Devdutt Pattanaik: Oriente vs Ocidente -- mitos que mistificam
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0:02 - 0:05Para entender o ramo da mitologia
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0:05 - 0:09e quais são as tarefas de um "Executivo Principal de Crenças"
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0:09 - 0:11você precisa escutar uma estória
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0:11 - 0:13de Ganesha,
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0:13 - 0:15O deus com cabeça de elefante
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0:15 - 0:18que é o escrivão dos contadores de estórias,
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0:18 - 0:19e seu irmão,
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0:19 - 0:21o chefe guerreiro dos deuses,
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0:21 - 0:23Kartikeya
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0:23 - 0:26Os dois irmãos um dia decidiram competir em uma corrida,
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0:26 - 0:29dando 3 voltas ao mundo.
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0:29 - 0:32Kartikeya montou em seu pavão
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0:32 - 0:35e voou pelos continentes
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0:35 - 0:40e pelas montanhas e pelos oceanos.
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0:40 - 0:42Ele deu uma volta,
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0:42 - 0:44duas voltas,
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0:44 - 0:47ele deu três voltas.
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0:47 - 0:50Mas seu irmão, Ganesha,
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0:50 - 0:53simplesmente deu três voltas ao redor de seus pais
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0:53 - 0:55uma, duas, três,
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0:55 - 0:58e disse, "ganhei."
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0:58 - 1:00"Como assim?" disse Kartikeya.
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1:00 - 1:01E Ganesha disse,
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1:01 - 1:04"Você deu uma volta no mundo."
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1:04 - 1:07Eu dei uma volta "no meu mundo.""
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1:07 - 1:10E que importa mais?
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1:10 - 1:13Se você entende a diferença entre "o mundo" e "meu mundo"
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1:13 - 1:17você entende a diferença entre logos e mythos.
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1:17 - 1:19"O mundo" é objetivo,
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1:19 - 1:22lógico, universal, factual,
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1:22 - 1:24científico.
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1:24 - 1:27"Meu mundo" é subjetivo.
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1:27 - 1:30É emocional. É pessoal.
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1:30 - 1:33É sobre percepções, pensamentos, sentimentos, sonhos.
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1:33 - 1:36É o sistema de crenças que carregamos.
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1:36 - 1:39É o mito em que vivemos.
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1:39 - 1:42"O mundo" nos diz como o mundo funciona,
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1:42 - 1:45como o sol nasce,
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1:45 - 1:48como nascemos.
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1:48 - 1:51"Meu mundo" nos diz porque o sol nasce,
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1:51 - 1:55porque nascemos,
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1:55 - 1:59Toda cultura tenta se entender,
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1:59 - 2:01"Por que nós existimos?"
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2:01 - 2:04E toda cultura inventa sua própria compreensão da vida,
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2:04 - 2:09sua própria versão personalizada da mitologia
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2:09 - 2:12Cultura é uma reação à natureza,
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2:12 - 2:14e esta compreensão de nossos ancestrais
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2:14 - 2:17é transmitido de geração a geração
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2:17 - 2:20na forma de estórias, símbolos e rituais,
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2:20 - 2:26que são sempre indiferentes a razão.
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2:26 - 2:28E quando você a estuda, você se dá conta
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2:28 - 2:30de que diferentes povos do mundo
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2:30 - 2:33tem uma compreensão diferente do mundo.
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2:33 - 2:35Pessoas diferentes vêm coisas de forma diferente.
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2:35 - 2:37têm pontos de vista diferentes.
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2:37 - 2:39Há o "meu mundo" e há o "seu mundo",
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2:39 - 2:42e meu mundo é sempre melhor que seu mundo,
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2:42 - 2:45porque meu mundo, veja bem, é racional,
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2:45 - 2:47e o seu é um de superstição.
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2:47 - 2:49O seu é de fé,
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2:49 - 2:52o seu é ilógico.
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2:52 - 2:55Esta é a raiz do conflito de civilizações.
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2:55 - 2:59Aconteceu uma vez, no ano de 326 A.C.
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2:59 - 3:02as margens de um rio chamado de Indus
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3:02 - 3:04hoje no Paquistão.
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3:04 - 3:07A Índia tem este nome por conta deste rio.
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3:07 - 3:09Índia. Indus.
