:45ele deu a volta duas vezes,
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0:45 - 0:47ele deu a volta três vezes.
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0:48 - 0:50Mas o irmão dele, Ganesha,
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0:50 - 0:53andou simplesmente à volta dos pais
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0:53 - 0:55uma vez, duas vezes, três vezes,
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0:55 - 0:57e disse: "Ganhei!"
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0:58 - 1:00"Como assim?" perguntou Kartikeya.
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1:00 - 1:02E Ganesha disse:
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1:02 - 1:04"Tu deste a volta 'ao mundo.'
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1:05 - 1:07"Eu dei a volta 'ao meu mundo.' "
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1:07 - 1:09O que é mais importante?
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1:10 - 1:13Se compreendermos a diferença
entre "o mundo" e "o meu mundo", -
1:13 - 1:16compreendemos a diferença
entre logos e mythos. -
1:17 - 1:19"O mundo" é objetivo,
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1:19 - 1:24lógico, universal, factual, científico.
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1:24 - 1:27"O meu mundo" é subjetivo.
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1:27 - 1:30É emocional. É pessoal.
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1:30 - 1:34São perceções, pensamentos,
sentimentos, sonhos. -
1:34 - 1:36É o sistema de crenças que carregamos.
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1:36 - 1:38É o mito em que vivemos.
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1:39 - 1:43"O mundo" diz-nos como o mundo funciona,
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1:44 - 1:45como é que o sol nasce,
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1:46 - 1:48como é que nós nascemos.
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1:48 - 1:51"O meu mundo" diz-nos
porque é que o sol nasce, -
1:52 - 1:54porque é que nós nascemos.
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1:55 - 1:59Todas as culturas tentam
compreender-se a si mesmas, -
1:59 - 2:01"Porque é que existimos?"
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2:01 - 2:05E todas as culturas encontram
o seu próprio entendimento da vida, -
2:05 - 2:08a sua própria versão
personalizada da mitologia. -
2:09 - 2:12A cultura é uma reação à natureza,
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2:12 - 2:15e esta compreensão dos nossos ancestrais
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2:15 - 2:17é transmitida de geração em geração
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2:17 - 2:21sob a forma de histórias,
símbolos e rituais, -
2:21 - 2:25que são sempre
indiferentes à racionalidade. -
2:26 - 2:28Assim, quando estudamos isto,
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2:28 - 2:30apercebemo-nos de que
diferentes povos do mundo -
2:30 - 2:33têm uma compreensão diferente do mundo.
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2:33 - 2:35Pessoas diferentes veem as coisas
de modo diferente: -
2:35 - 2:37pontos de vista diferentes.
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2:37 - 2:39Há o meu mundo e há o vosso mundo,
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2:39 - 2:43e o meu mundo é sempre
melhor do que o vosso mundo, -
2:43 - 2:45porque o meu mundo é racional
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2:45 - 2:48e o vosso é superstição,
o vosso é fé, -
2:48 - 2:50o vosso é ilógico.
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2:52 - 2:55Esta é a raiz
do conflito das civilizações. -
2:56 - 2:59Teve lugar, uma vez, em 326 a.C.
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2:59 - 3:03nas margens de um rio chamado Indo,
agora no Paquistão. -
3:04 - 3:08Este rio deu o seu nome à Índia.
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3:08 - 3:10Índia. Indo.
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3:12 - 3:15Alexandre, um jovem macedónio,
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3:15 - 3:19encontrou lá o que ele chamou
de "gimnosofista", -
3:19 - 3:22que significa "o homem sábio, nu".
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3:22 - 3:24Nós não sabemos quem ele era.
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3:24 - 3:26Talvez fosse um monge jainista,
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3:27 - 3:30como Bahubali, aqui,
o Gomateshwara Bahubali -
3:30 - 3:32cuja imagem não se encontra
longe de Mysore. -
3:32 - 3:34Ou talvez fosse apenas um Yogi,
sentado numa rocha, -
3:34 - 3:37a observar o céu, e o sol, e a lua.
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3:38 - 3:40Alexandre perguntou:
"O que é que estás a fazer?" -
3:40 - 3:42e o gimnosofista respondeu:
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3:42 - 3:45"Estou a experienciar o nada."