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3:12 - 3:15Alexandre, um jovem Macedônio,
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3:15 - 3:19conheceu lá o que ele chamou de "gimnosofista,"
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3:19 - 3:22o que siginifica " o homem sábio, nu."
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3:22 - 3:24Não sabemos quem ele foi.
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3:24 - 3:26Talvez era um monge jainista
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3:26 - 3:28como Bahubali, aqui,
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3:28 - 3:29o Gommateshvara Bahubali
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3:29 - 3:31cuja imagem não esta longe da cidade de Mysore.
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3:31 - 3:33Ou talvez ele era apenas um iogue,
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3:33 - 3:35sentado numa pedra, olhando para o céu,
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3:35 - 3:37para o sol e para a lua.
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3:37 - 3:40Alexandre perguntou, "O que você estã fazendo?"
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3:40 - 3:42e o gimnosofista respondeu,
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3:42 - 3:45"estou experienciando o nada."
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3:45 - 3:48Então o gimnosofista perguntou,
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3:48 - 3:50"O que você está fazendo?"
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3:50 - 3:53E Alexandre, o Grande, disse, "Estou conquistando o mundo."
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3:53 - 3:56E ambos riram.
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3:56 - 4:00Cada um pensou que o outro fosse um tolo.
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4:00 - 4:04O gimnosofista disse, "Por que ele esta conquistando o mundo?
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4:04 - 4:07Não tem sentido."
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4:07 - 4:09E Alexandre pensou,
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4:09 - 4:11"Por que ele está sentado por aí, sem fazer nada?
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4:11 - 4:13Que desperdício de uma vida."
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4:13 - 4:17Para entender esta diferença entre pontos de vista
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4:17 - 4:20temos que entender
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4:20 - 4:23a verdade subjetiva de Alexandre:
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4:23 - 4:28seu mito, e a mitologia que o construiu.
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4:28 - 4:31A mãe de Alexandre, seus pais e Aristóteles seu professor
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4:31 - 4:34contaram a ele a estória llíada de Homero
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4:34 - 4:37Contaram a ele a estória de um grande herói, Aquiles,
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4:37 - 4:40que, quando participava de uma batalha, a vitória era garantida,
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4:40 - 4:43e quando ele se retirava de de uma batalha,
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4:43 - 4:46a derrota era inevitável.
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4:46 - 4:49"Aquiles foi um homem que podia moldar a história,
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4:49 - 4:52um home de destino,
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4:52 - 4:55e isso que você deve ser, Alexandre."
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4:55 - 4:57Foi isso que ele escutou.
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4:57 - 5:00"O que você não deveria ser?"
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5:00 - 5:03Você não deve ser como Sísifo,
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5:03 - 5:05que rola uma pedra montanha acima o dia inteiro
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5:05 - 5:10apenas para descobrir que a pedra rolou montanha abaixo a noite.
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5:10 - 5:13Não viva uma vida de monotonia,
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5:13 - 5:15medíocre e sem significado.
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5:15 - 5:18Seja espetacular! --
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5:18 - 5:20como os heróis Gregos,
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5:20 - 5:22como Jasão, que atravessou o oceano
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5:22 - 5:26com os Argonautas para buscar o velo de ouro.
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5:26 - 5:29Seja espetacular como Teseu,
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5:29 - 5:35que entrou no labirinto e matou o Minotauro.
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5:35 - 5:39Quando você entrar numa corrida, vença! --
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5:39 - 5:42porque quando você vence, a satisfação da vitória
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5:42 - 5:47é o mais próximo que você chegará a ambrosia dos deuses."
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5:47 - 5:50Porque, veja bem, os Gregos acreditavam
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5:50 - 5:52que você vivia apenas uma vez
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5:52 - 5:56e quando você morre, você tem que atravessar o rio Styx,
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5:56 - 5:59e se você viveu uma vida extraordinária
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5:59 - 6:02será bem vindo ao Campos Elísios
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6:02 - 6:06ou o que franceses chamam de "Champs-Élysées" --
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6:06 - 6:07(Risos) --
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6:07 - 6:10o paraíso dos heróis.
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6:13 - 6:17Mas estas não foram as estórias que o gymnosofista escutou.
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6:17 - 6:20Ele escutou uma estória muito diferente.
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6:20 - 6:23Ele escutou a estória de um homem chamado Bharat,
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6:23 - 6:26raiz da palavra Bhārata, como a Índia é chamada.