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3:46 - 3:48Então o gimnosofista perguntou:
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3:48 - 3:50"E tu, o que é que estás a fazer?"
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3:50 - 3:53e Alexandre disse:
"Eu estou a conquistar o mundo." -
3:54 - 3:56E ambos se riram.
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3:56 - 3:59Cada um deles pensou
que o outro era um tolo. -
4:00 - 4:02O gimnosofista pensou:
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4:02 - 4:06"Porque é que ele está
a conquistar o mundo? Não faz sentido." -
4:07 - 4:08E Alexandre pensou:
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4:08 - 4:11"Porque é que ele está ali sentado,
sem fazer nada? -
4:11 - 4:13"Mas que desperdício de vida."
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4:14 - 4:17Para compreendermos
esta diferença de pontos de vista -
4:17 - 4:20temos de compreender
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4:20 - 4:23a verdade subjetiva de Alexandre:
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4:23 - 4:26o seu mito, e a mitologia que o construiu.
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4:28 - 4:31A mãe de Alexandre, os seus pais,
o seu professor Aristóteles, -
4:31 - 4:34contaram-lhe a história
da "Ilíada", de Homero. -
4:34 - 4:37Falaram-lhe de um grande herói
chamado Aquiles -
4:37 - 4:40que, quando participava numa batalha,
assegurava a vitória, -
4:41 - 4:44mas quando se retirava de uma batalha,
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4:44 - 4:46a derrota era inevitável.
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4:46 - 4:50"Aquiles era um homem
que podia modelar a história, -
4:50 - 4:52"um homem de destino,
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4:52 - 4:55"e isto é o que tu devias ser, Alexandre."
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4:55 - 4:57Foi isto o que ele ouviu.
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4:57 - 4:59"O que é que tu não deves ser?
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4:59 - 5:02"Não deves ser como Sísifo,
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5:02 - 5:05"que faz rolar uma rocha
pela montanha acima durante o dia -
5:05 - 5:09"para descobrir que o pedregulho
rolou para baixo durante a noite. -
5:10 - 5:13"Não vivas uma vida que seja monótona,
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5:13 - 5:16"medíocre, sem significado.
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5:16 - 5:18"Sê espetacular!
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5:18 - 5:20"como os heróis gregos,
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5:20 - 5:23"como Jasão, que atravessou o mar
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5:23 - 5:26"com os Argonautas
e foi buscar o velo de ouro. -
5:26 - 5:29"Sê espetacular como Teseu,
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5:29 - 5:33"que entrou no labirinto
e matou o Minotauro com cabeça de touro. -
5:35 - 5:38"Quando disputares uma corrida, vence!
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5:39 - 5:42"porque quando tu vences,
o regozijo da vitória -
5:42 - 5:46"é o mais próximo que irás chegar
da ambrósia dos deuses." -
5:47 - 5:52Porque os gregos acreditavam
que só vivemos uma vez -
5:52 - 5:56e que, quando morremos,
temos de atravessar o Rio Estige -
5:56 - 5:59e, se tivermos vivido
uma vida extraordinária, -
6:00 - 6:02seremos bem-vindos ao Eliseu,
-
6:02 - 6:05ou o que os franceses chamam
"Champs-Élysées"... -
6:05 - 6:07(Risos)
-
6:08 - 6:10... o Paraíso dos heróis.
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6:13 - 6:17Mas estas não são as histórias
que o gimnosofista ouviu. -
6:17 - 6:20Ele ouviu uma história muito diferente.
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6:21 - 6:23Ele ouviu falar de um homem
chamado Bharat, -
6:23 - 6:26segundo o qual a Índia se chama Bharata.
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6:26 - 6:29Bharat também conquistou o mundo.
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6:29 - 6:32Depois, subiu ao pico mais alto
-
6:32 - 6:36da maior montanha do centro do mundo,
chamada Meru. -
6:36 - 6:39E queria içar a sua bandeira para dizer:
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6:39 - 6:41"Eu estive aqui primeiro."
-
6:42 - 6:44Mas quando chegou ao pico da montanha,
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6:44 - 6:48encontrou o pico coberto
de bandeiras sem conta -
6:49 - 6:53de conquistadores do mundo
que o tinham antecedido, -
6:53 - 6:56cada um deles reivindicando:
"Eu estive aqui primeiro... -
6:57 - 6:59"... era o que pensava até aqui vir."