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6:26 - 6:29Bharat também conquistou o mundo.
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6:29 - 6:32E então foi ao pico mais alto
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6:32 - 6:35da maior montanha do centro do mundo
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6:35 - 6:36chamada Meru.
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6:36 - 6:39E ele queria hastear sua bandeira e proclamar,
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6:39 - 6:42"Eu fui o primeiro."
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6:42 - 6:44mas quando chegou ao topo da montanha,
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6:44 - 6:49ele o encontrou repleto de inúmeras bandeiras
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6:49 - 6:52de inúmeros conquistadores antes dele,
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6:52 - 6:56cada um proclamando que "fora o primeiro...
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6:56 - 7:00isso foi o que eu pensei até chegar aqui."
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7:00 - 7:03E de repente, com o visual infinito da montanha ao fundo,
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7:03 - 7:07Bharat se sentiu insignificante.
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7:07 - 7:11Esta era a mitologia do gymnosofista.
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7:11 - 7:16Ele tinha hérois como Ram -- Raghupati Ram
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7:16 - 7:18e Krishna, Govinda Hare.
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7:18 - 7:22Mas eles não eram dois personagens em duas aventuras diferentes.
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7:22 - 7:26Eles eram duas vidas do mesmo herói.
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7:26 - 7:30Quando o Ramayana acaba, começa o Mahabharata.
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7:30 - 7:32Quando Ram morre, Krishna nasce.
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7:32 - 7:35Quando Krishna morre, eventualmente ele voltará como Ram.
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7:35 - 7:38Veja, os Indianos também tinham um rio
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7:38 - 7:41que separa a terra dos vivos da terra dos mortos.
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7:41 - 7:43mas você não o atravessa uma vez.
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7:43 - 7:46Você vai e volta eternamente.
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7:46 - 7:49Era chamado de Vaitarna.
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7:49 - 7:52Você vai de novo, de novo, e de novo.
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7:52 - 7:53Porque, você vê,
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7:53 - 7:56nada dura para sempre na Índia, nem mesmo a morte.
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7:56 - 7:59Então, você tem esses grandes rituais
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7:59 - 8:02onde enormes imagens de deusas-mãe são construídas
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8:02 - 8:04e adoradas por 10 dias..
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8:04 - 8:06E o que é feito no final dos 10 dias?
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8:06 - 8:09Joga-se a estátua no rio.
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8:09 - 8:11Porque tudo termina.
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8:11 - 8:14E no ano que vem, ela voltará.
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8:14 - 8:16"Faça aos outros o que quer que façam a você",
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8:16 - 8:19esta regra aplica-se não apenas aos homens,
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8:19 - 8:21mas também aos deuses;
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8:21 - 8:24Os deuses
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8:24 - 8:26tem que voltar várias e várias vezes
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8:26 - 8:28como Ram, como Krishna.
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8:28 - 8:31Não apenas eles vivem vidas infinitas,
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8:31 - 8:34mas a mesma vida é vivida infinitas vezes
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8:34 - 8:39até você entender o significado de tudo.
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8:39 - 8:41Dia da Marmota.(filme Feitiço do Tempo)
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8:41 - 8:44(Risos)
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8:46 - 8:49Duas mitologias diferentes.
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8:49 - 8:51Qual está certa?
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8:51 - 8:54Duas mitologias diferentes, duas formas de enxergar o mundo.
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8:54 - 8:56Uma é linear, a outra cíclica.
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8:56 - 8:58Uma acredita que esta é a única vida.
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8:58 - 9:03A outra acredita que esta é uma de muitas vidas.
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9:03 - 9:07Então, o fator denominador da vida de Alexandre era um.
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9:07 - 9:10Então o valor da vida dele era a soma total
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9:10 - 9:12de suas conquistas.
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9:12 - 9:16O fator denominador da vida do gymnosofista era o infinito.
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9:16 - 9:19Então, não importa o que ele fizesse,
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9:19 - 9:21o resultado era sempre zero.
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9:21 - 9:24Eu acredito que foi este paradigma mitológico
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9:24 - 9:27que inspirou matemáticos Indianos
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9:27 - 9:29a descobrir o número zero.
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9:29 - 9:31Vai saber!
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9:31 - 9:34E isso nos traz para a mitologia nos negócios.
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9:34 - 9:37Se a crença de Alexandre influenciou seu comportamento,
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9:37 - 9:41se a crenças do gymnosofista influenciou seu comportamento,
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9:41 - 9:46então era óbvio que elas influenciaram seus negócios.
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9:46 - 9:48O que são negócios
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9:48 - 9:50se não os resultados de como o mercado se comporta
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9:50 - 9:53e de como a organização se comporta?
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9:53 - 9:56E se você observar culturas mundo afora,
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9:56 - 9:58tudo o que você tem que fazer é entender a mitologia
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9:58 - 10:01e você verá como eles se comportam e como fazem negócios.
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10:01 - 10:05Dêem uma olhada.
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10:05 - 10:08Se você vive apenas uma vez, nas "culturas de uma vida" mundo afora,
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10:08 - 10:10você verá uma obsessão com a lógica binária,
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10:10 - 10:13verdades absolutas, padronização,
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10:13 - 10:16absolutismo, padrões lineares em design.
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10:16 - 10:19Mas se observar culturas que possuem ciclos de vida
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10:19 - 10:24e são baseadas em vidas infinitas, vocês vão ver um conforto com lógica pouco clara,
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10:24 - 10:26com opinião,
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10:26 - 10:28com pensamentos contextuais,
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10:28 - 10:31onde tudo é relativo, mais ou menos....
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10:31 - 10:32(Risos)
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10:32 - 10:34geralmente.
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10:34 - 10:35(Risos)
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10:35 - 10:38Vejamos as artes. Vejamos uma bailarina.
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10:38 - 10:40Como é linear sua forma de de apresentar.
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10:40 - 10:42E observe uma dançarina de dança clássica Indiana,
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10:42 - 10:44a dançarina de Kuchipudi, a dançarina de Bharatanatyam,
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10:44 - 10:46"cheia de curvas."
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10:46 - 10:49(Risos)
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10:49 - 10:51E vejamos os negócios.
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10:51 - 10:53Modelo de negócios padrão:
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10:53 - 10:57visão, missão, valores, processos.
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10:57 - 10:59Soa muito parecido com a jornada pela
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10:59 - 11:01natureza selvagem até a terra prometida
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11:01 - 11:03com os mandamentos na mão de seu líder.
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11:03 - 11:08e se aceitá-los, você irá para o céu.
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11:08 - 11:10But na Índia, não há "a" terra prometida.
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11:10 - 11:13Há muitas terras prometidas,
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11:13 - 11:16dependendo da sua posição na sociedade,
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11:16 - 11:18dependendo do estágio de vida em que se encontra.
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11:18 - 11:22Você vê, negócios não são gerenciados como instituições,
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11:22 - 11:25pelas idiossincrasias dos indivíduos.
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11:25 - 11:28O que importa é o gosto.
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11:28 - 11:32É sempre sobre meu gosto.
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11:32 - 11:34A música indiana, por exemplo,
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11:34 - 11:36não tem o conceito de harmonia.
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11:36 - 11:40Não há um condutor da orquestra.
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11:40 - 11:43Temos um artista de pé e todos os outros o seguem.
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11:43 - 11:47e é impossível repetir a mesma apresentação duas vezes.
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11:47 - 11:49Não é sobre documentação e contrato.
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11:49 - 11:53É sobre uma conversa e fé.
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11:53 - 11:57Não é sobre obediência. É sobre o ambiente,
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11:57 - 12:01ter o trabalho feito, modificando ou quebrando as regras --
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12:01 - 12:03Apenas observem Indianos aqui,
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12:03 - 12:05vocês vão ver eles sorrindo; eles sabem do que estou falando.
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12:05 - 12:06(Risos)
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12:06 - 12:08E então olhe para as pessoas que fizeram negócios na Índia,
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12:08 - 12:10você vê seus semblantes desesperados.
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12:10 - 12:11(Risos)
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12:11 - 12:15(Aplausos)
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12:15 - 12:17Essa é a Índia de hoje. A realidade é
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12:17 - 12:19baseada numa visão de mundo cíclica.
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12:19 - 12:22Assim, ela está mudando rapidamente, de enorme diversidade,
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12:22 - 12:25caótica, ambígua e imprevisível.
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12:25 - 12:28E o povo não se importa com isso.
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12:28 - 12:30E a globalização está entrando aqui.