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7:00 - 7:03De repente, nesta tela de infinitude,
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7:03 - 7:06Bharat sentiu-se insignificante.
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7:07 - 7:10Esta era a mitologia do gimnosofista.
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7:12 - 7:16Ele tinha heróis, como Ram — Raghupati Ram
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7:16 - 7:19e Krishna, Govinda Hari.
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7:19 - 7:22Mas não eram duas personagens
em duas aventuras diferentes. -
7:22 - 7:26Eram duas vidas do mesmo herói.
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7:26 - 7:30Quando Ramayana acaba,
começa Mahabharata. -
7:30 - 7:32Quando Ram morre, Krishna nasce.
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7:32 - 7:35Quando Krishna morre,
ele volta como Ram. -
7:35 - 7:37Os indianos também tinham um rio
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7:37 - 7:40que separa a terra dos vivos
da terra dos mortos. -
7:40 - 7:43Mas não atravessamos o rio uma vez.
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7:43 - 7:46Vamos de um lado para o outro
incessantemente. -
7:46 - 7:48Chamava-se Vaitarani.
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7:49 - 7:52Vamos uma vez, e outra vez, e outra vez.
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7:52 - 7:54Porque, na Índia, nada dura para sempre
-
7:54 - 7:56nem mesmo a morte.
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7:56 - 7:59E assim, têm rituais grandiosos
-
7:59 - 8:02em que se constroem
grandes imagens das deusas-mãe -
8:02 - 8:04que são adoradas durante 10 dias.
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8:04 - 8:06E o que é que se faz ao fim dos 10 dias?
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8:06 - 8:08Atiram-se as imagens ao rio.
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8:09 - 8:11Porque isso tem de acabar.
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8:11 - 8:13No ano seguinte, ela voltará.
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8:14 - 8:16Tudo tem um retorno,
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8:16 - 8:19e esta regra aplica-se não só ao homem,
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8:19 - 8:21mas também aos deuses.
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8:21 - 8:25Os deuses têm de voltar outra vez,
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8:25 - 8:27e outra vez, e outra vez
-
8:27 - 8:28como Ram, como Krishna.
-
8:28 - 8:31Não só vivem vidas infinitas,
-
8:31 - 8:34como a mesma vida é vivida infinitas vezes
-
8:34 - 8:38até se perceber
a razão de ser de tudo isso. -
8:39 - 8:41O dia da marmota nos EUA.
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8:41 - 8:44(Risos)
-
8:46 - 8:49Duas mitologias diferentes.
-
8:49 - 8:51Qual delas é a certa?
-
8:51 - 8:54Duas mitologias, dois modos diferentes
de ver o mundo. -
8:54 - 8:56Uma linear, uma cíclica.
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8:56 - 8:58Uma acredita que esta é a única vida.
-
8:58 - 9:02A outra acredita
que esta é uma de muitas vidas. -
9:03 - 9:07O denominador da vida de Alexandre era um.
-
9:08 - 9:12Portanto, o valor da sua vida
era a soma total das suas façanhas. -
9:13 - 9:17O denominador da vida
do gimnosofista era o infinito. -
9:17 - 9:21Portanto, o que quer que ele fizesse,
era sempre zero. -
9:21 - 9:24Eu acredito
que é este paradigma mitológico -
9:24 - 9:27que inspirou os matemáticos indianos
-
9:27 - 9:29a descobrir o número zero.
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9:29 - 9:31Quem sabe?
-
9:32 - 9:34Isso traz-nos à mitologia do negócio.
-
9:34 - 9:38Se a crença de Alexandre
influenciou o seu comportamento, -
9:38 - 9:42se a crença do gimnosofista
influenciou o seu comportamento, -
9:42 - 9:46tinha obrigatoriamente
de influenciar o negócio deles. -
9:46 - 9:48Pois, o que é o negócio
-
9:48 - 9:51senão o resultado
de como o mercado se comporta -
9:51 - 9:53e como a organização se comporta?
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9:54 - 9:56Se observarmos as culturas
do mundo inteiro, -
9:56 - 9:58temos de compreender a mitologia
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9:58 - 10:01e veremos como elas se comportam
e como fazem os negócios. -
10:01 - 10:02Vamos ver.
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10:05 - 10:08Se vivemos só uma vez, nas culturas
de uma só vida, em todo o mundo, -
10:08 - 10:11vemos uma obsessão com a lógica binária,
-
10:11 - 10:13verdade absoluta, estandardização,
-
10:13 - 10:16o absoluto, os padrões
lineares no "design". -
10:16 - 10:19Mas, se olharmos para as culturas
que têm vidas cíclicas, -
10:19 - 10:23com base em infinitas vidas,
veremos um conforto na lógica confusa, -
10:24 - 10:26na opinião,
-
10:26 - 10:28no pensamento contextual,
-
10:28 - 10:31em que tudo é relativo
— mais ou menos... -
10:31 - 10:32(Risos)
-
10:32 - 10:34sobretudo.
-
10:34 - 10:35(Risos)
-
10:35 - 10:38Olhemos para a arte.
Olhemos para a bailarina. -
10:38 - 10:40Como ela é linear no seu desempenho.
-
10:40 - 10:43Depois, olhemos
para a dançarina clássica indiana, -
10:43 - 10:45a dançarina Kuchipudi,
a dançarina Bharatanatyam, -
10:45 - 10:46curvilínea.
-
10:46 - 10:49(Risos)
-
10:49 - 10:51Depois olhemos para os negócios.
-
10:51 - 10:53O modelo padrão dos negócios:
-
10:53 - 10:57visão, missão, valores, processos.
-
10:57 - 10:59Soa a algo muito parecido com a viagem
-
10:59 - 11:01através do deserto até à Terra Prometida,
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11:01 - 11:04com os mandamentos na mão do seu líder.
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11:04 - 11:06Se obedecermos, iremos para o céu.
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11:08 - 11:11Mas na Índia não há "uma" Terra Prometida.
-
11:11 - 11:13Há muitas terras prometidas,
-
11:13 - 11:16dependendo da nossa posição na sociedade,
-
11:16 - 11:19dependendo da fase
em que nos encontramos na vida. -
11:19 - 11:22Os negócios não são geridos
como instituições, -
11:22 - 11:25pelas idiossincrasias de indivíduos.
-
11:25 - 11:27É sempre acerca do gosto.
-
11:28 - 11:30É sempre acerca do meu gosto.
-
11:32 - 11:34A música indiana, por exemplo,
-
11:34 - 11:36não tem o conceito de harmonia.
-
11:36 - 11:39Não há um maestro da orquestra.
-
11:40 - 11:42Há um músico em pé, e todos o seguem.
-
11:43 - 11:46E nunca se consegue repetir
essa execução musical duas vezes. -
11:47 - 11:49Não se trata de documentação e contrato.
-
11:49 - 11:52Trata-se de conversação e de fé.
-
11:53 - 11:56Não se trata de obediência.
Trata-se de ajustamento, -
11:57 - 12:01de conseguir o trabalho feito,
contornando ou quebrando as regras -
12:01 - 12:03— basta olhar para os indianos aqui,
-
12:03 - 12:05vejam-nos a sorrir;
eles sabem do que se trata. -
12:05 - 12:07(Risos)
-
12:07 - 12:09E olhem para os que fizeram
negócios na Índia, -
12:09 - 12:11vejam o desespero nos seus semblantes.
-
12:11 - 12:12(Risos)
-
12:12 - 12:15(Aplausos)
-
12:15 - 12:17Isto é o que a Índia é hoje.
-
12:17 - 12:20A realidade de fundo baseia-se
numa visão cíclica do mundo. -
12:20 - 12:22Mas está rapidamente a mudar,
é extremamente diversa, -
12:22 - 12:25caótica, ambígua, imprevisível.
-
12:25 - 12:27E as pessoas sentem-se bem com isso.
-
12:28 - 12:30Então, a globalização está a tomar lugar.
-
12:30 - 12:34Estão a entrar as exigências
do pensamento institucional moderno -
12:34 - 12:37que está enraizado
numa cultura de uma só vida. -
12:39 - 12:41Vai ter lugar um conflito,
-
12:41 - 12:43tal como nas margens do Indo.
-
12:43 - 12:45É forçoso que aconteça.
-
12:46 - 12:49Eu experienciei-o pessoalmente.
Tenho o curso de medicina. -
12:49 - 12:52Eu não quis seguir cirurgia.