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12:30 - 12:34E as demandas do pensamento institucional moderno estão chegando,
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12:34 - 12:38que tem raizes na cultura de "uma vida"
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12:38 - 12:40E um conflito vai acontecer,
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12:40 - 12:43como o das margens do rio Indus.
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12:43 - 12:46É inevitável.
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12:46 - 12:49Já tive tal experiência. Eu sou médico.
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12:49 - 12:52Não quis estudar pra ser cirurgião. Não me perguntem por que.
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12:52 - 12:54Amo mitologia demais.
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12:54 - 12:56Queria aprender sobre mitologia. Mas não há nenhum lugar em que você possa estudar.
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12:56 - 12:58Então tive que ser autodidata.
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12:58 - 13:01E mitologia não dá lucros...bem...até agora.
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13:01 - 13:05(Risos)
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13:05 - 13:08Então tive que trabalhar. E trabalhei na indústria farmacêutica.
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13:08 - 13:10E trabalhei na indústria da saúde.
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13:10 - 13:12E trabalhei como um cara do marketing, e um cara das vendas,
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13:12 - 13:15e o cara da informação, o cara da redação, e o cara do treinamento.
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13:15 - 13:18Fui até mesmo consultor, trabalhando em estratégia e táticas de negócios.
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13:18 - 13:20E eu via o desespero entre meus
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13:20 - 13:23colegas Americanos e Europeus,
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13:23 - 13:25em seus negócios com a Índia.
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13:25 - 13:28Exemplo: nos explique o processo
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13:28 - 13:31para faturas de hospitais.
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13:31 - 13:35Passo A, Passo B, Passo C. Por aí.
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13:35 - 13:37(Risos)
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13:37 - 13:39Como criar parâmetros para o "por aí"?
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13:39 - 13:43Como você coloca isso em um pequeno software? Não tem jeito.
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13:43 - 13:45Eu daria meus pontos de vista para as pessoas.
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13:45 - 13:47mas ninguem estava interessado.
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13:47 - 13:51até que um dia conheci Kishore Biyani do Grupo Future.
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13:51 - 13:56Ele é o fundador da maior rede varejista da Índia, o Big Bazaar.
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13:56 - 13:58São mais de 200 formatos de lojas
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13:58 - 14:00em mais de 50 cidades da Índia.
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14:00 - 14:04E ele estava trabalhando com mercados dinâmicos e diversificados.
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14:04 - 14:06Mas ele sabia muito intuitivamente
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14:06 - 14:08que as melhores práticas e processos
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14:08 - 14:11desenvolvidas no Japão, China, Europa e América
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14:11 - 14:14não funcionarão na Índia.
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14:14 - 14:18Ele sabia que o pensamento institucional não funciona na Índia. O pensamento Individual sim.
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14:18 - 14:22Ele tinha uma compreensão intuitiva da estrutura mítica da Índia.
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14:22 - 14:24Assim ele me pediu pra ser o ``Principal Executivo de Crenças" e disse,
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14:24 - 14:27"Tudo que quero que você faça é alinhar as crenças."
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14:27 - 14:29Parece tão simples.
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14:29 - 14:31mas crenças não são mensuráveis.
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14:31 - 14:33Não tem como medi-las ou gerenciá-las.
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14:33 - 14:35Então como você constrói crenças?
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14:35 - 14:39Como você aumenta a sensibilidade das pessoas para a "Indialidade".
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14:39 - 14:43Mesmo se você é um Indiano, isso não é muito explícito, não é muito óbvio.
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14:43 - 14:47Então tentei trabalhar com o modelo padrão de cultura,
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14:47 - 14:49que é desenvolver estórias, símbolos e rituais.
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14:49 - 14:52E vou compartilhar um destes rituais com vocês.
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14:52 - 14:55Ele é baseado no ritual hindu do Darshan
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14:55 - 14:57Os Induístas não tem o conceito dos mandamentos.
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14:57 - 14:59Assim não há o certo ou o errado no que você faz em vida.
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14:59 - 15:02Então não se sabe o que faz, quando você fica frente a frente com Deus.
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15:02 - 15:05Então quando você visita um templo, tudo o que você procura é uma reunião com Deus.
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15:05 - 15:07Você quer ver Deus.