Não me perguntem porquê. -
12:52 - 12:54Sou demasiado apaixonado pela mitologia.
-
12:54 - 12:57Eu queria aprender mitologia.
Mas não há onde estudá-la. -
12:57 - 12:59Então, tive de ser autodidata.
-
12:59 - 13:02E a mitologia não compensa
financeiramente, pelo menos, até agora. -
13:02 - 13:05(Risos)
-
13:05 - 13:08Por isso, tive de arranjar emprego.
Trabalhei na indústria farmacêutica. -
13:08 - 13:10Trabalhei na indústria
dos cuidados de saúde. -
13:10 - 13:13Trabalhei como agente de "marketing"
e como vendedor, -
13:13 - 13:16como agente de informações,
de conteúdos, de formação. -
13:16 - 13:19Até fui consultor comercial,
fiz estratégias e táticas. -
13:19 - 13:22Via o desespero entre os meus colegas
americanos e europeus, -
13:23 - 13:25quando lidavam com a Índia.
-
13:25 - 13:30Exemplo: "Por favor, diga-nos o processo
de faturação dos hospitais". -
13:31 - 13:35"Passo A. Passo B. Passo C.
Mais ou menos". -
13:35 - 13:37(Risos)
-
13:37 - 13:40Como é que se definem parâmetros
para "mais ou menos"? -
13:40 - 13:43Como é que os introduzimos num pequeno
e bonito software? Não se consegue. -
13:44 - 13:46Eu dava os meus pontos
de vista às pessoas. -
13:46 - 13:48Mas ninguém estava interessado
em os ouvir, -
13:48 - 13:51Até que encontrei
Kishore Biyani do Grupo Future. -
13:51 - 13:55Ele estabeleceu a maior cadeia
de venda a retalho, chamada Big Bazaar. -
13:56 - 14:00E há mais de 200 formatos,
em 50 cidades e vilas da Índia. -
14:00 - 14:04Ele lidava com mercados
diversos e dinâmicos. -
14:04 - 14:06E soube muito intuitivamente,
-
14:06 - 14:08que as melhores práticas,
-
14:08 - 14:11desenvolvidas no Japão e na China,
na Europa e na América -
14:11 - 14:13não funcionarão na Índia.
-
14:14 - 14:17Ele soube que o pensamento institucional
não funciona na Índia. -
14:17 - 14:19O pensamento individual sim.
-
14:19 - 14:22Ele teve uma compreensão intuitiva
da estrutura mítica da Índia. -
14:22 - 14:25Pediu-me para ser
o Diretor Executivo de Crenças e disse: -
14:25 - 14:27"Só quero que você alinhe as crenças."
-
14:27 - 14:29Parece tão simples.
-
14:29 - 14:31Mas as crenças não são mensuráveis.
-
14:31 - 14:34Não podemos medi-las.
Não conseguimos gerir isso. -
14:34 - 14:36Como é que se constrói a crença?
-
14:36 - 14:39Como é que se aumenta a sensibilidade
das pessoas para o que é indiano? -
14:39 - 14:43Mesmo quando se é indiano,
isso não é muito explícito, muito óbvio. -
14:43 - 14:47Por isso, tentei trabalhar
no modelo padrão de cultura, -
14:47 - 14:50que é desenvolver histórias,
símbolos e rituais. -
14:50 - 14:52E vou partilhar convosco um dos rituais.
-
14:52 - 14:55Baseia-se no ritual hindu de Darshan.
-
14:55 - 14:57Os hindus não têm
o conceito de mandamentos. -
14:57 - 15:00Não há o certo ou o errado
no que fazemos na vida. -
15:00 - 15:03Não temos a certeza de como
nos posicionamos diante de Deus. -
15:03 - 15:05Quando vamos ao templo, só queremos
uma audiência com Deus. -
15:05 - 15:07Desejamos ver Deus.
-
15:07 - 15:11E desejamos que Deus nos veja,
daí que os deuses têm olhos muito grandes, -
15:11 - 15:13grandes olhos que não pestanejam,
-
15:13 - 15:15por vezes, feitos de prata,
-
15:16 - 15:18de modo a que olhem para nós.
-
15:18 - 15:20Como não sabemos
se estamos certos ou errados, -
15:20 - 15:23só procuramos a empatia divina.