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15:07 - 15:11E você quer que Deus o veja, e por isso os Deuses têm olhos muito grandes,
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15:11 - 15:13olhos grandes que não piscam,
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15:13 - 15:16as vezes feitos de prata,
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15:16 - 15:18assim eles olham pra você.
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15:18 - 15:20Porque você não sabe se está certo ou errado, e assim tudo que você procura
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15:20 - 15:24é empatia divina.
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15:24 - 15:27Apenas saiba de onde venho, e porque fiz essas coisas."
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15:27 - 15:28(Risos)
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15:28 - 15:30"Porque eu defini o ambiente,
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15:30 - 15:35porque eu não me importo com os processos, apenas me entenda, por favor."
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15:35 - 15:38E baseado nisso nós criamos um ritual para líderes.
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15:38 - 15:42Depois que um lider completa seu treinamento e está próximo de assumir a loja,
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15:42 - 15:46nós o deixamos de olhos vendados, nós o cercamos com as partes interessadas,
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15:46 - 15:50o cliente, sua família, seu time, seu chefe.
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15:50 - 15:53Você lê suas funções, seus indicadores de performance, você entrega a ele as chaves,
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15:53 - 15:55e então você retira as vendas dos olhos.
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15:55 - 15:58E invariavelmente, presenciamos lágrimas,
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15:58 - 16:00porque a ficha caiu.
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16:00 - 16:04Ele percebe que para ter sucesso,
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16:04 - 16:07ele não tem que ser um profissional,
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16:07 - 16:10ele não tem que suprimir suas emoções,
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16:10 - 16:13ele tem que incluir todas essas pessoas
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16:13 - 16:17em seu mundo para ter sucesso, para fazê-los feliz
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16:17 - 16:19para fazer o chefe feliz, para fazer todos felizes.
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16:19 - 16:22O cliente está feliz, porque o cliente é Deus.
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16:22 - 16:25Essa sensibilidade é o que nós precisamos. Quando temos esta crença,
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16:25 - 16:28o comportamento acontece, o negócios acontece.
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16:28 - 16:31E tem acontecido.
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16:31 - 16:34Assim, então nós voltamos a Alexandre o Grande
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16:34 - 16:36e o gimnosofista.
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16:36 - 16:40E todos perguntam: qual é o melhor jeito então, este ou aquele?
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16:40 - 16:42E esta é uma pergunta muito perigosa,
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16:42 - 16:46porque ela nos leva ao caminho do fundamentalismo e da violência.
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16:46 - 16:48Assim, eu não vou responder a questão.
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16:48 - 16:50O que eu ofereço a você é uma resposta Indiana,
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16:50 - 16:52o balanço de cabeça Indiano.
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16:52 - 16:54(Risos)
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16:54 - 16:58(Aplausos)
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16:58 - 17:00Dependendo do contexto,
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17:00 - 17:02dependendo dos resultados,
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17:02 - 17:05escolha seu paradigma.
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17:05 - 17:08Pois ambos os paradigmas são construções humanas.
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17:08 - 17:11Eles são criações culturais,
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17:11 - 17:14não fenômenos naturais.
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17:14 - 17:17E assim da próxima vez que você conhecer alguém, um estranho qualquer
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17:17 - 17:19tenho um pedido:
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17:19 - 17:22entenda que você vive dentro de uma verdade subjetiva,
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17:22 - 17:24assim como ele.
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17:24 - 17:26Entenda isso.
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17:26 - 17:31E quando entender isso descobrirá algo espetacular.
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17:31 - 17:33verá que dentro desta infinidade de mitos
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17:33 - 17:35mora a verdade eterna.
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17:35 - 17:37Quem vê tudo?
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17:37 - 17:39Varuna tem nada menos que 1000 olhos.
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17:39 - 17:42Indira tem 100.
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17:42 - 17:44Eu e você, apenas dois.
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17:44 - 17:47Obrigado.
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17:47 - 18:05(Aplausos)
- Title:
- Devdutt Pattanaik: Oriente vs Ocidente -- mitos que mistificam
- Speaker:
- Devdutt Pattanaik
- Description:
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Devdutt Pattanaik faz esclarecedoras observações sobre os mitos da India e do ocidente -- e mostra como estes dois conjuntos fundamentalmente diferentes de crenças sobre Deus, a morte e o paraíso são figuras constantes em nossos desentendimentos.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 18:08