-
15:24 - 15:27"Saibam só de onde vim,
porque é que tive de me desenrascar." -
15:27 - 15:28(Risos)
-
15:28 - 15:30"Porque é que fiz o ajustamento,
-
15:30 - 15:34porque é que não me interessam os processos,
compreendam-me apenas, por favor." -
15:35 - 15:38Com base nisto, criámos
um ritual para líderes. -
15:38 - 15:42Depois de um líder completar a sua formação
e estar prestes a tomar conta da loja, -
15:42 - 15:46nós vendamo-lo, rodeamo-lo
das partes interessadas da empresa, -
15:46 - 15:50o cliente, a sua família,
a sua equipa, o seu chefe. -
15:50 - 15:54Lemos as responsabilidades, os indicadores
de desempenho, damos-lhe as chaves, -
15:54 - 15:55e depois retiramos-lhe a venda.
-
15:55 - 15:58Invariavelmente, vemos uma lágrima,
-
15:58 - 16:00porque nele se fez luz.
-
16:00 - 16:04Ele compreende que, para ter sucesso,
-
16:04 - 16:07não tem que ser um "profissional,"
-
16:07 - 16:10não tem que pôr de lado as suas emoções,
-
16:10 - 16:15tem de incluir no seu mundo
todas aquelas pessoas -
16:15 - 16:17para ter sucesso, para os fazer felizes,
-
16:17 - 16:19para fazer o chefe feliz,
para fazer toda a gente feliz. -
16:19 - 16:22O cliente está feliz,
porque o cliente é Deus. -
16:22 - 16:24É dessa sensibilidade que precisamos.
-
16:24 - 16:28Depois de entrada a crença, o comportamento
acontece, os negócios acontecem. -
16:28 - 16:30E têm acontecido.
-
16:31 - 16:36Então voltemos a Alexandre
e ao gimnosofista. -
16:36 - 16:40Toda a gente me pergunta;
"Qual é a melhor maneira, esta ou aquela?" -
16:40 - 16:42É uma pergunta muito perigosa.
-
16:42 - 16:46Porque conduz ao caminho
do fundamentalismo e da violência. -
16:46 - 16:48Portanto, eu não vou responder à pergunta.
-
16:48 - 16:50O que vos vou dar é uma resposta indiana,
-
16:50 - 16:52o abanar de cabeça indiano.
-
16:52 - 16:54(Risos)
-
16:54 - 16:57(Aplausos)
-
16:58 - 17:00Consoante o contexto,
-
17:00 - 17:02consoante o resultado,
-
17:02 - 17:04escolham o vosso paradigma.
-
17:05 - 17:08Porque ambos os paradigmas
são construções humanas. -
17:09 - 17:11São criações culturais,
-
17:11 - 17:13não um fenómeno natural.
-
17:14 - 17:17E assim, da próxima vez
que encontrarem alguém, um estranho, -
17:17 - 17:19eis um pedido:
-
17:19 - 17:23Compreendam que vocês vivem
numa verdade subjetiva, -
17:23 - 17:24tal como ele.
-
17:24 - 17:26Compreendam isso.
-
17:26 - 17:30E quando o compreenderem,
vão descobrir algo espetacular. -
17:31 - 17:33Vão descobrir que, entre mitos infinitos,
-
17:33 - 17:35encontra-se a verdade eterna.
-
17:35 - 17:37Quem vê tudo?
-
17:37 - 17:39Varuna tem nada mais nada menos
que mil olhos. -
17:40 - 17:42Indra, tem cem.
-
17:42 - 17:44Vocês e eu, apenas dois.
-
17:45 - 17:47Obrigado.
-
17:47 - 17:50(Aplausos)
- Title:
- Oriente vs. Ocidente — os mitos que mistificam
- Speaker:
- Devdutt Pattanaik
- Description:
-
Devdutt Pattanaik lança um olhar revelador sobre os mitos da Índia e do Ocidente — e mostra como estes dois conjuntos fundamentalmente diferentes de crenças sobre Deus, a Morte e o Céu, nos ajudam a consistentemente a não nos compreendermos uns aos outros.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 18:08
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Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for East vs. West -- the myths that mystify | |
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Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for East vs. West -- the myths that mystify | |
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Isabel Vaz Belchior added a translation |